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segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Polícia e as Câmeras de Segurança

 

Polícia e as Câmeras de Segurança

 

Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália e Singapura são alguns países em que as câmeras em uniformes dos policiais já são realidade. É proteção para os bons profissionais, transmite mais confiança para a população, ajuda processos judiciais (imagens são provas valiosas) e até ajuda na formação de recrutas (exemplos reais registrados são lições valiosas). Infelizmente a transparência nas ações policiais no Brasil encontra resistência.

No dia 28 de outubro de 2023 o MGTV Primeira Edição, jornal da Rede Globo Minas, fez uma longa e bem feita reportagem sobre o assunto. Câmeras nos uniformes das forças de segurança como aliada da justiça.

https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/mg1/video/mg1-edicao-de-sabado-28102023-12068930.ghtml

Transcrevo um trecho:

Na semana passada deputados, da Comissão de Segurança Pública, rejeitaram o projeto que torna lei a utilização de câmeras em fardas e viaturas do Estado. O relator, o deputado Sargento Rodrigues (PL – Partido Liberal), argumentou que as câmeras podem inibir pessoas que queiram contribuir com informações para a polícia durante patrulhamento e investigações; e destacou o alto custo de implantação do equipamento. “De acordo com o levantamento de preços realizado, o valor total desta prospecção seria de aproximadamente R$75,6 milhões; para aquisição de câmeras, despesas de capital. Ou R$189 milhões para contratação de serviços por 30 meses.””. Segundo a Assembleia o próximo passo é a análise do projeto na Comissão de Direitos Humanos. Mas ainda é preciso aguardar que o relator da comissão seja designado. A proposta também precisa passar pela Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, antes de ir ao plenário.”

Argumentos bobos contra as câmeras.

Alto custo não faz sentido, pois quando há vontade por parte de políticos o dinheiro sempre aparece. Ouça qualquer edição de a Voz do Brasil, em qualquer época, para afogar-se no dinheiro que aparece. No mais se falta dinheiro basta estabelecer prioridades e economizar mais. É milagre?

Mas o momento mais interessante é outro argumento citado; o argumento do relator da Comissão de Segurança Pública Sargento Rodrigues mencionando que as câmeras nos uniformes da polícia podem inibir pessoas de aproximarem-se para fornecer informações aos policiais. Ora bolas, dado que as imagens estão protegidas parece que o relator da Comissão de Segurança Pública da Assembleia de Minas Gerais está sugerindo que o cidadão de bem deve ficar com um “pé atrás” ao aproximar-se dos policiais.

Segue alguns links para que quem me lê possa caminhar livre.

Assembleia Legislativa de Minas Gerais

https://www.almg.gov.br/

(Página inicial da parte das Comissões)

https://www.almg.gov.br/atividade-parlamentar/comissoes/inicial/

 

 

Fiquei encantado com este site. Tudo bem que em toda a apresentação o pessoal fica bonito nas intenções e tal, mas nossa... Nossa... O site é em inglês, mas usei o Bing Tradutor e tudo bem.

https://www.procon.org/about-us/

https://www.procon.org/headlines/police-body-cameras-top-3-pros-and-cons/

 

 

Não é exatamente, também, um site de notícias “normal”. Parece mais um portal para agentes comunicadores encontrarem material para melhor fazer os seus trabalhos.

https://www.prnewswire.com/

https://www.prnewswire.com/news-releases/growing-number-of-european-police-forces-use-bodycam-892044220.html

 

 

https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/noticias/mjsp-se-prepara-para-implementacao-de-uso-de-cameras-corporais-na-prf (Diminui a letalidade policial e a reclamação por parte dos cidadãos)

https://www.gov.br/prf/pt-br/noticias/nacionais/prf-e-mjsp-apresentam-estudo-sobre-o-uso-de-cameras-corporais-nas-abordagens-policiais

(“Além de garantir a integridade e a proteção dos dados capturados pelas câmeras, a PRF busca agir em consonância com a norma técnica NBR 27037/2023, que regula a custódia de evidências digitais. Esse cuidado com o armazenamento e manuseio dos registros obtidos é fundamental para que as imagens possam, por exemplo, ser utilizadas como prova em processos judiciais.”)

 

 

Outro site encantador. Este vai para a lista das consultas regulares.

https://fontesegura.forumseguranca.org.br/

https://fontesegura.forumseguranca.org.br/avaliando-o-uso-das-cameras-corporais/

(“A relação entre polícia e comunidade também impactou os resultados dos programas. Em algumas comunidades onde a relação com as polícias tem um histórico de confronto e falta de confiança, o uso das câmeras alterou pouco o comportamento dos policiais, ao passo que noutros bairros o uso do equipamento serviu para aumentar a legitimidade das polícias, uma vez que o programa foi percebido como um esforço para aumentar o controle e transparência da atividade policial.”)

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Ioga, Hinduísmo e o Balde

 

Ioga, Hinduísmo e o Balde


Os lendários Vedas. Mais de 2 mil anos de influência contínua e tudo começou em uma tradição oral. O quão perto esteve de se perder aquelas mensagens? Quantas alterações o texto sofreu? Difícil não pensar mesmo em inspiração divina na semente central daquelas palavras. Do primitivo (“primitivo” em sentido stricto sensu, seus modernosos de narizinho empinado) politeísmo que encontra deuses em toda parte e termina em uma das visões filosóficas mais sofisticadas já criadas pelo humano. Descrição de rituais para um cotidiano feliz, uma ode às florestas e cuidados interiores para a meditação. A última parte, também chamada de Upanishads ou Vedanta, decifra e explica o Ser.

