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segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Ioga, Hinduísmo e o Balde

 

Ioga, Hinduísmo e o Balde


Os lendários Vedas. Mais de 2 mil anos de influência contínua e tudo começou em uma tradição oral. O quão perto esteve de se perder aquelas mensagens? Quantas alterações o texto sofreu? Difícil não pensar mesmo em inspiração divina na semente central daquelas palavras. Do primitivo (“primitivo” em sentido stricto sensu, seus modernosos de narizinho empinado) politeísmo que encontra deuses em toda parte e termina em uma das visões filosóficas mais sofisticadas já criadas pelo humano. Descrição de rituais para um cotidiano feliz, uma ode às florestas e cuidados interiores para a meditação. A última parte, também chamada de Upanishads ou Vedanta, decifra e explica o Ser.

 

O Purusha é a consciência, só a consciência; mas também é eterno e a beatitude. E não faria sentido que tudo fosse mutável e mal e também inconsciente de si mesmo. O Purusha se manifesta de muitas formas, uma delas é uma ondinha que nasce no meio do oceano infinito por causa de meio segundo de brisa: você e eu. Mas a gente costuma se iludir pensando que somos corpo, mente e alma e sei lá mais de fator X que nos torna únicos e especiais. Haja meditação para que esse erro seja corrigido, para sermos felizes!

 

A professora de Matemática vai dizer que combinando três pedaços não dá para fazer um universo, mas dá sim. Se os três pedaços forem os gunas. Tamas (inércia, paralisia, distração, sabedoria no meio da neblina espessa, o cavaquinho parado), Rajas (atividade, paixão, devoção e desejo, o dedilhar do cavaquinho) e Sattva (claridade, saúde da vida, felicidade terrena e conhecimento interior; e a composição do samba antes do artista pegar o cavaquinho).

 

A meditação e a sabedoria estão pegando fogo. Aproveite e jogue as sementes do seu passado no fogo e transforme-se em uma pessoa livre.

 

É possível agir sem que o jogo de dominó termine mal para mim? Sim. Na verdade essa é um dos principais ensinamentos hindus, o evitar as consequências cármicas negativas. Para isso basta ter a divindade como patrão e não esperar salário. Agir com desprendimento e generosidade, tendo como meta a harmonia com a divindade universal.

 

É um labirinto, portanto cuidado para não se perder. O primeiro e mais importante pensamento é o básico e primitivo “EU”. A partir daí você segue o caminho comum, mais pensamentos, dores, prazeres, sonhos e pesadelos, sair da cama, estudar, se casar, tomar uma cerveja com amigos para rir do Paulo que levou um drible no jogo de futebol... Mas... Mas... Se você, antes de dar o segundo passo no labirinto, perguntar “quem é esse EU?”; a situação muda. Mas atenção: é para perguntar e perguntar e perguntar e perguntar... Quanto mais você investigar QUEM esta pensando os pensamentos que VOCÊ esta tendo em sua mente, mais você ilumina a sua fonte original e isso aquieta a mente. “Mas e o perigo de ficar egocêntrico e isolado?” Mas é justamente o contrário: como a mente quer se conhecer antes de andar no labirinto, ela vai caminhar por ele tranquilamente. O labirinto será todo percorrido, mas você nunca perderá a sua fonte de água.

 

Pode parecer uma técnica prática pequena para ajudar na meditação diária, mas não é uma técnica prática pequena para ajudar na meditação diária. As canções são bonitas, de origem divina e são convites para o divino entrar/manifestar em forma de alegria e paz em você. Enfim, são músicas bonitas e é chique também porque elas são bem antigas. E ora bolas, siga a tradição iogue já que você está meditando!

 

Como a bateria do celular; se o seu corpo estiver suficientemente forte e purificado, do primeiro chakra (centro de consciência) perto do bumbum até o sétimo (o lótus de mil pétalas) no alto da cabeça será caminho da misteriosa energia kundalini. Aí como lâmpada você se ilumina mesmo. Meeeesmo!!!!

