"Lágrimas com pão passageiras são."
Bom dia, eu me chamo Aldrin Iglesias e aqui estarão fotografias e textos realizados por mim. É que eu sou fotógrafo e também gosto de ler.
sexta-feira, 28 de maio de 2021
Coma seu Pão
quinta-feira, 27 de maio de 2021
O Dia do Ceará
“Justiça do Ceará te persiga!(Referindo-se aos ouvidores Antônio Loureiro de Medeiros e José Mendes Machado, que serviram no Ceará, em 1728, diz o historiador João Brígido, à página 397 de Ceará – Homens e Fatos: - “Da conduta desses juízes se originou o adágio que ainda hoje dura: - “Justiça do Ceará te persiga!””)”
terça-feira, 25 de maio de 2021
União Latina
segunda-feira, 24 de maio de 2021
Voltaire na Academia, 1746
POETAS SÃO PROFETAS
(VOLTAIRE NA ACADEMIA)
Excerto do Discurso de Recepção de Voltaire na Academia Francesa
Pronunciado em 9 de Maio de 1746.
(Tradução de J. Brito Broca)
“Selecções”, Voltaire. Prefácio de Wilson Lousada. Volume 32 da coleção “Clássicos Jackson” (W.M. Jackson Inc. Editores, São Paulo, 1952.)
1952, héin? O livro está bem conservado, apesar das fitas adesivas que tive que colocar nas dobras externas e internas em quantidade razoável.
1952, héin? Ler um livro antigo é sempre um prazer. “Selecções”! (risos) Aqui não há marcas dos antigos donos, como assinatura ou comentários nas margens. Será que este livro nunca foi lido e tenha “se machucado” na lombada e capa por causa do modo como ele foi guardado? Injustiça a ser vingada, cavalheiros irmãos! Enquanto sinto cheiro de livro velho, hipnotizo-me pelo tipo de letra utilizado e deslizo meus dedos pelas páginas que as décadas pintaram de marrom claro; eu penso no que este volume deve ter enfrentado em sua história até chegar às minhas mãos.
Coleção Clássicos Jackson. Esta coleção é bastante comum de vermos em sebos. Depois você repare: marrom escuro, capa dura, quadrado na parte de cima da lombada com o título e o autor, desenho da cabeça de um guerreiro da Grécia Antiga na parte debaixo da lombada. Ela deve ter feito bastante sucesso na sua época. Eu tenho outro volume da coleção, esta dedicada ao teatro grego clássico. As peças de teatro estão lá com os textos integrais, diferente deste volume em que as obras de Voltaire tem apenas trechos selecionados. Pode parecer chato, mas algumas obras só assim eu teria acesso; como por exemplo a monumental “Ensaio sobre os Costumes e o Espírito das Nações”. Acho difícil esta obra aparecer na íntegra em português. Mesmo porque apesar da popularidade e respeito no meio acadêmico e mesmo popular, o meu Voltaire não é assim tããão tããão querido para merecer tanta boa vontade por parte das editoras brasileiras.
Voltaire é um dos autores que eu mais amo. Um dos meus dez maiores meeesmo. Aprender com ele é um prazer. Este texto, o discurso em que ele fez na sua recepção para posse na Academia Francesa, é importante para ele por vários motivos. Patrióticos (como bom francês) e também por revelar algo daquela sua paixão por aprender, divulgar conhecimento e trabalhar a língua.
E se é importante para o Voltaire, é importante para mim também. De modo que antes do texto em si, como homenagem, que tal uma citação como preparação? E faz sentido, pois é do livro onde aprendi a amar Voltaire.
“Em 1745, o poeta e sua matemática foram para Paris, quando Voltaire se tornou candidato à Academia Francesa. Para conseguir essa distinção inteiramente supérflua, ele se disse um bom católico, elogiou alguns jesuítas poderosos, mentiu incansavelmente, e em geral portou-se como a maioria de nós faz nesses casos. Fracassou; mas no ano seguinte conseguiu, e fez um discurso de posse que é um dos clássicos da literatura da França.”
(A matemática a qual há referência no trecho é a Madame du Chatelet, mulher brilhante com a qual Voltaire viveu uma importante relação amorosa.)