 

O Purusha é a consciência, só a consciência; mas também é eterno e a beatitude. E não faria sentido que tudo fosse mutável e mal e também inconsciente de si mesmo. O Purusha se manifesta de muitas formas, uma delas é uma ondinha que nasce no meio do oceano infinito por causa de meio segundo de brisa: você e eu. Mas a gente costuma se iludir pensando que somos corpo, mente e alma e sei lá mais de fator X que nos torna únicos e especiais. Haja meditação para que esse erro seja corrigido, para sermos felizes!

 

A professora de Matemática vai dizer que combinando três pedaços não dá para fazer um universo, mas dá sim. Se os três pedaços forem os gunas. Tamas (inércia, paralisia, distração, sabedoria no meio da neblina espessa, o cavaquinho parado), Rajas (atividade, paixão, devoção e desejo, o dedilhar do cavaquinho) e Sattva (claridade, saúde da vida, felicidade terrena e conhecimento interior; e a composição do samba antes do artista pegar o cavaquinho).

 

A meditação e a sabedoria estão pegando fogo. Aproveite e jogue as sementes do seu passado no fogo e transforme-se em uma pessoa livre.

 

É possível agir sem que o jogo de dominó termine mal para mim? Sim. Na verdade essa é um dos principais ensinamentos hindus, o evitar as consequências cármicas negativas. Para isso basta ter a divindade como patrão e não esperar salário. Agir com desprendimento e generosidade, tendo como meta a harmonia com a divindade universal.

 

É um labirinto, portanto cuidado para não se perder. O primeiro e mais importante pensamento é o básico e primitivo “EU”. A partir daí você segue o caminho comum, mais pensamentos, dores, prazeres, sonhos e pesadelos, sair da cama, estudar, se casar, tomar uma cerveja com amigos para rir do Paulo que levou um drible no jogo de futebol... Mas... Mas... Se você, antes de dar o segundo passo no labirinto, perguntar “quem é esse EU?”; a situação muda. Mas atenção: é para perguntar e perguntar e perguntar e perguntar... Quanto mais você investigar QUEM esta pensando os pensamentos que VOCÊ esta tendo em sua mente, mais você ilumina a sua fonte original e isso aquieta a mente. “Mas e o perigo de ficar egocêntrico e isolado?” Mas é justamente o contrário: como a mente quer se conhecer antes de andar no labirinto, ela vai caminhar por ele tranquilamente. O labirinto será todo percorrido, mas você nunca perderá a sua fonte de água.

 

Pode parecer uma técnica prática pequena para ajudar na meditação diária, mas não é uma técnica prática pequena para ajudar na meditação diária. As canções são bonitas, de origem divina e são convites para o divino entrar/manifestar em forma de alegria e paz em você. Enfim, são músicas bonitas e é chique também porque elas são bem antigas. E ora bolas, siga a tradição iogue já que você está meditando!

 

Como a bateria do celular; se o seu corpo estiver suficientemente forte e purificado, do primeiro chakra (centro de consciência) perto do bumbum até o sétimo (o lótus de mil pétalas) no alto da cabeça será caminho da misteriosa energia kundalini. Aí como lâmpada você se ilumina mesmo. Meeeesmo!!!!

 

A prática ioga, naturalmente você já deve ter desconfiado, nada tem de ficar sentado em lótus sem fazer “nada”. Há muita atividade e muitos objetivos a serem alcançados. É difícil. Agora imagine a “ioga real”, a Raja Ioga. Imagine uma pessoa jovem, e mesmo uma pessoa adulta, ocidental, com internet e essa televisão por assinatura, tantos estímulos pelo celular, tantas imagens e desejos fortes o tempo todo; imagine escutar sobre paz interior e controle de pensamento? A pessoa iria achar um milagre. Bom, de certa forma é um milagre. Enfim, enfim, a Raja Ioga é algo complexo e amplo. Segue, como aperitivo, ou convite ou susto, a lista de estágios a serem percorridos aos praticantes. Sinta o drama: abstenções, observâncias, posturas, controle da energia vital, interiorização, concentração, meditação e iluminação. Deu aquele desânimo, não é? E eu que fui meditar e antes de começar, eu dormi? Mas é como observa meu amado Will Durant: as dificuldades estimulam os fortes. E é o seu caso.

 

Uma iogue é uma iogue, mas é também uma neurocirurgiã operando a própria mente enquanto vive normalmente. E para tornar a metáfora ainda mais fascinante, a profissional talentosa da medicina tem como bisturi mágico um presente da energia vital chamada prana (ou pranayama). Muito chique mesmo. Mas é exato: há uma mente a ser operada por meio da meditação. Cortar as partes ruins e assim iluminar-se.

 

Eu sou eu há muito tempo. O que não quer dizer que eu estou acostumado comigo mesmo sempre, ou que eu morra de amores por mim mesmo o tempo todo. Preciso escutar/aprender aquela música do Ultraje a Rigor: “eu me amo, eu me amo/eu não posso mais.../viver sem mim...”. Enfim, onde eu estava? Entre os ensinamentos todos ricos da ioga e a tradição hindu eu tinha que destacar o que é ensinado sobre a concentração. Como eu vivo no mundo da Lua eu tinha que destacar esse trem. Bom bom, concentração é a atenção fixada sobre um objeto. Normal começarmos com uma definição simples e direta. O grande jogo começa depois. Antes de qualquer coisa, beeem previamente, é preciso que você já esteja treinado na interiorização. Se o seu interior ainda estiver uma bagunça, não adianta. Depois é preciso saber que concentrar-se é duas partes: desligar os vários telefones do escritório e só depois você age escolhendo o alvo: pode ser um dos telefones, a janela, a agenda de contatos, uma carta sobre a mesa, o quadro que você nunca reparou direito... Dito isso uma nota sobre a iluminação: a iluminação é refletir a luz de tudo sobre você. Então quando alguém se ilumina não quer dizer que vira uma espécie de lâmpada, é mais se tornar uma espécie de espelho de tamanho infinito refletindo o tudo tudo.