 

A prática ioga, naturalmente você já deve ter desconfiado, nada tem de ficar sentado em lótus sem fazer “nada”. Há muita atividade e muitos objetivos a serem alcançados. É difícil. Agora imagine a “ioga real”, a Raja Ioga. Imagine uma pessoa jovem, e mesmo uma pessoa adulta, ocidental, com internet e essa televisão por assinatura, tantos estímulos pelo celular, tantas imagens e desejos fortes o tempo todo; imagine escutar sobre paz interior e controle de pensamento? A pessoa iria achar um milagre. Bom, de certa forma é um milagre. Enfim, enfim, a Raja Ioga é algo complexo e amplo. Segue, como aperitivo, ou convite ou susto, a lista de estágios a serem percorridos aos praticantes. Sinta o drama: abstenções, observâncias, posturas, controle da energia vital, interiorização, concentração, meditação e iluminação. Deu aquele desânimo, não é? E eu que fui meditar e antes de começar, eu dormi? Mas é como observa meu amado Will Durant: as dificuldades estimulam os fortes. E é o seu caso.

 

Uma iogue é uma iogue, mas é também uma neurocirurgiã operando a própria mente enquanto vive normalmente. E para tornar a metáfora ainda mais fascinante, a profissional talentosa da medicina tem como bisturi mágico um presente da energia vital chamada prana (ou pranayama). Muito chique mesmo. Mas é exato: há uma mente a ser operada por meio da meditação. Cortar as partes ruins e assim iluminar-se.

 

Eu sou eu há muito tempo. O que não quer dizer que eu estou acostumado comigo mesmo sempre, ou que eu morra de amores por mim mesmo o tempo todo. Preciso escutar/aprender aquela música do Ultraje a Rigor: “eu me amo, eu me amo/eu não posso mais.../viver sem mim...”. Enfim, onde eu estava? Entre os ensinamentos todos ricos da ioga e a tradição hindu eu tinha que destacar o que é ensinado sobre a concentração. Como eu vivo no mundo da Lua eu tinha que destacar esse trem. Bom bom, concentração é a atenção fixada sobre um objeto. Normal começarmos com uma definição simples e direta. O grande jogo começa depois. Antes de qualquer coisa, beeem previamente, é preciso que você já esteja treinado na interiorização. Se o seu interior ainda estiver uma bagunça, não adianta. Depois é preciso saber que concentrar-se é duas partes: desligar os vários telefones do escritório e só depois você age escolhendo o alvo: pode ser um dos telefones, a janela, a agenda de contatos, uma carta sobre a mesa, o quadro que você nunca reparou direito... Dito isso uma nota sobre a iluminação: a iluminação é refletir a luz de tudo sobre você. Então quando alguém se ilumina não quer dizer que vira uma espécie de lâmpada, é mais se tornar uma espécie de espelho de tamanho infinito refletindo o tudo tudo.

 

Hari Dass tem uma lição para você:

Se você perseguir o mundo, o mundo fugirá de você.

Se você fugir do mundo, ele o perseguirá.

Naturalmente que a resposta para este dilema em minha opinião só pode ser dançar. Certo, Hari Dass?



Não perca a calculadora e nem o calendário, pois são exatos 25 anos estudando, mais 25 anos cuidando da família, aí tem 25 anos imitando o Henry David Thoreau no bosque do lago Walden e por último mais 25 anos renunciando qualquer coisa que realmente não presta.

 

Os hindus tem mais obstáculos a enumerar do que os budistas, mas ainda sim são menos que os sete pecados capitais da tradição católica. Os hindus têm cinco cascas de banana no caminho, são elas: aversão, desejo, egoísmo, ignorância e medo. O Mick Jagger não conseguia sentir satisfação porque não sabe que os sentidos do corpo são empregados não os mestres as quais devemos seguir. Como esperar no ponto de ônibus e pegar o ônibus errado. Dito isso é bom lembrar que a principal casca de banana que os hindus nos alertam que está no meio do caminho para nos atrapalhar é a ignorância. É que o mundo é tão atraente que nos puxa e prende, aí confundimos o brilho na careca do meu avô Waldir com o próprio sol. A consequência confundida com a causa. Ignoramos a fonte Self.

