terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

22 de fevereiro de 2022

 

22 de fevereiro de 2022


Meus sentimentos aos moradores de Petrópolis. No Brasil as cidades começam o ano temendo as chuvas. Meus sentimentos ao povo do Congo. A violência de nós brasileiros mais uma vez assusta o mundo.

Dois exemplos interessantes de guerra de propaganda. Frequentemente na televisão vemos que a tensão não é entre a Rússia e Estados Unidos, nem entre a Rússia e a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte); e sim que a tensão é entre a Rússia e “o ocidente”. Uau! Hum… Imagino que este uso de termos venha dos anos da Guerra Fria. Meu amado Bryan Magee usou o mesmo termo para falar sobre o mesmo assunto em “Confissões de um filósofo”. O outro exemplo de guerra de propaganda aconteceu nesta segunda-feira e envolve o mundo do futebol. Foi o glorioso Clube Atlético Mineiro que venceu neste domingo a Super Copa ou a questão importante é saber se o jogador de futebol do time adversário, o Flamengo, GabiGol errou ou não ao querer ir ao pênalti naquele instante? Tanto no UOL e no Yahoo!Brasil era este o tom. Imprensa do eixo Rio-São Paulo… (risos)


Aqui em casa as coisas estão bem. Minha mãe continua querendo mudar tudo tudo na casa, o que deixa eu e meu pai doidos. Mas não há o que fazer. Eu não tenho um armário, mas arranjei uma caixa de papelão gigante. O trem ocupa mais espaço que o lado de cima da mesa, mas me ajuda. Comecei a leitura do segundo livro de minha lista. E ele é completamente diferente do livro anterior, como deve ser. Domingo passado foi marcante também porque fui fazer uma prova para concurso público para aqui Rio Acima. As minhas chances são mínimas, mas eu gostei de fazer a prova. O trem foi chique, teve até detector de metal na hora de ir ao banheiro e até saco preto para guardar a borracha, chaves e lápis! A gente só podia usar caneta mesmo.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

pequenas palavras, 2021

 

Os Gritos da Falta

Aldrin Iglesias


pequenas palavras, Amilcar Almeida, 2021.

(Páginas Editora, Belo Horizonte, 2021, primeira edição, edição e revisão: Cláudia Rezende; e projeto gráfico completo e belo: Deborah C. G. Rodrigues.)

[ Na parte dos créditos vemos dois endereços: www.paginaseditora.com.br e contato@paginaseditora.com.br .]



Estamos de volta aos livros e a cada universo que deles posso saborear a cada leitura. Depois de quase três meses de bloqueio violento para ler e escrever.

Para o desejo insaciável de comprar mais livros do que posso ler, a vergonha na cara e o amadurecimento evidentemente não foram suficientes. Mas um truque bobo de psicologia elementar foi a gotinha que me faltava. Simplesmente fiz uma lista grande de livros para ler em sequência e os tirei de minha estante na biblioteca comunitária e os coloquei juntos em meu quarto, no armário trauma de minha mãe. Ali, aqui, bem à minha vista sempre. Isso acalma minha fome, desejo de segurança que a acumulação de objetos parece proporcionar, vaidade intelectual e outros caprichos meus.

Umas notinhas explicativas: os meus livros estão todos na biblioteca comunitária, longe de mim. Meu quarto não é bem o meu quarto, assim como esta casa. Enfim, não vou dar detalhes de minha condição e de minha família. O armário trauma de minha mãe é um armário de madeira magro e velho que minha mãe colocou em meu quarto, depois de tirar o armário de metal normal que eu tinha colocado e organizado. O “trauma” é por causa da história que minha mãe quis me contar sobre o armário. Parece que quando criança minha mãe estava colocando as suas coisas neste armário, enquanto suas irmãs jogavam suas coisas na cabeça de minha mãe e riam e riam dela. Por quê minha mãe quis me contar isso? Por quê minha mãe quis ficar com esse armário que traz a ela essas lembranças dolorosas e cujo desenho baixo das estantes e a idade impede que o armário seja minimamente útil? Questões inúteis. Mas eu consegui colocar os livros para ler deitados nas estantes baixas e a visão constante deles me deixa estimulado. Então vamos lá.