 

Hari Dass tem uma lição para você:

Se você perseguir o mundo, o mundo fugirá de você.

Se você fugir do mundo, ele o perseguirá.

Naturalmente que a resposta para este dilema em minha opinião só pode ser dançar. Certo, Hari Dass?



Não perca a calculadora e nem o calendário, pois são exatos 25 anos estudando, mais 25 anos cuidando da família, aí tem 25 anos imitando o Henry David Thoreau no bosque do lago Walden e por último mais 25 anos renunciando qualquer coisa que realmente não presta.

 

Os hindus tem mais obstáculos a enumerar do que os budistas, mas ainda sim são menos que os sete pecados capitais da tradição católica. Os hindus têm cinco cascas de banana no caminho, são elas: aversão, desejo, egoísmo, ignorância e medo. O Mick Jagger não conseguia sentir satisfação porque não sabe que os sentidos do corpo são empregados não os mestres as quais devemos seguir. Como esperar no ponto de ônibus e pegar o ônibus errado. Dito isso é bom lembrar que a principal casca de banana que os hindus nos alertam que está no meio do caminho para nos atrapalhar é a ignorância. É que o mundo é tão atraente que nos puxa e prende, aí confundimos o brilho na careca do meu avô Waldir com o próprio sol. A consequência confundida com a causa. Ignoramos a fonte Self.

 

Não somos passageiros deste mundo, passageiros apenas viajam e olham pela janela. Tiram fotos e perguntam sempre as mesmas coisas aos guias turísticos. Não, não. Sim, não há morte ou nascimento. Mas não somos passageiros deste mundo, somos uma empregada doméstica que sabe amar. Uma empregada doméstica que sabe amar o trabalho, a família dona do castelo; mas que sabe que sua verdadeira casa é em outro lugar. Captou a metáfora? Não somos passageiros deste mundo, somos uma empregada doméstica que sabe amar. Gostou da lição? É do Sri Ramakrishna.

 

Eu ia chamar um vizinho, um colega de trabalho, a moça que fica na rua vendendo pipoca doce, um político do Partido Liberal, mas resolvi ser contemporâneo (outubro de 2023): somente quando o líder do... Ah... Não quero dizer o nome de dois dos nomes principais do atual conflito Israel-Hamas. Não é hipocondria jurídica é desânimo mesmo. De um lado pessoas morrendo, do outro pessoas gritando um monte de m* sem parar. Até casos de antissemitismo no Brasil essa guerra sórdida anda produzindo. Inacreditável. Enfim, onde eu estava? Quando a gente sentir unidade profunda com as outras pessoas o amor divino irá brotar em nós. Antes não. Politeísmo difícil: divindade em todas as pessoas.

 

O guru deve saber que por trás de estudantes insuportáveis que não conseguem nem chegar no horário das aulas, há a manifestação do Self perfeito sim. O guru tem que ser um exemplo de humildade e equilíbrio. Muitos são o que se dizem gurus, poucos são os gurus de verdade. Vou reconhecer o meu? Queria ter mais de um. E você que me lê, sabe reconhecer uma lâmpada humana no meio da floresta escura?

 

Agora vai uma citação porque ela é um elogio que não é leve ou diplomático.

A maior importância da Ioga está na eficácia prática das técnicas. A experiência, mais do que o conhecimento teórico, constitui a essência da Ioga. As diversas disciplinas da Ioga incluem práticas apropriadas para virtualmente todos os indivíduos, tenham eles uma disposição emocional, intelectual ou ativa. Nenhuma outra doutrina contém métodos tão diferentes para desenvolver a autodisciplina, adquirir um sentido de paz interior e atingir a auto-realização.

(James Fadiman e Robert Frager em Teorias da Personalidade [página 334, traduções de Camila Pedral Sampaio e Sybil Safdié; com a coordenação de Odette de Godoy Pinheiro, 1979, São Paulo, Editora: Harbra Editora Harper & Row do Brasil Ltda]).

 

A primeira vez que Sri Ramakrishna viu a Grande Mãe foi justamente no momento em que ele queria terminar tudo pegando a espada no templo e... Como um sol aparecendo de repente no quarto escuro Ela apareceu a ele. Seu coração não era mais uma toalha molhada torcida, escorrendo todo o ânimo, todo amor que queria sentir e praticar neste mundo.

 

Uma vez Ramana Maharshi sentiu tanto tanto medo da morte acabou que olhando para si mesmo de um jeito tão intenso que ele viu ele ele ele ele e além. Ele viu o Grande Ser. E era só o Grande Ser que existe. Só. Então para quê sentir medo da morte? Sentir medo?

 

Ao praticar o ascetismo cuidado para não machucar-se por vaidade. Quando vê, além do corpo machucado você está com o ego enorme. Justamente o contrário do que devia ser: corpo em paz e humildade.

 

Feche os olhos, pare, respire devagar, deixe o exterior virar interior virar exterior e... E as imagens são belas: “a pulsação da vida infinita e universal atravessando o seu corpo com o seu sangue”, “você cria um mar de Amor e depois convida todas as pessoas do mundo a nadar” e “o lago da paz transborda em um dilúvio inesquecível”.

 

Agora é a parte dos livros que vocês vão comprar para mim.