 

Não somos passageiros deste mundo, passageiros apenas viajam e olham pela janela. Tiram fotos e perguntam sempre as mesmas coisas aos guias turísticos. Não, não. Sim, não há morte ou nascimento. Mas não somos passageiros deste mundo, somos uma empregada doméstica que sabe amar. Uma empregada doméstica que sabe amar o trabalho, a família dona do castelo; mas que sabe que sua verdadeira casa é em outro lugar. Captou a metáfora? Não somos passageiros deste mundo, somos uma empregada doméstica que sabe amar. Gostou da lição? É do Sri Ramakrishna.

 

Eu ia chamar um vizinho, um colega de trabalho, a moça que fica na rua vendendo pipoca doce, um político do Partido Liberal, mas resolvi ser contemporâneo (outubro de 2023): somente quando o líder do... Ah... Não quero dizer o nome de dois dos nomes principais do atual conflito Israel-Hamas. Não é hipocondria jurídica é desânimo mesmo. De um lado pessoas morrendo, do outro pessoas gritando um monte de m* sem parar. Até casos de antissemitismo no Brasil essa guerra sórdida anda produzindo. Inacreditável. Enfim, onde eu estava? Quando a gente sentir unidade profunda com as outras pessoas o amor divino irá brotar em nós. Antes não. Politeísmo difícil: divindade em todas as pessoas.

 

O guru deve saber que por trás de estudantes insuportáveis que não conseguem nem chegar no horário das aulas, há a manifestação do Self perfeito sim. O guru tem que ser um exemplo de humildade e equilíbrio. Muitos são o que se dizem gurus, poucos são os gurus de verdade. Vou reconhecer o meu? Queria ter mais de um. E você que me lê, sabe reconhecer uma lâmpada humana no meio da floresta escura?

 

Agora vai uma citação porque ela é um elogio que não é leve ou diplomático.

A maior importância da Ioga está na eficácia prática das técnicas. A experiência, mais do que o conhecimento teórico, constitui a essência da Ioga. As diversas disciplinas da Ioga incluem práticas apropriadas para virtualmente todos os indivíduos, tenham eles uma disposição emocional, intelectual ou ativa. Nenhuma outra doutrina contém métodos tão diferentes para desenvolver a autodisciplina, adquirir um sentido de paz interior e atingir a auto-realização.

(James Fadiman e Robert Frager em Teorias da Personalidade [página 334, traduções de Camila Pedral Sampaio e Sybil Safdié; com a coordenação de Odette de Godoy Pinheiro, 1979, São Paulo, Editora: Harbra Editora Harper & Row do Brasil Ltda]).

 

A primeira vez que Sri Ramakrishna viu a Grande Mãe foi justamente no momento em que ele queria terminar tudo pegando a espada no templo e... Como um sol aparecendo de repente no quarto escuro Ela apareceu a ele. Seu coração não era mais uma toalha molhada torcida, escorrendo todo o ânimo, todo amor que queria sentir e praticar neste mundo.

 

Uma vez Ramana Maharshi sentiu tanto tanto medo da morte acabou que olhando para si mesmo de um jeito tão intenso que ele viu ele ele ele ele e além. Ele viu o Grande Ser. E era só o Grande Ser que existe. Só. Então para quê sentir medo da morte? Sentir medo?

 

Ao praticar o ascetismo cuidado para não machucar-se por vaidade. Quando vê, além do corpo machucado você está com o ego enorme. Justamente o contrário do que devia ser: corpo em paz e humildade.

 

Feche os olhos, pare, respire devagar, deixe o exterior virar interior virar exterior e... E as imagens são belas: “a pulsação da vida infinita e universal atravessando o seu corpo com o seu sangue”, “você cria um mar de Amor e depois convida todas as pessoas do mundo a nadar” e “o lago da paz transborda em um dilúvio inesquecível”.

 

Agora é a parte dos livros que vocês vão comprar para mim.

(Se eu tivesse que escolher, supondo que eu tivesse que escolher e supondo também que houvesse uma diferença... Eu escolheria, entre zen-budismo e a ioga, o zen-budismo. Mas aí reparo que na bibliografia comentada e na bibliografia geral, eu destaquei mais livros no capítulo “Ioga e a Tradição Hindu” do que no capítulo “Zen-Budismo”. Por quê? Não sei. Mistério! E que bom que terminamos com um mistério. Nada de respostas prontas e finais no final aqui. Que bom que terminamos com um mistério.)

