terça-feira, 30 de agosto de 2022

30 de agosto de 2022

 

30 de agosto de 2022


Uma boa notícia: minha mãe não vai precisar fazer cirurgia contra varizes. Cirurgias são cirurgias, elas são arriscadas. O problema de circulação de sangue nas pernas vai ser tratada pela minha mãe de forma mais tranquila: meias especiais, alimentação especial e etc..


Não pude assistir a entrevista do Lula ao Jornal Nacional porque fiquei, e meu pai também, apagando um incêndio que começou no bambuzal aqui no terreno. Incêndio grande e que chegou às portas da biblioteca comunitária. Terminou tudo bem e nem eu e nem meu pai nos machucamos. Os cachorros ficaram assustados com os estouros dos bambus, o ar que fica dentro deles e que com calor das chamas se expandia. Meu pai foi para casa mais cedo e eu fiquei e até voltei para combater mais o fogo mais tarde.


Por causa de uma discussão de internet tornei-me apaixonado por Alberto Santos Dumont e conheci mais sobre a história dos primórdios da aviação. Foi um brasileiro quem ensinou a humanidade a voar, ao domesticar os balões, ao inventar o primeiro avião (14-Bis) e ao popularizar a aviação (Demoiselle). Viva Santos Dumont!


Assisti ao editorial do Grupo Bandeirantes de Comunicação no Jornal da Band, da Rede Bandeirantes de Televisão, contra a atitude do Supremo Tribunal Federal que está bravo com empresários bolsonaristas poderosos falando m* sobre democracia em redes sociais. É prudente, Bandeirantes, falar manso com esses empresários poderosos?

sábado, 20 de agosto de 2022

20 de agosto de 2022

Comecei a ler um livro e não terminei. Na verdade há meses que não leio um livro. Também aqui estou sem escrever com regularidade. Estou numa fase meia oca. Mas vou voltar. 

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Nota Suprema

 Pela postagem anterior, percebe-se que quando escrevo notas eu me empolgo. Pois pois, continuo minhas notas.

Eu não descobri, nem redescobri, eu fui é prestar a atenção no grupo vocal feminino The Supremes. Ah... Sem música a vida é erro mesmo. Mas aí... Meu fone de ouvido estraga. Pior, fica apenas com um dos lados funcionando. Parecia tortura ouvir músicas desse jeito. Mas hoje dei um jeito: um outro fone de ouvido. Pequeno, desses de celular. Salvou minha vida. 

Agora já são três dias seguidos ouvindo The Supremes. Apaixonei-me pela Florence Ballard e depois fui conferir a história dela. É, não tem jeito: sou latino mesmo: gosto de um drama. Sol no sangue, como escreveu Will Durant sobre o mundo Mediterrâneo.

Mas onde eu estava?

Ah, o sorriso da Kathy Sledge da Sister Sledge! Mas aí já é outra história. Deixa eu terminar esta nota e voltar aos livros que eu quero divulgar. Vamos ver se por milagre termino tudo hoje.

O Incêndio do Reichstag, R. John Pritchard

 

Não se pode dizer que H* fez qualquer tentativa para disfarçar suas intenções ditatoriais básicas. Ele não preparou conspiração e não marcou datas. Era simplesmente um grande improvisador. O eleitorado na Alemanha iludiu-se ao pensar que o latido de H* fosse pior que sua dentada, depois que assumisse o poder; isso sempre acontecera com os líderes que o precederam, de modo que parecia razoável esperar o mesmo do futuro. A iminência da catástrofe, mesmo quando divulgada, raramente é reconhecida. O mesmo aconteceu à Alemanha nos anos 30.”



Primeiro de fevereiro de 1933. O Reichstag é formalmente dissolvido. O General Ludendorff, ex-aliado de H* em 1923, telegrafa a seu colega de tempo de guerra, Hindenburg: “Nomeando H* Chanceler, você entregou a sagrada Pátria Alemã a um dos maiores demagogos de todos os tempos. Vaticino-lhe que esse homem maligno mergulhará nosso Reich no abismo e causará desgraça imensurável à nação. As futuras gerações o amaldiçoarão, em sua sepultura, por esta atitude”. “

(…)

7 de fevereiro de 1933. Braun apela ao Supremo Tribunal de Leipzig, num esforço por anular o edito de Hindenburg, alegando que ele é inconstitucional. Sem resultado.”

(…)

22 de fevereiro de 1933. Hindenburg está desesperado com o que fez, mas não vê como modificar a situação. Caracteristicamente, põe a culpa em Papen.”