(Se eu tivesse que escolher, supondo que eu tivesse que escolher e supondo também que houvesse uma diferença... Eu escolheria, entre zen-budismo e a ioga, o zen-budismo. Mas aí reparo que na bibliografia comentada e na bibliografia geral, eu destaquei mais livros no capítulo “Ioga e a Tradição Hindu” do que no capítulo “Zen-Budismo”. Por quê? Não sei. Mistério! E que bom que terminamos com um mistério. Nada de respostas prontas e finais no final aqui. Que bom que terminamos com um mistério.)

Aphorisms of Ioga by Bhagwan Shree Patanjali, organizado por Swami Purohit (1938, Editora Farber, Londres).

The Sciense of Ioga, de I.K. Taimni (1961, Editora Quest).

Yoga and Beyond, de Jeanine Miller e G. Feuerstein (1972, Editora Schocken, Nova Iorque).

All Men are Brothers, de M. Gandhi (1958, UNESCO, Paris).

The Yellow Book, de Hari Dass (1973, Lama Foundation, San Cristobal, Novo Mexico).

Ramakrishna: Prophet of New India, de Swami Nikhilananda (1948, Editora Harper & Row, Nova Iorque).

Ramana Maharshi and the Path of Self-Knowledge, de A. Osbourne (1970, Editora Weiser, Nova Iorque).

Sayings of Sri Ramakrishna, de Ramakrishna (1965, “Madras, India: Sri Ramakrishna Math.”)

The Religions of Man, de H. Smith (1958, Editora Harper & Row, Nova Iorque).

Metaphysical Meditations, de Paramahansa Yogananda (1967, Editora Self-Realization Fellowship, Los Angeles).

Saying of Yogananda, de Paramahansa Yogananda (1968, Editora Self-Realization Fellowship, Los Angeles).

Spiritual Diary, de Paramahansa Yogananda (1969, Editora Self-Realization Fellowship, Los Angeles).

The Autobiography of a Yogi, de Paramahansa Yogananda (1972, Editora Self-Realization Fellowship, Los Angeles).

 

 

 

Livremente inspirado em “Segunda Parte Introdução às Teorias Orientais da Personalidade” e capítulo 11 “Ioga e a Tradição Hindu”. Do livro Teorias da Personalidade, de James Fadiman e Robert Frager (Traduções de Camila Pedral Sampaio e Sybil Safdié; com a coordenação de Odette de Godoy Pinheiro, 1979, São Paulo, Editora: Harbra Editora Harper & Row do Brasil Ltda).

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Zen-Budismo e o Balde

 

19 de outubro de 2023

Eu suspeito que o veto dos Estados Unidos à resolução proposta pelo Brasil no Conselho de Segurança da ONU foi: 49% apoio ao direito justo de Israel de se defender e 51% soberba mesmo pura e sem gelo, da parte estadunidense diante de um país pobre novo no clube (Conselho de Segurança).

E no noticiário a respeito desta mais recente crise Israel-Palestina na televisão a citação ao Irã como força oculta não para, é constante. Almas sebosas querem uma guerra mais ampla na região? Últimas gotas de petróleo antes dos EcoChatos vencerem? (risos) Falando um pouquinho mais sério: sei o que seria uma vitória dos sectários islâmicos, mas eu também gostaria de saber o que seria uma vitória do Exército Samuel Huntington/John Ashcroft. Perguntar para os refugiados pobres, os únicos que sempre sabem o que é uma guerra.

 

Como a minha internet está lenta! Acaba obrigando eu a usá-la de maneira inteligente, o que é chato.

 

 

Não aguento mais pedir para as pessoas lerem Teorias da Personalidade, de Fadiman e Frager; e para elas pensarem sobre o que trata o livro. Eu vou chutar o balde. Há muitas maneiras de chutar um balde e eu espero chutar o balde como Juninho Pernambucano. Que o time do zen-budismo, Ioga, sufismo e Abraham Maslow perdoem-me.

 

Zen- Budismo

A verdade é um boi e você é um camponês distraído. Acabou perdendo o seu boi. Mas foi só distração. Não foi uma perda peeeerda. Mas antes de começar a procurar o boi (verdade) você deve acreditar que vai sim encontrar o boi. Se isso parece platonismo e cristianismo não me pergunte o por quê. Os sábios que vestem roupas diferentes sabem conversar entre si. São os idiotas com roupas diferentes que não sabem e ficam brigando entre si.

Aí você estuda, estuda, estuda e estuda. A sua bunda redonda fica até quadrada de tanto que você ficou sentado estudando. Você fica até orgulhoso porque alguns livros são mesmo um deserto sem água e com muito sol. Alguns autores são insuportáveis. Mas uma coisa é ler sobre o budismo, outra coisa diferente é experimentar o budismo. A Alice só foi atrás do coelho que usava cartola e estava sempre atrasado, porque na hora ela levantou os olhos que estavam no livro e olhou a paisagem. Acabou caindo no buraco e foi parar no País das Maravilhas. Então estude muito o budismo, mas tire os olhos do livro sempre para poder ver se há algum coelho usando cartola e que esteja atrasado. Entendeu?

Aí você está procurando o boi (verdade). A primeira vez que você o vê, o primeiro vislumbre; é tudo. Não é tudo, mas é tudo. Não é tudo porque você não o agarrou ainda, mas é tudo. Não é tudo, mas é tudo. Não sei reapresentar o trem aqui, a lição aqui. Acho que a imagem do choque seja mais didática. Você está estudando o budismo e de repente o Sol, a estrela do nosso sistema solar, aparece no seu livro. Ou a primeira vez que eu vi a Simone Spoladore, a Bela Gil e a Ines Efron.