Aphorisms of Ioga by Bhagwan Shree Patanjali, organizado por Swami Purohit (1938, Editora Farber, Londres).

The Sciense of Ioga, de I.K. Taimni (1961, Editora Quest).

Yoga and Beyond, de Jeanine Miller e G. Feuerstein (1972, Editora Schocken, Nova Iorque).

All Men are Brothers, de M. Gandhi (1958, UNESCO, Paris).

The Yellow Book, de Hari Dass (1973, Lama Foundation, San Cristobal, Novo Mexico).

Ramakrishna: Prophet of New India, de Swami Nikhilananda (1948, Editora Harper & Row, Nova Iorque).

Ramana Maharshi and the Path of Self-Knowledge, de A. Osbourne (1970, Editora Weiser, Nova Iorque).

Sayings of Sri Ramakrishna, de Ramakrishna (1965, “Madras, India: Sri Ramakrishna Math.”)

The Religions of Man, de H. Smith (1958, Editora Harper & Row, Nova Iorque).

Metaphysical Meditations, de Paramahansa Yogananda (1967, Editora Self-Realization Fellowship, Los Angeles).

Saying of Yogananda, de Paramahansa Yogananda (1968, Editora Self-Realization Fellowship, Los Angeles).

Spiritual Diary, de Paramahansa Yogananda (1969, Editora Self-Realization Fellowship, Los Angeles).

The Autobiography of a Yogi, de Paramahansa Yogananda (1972, Editora Self-Realization Fellowship, Los Angeles).

 

 

 

Livremente inspirado em “Segunda Parte Introdução às Teorias Orientais da Personalidade” e capítulo 11 “Ioga e a Tradição Hindu”. Do livro Teorias da Personalidade, de James Fadiman e Robert Frager (Traduções de Camila Pedral Sampaio e Sybil Safdié; com a coordenação de Odette de Godoy Pinheiro, 1979, São Paulo, Editora: Harbra Editora Harper & Row do Brasil Ltda).

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Zen-Budismo e o Balde

 

19 de outubro de 2023

Eu suspeito que o veto dos Estados Unidos à resolução proposta pelo Brasil no Conselho de Segurança da ONU foi: 49% apoio ao direito justo de Israel de se defender e 51% soberba mesmo pura e sem gelo, da parte estadunidense diante de um país pobre novo no clube (Conselho de Segurança).

E no noticiário a respeito desta mais recente crise Israel-Palestina na televisão a citação ao Irã como força oculta não para, é constante. Almas sebosas querem uma guerra mais ampla na região? Últimas gotas de petróleo antes dos EcoChatos vencerem? (risos) Falando um pouquinho mais sério: sei o que seria uma vitória dos sectários islâmicos, mas eu também gostaria de saber o que seria uma vitória do Exército Samuel Huntington/John Ashcroft. Perguntar para os refugiados pobres, os únicos que sempre sabem o que é uma guerra.

 

Como a minha internet está lenta! Acaba obrigando eu a usá-la de maneira inteligente, o que é chato.

 

 

Não aguento mais pedir para as pessoas lerem Teorias da Personalidade, de Fadiman e Frager; e para elas pensarem sobre o que trata o livro. Eu vou chutar o balde. Há muitas maneiras de chutar um balde e eu espero chutar o balde como Juninho Pernambucano. Que o time do zen-budismo, Ioga, sufismo e Abraham Maslow perdoem-me.

 

Zen- Budismo

A verdade é um boi e você é um camponês distraído. Acabou perdendo o seu boi. Mas foi só distração. Não foi uma perda peeeerda. Mas antes de começar a procurar o boi (verdade) você deve acreditar que vai sim encontrar o boi. Se isso parece platonismo e cristianismo não me pergunte o por quê. Os sábios que vestem roupas diferentes sabem conversar entre si. São os idiotas com roupas diferentes que não sabem e ficam brigando entre si.