Will Durant em “História da Filosofia” (1926). Tradução de Luiz Carlos do Nascimento Silva. Editora Nova Cultural, 2000, São Paulo, SP; parte da coleção “Os Pensadores” (a edição verde-escuro com detalhes em dourado).
Mas antes do discurso, eu preciso comentar o prefácio do Wilson Lousada. O texto do Wilson é excelente, muito informativo. Algumas notas, vamos lá.
– Voltaire é um autor mal compreendido. Demônio, santo? Devemos começar lembrando onde ele nasceu e cresceu: uma França absolutista e reacionária.
– Um liberal confiante.
– Confiante no progresso humano e um crítico secular. Não queria uma revolução, mas combatia a miséria e o fanatismo.
– Tão conservador quanto se espera de um homem rico que quer manter sua vida de luxo. Mas também humanamente contraditório em suas opiniões e atitudes. Muitas vezes, por exemplo, renegava os seus textos para agradar seus amigos nobres.
– Um homem de sua época, principalmente diante da religião. Naquela época a religiosidade tornou-se mais particular e íntima; ao mesmo tempo que o clero católico e a política tinham uma união não muito democrática. Voltaire era um deísta e isso também marca sua posição diante dos trabalhos metafísicos dos filósofos.
– Veio de uma família não muito feliz. O pseudônimo “Voltaire” talvez tenha sido adotado também por demonstrar um afastamento da família. Do pai: praticidade e o gosto pelo luxo. Da mãe: graça e intelecto. Da escola jesuíta: o desejo de aplausos.
– Neste desejo por aplausos e reconhecimento, Voltaire exibia uma dose considerável de ingenuidade. Ingenuidade mesmo! Em uma interpretação de fundo psicológico: a origem era a falta de reconhecimento de suas qualidades quando vivia na casa da família?
– Tinha a alma de um jornalista, de um divulgador. Dizer o que pensa sobre o mundo que ele conhecia e que queria conhecer cada vez mais.
- “Cartas Sobre os Ingleses” ocupa uma posição central na obra de Voltaire. Em um autor tão produtivo e contraditório, é naquele livro que poderíamos chegar perto de dizer “ali há um resumo de seu pensamento, o coração de sua visão de mundo”.
– Entre os autores que Voltaire mais admirava, devemos lembrar de um nome pouco conhecido hoje: o inglês Bolinbroke. Irmão de intelecto mesmo.
– Não era muito fã do “povão”, não próximo da gente humilde; mas desejava o fim da miséria. Que, pelo menos, a elite fosse mais inteligente.
– Experiências de física e química, amor pela Madame du Chatelet (ela, por sua vez, uma apaixonada por matemática), prisão na famosa Bastilha, fugas e agressões sofridas no meio da rua. Antes da calmaria na Suécia, a vida de Voltaire foi intensa.
– E esta residência na Suécia, a Les Délices, transformou-se no centro do saber de toda uma Europa que está se transformando radicalmente.
– Contraditório, sedento por luxo e aplausos, conservadorismo político em maior grau do que se espera de um iluminista, de um caráter muitas vezes realmente frívolo; mas no “Caso Jean Calas” Voltaire encontraria a redenção.
– Finalmente um moralista burguês, um racionalista, um liberal; em defesa da liberdade e de Deus.
“E quando digo aqui, senhores, que foram os grandes poetas que determinaram o espírito das línguas, nada avanço de vós desconhecido. Os Gregos só escreveram a história quatrocentos anos depois de Homero. A língua grega recebeu deste grande pintor da natureza a superioridade em que se colocou ante a de todos os povos da Ásia e da Europa. Foi Terêncio quem, entre os Romanos, falou pela primeira vez com pureza elegante; foi Petrarca quem, depois de Dante, deu à língua italiana essa amenidade, essa graça que ela tem sempre conservado; a Lope de Vega deve o espanhol sua nobreza e sua pompa; foi Shakespeare quem, embora bárbaro, emprestou ao inglês a força e a energia que ninguém pôde aumentar, depois, sem violentá-la e, por conseguinte, sem enfraquecê-la. De onde vem esse grande privilégio da poesia de formar e fixar, afinal, o espírito dos povos e das respectivas línguas? A causa é manifesta: os primeiros versos bons, e mesmo os que o são apenas na aparência, gravam-se na memória pelo efeito da harmonia. Seus volteios naturais e ousados se nos tornam familiares. Os homens, imitadores natos, adquirem insensitivamente a maneira de exprimir e mesmo de pensar dos primeiros cuja imaginação dominou a dos outros. Não concordais, senhores, se eu vos disser que o verdadeiro mérito e a reputação de nossa língua começaram com o autor do Cid e de Cinna?”