O Gleichshaltung naz* também atingiu os campos literário e cultural. Por volta de junho de 1933 The Round Table (Londres) concluiu que, a despeito da autoridade concedida ao Governo H* pelo Reichstag, não havia sinal de um declínio no terrorismo dos naz*. Sua busca implacável para destruir obras antinazistas e outra oposição levavam ao saque de residências particulares, bibliotecas, livreiros e igrejas em busca de material suspeito. Milhares de livros foram confiscados e acabaram em enormes fogueiras. Músicos, cantores, atores foram demitidos dos seus postos em organizações culturais. Intelectuais e homens de ciência alemães eram hostilizados, ou então preferiam abandonar a pátria para fugir às perseguições. Muitos alemães buscaram refúgio em outros países. Listas de ódio eram preparadas contra comunistas, judeus ou pessoas antinazistas e suas obras. A reforma da nação alemã estava-se tornando gradualmente num repúdio à tradição cultural. O Berlinger Lokal-Anzeiger disse a 7 de maio: “Não somos nem queremos ser a pátria de Goethe e Einstein. De maneira alguma”. “


O INCÊNDIO DO REICHSTAG – R. John Pritchard.

(História Ilustrada da 2a. Guerra Mundial; seção Política em Ação volume seis. Editora Renes, 1972 [original] e 1976 [edição brasileira]. Dado que o assunto é grave, vai aí as páginas para intelectuais curiosos (e preguiçosos): páginas 33, 46-48 e 85.). Esses livrinhos da Renes sobre guerras e líderes militares são razoavelmente fáceis de serem encontradas em sebos. Eu gostei muito do Irlanda Sangrenta (A. J. Barker), A Conquista da Etiópia (A. J. Barker) e A Guerra dos Seis Dias (A. J. Barker).

Pausa.

Fui na biblioteca para conferir os nomes dos autores e descubro que é o mesmo. (risos) Você tem um historiador militar britânico favorito? (risos) Eu tenho! A. J. Barker. Ou melhor: A. J. Barker. É que também faz tempo que eu li os livros e também sou meio distraído. De qualquer forma uma nota: se alguém falar para você que o apoio naz* a Franco na Espanha durante a Guerra Civil Espanhola foi o grande evento precursor da Segunda Guerra, não acredite; foi a invasão de Mussolini à Etiópia. O comportamento da Liga das Nações e dos outros países foi constrangedor. 

Mas onde eu estava? Ah, no meu tempo (tempo de faculdade) os livros em sebos custavam em média 10 Reais. Hoje aumentou muito o preço. Mas ainda vale a pena, pois o material da Renes é muito bom.

Notas.

Achei prudente censurar o nome do demagogo genocida e a sua ideologia, não tenho assessoria jurídica e o pessoal julga muito fácil os outros nesses tempos. Eu é que não arrisco. Este meu blog não é importante, mas eu escrevo como se ele fosse. No mais eu já escrevi aqui que sou hipocondríaco jurídico.

O julgamento em si não foi mencionado nos trechos que escolhi divulgar do livro de R. John Pritchard, mas a história toda daria um filme bem didático: Alemanha pré-naz*, Alemanha naz*, diálogos inteligentes pois grande parte do filme se passaria no tribunal (Dimitrov preso acusado todo desvantagem e mesmo assim derrotando Göring e Goebbels nos debates no tribunal) e todo mundo gosta de oratória, sem mencionar a tragédia humana em Van der Lubbe e as cenas do prédio em chamas. Alguém sabe o telefone do Steven Spielberg e do Terry Gilliam?

E eu estou indo comprar os dois primeiros volumes já lançados no Brasil da trilogia italiana sobre o Mussolini escritas pelo Antonio Scurati. E você também! Já fez? Bom bom leitora e leitor! A história é uma professora importante, ensinou e ensina Cícero.

domingo, 7 de agosto de 2022

Filosofia da Vida, Will

 

... mas a flecha está, em cada momento, num só lugar; e, portanto, esta em repouso em cada momento do seu voo. “Tudo pode ser provado com o raciocínio”, conclue Anatole France. “Zenão de Eléia demonstrou que uma flecha em movimento está sempre imóvel. Pode-se provar o contrário, embora, para sermos verdadeiros, tenhamos que confessar que é mais difícil. ””



Ninguém ainda mediu a potencialidade do homem para o bem.”



Foi Platão, o filósofo do amor, quem disse: “Aquele que não ama caminha no escuro”.”



Maria Luísa da Áustria gabava-se de obter de Napoleão tudo quanto queria, se chorava duas vezes.”