Aí você estuda, estuda, estuda e estuda. A sua bunda redonda fica até quadrada de tanto que você ficou sentado estudando. Você fica até orgulhoso porque alguns livros são mesmo um deserto sem água e com muito sol. Alguns autores são insuportáveis. Mas uma coisa é ler sobre o budismo, outra coisa diferente é experimentar o budismo. A Alice só foi atrás do coelho que usava cartola e estava sempre atrasado, porque na hora ela levantou os olhos que estavam no livro e olhou a paisagem. Acabou caindo no buraco e foi parar no País das Maravilhas. Então estude muito o budismo, mas tire os olhos do livro sempre para poder ver se há algum coelho usando cartola e que esteja atrasado. Entendeu?

Aí você está procurando o boi (verdade). A primeira vez que você o vê, o primeiro vislumbre; é tudo. Não é tudo, mas é tudo. Não é tudo porque você não o agarrou ainda, mas é tudo. Não é tudo, mas é tudo. Não sei reapresentar o trem aqui, a lição aqui. Acho que a imagem do choque seja mais didática. Você está estudando o budismo e de repente o Sol, a estrela do nosso sistema solar, aparece no seu livro. Ou a primeira vez que eu vi a Simone Spoladore, a Bela Gil e a Ines Efron.

Agora o trem fica sinistro porque agora a disciplina budista no dia a dia vai cobrar o preço. O boi (verdade) vai querer voltar a fugir para o campo florido. Então seja disciplinado sempre. É gostoso, mas é caro. Queridão; é mais do que acordar cedo. Ah, muito mais do que isso! Mas vai ser gostoso.

Agora fica leve como uma pluma ao vento porque o modo de vida budista foi incorporado ao seu cotidiano e você nem percebe. Você é um budista andando de bicicleta, entende? Não esquece. Tranquilo, tranquilo.

Mais do que tranquilo. Você passeia montado no boi (verdade), tocando uma flauta, vendo as pessoas na aldeia e os pássaros no céu.

Você desceu do boi (verdade), o soltou, esqueceu-se dele. Mas desta vez isso aconteceu porque o boi (verdade) se tornou o universo inteiro. O que inclui você, naturalmente. Em qualquer lugar você encontra a flor do budismo brotar.

Os pássaros não te oferecem mais flores, porque você é nada agora. Tudo virou nada.

Tudo vira um espelho para você ver você mesmo e com isso você vê tudo mudando.

Acabe com o mal, faça o bem.

Os três fogos a serem evitados: erro, cobiça e ódio.

E aqui Buda encontra Aristóteles: o caminho do meio: não é para torturar o seu corpo no ascetismo e também não é para entregar-se aos prazeres. Você é maduro o suficiente para saber que o caminho que tu segue é o do meio? Senão se vire que tu não é quadrado.

E aqui Buda encontra Cristo: o outro está perto: o outro também manifesta a natureza do sagrado (Buda). Naturalmente que a gente sabe que o que não falta no mundo é gente insuportável, mas enfim... É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. E o nosso Renato Russo sabia o porquê disso: não há amanhã. Se bem que até o Apollo Creed também sabia que “don´t have tomorrow!”.

E aqui Buda encontra Arthur Schopenhauer: valorizar a compaixão. É tanta compaixão que você sente por todos e por tudo que você vira aquele surfista novato deitado na plancha em alto mar calmo olhando para o céu feliz tranquilo depois de deslizar em uma onda perfeita depois de um beijo depois de escutar o Bob Marley... A compaixão, a tranquilidade...

Então estudemos logo o budismo! Calma, calma, estudante! Seja humilde e pergunte a si mesmo se você é capaz de reconhecer um bom professor. Porque nem sempre o melhor professor (ou professora) vai estar dentro de uma academia de luxo, de cinco andares, cheia de equipamento... As aparências enganam. Seja humilde estudante...

E aqui Buda encontra Karl Marx e Friedrich Engels: a semente dos dragões, também conhecida como dialética, existe funciona. O que é a vida? Ora, obviamente que a vida é uma teia de aranha húmida de orvalho em uma manhã e outono. Como? Não entendeu? O que é a vida? O sorriso de uma criança faminta em um campo de refugiados para ciganos no meio da Romênia. Como? Não entendeu? O que é a vida? Quando você falou para a sua tia que... Acho que já deu para entender... Tudo está mudando e diante disso as categorias da lógica (ser, não-ser, essência, coerência, paradoxos, postulados e etc.) são um pouco mais do que pedaços de fruta em um liquidificador prestes a produzir uma gostosa e saudável vitamina.