O destino da língua francesa. Naquele ano, 1746, uma parte razoável da Europa já estava familiarizado com a língua francesa. Ainda não era a “língua culta” ou “segunda língua”, para isso ainda falta poucos anos; mas o prestígio já era bem grande. Mesmo assim, Voltaire tem pressa. Como bom francês, naturalmente. Mas, repitamos, no Vaticano e na Rússia, a língua francesa já fazia sucesso. Mas como? Como uma língua amadurece e rompe fronteiras?
A poesia, o conhecimento do cotidiano das pessoas comuns. O conhecimento, também, dos clássicos: no caso francês: Malherbe, Corneille e Montaigne. Conhecer estes e respeitando as obras deles dar passos adiante. Prestar a atenção na cultura: o nosso teatro vai bem? As nossas escolas, como elas vão? Língua deve ser motivo de prioridade, tanto quanto as fronteiras de uma nação. Isso não é brincadeira de um político em campanha eleitoral, é a verdade mesmo.
E aqui no Brasil? Na década de 1970 aconteceu uma coisa que em qualquer livro de Geografia do colégio aparece devidamente explicado: o crescimento desordenado das cidades. A terra do campo fica nas mãos de poucos e as cidades ficam com gente demais. Não acho que seja preciso detalhar-me aqui para você que me lê: hospitais lotados, saneamento básico não chegando às casas já precárias, transporte público cada vez mais deficiente… E as escolas. Uma imprensa em crise de identidade por causa da internet e crise econômica. Bom bom, e quem defenderá a língua portuguesa se a situação esta assim? A língua é algo dinâmico e se mistura e se transforma mesmo; mas um pouquinho de cuidado no trato. Não é? (risos) Só mais um pouco mais de carinho. E, talvez, quem sabe, programar assistir a um sarau de poesia e assim testemunhar ao vivo o futuro ser anunciado. Pois aprendemos com Voltaire que na poesia uma língua decide livremente o que fazer com sua vida.
domingo, 23 de maio de 2021
Fale comigo, Pennywise!
sábado, 22 de maio de 2021
Um Show em 2010
sexta-feira, 21 de maio de 2021
Quem tem Sonho vai a Itu
Quando se começou a falar sobre isso a respeito de Itu? Impossível saber, o que convida a especulações com poderosas asas. Um vereador em especial? Um prefeito em especial? Um livro escrito na capital paulista? Foi no século XIX, ou no século XVIII ou mesmo antes? Algum viajante ficou bravo com os preços do comércio, quando esteve em Itu de passagem? Este viajante podia ser um polonês fã de kung fu? Bom, acho que aqui já estou viajando demais.
quinta-feira, 20 de maio de 2021
No Metrô
Mas como encontrar o nosso chinelo velho? Historicamente falando é curioso lembrar que mal as cidades grandes nascem, no finalzinho do século XIX, e o problema da solidão começa a ser abordado. Solidão em meio a uma estação de metrô 24 horas lotado de gente. Mas é claro: com todo mundo caminhando preocupado em chegar a algum lugar sem olhar para o lado… Então neste metrô cheio, a gente para e pensa se não é melhor mudar o caminho e olhar para o lado para encontrar alguém próximo. O caminho antigo e novo e encontrar alguém próximo. Para onde eu ia? Para onde eu vou agora? Quem eu sou para saber quem pode estar próximo?
quarta-feira, 19 de maio de 2021
Grades Enfeitadas
"Gaiola bonita não dáde comer a canário."
terça-feira, 18 de maio de 2021
Voltar a Existir
Voltar
a Existir
“Adagiário
Brasileiro”, de Leonardo Mota, 1979; com a ajuda dos filhos Moacir
Mota e Orlando Mota.