Um jornal de Baltimore informa-nos que recentemente um homem foi levado em bem crítica situação a um hospital daquela cidade, em consequência do assalto de três raparigas, numa floresta perto de Hurlock. Ia o homem caminhando a pé, quando as raparigas, de auto, lhe ofereceram um lugar. Aceitou. Depois de caminhados vários quilômetros, diz a vítima, elas detiveram o carro num sítio ermo. Durante o “petting party” que se seguiu, uma das moças enfureceu-se com sua falta de ardor. Um pega se seguiu. Enquanto duas o seguravam, a terceira o espetava cruelmente com um alfinete de chapéu. Por fim as raparigas fugiram. Deixando-o por terra naquele triste estado. É lá possível depois disso termos dúvida sobre a emancipação da mulher?” ((*))


Havemos de que encarar perigos e procurar a responsabilidade; poderemos ser batidos, aniquilados – mas a data da morte duma criatura que tem de morrer é detalhe cronológico sem importância para a filosofia.”



O economista belga Quetelet mostrou a notável regularidade estatística de ações aparentemente voluntárias, como o casamento, ou acidentais, como a colocação no correio de cartas sem endereço. Destes simples dados infiro que embora a conduta humana nos pareça livre quando vista em detalhes, revela-se quando vista em massa, determinada por forças alheias à vontade do indivíduo.”



Nem podemos definir o progresso com relação à felicidade, porque os idiotas são mais felizes que os gênios.”



Espantava-se Kant de que no mundo houvesse tanta bondade e tão pouca justiça; a razão, talvez, é que na bondade temos uma simpatia espontânea, e a justiça depende de raciocínio e julgamento.”



A ordem é um meio de conseguir liberdade, não o fim da liberdade; a liberdade não tem preço, já que é o instrumento vital da evolução. “No fim”, diz Goethe, “só a personalidade conta”.”



As minorias podem organizar-se; as maiorias, não – eis tudo. O governo ou é monárquico ou oligárquico, disso não há como escapar.”



Foi o que sucedeu a Pedro, o Grande, quando quis numa só geração ocidentalizar a Rússia – e o que sucedeu a Lenine quando quis faze-la socialista. O passado reage.”



Gabriel Tarde (1843-1904) mostra como os deuses mais despóticos eram os mais reverenciados – o que também acontece com os maridos.”



Tão real era a sociedade dos mortos, que em muitos lugares os chefes lhes enviavam mensagens pelo único meio de comunicação possível: um servo a quem cortavam a cabeça. Se era esquecido alguma coisa, lá ia outro escravo sem cabeça com o “post scriptum”.”



Como disse Renan, os gregos deram ao espírito humano a liberdade, mas os judeus trouxeram a fraternidade. A Grécia teve cultura, mas não revelou coração; até seus filósofos defendiam a escravidão. Se os gregos produziram arte e ciência, dos judeus saiu a ideia de justiça social e dos direitos do homem.”



“ “O cristianismo”, diz Renan, foi a “obra-prima do judaísmo.” Ou, na frase de Heine – uma heresia judaica.”



Também Lao-Tsé mandou que amássemos nossos inimigos. Mas Confúcio disse: “Com que, então, recompensará a bondade? Paga o bem com o bem, e o mal com a justiça.””



Converteram o imperador Constantino, dele obtiveram aquela famosa “Doação”, aceitaram legados opulentos, e por fim a Igreja dos pobres pescadores da Judéia se transformou na mais rica e poderosa organização que o mundo ainda viu.”



A humanidade não quer ciência – tem um pavor mortal à ciência, porque a ciência só ensina que a vida devora a vida e que toda vida morre. As massas jamais aceitarão a ciência enquanto a ciência não lhes der o paraíso na terra.”



Todas as verdades são velhas e só os poetas e os loucos podem ser originais.”



Duas coisas refutam Deus: a vida e a morte, nenhum médico ou general pode crer nele.”



Dean Swift, que devia conhecer muito bem a matéria, disse que temos religião bastante para nos fazer odiar, mas muito pouco para nos fazer amar uns aos outros.”



E ainda veremos a ciência e a religião unidas na mesma alma, como se mostraram em Leonardo, Spinoza e Goethe.”



Se conhecêssemos melhor a história nela encontraríamos elementos para grandes consolações. A perspectiva é tudo.”



Além disso só tem o direito de lamentar a morte quem ama a vida; para um pessimista a morte há de ser a maior das bênçãos.”


FILOSOFIA DA VIDA - Will Durant.

Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1948. Tradução de Monteiro Lobato.

* A edição brasileira é de 1948, mas o livro original (cujo o título é "The Mansions of Philoshophy") é de 1929. O que torna este trecho ainda mais interessante.