Agora o trem fica sinistro porque agora a disciplina budista no dia a dia vai cobrar o preço. O boi (verdade) vai querer voltar a fugir para o campo florido. Então seja disciplinado sempre. É gostoso, mas é caro. Queridão; é mais do que acordar cedo. Ah, muito mais do que isso! Mas vai ser gostoso.

Agora fica leve como uma pluma ao vento porque o modo de vida budista foi incorporado ao seu cotidiano e você nem percebe. Você é um budista andando de bicicleta, entende? Não esquece. Tranquilo, tranquilo.

Mais do que tranquilo. Você passeia montado no boi (verdade), tocando uma flauta, vendo as pessoas na aldeia e os pássaros no céu.

Você desceu do boi (verdade), o soltou, esqueceu-se dele. Mas desta vez isso aconteceu porque o boi (verdade) se tornou o universo inteiro. O que inclui você, naturalmente. Em qualquer lugar você encontra a flor do budismo brotar.

Os pássaros não te oferecem mais flores, porque você é nada agora. Tudo virou nada.

Tudo vira um espelho para você ver você mesmo e com isso você vê tudo mudando.

Acabe com o mal, faça o bem.

Os três fogos a serem evitados: erro, cobiça e ódio.

E aqui Buda encontra Aristóteles: o caminho do meio: não é para torturar o seu corpo no ascetismo e também não é para entregar-se aos prazeres. Você é maduro o suficiente para saber que o caminho que tu segue é o do meio? Senão se vire que tu não é quadrado.

E aqui Buda encontra Cristo: o outro está perto: o outro também manifesta a natureza do sagrado (Buda). Naturalmente que a gente sabe que o que não falta no mundo é gente insuportável, mas enfim... É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. E o nosso Renato Russo sabia o porquê disso: não há amanhã. Se bem que até o Apollo Creed também sabia que “don´t have tomorrow!”.

E aqui Buda encontra Arthur Schopenhauer: valorizar a compaixão. É tanta compaixão que você sente por todos e por tudo que você vira aquele surfista novato deitado na plancha em alto mar calmo olhando para o céu feliz tranquilo depois de deslizar em uma onda perfeita depois de um beijo depois de escutar o Bob Marley... A compaixão, a tranquilidade...

Então estudemos logo o budismo! Calma, calma, estudante! Seja humilde e pergunte a si mesmo se você é capaz de reconhecer um bom professor. Porque nem sempre o melhor professor (ou professora) vai estar dentro de uma academia de luxo, de cinco andares, cheia de equipamento... As aparências enganam. Seja humilde estudante...

E aqui Buda encontra Karl Marx e Friedrich Engels: a semente dos dragões, também conhecida como dialética, existe funciona. O que é a vida? Ora, obviamente que a vida é uma teia de aranha húmida de orvalho em uma manhã e outono. Como? Não entendeu? O que é a vida? O sorriso de uma criança faminta em um campo de refugiados para ciganos no meio da Romênia. Como? Não entendeu? O que é a vida? Quando você falou para a sua tia que... Acho que já deu para entender... Tudo está mudando e diante disso as categorias da lógica (ser, não-ser, essência, coerência, paradoxos, postulados e etc.) são um pouco mais do que pedaços de fruta em um liquidificador prestes a produzir uma gostosa e saudável vitamina.

Aqui Buda encontra o Islã: não há fronteiras entre a religião e a vida cotidiana. Isso pode parecer óbvio, mas não é tanto assim. Na nossa vida moderna ocidental, temos o costume de dividir momentos para orar, momentos para trabalhar, momentos para atividade política... Naturalmente que derrubar os muros aqui é bem complicado. Como harmonizar? Boa pergunta. Pergunta excelente. Faço a menor ideia.

Parafraseando um diálogo profundo entre a inglesa Kennett-roshi e o reverendo Hajime (The Wild White Goose, 1972, não há editora porque é um manuscrito):

Não teríamos que incluir Jair Messias Bolsonaro, nós incluímos Jair Messias Bolsonaro. Se você é incapaz de ver que ele também possui a natureza Buda por mais desorientado que possa ter sido, você nunca compreenderá o Budismo completamente. Este pedacinho é belo, este pedacinho não é. Você não deve fazer isso.

E é realmente difícil porque o final da jornada é torna-se um monge budista e você no fundo sabe disso. Você não quer se transformar-se em um monge budista e tudo bem, apenas lembre que a verdade só vai ser dada de presente a você se você deixa-la fazer parte de seus ossos e sangue. Sangue, ossos, não ler os ensinamentos budistas e sim decorá-los. Aqui Buda encontra Friedrich Nietzsche.

Agora o exercício budista mais difícil: sente-se e diga “sim”.

A meditação é uma atividade que requer prática. Pode começar durante atividades diárias como passar pano no chão. Você varre a casa com calma e deixa a sua mente relaxar. Se muita coisa te perturba internamente anotar em uma lista essas coisas pode te ajudar.

Comprem estes livros e depois me deem de presente.

Selling Water by the River, de J. Kennett (1972, Editora Pantheon, Nova Iorque).

The Dhammapada, tradução de P. Lal (1962, Editora Farrar, Straus & Giroux, Nova Iorque).

Zen Flish Zen Bones, antologia de histórias e koans Zen organizada por várias autoras e autores (sem data, Editora Anchor, Nova Iorque).

Livremente inspirado em “Segunda Parte Introdução às Teorias Orientais da Personalidade” e capítulo 10 “Zen-Budismo”. Do livro Teorias da Personalidade, de James Fadiman e Robert Frager (Traduções de Camila Pedral Sampaio e Sybil Safdié; com a coordenação de Odette de Godoy Pinheiro, 1979, São Paulo, Editora: Harbra Editora Harper & Row do Brasil Ltda).