(Editora
Itatiaia, Editora da Universidade de São Paulo, 1987, Segunda série
da coleção “Reconquista do Brasil”. Volume 115. Capa do artista
plástico Poty, ilustrações internas do artista plástico
Aldemir Martins e prefácio de Paulo Rónai.)
"Fala pouco e bem, ter-te-ão por alguém."
É
pura prudência com aquele tradicional tempero de amargura. Tanto
quanto o “falem bem”, temos “não fale demais...”.
E
qual é mesmo o problema de falar demais? Um pouco de
contemporaneidade para a nossa conversa, querida leitora e querido
leitor. Assisti alguns minutos do Ernesto, ex-chanceler, na “CPI da
Covid”. Mais ou menos isso: “eu não disse o que eu disse, não
foi bem assim; não prejudicou nossas relações com o nosso
principal parceiro comercial a China”. Ah…
Quando
criança ouvimos de nossa mãe que “um ato vale mais do que mil
palavras”. Isso é verdade, mas a palavra é outra forma importante
de conhecer alguém. Pelo seu discurso, conheço um pouco de você.
Em 2021, e já faz alguns anos, é lamentado que as pessoas não
escutam. Com toda a tecnologia disponível, mesmo com toda
tecnologia disponível, o diálogo é pobre. Todo mundo preso em sua
“bolha”. Então todo mundo parece igual para todo mundo, igual a
um vazio. Um vazio que decepciona.
Pedir
para todo mundo voltar a falar e ouvir, para todo mundo voltar a
existir; como ensinava uma das doutrinas humanistas do renascimento.
Por meio de palavras sinceras organizar o caos. E, antes de encerrar
por hoje, lembrar do Francis Bacon e a sua teoria dos ídolos;
o uso inadequado das palavras foi justamente nomeado como ídolo mais
incômodo dos quatro que haviam. Vamos saber dialogar.
segunda-feira, 17 de maio de 2021
Você não precisa
Você
não precisa
“Adagiário
Brasileiro”, de Leonardo Mota, 1979; com a ajuda dos filhos Moacir
Mota e Orlando Mota.(Editora
Itatiaia, Editora da Universidade de São Paulo, 1987, Segunda série
da coleção “Reconquista do Brasil”. Volume 115. Capa do artista
plástico Poty, ilustrações internas do artista plástico
Aldemir Martins e prefácio de Paulo Rónai.)
"Estrada aberta é caminho."
Quanto
que é 60 vezes 60? 3600? A cada minuto temos 3600 estradas abertas
diante de nós. 3600 oportunidades para mudar de ideia. 3600 chances
de tornar-nos inesquecíveis/imortais.
Quando
li “Walden ou Vida nos Bosques”, do Henry
Davi Thoreau;
- uma leitura realmente pesada -; essa foi a lição mais
inesquecível. A lição que se alguém perguntasse sobre o livro é
o
que eu citaria. Cada instante é a hora de uma mudança de direção.
Você não precisa apaixonar-se, receber uma notícia dramática de
um médico, encontrar-se
com uma sarça
em chamas
ou ganhar na loteria.
domingo, 16 de maio de 2021
O Rio é Poderoso
O
Rio é Poderoso
Eu
já me defini como um astronauta perdido e isso é verdade mesmo, mas
também sou um pescador de borboletas que só eu vejo. Foi
coincidência, mas foi tão tão coincidência e tão bonito e
como envolve Amor… Bom, talvez não seja uma borboleta.
No
dia 14 de maio, sexta-feira, eu estava preparando uma lista de
endereços de sites para consultar regularmente em busca de
informações. Portais, jornais, revistas, etc. Sou formado em
jornalismo, afinal de contas. 60% era atualizar uma lista que eu
tinha feito em meu primeiro blog, ainda em 2006. Apressado e
desorganizado, antes de desligar a internet eu abri um texto do New
York Times sobre a morte do meu amado Will Durant. Mas não
li, não deu tempo. Teria que traduzi-lo com o “Bing Tradutor” e
tal; não deu tempo. No dia seguinte, também desorganizado e
apressado, escrevi o texto para ser publicado aqui. Usei a imagem
simbólica de um rio, para falar da condição humana. Bom bom,
quando fui ler o obituário do New York Times a respeito do meu amado
Will Durant descubro que ele também usou a imagem de um rio
pelo mesmo motivo em um texto belíssimo. O sentido da vida e a
caminhada da história.