Memória do Cotidiano v. 8, Lúcio

 

Teatro sem igual

O Norte Teatro Escola encenou, na Sede Social do Pará Clube, que ficava na avenida Nazaré (entre Dr. Moraes e Benjamin Constant) duas peças de Machado de Assis, ambas dirigidas por Maria Sílvia Nunes, uma das fundadoras do grupo (juntamente com o marido, Benedito Nunes, e a irmã, Angelita, ambos já falecidos).

O elenco de Quase Ministro contava com Daniel Carvalho, Carlos Miranda, Fernando Pena, Antônio Munhoz, Wilson Pena, Osvaldo Rodrigues, Lóris Pereira e Cândido Lemos (substituído por Paraguassú Eleres). Os atores de Lição de Botânica eram Maria Brígido, Sílvia Mara, Anita (Aita) Altmann e Daniel Carvalho. Nunca houve grupo teatral como o Norte Escola.”



Legado à moda antiga

O inventário de José Dias da Costa Paes, empresário e líder das chamadas “classes conservadoras” do Pará, aberto nesse ano, revela a mentalidade das elites da época. Português, nascido em Alenquer do Bispo, freguesia de Lisboa, e sem filhos, ele deixou uma casa e um prédio na Serzedelo Correa à sobrinha preferida, Julieta Spencer Simões, que também teve parte no Edifício J. Dias Paes, na avenida Presidente Vargas, juntamente com quatro irmãos do empresário.

Às cinco deixou mais de 300 mil cruzeiros “per capita”, o mesmo valor legado à Beneficente Portuguesa. A Ordem Terceira e a Santa Casa de Misericórdia foram contempladas com 200 mil cruzeiros. De Cr$ 100 mil foi a cota que coube ao Lar de Maria, irmãs Vicentinas e Berçário Júlia Paes. O que sobrasse da partilha ficaria para a sobrinha querida.

Há inventários desse tipo hoje?”


MEMÓRIA DO COTIDIANO Volume VIII Lúcio Flávio Pinto.


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sábado, 6 de agosto de 2022

Contra o Poder, Lúcio

 

Mas não foi só pelos aspectos pessoais que a morte de Paulo me abalou. Tive consciência imediata de que aquele crime não podia ficar impune. Havia uma escalada de violência na Amazônia, como em outros lugares do Brasil, em função dos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte. Os proprietários de terras temiam especialmente a possibilidade de desapropriação de imóveis produtivos (o que acabou não acontecendo: pelo contrário, o capítulo constitucional da reforma agrária significou uma atraso em relação ao Estatuto da Terra, de novembro de 1964).

Por isso desandaram a desmatar para criar “benfeitoria”, nessa forma esquizofrênica de criar algo de menor valor no lugar do recurso natural mais valioso da Amazônia: a sua floresta. Assim, para que a presença do homem se confirme, o valor vigente é o da “terra nua”, o VTN do Incra. Daí o recorde de desmatamento em 1987 (80 mil quilômetros quadrados de mata nativa, segundo o polêmico relatório do Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, de São José dos Campos, SP), como nunca houve (tanto) antes – nem depois. E a violência sem disfarces, que fulminou Paulo Fonteles e continuaria sua escalada a partir daí.”



Repórteres do jornal Sunday Times, de Londres, publicaram um livro pouco citado sobre Watergate (mas melhor, como esforço de compreensão, do que a bem documentada série da dupla Woodward-Bernstein, presa ao estilo minudente e historicista do jornalismo americano), mostraram como a imprensa, geralmente funcionando conforme decisões muito verticalizadas, pode ser impulsionadas por seus jornalistas quando eles compreendem sua função.

A função que justifica uma imprensa livre está na sua capacidade de procurar e revelar. Por vezes ela revela assuntos que seria melhor o público desconhecer, mas, se ela cessa de ter essa função, passa a existir o risco de ela não ser mais que um instrumento de propaganda”, observam os jornalistas ingleses. A propósito da polêmica que então se travava nos EUA, completam: “A questão central do debate sobre a imprensa não estava na luta entre “conservadorismo” e “liberalismo”, mas no conflito entre aqueles têm a capacidade de encontrar e de apresentar a tediosa complexidade do fato real”.

A “tediosa complexidade do fato real” a que os repórteres do Sunday Times se referem, com britânica ironia, é a bússola do jornalismo. Às vezes até gostaríamos que a realidade fosse mais esquemática e rígida, um pouco mais inclinada a favorecer pessoas ou grupos simpáticos a nós, ou que pelo menos não envolvesse tantas complicações, mas essa complexidade obriga um jornal a ziguezaguear, colidindo ora com a onda, ora com um banco de areia ou uma rocha.”


CONTRA O PODER 20 anos de Jornal Pessoal: uma paixão amazônica – Lúcio Flávio Pinto.


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