É um livro de poemas de meu tio paterno Amilcar Almeida. Dos irmãos do meu pai ele é o mais doce. Quando eu era criança e minha família ainda morava no barracão atrás da casa de meus avós paternos e a casa de meus avós paternos ainda não tinha sofrido as suas duas reformas; eu via sempre sempre uma fotografia de meu tio com mochila acompanhado de uma estrada longa e vazia. Igual a capa do livro do Bill Gates A Estrada do Futuro (1995). É que uma vez meu tio pegou uma mochila e viajou por aí. Mas não lembro de uma vez eu ter conversado com ele sobre isso. A fotografia ficava pendurado acima do telefone antigo de discar. Deixe eu olhar na internet, espere um pouco… Ah, achei, acho que era esse mesmo: um telefone Ericsson antigo analógico. Você girava uma vez a cada número. Caramba, estou ficando velho!




Meu tio ainda não é um escritor famoso, então é tudo ali é humilde. Páginas Editora. Gostei do símbolo da editora: um casal com raízes saindo da cabeça. O homem é mais alto e usa um chapéu. Sei que é um homem e uma mulher por causa do desenho dos quadris. Eu gostei da capa. Ela é toda branca e lisa, mas há uma sugestão sofisticada de textura. Belo o trabalho gráfico da Deborah C. G. Rodrigues. O livro é fininho. Não é de capa dura, é de goma arábica acho. O papel de capa e do miolo ficaram perfeitos (papel-cartão supremo 250 gramas e papel pólen soft 80 gramas, respectivamente).




É um livro de poesia. Como se não bastasse ser de um parente, o livro é de poesia. Eu leio muito, desde de criança; mas principalmente prosa. Poesia… Poesia… Poesia é complicado porque é delicado. Parece que a ligação você-quem-escreveu o texto é mais rápido e íntimo. É frágil. Parece que quem escreveu a poesia é muito frágil porque se expõe demais. Mesmo quando a poesia é agressiva, ode, épica, política, fala sobre morte ou doença; parece que a poetiza ou o poeta estão pelados. E pelados só para você. Aí como é que você reage? Na maioria das vezes é mesmo um silêncio diplomático. E como se fosse pouco isso, a poetiza e o poeta estão pelado e falando outra língua! Não é simples entender poesia. Principalmente poesia moderna que frequentemente possui uma concisão as vezes excessiva. Além da fragilidade ainda tem isso. E se a gente interpretar o poema de maneira burra? Eu não quero poetizas e poetas pelados e bravos correndo atrás de mim.




Há texto de apresentação do autor e do livro. É de autoria de uma tia paterna.




Poemas que falam sobre solidão e falta. Muita solidão e falta. Muita solidão e falta. Muita solidão e falta. Muita solidão e falta. Difícil imaginar que um apartamento pequeno caiba tanta solidão e falta. E os lugares e objetos, banheiro e liquidificador por exemplo, parecem ecos dessa falta e solidão. Aqui e ali parece haver algum sinal de esperança; mas… Mas não há esperanças. Mas não há esperanças. Mas não há esperanças. Mas não há esperanças para tantos desejos e faltas em um dia e em um apartamento tão pequenos. É circular e angustiante. Eu sinto falta de ar enquanto concluo que a trilha sonora aqui deveria ser “I want you (she´s so heavy)”; composição de Lennon e McCartney. Termino a leitura rápido, antes que os espelhos e seus ecos cheguem para me morder e me culpar durante a leitura.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

8 de fevereiro de 2022

 Boa noite.

Desde de último dezembro não estou conseguindo ler e escrever direito. O trem está feio. Aí veio o encantamento de minha vovó materna e a enchente em Rio Acima, e as consequências dessas duas coisas para aqui dentro de casa. Comecei a perceber como sou marmota, mas de uma maneira mais pesada. O trem está feio. 

Algumas coisas boas foram feitas, mas são peças de um quebra-cabeça que ainda não se movimentaram. 

Boa noite.