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Zen-Budismo 4 de 10

 

Zen-Budismo 4 de 10

 

Não existe coincidência, o que existe são momentos em que há falta de interpretação poética do que acontece na vida. O que marquei para destacar nesta nossa apresentação do zen-busdismo nesses dias que o mundo pega fogo justamente com o Oriente-Médio?

 

“Os prazeres divinos não extinguirão as paixões. O encanto repousa apenas na destruição do desejo.”

The Dhammapada. Tradução de P. Lal. Editora Farrar, Straus & Giroux, 1967, Nova Iorque.

 

Nota Editorial

Eu sou mais marmota do que normalmente eu sei que sou. Não são 10 partes, eu dividi tudo em 28 partes. Felizmente a Matemática ajudou-me: se cada uma das últimas 7 partes tiver 7 partes escolhidas do texto, o trem fica certo. Então lá vai mais seis partes da nossa apresentação do zen-budismo.

 

Que a luz venha de fora e que depois nós sejamos a luz do mundo. Passivamente aqui na Terra até que todos também estejam emitindo luz da ausência de sofrimento.

 

 

Um discípulo pergunta ao seu mestre zen.

- Um cachorro tem natureza Buda ou não?

- Au! Au!

Não é “sim” ou “não”. Não é olhar o dedo apontando a Lua, é olhar a Lua. Não é se perder em perguntas e respostas, o labirinto da lógica. É olhar olho no olho a sua própria ignorância para encontrar a sabedoria interna em você mesmo.

 

 

Mas é assim mesmo. Mas escapar do labirinto é difícil. Existem perguntas, existem respostas, existem conceitos, provas, demonstrações, axiomas, teoremas, contradições, paradoxos, dilemas e etc. Assim como preguiça, ódio, tentações, desejo e etc. Mas se transcendermos a mente e o corpo, Buda desabrocha em nós imediatamente.

 

 

Livremente inspirado em “Segunda Parte Introdução às Teorias Orientais da Personalidade” e capítulo 10 “Zen-Budismo”. Do livro Teorias da Personalidade, de James Fadiman e Robert Frager (Traduções de Camila Pedral Sampaio e Sybil Safdié; com a coordenação de Odette de Godoy Pinheiro, 1979, São Paulo, Editora: Harbra Editora Harper & Row do Brasil Ltda).

terça-feira, 10 de outubro de 2023

Crise Israel-Palestina, outubro de 2023


 

Crise Israel-Palestina, outubro de 2023

 

Uma ocupação que já dura 35 anos. Uma política de anexação e aniquilamento de uma nação, com assentamentos de colonos que paulatinamente vão estrangulando o território palestino; já são 66 as colônias judaicas na Palestina. Uma política de aniquilamento da economia, de confisco de terras e fontes de água, preciosas numa região árida. Uma política de repressão, de negação de direitos civis, prisão de líderes, de intelectuais, fechamento de universidades, toque de recolher e instalação de postos militares que impedem a livre circulação da população no seu próprio país. Um êxodo estimulado: só no primeiro semestre de 2002, 80 mil palestinos abandonaram a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. E uma imposição inédita na história de qualquer ocupação já ocorrida na humanidade: o invasor exige garantias de segurança do invadido.”

(Deus é inocente: a imprensa, não (2002); de Carlos Dorneles. Quarta reimpressão (2005), Editora Globo, São Paulo, São Paulo. Página 238. Sinto a obrigação de dar os créditos a Roberto Kazuo Yokoda, pela sua belíssima capa. Uma das mais bonitas que tenho em minha biblioteca pessoal. As fotografias são do banco de imagens Corbis Stock Photos.)

Percorrendo a Terra com seu carro cheio de mentiras, astúcias e enganos, Hermes examinava a carga para distribuí-la igualmente entre todos os povos. Mas, quando chegou à Arábia, o carro quebrou-se inesperadamente. Os habitantes pilharam a carga como se se tratasse de bens preciosos e o deus interrompeu ali sua viagem.

Entre todos os povos, os árabes são os mais espertos e mentirosos: a verdade não fala por sua boca.” (O Carro de Hermes e os Árabes)

(Fábulas; Esopo. Tradução de Antônio Carlos Vianna. 1997; minha edição é de 2002. Página 92. Editora L&PM. Porto Alegre, Rio Grande do Sul.)

Depois desta demonstração adolescente de imparcialidade, peço a devida vênia aos justos e às almas sebosas de ambos os lados. A minha carne é fraca. De qualquer forma, se alguém achou graça eu continuo e recomendo o romance O Grande Líder, do escritor Fernando Jorge. O personagem principal é um político ambicioso e inescrupuloso; em determinado momento, em busca de apoio, ele vai a reuniões ora de judeus e ora de árabes, criticando um grupo quando está diante de outro grupo. É um romance muito gostoso de ler. Fernando Jorge até chega a ser relativamente famoso, mas evidentemente estamos esperando ele encantar-se para darmos a ele os seus devidos louros. Coisas do Brasil.

 

 

Antes de tudo; os meus sentimentos às famílias e amigos dos mortos e feridos dessa crise Israel-Palestina-outubro-2023. Antes de tudo; que sessem imediatamente as hostilidades e que se comecem as negociações; ou a vitória na Terra Santa é sinônimo de eliminação completa de um lado?