Aqui Buda encontra o Islã: não há fronteiras entre a religião e a vida cotidiana. Isso pode parecer óbvio, mas não é tanto assim. Na nossa vida moderna ocidental, temos o costume de dividir momentos para orar, momentos para trabalhar, momentos para atividade política... Naturalmente que derrubar os muros aqui é bem complicado. Como harmonizar? Boa pergunta. Pergunta excelente. Faço a menor ideia.

Parafraseando um diálogo profundo entre a inglesa Kennett-roshi e o reverendo Hajime (The Wild White Goose, 1972, não há editora porque é um manuscrito):

Não teríamos que incluir Jair Messias Bolsonaro, nós incluímos Jair Messias Bolsonaro. Se você é incapaz de ver que ele também possui a natureza Buda por mais desorientado que possa ter sido, você nunca compreenderá o Budismo completamente. Este pedacinho é belo, este pedacinho não é. Você não deve fazer isso.

E é realmente difícil porque o final da jornada é torna-se um monge budista e você no fundo sabe disso. Você não quer se transformar-se em um monge budista e tudo bem, apenas lembre que a verdade só vai ser dada de presente a você se você deixa-la fazer parte de seus ossos e sangue. Sangue, ossos, não ler os ensinamentos budistas e sim decorá-los. Aqui Buda encontra Friedrich Nietzsche.

Agora o exercício budista mais difícil: sente-se e diga “sim”.

A meditação é uma atividade que requer prática. Pode começar durante atividades diárias como passar pano no chão. Você varre a casa com calma e deixa a sua mente relaxar. Se muita coisa te perturba internamente anotar em uma lista essas coisas pode te ajudar.

Comprem estes livros e depois me deem de presente.

Selling Water by the River, de J. Kennett (1972, Editora Pantheon, Nova Iorque).

The Dhammapada, tradução de P. Lal (1962, Editora Farrar, Straus & Giroux, Nova Iorque).

Zen Flish Zen Bones, antologia de histórias e koans Zen organizada por várias autoras e autores (sem data, Editora Anchor, Nova Iorque).

Livremente inspirado em “Segunda Parte Introdução às Teorias Orientais da Personalidade” e capítulo 10 “Zen-Budismo”. Do livro Teorias da Personalidade, de James Fadiman e Robert Frager (Traduções de Camila Pedral Sampaio e Sybil Safdié; com a coordenação de Odette de Godoy Pinheiro, 1979, São Paulo, Editora: Harbra Editora Harper & Row do Brasil Ltda).

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Zen-Budismo 4 de 10

 

Zen-Budismo 4 de 10

 

Não existe coincidência, o que existe são momentos em que há falta de interpretação poética do que acontece na vida. O que marquei para destacar nesta nossa apresentação do zen-busdismo nesses dias que o mundo pega fogo justamente com o Oriente-Médio?

 

“Os prazeres divinos não extinguirão as paixões. O encanto repousa apenas na destruição do desejo.”

The Dhammapada. Tradução de P. Lal. Editora Farrar, Straus & Giroux, 1967, Nova Iorque.

 

Nota Editorial

Eu sou mais marmota do que normalmente eu sei que sou. Não são 10 partes, eu dividi tudo em 28 partes. Felizmente a Matemática ajudou-me: se cada uma das últimas 7 partes tiver 7 partes escolhidas do texto, o trem fica certo. Então lá vai mais seis partes da nossa apresentação do zen-budismo.

 

Que a luz venha de fora e que depois nós sejamos a luz do mundo. Passivamente aqui na Terra até que todos também estejam emitindo luz da ausência de sofrimento.

 

 

Um discípulo pergunta ao seu mestre zen.

- Um cachorro tem natureza Buda ou não?

- Au! Au!

Não é “sim” ou “não”. Não é olhar o dedo apontando a Lua, é olhar a Lua. Não é se perder em perguntas e respostas, o labirinto da lógica. É olhar olho no olho a sua própria ignorância para encontrar a sabedoria interna em você mesmo.