Que
coisa bonita realmente. Mais mais um motivo para eu continuar
amando o meu Will. A imagem do rio também foi usada pela
minha primeira paixão intelectual, Bertrand Russell; em outro
texto bonito sobre o sentido da vida. Além do filme que eu citei no
texto anterior.
É
muito rio. Se bobear a imagem do rio deve ser popular nas religiões
do extremo oriente.É
muito rio. Deve ser verdade mesmo.
sábado, 15 de maio de 2021
Futuro sem Partido
Futuro
sem Partido“Adagiário
Brasileiro”, de Leonardo Mota, 1979; com a ajuda dos filhos Moacir
Mota e Orlando Mota.(Editora
Itatiaia, Editora da Universidade de São Paulo, 1987, Segunda série
da coleção “Reconquista do Brasil”. Volume 115. Capa do artista
plástico Poty, ilustrações internas do artista plástico
Aldemir Martins e prefácio de Paulo Rónai.)
"De hora em hora, Deus melhora."
Mais
otimismo por aqui? Repare que você e eu estamos em uma manhã no
Brasil do dia 15 de maio de 2021!
E
Deus poderia agir de outra forma e nós poderíamos acreditar em
outro destino? Se o rio da existência (a metáfora aqui vem de
“Sidarta”, do Hermann Hesse e do filme “Contato” [
“Contact”, Jodie Foster, Carl Sagan, 1997,
Robert Zemeckis, James V. Hart, Michael Goldenberg,
Ann Druyan, David Morse e etc.]) é onde nos vivemos,
cabe a nós em última análise navegar por ele da melhor maneira
possível. E o “como” é a receita conhecida e difícil: nos
amar, amar aos outros e confiança e força diante do futuro a ser
construído. E como também é conhecido evitar que o pessimismo da
razão vença o otimismo da vontade. A incerteza do futuro não tem
partido.
sexta-feira, 14 de maio de 2021
Fazendo um Espelho
Fazendo um Espelho
“Adagiário
Brasileiro”, de Leonardo Mota, 1979; com a ajuda dos filhos Moacir
Mota e Orlando Mota.
(Editora
Itatiaia, Editora da Universidade de São Paulo, 1987, Segunda série
da coleção “Reconquista do Brasil”. Volume 115. Capa do artista
plástico Poty, ilustrações internas do artista plástico Aldemir
Martins e prefácio de Paulo Rónai.)
"Como cada um se estima, assim o estimam."
Isso
parece muito otimista para você, leitora ou leitor? Provavelmente
sim, mas há aqui um detalhe: constância e inconstância. Não
podemos mesmo muito manipular a nossa imagem pública, mas podemos
ser constante na consideração saudável e confiante que temos a
respeito de nós mesmos. E isso é mais decisivo do que o medo e a
ansiedade nos fazem acreditar. Inconstante, a fofoca a nosso respeito
pode ficar positiva e coincidir com a nossa autoestima já
constantemente positiva. Aí temos uma festa.
Bom,
de qualquer forma ficar se achando um miserável não adianta muito
mesmo. É melhor ter uma boa auto imagem e agir coerentemente.
quinta-feira, 13 de maio de 2021
O Lugar do Coração
O
Lugar do Coração
“Adagiário
Brasileiro”, de Leonardo Mota, 1979; com a ajuda dos filhos Moacir
Mota e Orlando Mota.
(Editora
Itatiaia, Editora da Universidade de São Paulo, 1987, Segunda série
da coleção “Reconquista do Brasil”. Volume 115. Capa do artista
plástico Poty, ilustrações internas do artista plástico Aldemir
Martins e prefácio de Paulo Rónai.)
"Bom coração quebranta má ventura."
Um
encontro realmente surpreendente. A fé mais pura encontrando-se com
o pragmatismo mais rude: o que é o coração bondoso, o coração
de nosso coração, senão o escudo e arma derradeira diante do
mundo? O último recurso, justamente a arma mais poderosa! É quando,
na hora, fechamos os olhos, cerramos os dentes e esperamos.