 

 

Com todo o respeito, mas os números oficiais da guerra fornecidos por Israel estão sendo repetidos pela imprensa sem questionamento. E por que essas menções precipitadas desde o início da crise ao Hezbollah e ao Irã na televisão? É para a opinião pública mundial começar a se acostumar com a ideia do que exatamente? Um conflito armado, mesmo que “pequeno” ou “médio”, contra o Irã por parte de Israel e Estados Unidos seria um recado à Rússia e China, também? Como disse o personagem de Sean Penn Cheyenne no filme maravilhoso “Aqui é o meu lugar” (This must Be the Place, 2011, Paolo Sorrentino, Umberto Contarello, Olwen Fouéré, Judd Hirsch e etc.): “Há alguma coisa muito errada aqui; eu não sei o que é, mas que há, há.”

 

 

É impossível ignorar que Joe Biden e Benjamin Netanyahu estavam vivendo crises políticas agudas em seus governos e um ataque injusto externo estimula o patriotismo e uma trégua política interna.

“A comunidade internacional demonstra apoio e blábláblá...”. Por “comunidade internacional” leia-se os países ricos de sempre: Inglaterra, Itália, França e... Espere um pouco, que países europeus estão tendo crises migratórias principalmente com pessoas... Ah... E por último, mas não menos importante, a parcialidade e falta diversidade da imprensa brasileira: as imagens são as mesmas da CNN Internacional e os entrevistados são os mesmos. Só ontem, dia 9 de outubro, na tv lembraram-se de entrevistar uma liderança árabe no Brasil aparecendo para dizer que a comunidade não apoia a violência. A CNN Brasil, inclusive, tem uma posição tão pró-Israel que chega a ecoar a crítica rasteira de alguns bolsonaristas que acusam o Governo Lula de não ser justa com Israel. Eu sou formado em jornalismo e me sinto obrigado a aqui a investir em um contexto: desde a cobertura da imprensa na Guerra do Vietnã (1955?-1975) e na tentativa de invasão dos Estados Unidos ao Camboja (1970) influíram radicalmente na política, a cobertura imparcial de grandes conflitos armados ficou cada vez mais difícil e raro. Queda na cobertura dos conflitos da América Central em meados do início dos anos de 1980. E na Primeira Guerra Estados Unidos – Iraque, início dos anos de 1990, só restou às imagens das luzinhas verdes. Na invasão dos Estados Unidos ao Afeganistão e na Segunda Guerra Estados Unidos – Iraque, em meados dos anos 2000, o negócio foi completamente patético. Jornalismo virando eco dos poderosos.  Então, em 2023, a imprensa vai mostrar o que aconteceu na Faixa de Gaza e em Israel realmente?

Dito isso, algumas perguntas de caráter socrático mesmo, dado que não sou especialista. Mesmo porque, em se tratando de guerra, é difícil que alguma informação seja confiável.

Benjamin Netanyahu vai destruir a Faixa de Gaza como Ariel Sharon destruiu a Cisjordânia nos anos 2000?

Por que os palestinos não conseguem encontrar lideranças que sejam ao mesmo tempo justas e fortes? Se antigamente acusavam Arafat de corrupto, hoje dizem o mesmo do Abbas. Mais do que isso, ambos eram fracos politicamente (Arafat nos últimos anos, eu lembro, era fraco). Aliás, nem lembro quando foi a última vez que vi o Abbas na televisão ou li sobre ele. Nem o Abbas e nem toda a Cisjordânia, para ser franco. Não é só a cobertura incompetente e preconceituosa da imprensa brasileira ou é?

Os palestinos árabes são amados por outros árabes e mulçumanos? Quer dizer, o Egito não é tão pobre assim e a Faixa de Gaza é quase uma cidade média. Não seria fácil para o Egito, sozinho, transformar a Faixa de Gaza em um lugar próspero? E o Egito é aliado de Israel. Assim como a Jordânia também é aliada de Israel. A Jordânia ajuda com sinceridade o povo árabe palestino a ser próspero com sinceridade na Cisjordânia?

Os árabes se sentiram traídos pelos ingleses durantes as negociações no fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918)? Também as negociações no fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e um episódio como o Plano Madagascar levaram os judeus à impressão de que, apesar de todo apoio dos Estados Unidos e outros países poderosos, em última análise eles estão sempre sozinhos?

 

 

Existe um documentário francês muito bom chamado “Palestina – A História de uma terra”. Passava na TV Escola. É ligeiramente favorável aos árabes, mas também é sincero e bem feito. Vale a pena assistir. E tem o livro “A Guerra dos Seis Dias” do A. J. Baker, parte da série lendária da Editora Renes. Ah, Editora Renes... Para obedecer à coerência, li este livro sobre a Guerra dos Seis Dias em um dia.

E antes de terminar mais este texto meu que vai salvar o mundo, deixe-me expressar o desespero meu de saber que a proibição do casamento homoafetivo avança rápido em Brasília. Falta Amor no Oriente Médio e falta Amor em Brasília. Precisamos de mais Amor.

 

 

 

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Zen-budismo 3 de 10

 

Zen-budismo 3 de 10

 

Me perdi fácil fácil na filosofia do trem, mas também porque é fácil e sedutor mesmo. Ocorre que me esqueci de escrever algo sociológico e histórico.

A árvore budista tem dois galhos que se destacaram ao longo da história. Um galho apareceu na Tailândia, Mianmar, Malásia; no sudoeste asiático. Esta tradição se chama Hunayana ou Theravada. Ela é legal, mas não nos interessa por enquanto. A que nos interessa nasceu nos grandes países asiáticos, como a China, Coréia e Japão. É o galho Mahayana. Esta tradição sim, nos interessa agora. Temos até o nome do seu criador, o monge budista hindu Bodhidarma.

Pausa.

Um monge budista... hindu.