 

 

Mas é assim mesmo. Mas escapar do labirinto é difícil. Existem perguntas, existem respostas, existem conceitos, provas, demonstrações, axiomas, teoremas, contradições, paradoxos, dilemas e etc. Assim como preguiça, ódio, tentações, desejo e etc. Mas se transcendermos a mente e o corpo, Buda desabrocha em nós imediatamente.

 

 

Livremente inspirado em “Segunda Parte Introdução às Teorias Orientais da Personalidade” e capítulo 10 “Zen-Budismo”. Do livro Teorias da Personalidade, de James Fadiman e Robert Frager (Traduções de Camila Pedral Sampaio e Sybil Safdié; com a coordenação de Odette de Godoy Pinheiro, 1979, São Paulo, Editora: Harbra Editora Harper & Row do Brasil Ltda).

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Zen-budismo 3 de 10

 

Zen-budismo 3 de 10

 

Me perdi fácil fácil na filosofia do trem, mas também porque é fácil e sedutor mesmo. Ocorre que me esqueci de escrever algo sociológico e histórico.

A árvore budista tem dois galhos que se destacaram ao longo da história. Um galho apareceu na Tailândia, Mianmar, Malásia; no sudoeste asiático. Esta tradição se chama Hunayana ou Theravada. Ela é legal, mas não nos interessa por enquanto. A que nos interessa nasceu nos grandes países asiáticos, como a China, Coréia e Japão. É o galho Mahayana. Esta tradição sim, nos interessa agora. Temos até o nome do seu criador, o monge budista hindu Bodhidarma.

Pausa.

Um monge budista... hindu.

Decerto que a verdade não conhece esta frescura humana chamada de fronteira, mas... (risos). Bom, eu pessoalmente adorei. Adoro as histórias budistas e sou apaixonado também pela Rede de Indra, ensinamento do hinduísmo. Sou brasileiro, afinal. Antropologia e ecumenismo sempre, bebê!

Agora vamos sair da sala da sociologia e história e vamos voltar para as paisagens filosóficas.

 

Depois da temporalidade, chegamos a outro ensinamento budista barra pesada. Violenta mesmo. Derrubar a barraca e mandar o balde viajar.

Você é este seu corte antiquado de cabelo? Não. Você é esta sobrancelha? Não. Você é o seu bumbum? Não. Você é o seu belo umbigo? Não. Você é este sapato maaaaaaravilhoso? Não. Você é a história traumática da sua infância? Não. Você é esta tatuagem de I Ching nas costas? Não. Você é seu cérebro? Não. Você é seu olho? Não. Você é dente siso? Não. Você é os seus sonhos? Não. Você é sua unha? Não? Você é a sua cueca? Não. Você é o seu curso de computador do SENAC? Não. Você é o seu coração cativo? Não.

Então o que é você? Um monte de pedaços que estão apodrecendo cada vez mais a cada instante? Estes pedaços mais alguma coisa misteriosa? É o som de seu nome? A gente sabe o que o senso comum define como indivíduo. Quando a gente se apaixona, quando o nosso dedo do pé encontra o pé da poltrona, quando desejamos aprender a dirigir, quando recebemos a notícia que o Maxwell vai ter mesmo que fazer uma cirurgia perigosa, quando ficamos com vergonha por ter feito algo feio... Mas o senso comum está errado quando acredita na existência do indivíduo.

 

Uau! Trem poderoso. Soco no estômago para tirar todo o nosso fôlego. A consequência mais imediata é o desprendimento. Na pobreza e na riqueza, na saúde e na doença, a gente sabe que não passa de uma gota no oceano. Imagem popular que agora você sabe ser verdadeira.

 

Ensinamento budista poderoso. Tem primos no Ocidente. O epicurismo e sua opinião a respeito de sermos átomos, afinal. Os pedaços de madeira velha do Navio de Teseu. E mais modernamente, o filósofo escocês David Hume e seu conceito de “eu”. Ou melhor, a sua falta de conceito de “eu”. Mas família é trem complicado, a gente sabe. Tem parte da família que vai discordar e essa parte não é fraca. Immanuel Kant e o livre-arbítrio e o dever moral. E o próprio cristianismo e o seu livre-arbítrio. Egocêntrico, mimado, preguiçoso, infantil e medroso; essa questão se existe um eu me é particularmente sensível.