Mesmo a pessoa mais cruel e dissimulada em alguma coisa se apoia.
E
a sabedoria da raposa (Maquiavel, sabedoria animal da
psicanálise, dor, o que aprendemos com a arte…) é, por outro
lado, para ser usada diariamente, no cotidiano, está sempre à mão,
decorada, usada automaticamente… E assim caminha a humanidade… E
não é assim? Bom… Dizem que no mundo há mais bondade do que
justiça (Kant segundo o meu amado Will Durant) porque
há primeira consegue ser mais espontânea, enquanto a segunda exige
muito muito de nós. Talvez se o coração não estivesse tão
profundamente enterrado no peito.
É bom julgar um livro quando isso é justo: conteúdo e forma, ainda na atmosfera da filosofia de Susanne K. Langer: pois a aparência desta edição de “Adagiário Brasileiro”, de Leonardo Mota, combina perfeitamente com o seu conteúdo. Mas não sei se vou conseguir explicar-me. Sabedoria brasileira; coisas que são ditas e ensinadas há séculos, um aprendizado do interior da África ou do oriente e que depois é escutada no sertão de Sergipe ou Paraná ou a noite antes de dormir pela voz carinhosa de nossa mãe… Bom, bom, o livro se parece com isso tudo. A edição é de 1987, mas parece ser mais antiga. Não é capa dura e não consigo ver na encadernação a goma arábica. Aliás, nem sei como as páginas continuam juntas! A capa e contracapa, na verdade a aparência toda, é séria, sóbria e de um formalismo cru. Os artistas Poty e Aldemir Martins nos transportam para o nordeste brasileiro com apensa um, dois traços. Decididamente não é fácil fazer isso. Não é todo desenho da Muralha da China nos coloca lá dentro, você me entende? As letras pequenas e o peso do livro e suas mais de 400 páginas; tudo tudo combina. Até o cheiro de livro velho, ah o cheirinho de livro velho... Tudo combina com o conteúdo! É maravilhoso.
quarta-feira, 12 de maio de 2021
Encontrando o Leota
Encontrando
o Leota“Adagiário
Brasileiro”, de Leonardo Mota, 1979; com a ajuda dos filhos Moacir
Mota e Orlando Mota.(Editora
Itatiaia, Editora da Universidade de São Paulo, 1987, Segunda Série
da Coleção “Reconquista do Brasil”. Volume 115. Capa do artista
plástico Poty, ilustrações internas do artista plástico Aldemir
Martins e prefácio de Paulo Rónai.)
"Até as pedras se encontram,
quanto mais as criaturas."
Isso
é bonito. Bom para começar a conhecer a sabedoria brasileira de
origem anônima e imemorial.
Então
certo, eu vou encontrar e vou igualmente ser encontrado. Mais do que
isso a especulação apenas encontra o silêncio. Tudo bem.
Encontrar,
encontrar… Estava em uma livraria no Shopping Cidade, quando vi uma
pilha de mais de 20 exemplares deste “Adagiário Brasileiro”.
Era, descobriria depois, parte do catálogo da Editora Itatiaia se
espalhando. Mas na hora era exclusivamente filosofia e compaixão
pelo autor e pelo livro (tantos exemplares iguais e abandonados em
uma pilha precária a apenas cinco reais o exemplar… Fiquei com
pena.)
terça-feira, 11 de maio de 2021
A Susanne, as Crianças e os Ladrões
“O Maguid, grande sábio, disse aos seus discípulos:
– Sigam sempre os dois grandes exemplos de sabedoria: o da criança e o do ladrão.
– Mas – perguntaram os discípulos –, o que podemos aprender com as crianças?
– Três coisas: a ser alegre sempre; a nunca estar desocupado; e a exigir as coisas com teimosia.
– E com o ladrão?
– O ladrão faz o seu serviço à noite; quando não completa numa noite, continua na seguinte; é solidário com seus companheiros; tem tão pouca estima por aquilo do que se apropria, que vende a preço vil; não vacila em arriscar-se por pouco; e não trocaria seu trabalho por nenhum outro ofício.”