Decerto que a verdade não conhece esta frescura humana chamada de fronteira, mas... (risos). Bom, eu pessoalmente adorei. Adoro as histórias budistas e sou apaixonado também pela Rede de Indra, ensinamento do hinduísmo. Sou brasileiro, afinal. Antropologia e ecumenismo sempre, bebê!

Agora vamos sair da sala da sociologia e história e vamos voltar para as paisagens filosóficas.

 

Depois da temporalidade, chegamos a outro ensinamento budista barra pesada. Violenta mesmo. Derrubar a barraca e mandar o balde viajar.

Você é este seu corte antiquado de cabelo? Não. Você é esta sobrancelha? Não. Você é o seu bumbum? Não. Você é o seu belo umbigo? Não. Você é este sapato maaaaaaravilhoso? Não. Você é a história traumática da sua infância? Não. Você é esta tatuagem de I Ching nas costas? Não. Você é seu cérebro? Não. Você é seu olho? Não. Você é dente siso? Não. Você é os seus sonhos? Não. Você é sua unha? Não? Você é a sua cueca? Não. Você é o seu curso de computador do SENAC? Não. Você é o seu coração cativo? Não.

Então o que é você? Um monte de pedaços que estão apodrecendo cada vez mais a cada instante? Estes pedaços mais alguma coisa misteriosa? É o som de seu nome? A gente sabe o que o senso comum define como indivíduo. Quando a gente se apaixona, quando o nosso dedo do pé encontra o pé da poltrona, quando desejamos aprender a dirigir, quando recebemos a notícia que o Maxwell vai ter mesmo que fazer uma cirurgia perigosa, quando ficamos com vergonha por ter feito algo feio... Mas o senso comum está errado quando acredita na existência do indivíduo.

 

Uau! Trem poderoso. Soco no estômago para tirar todo o nosso fôlego. A consequência mais imediata é o desprendimento. Na pobreza e na riqueza, na saúde e na doença, a gente sabe que não passa de uma gota no oceano. Imagem popular que agora você sabe ser verdadeira.

 

Ensinamento budista poderoso. Tem primos no Ocidente. O epicurismo e sua opinião a respeito de sermos átomos, afinal. Os pedaços de madeira velha do Navio de Teseu. E mais modernamente, o filósofo escocês David Hume e seu conceito de “eu”. Ou melhor, a sua falta de conceito de “eu”. Mas família é trem complicado, a gente sabe. Tem parte da família que vai discordar e essa parte não é fraca. Immanuel Kant e o livre-arbítrio e o dever moral. E o próprio cristianismo e o seu livre-arbítrio. Egocêntrico, mimado, preguiçoso, infantil e medroso; essa questão se existe um eu me é particularmente sensível.

 

 

 

Livremente inspirado em “Segunda Parte Introdução às Teorias Orientais da Personalidade” e capítulo 10 “Zen-Budismo”. Do livro Teorias da Personalidade, de James Fadiman e Robert Frager (Traduções de Camila Pedral Sampaio e Sybil Safdié; com a coordenação de Odette de Godoy Pinheiro, 1979, São Paulo, Editora: Harbra Editora Harper & Row do Brasil Ltda).

terça-feira, 3 de outubro de 2023

Zen-Budismo 2 de 10

 

Zen-Budismo 2 de 10

 

Mal começamos a conhecer o ponto de vista do Zen-Budismo e imediatamente aprendemos aquele tipo de lição que coloca a nossa vida de cabeça para baixo, ao mesmo tempo que nos faz renascer intelectualmente e emocionalmente: o conceito budista da temporariedade.

Tudo está mudando o tempo todo. Isso é óbvio, o que não é óbvio é isso na prática: a sua dor, a sua felicidade, o próprio Buda, a autoridade dos outros, a sua idade, o que você pensava da vida, as verdades científicas... Não é óbvio que o tempo passa e que tudo está mudando.

Não é óbvio que tudo está mudando e que o tempo passa porque frequentemente você se olha no espelho e leva um susto sobre o que fez e está fazendo de sua vida. E você ri e chora quando olha para você mais novo ou você mais velho. Como é possível você levar um susto sobre o que você fez da própria vida? Você por acaso estava dormindo?

É o rio. Nós estamos no rio. É o mesmo rio do Sidarta de Herman Hesse e o mesmo rio do ensaio sobre a velhice escrito pelo meu amado Bertrand Russell. Rio ou caminho estelar do filme “Contato” (“Contact”, 1997, Jodie Foster, Robert Zemeckis, Carl Sagan, James V. Hart, Matthew McConaughey e etc.). Em última análise não deve haver nem morte ou nascimento, só este rio mesmo. Acho que as aparências e a dor e o prazer é que nos distrai. É fácil se distrair. Eu que o diga, com nome de astronauta eu vivo mesmo no mundo da Lua. Ou no quarto anel de Saturno.

E se tudo muda e se estamos no rio, não podemos nos afogar. Se a gente fica distraído ou desesperado nós não boiamos e acabamos nos afogando. Então se tudo muda nós devemos ser mais serenos diante da vida. Difícil porque em 2023 aqui no Ocidente é tanto estímulo na internet, televisão, é tanto medo nas ruas, tanto sexo insatisfatório, e tanto vazio interior e tanto desgosto por trabalho chato e salário insuficiente!

 

 

 

Livremente inspirado em “Segunda Parte Introdução às Teorias Orientais da Personalidade” e capítulo 10 “Zen-Budismo”. Do livro Teorias da Personalidade, de James Fadiman e Robert Frager (Traduções de Camila Pedral Sampaio e Sybil Safdié; com a coordenação de Odette de Godoy Pinheiro, 1979, São Paulo, Editora: Harbra Editora Harper & Row do Brasil Ltda).