 

 

 

Livremente inspirado em “Segunda Parte Introdução às Teorias Orientais da Personalidade” e capítulo 10 “Zen-Budismo”. Do livro Teorias da Personalidade, de James Fadiman e Robert Frager (Traduções de Camila Pedral Sampaio e Sybil Safdié; com a coordenação de Odette de Godoy Pinheiro, 1979, São Paulo, Editora: Harbra Editora Harper & Row do Brasil Ltda).

terça-feira, 3 de outubro de 2023

Zen-Budismo 2 de 10

 

Zen-Budismo 2 de 10

 

Mal começamos a conhecer o ponto de vista do Zen-Budismo e imediatamente aprendemos aquele tipo de lição que coloca a nossa vida de cabeça para baixo, ao mesmo tempo que nos faz renascer intelectualmente e emocionalmente: o conceito budista da temporariedade.

Tudo está mudando o tempo todo. Isso é óbvio, o que não é óbvio é isso na prática: a sua dor, a sua felicidade, o próprio Buda, a autoridade dos outros, a sua idade, o que você pensava da vida, as verdades científicas... Não é óbvio que o tempo passa e que tudo está mudando.

Não é óbvio que tudo está mudando e que o tempo passa porque frequentemente você se olha no espelho e leva um susto sobre o que fez e está fazendo de sua vida. E você ri e chora quando olha para você mais novo ou você mais velho. Como é possível você levar um susto sobre o que você fez da própria vida? Você por acaso estava dormindo?

É o rio. Nós estamos no rio. É o mesmo rio do Sidarta de Herman Hesse e o mesmo rio do ensaio sobre a velhice escrito pelo meu amado Bertrand Russell. Rio ou caminho estelar do filme “Contato” (“Contact”, 1997, Jodie Foster, Robert Zemeckis, Carl Sagan, James V. Hart, Matthew McConaughey e etc.). Em última análise não deve haver nem morte ou nascimento, só este rio mesmo. Acho que as aparências e a dor e o prazer é que nos distrai. É fácil se distrair. Eu que o diga, com nome de astronauta eu vivo mesmo no mundo da Lua. Ou no quarto anel de Saturno.

E se tudo muda e se estamos no rio, não podemos nos afogar. Se a gente fica distraído ou desesperado nós não boiamos e acabamos nos afogando. Então se tudo muda nós devemos ser mais serenos diante da vida. Difícil porque em 2023 aqui no Ocidente é tanto estímulo na internet, televisão, é tanto medo nas ruas, tanto sexo insatisfatório, e tanto vazio interior e tanto desgosto por trabalho chato e salário insuficiente!

 

 

 

Livremente inspirado em “Segunda Parte Introdução às Teorias Orientais da Personalidade” e capítulo 10 “Zen-Budismo”. Do livro Teorias da Personalidade, de James Fadiman e Robert Frager (Traduções de Camila Pedral Sampaio e Sybil Safdié; com a coordenação de Odette de Godoy Pinheiro, 1979, São Paulo, Editora: Harbra Editora Harper & Row do Brasil Ltda).

domingo, 1 de outubro de 2023

Zen-Budismo 1 de 10

 

Zen-Budismo 1 de 10

 

 

Acho que podemos chamar este fenômeno cultural de “onda de orientalismo”. De repente há uma curiosidade, um desejo, aqui no Ocidente, de conhecer o Oriente. Na esperança de ali encontrar novos valores, ideias e caminhos. Não é raro no Ocidente o sentimento de desorientação e frustração profunda. A cidade nos isola, os meios de comunicação nos deixam tristes, a política agride, a ciência é estrangeira e os sacerdotes não são humanos...  

Não sou especialista, mas acho que tivemos uma “onda de orientalismo” forte na virada do século XIX para o XX, em meados da década de 1940 (por exemplo, meu avô paterno tinha muitos livros do chinês Lin Yutang) e na década de 1960. Desde os anos 2000, para trazer o assunto para mais próximo de nós, os livros de Dalai-Lama são muito populares. Pois bem, Fadiman e Frager mencionam que em meados da década de 1970 (Personality and Personal Growth é de 1976) também havia uma “onda de orientalismo” bem forte. E ela se fez sentir entre estudiosos da Psicologia e Psicanálise e outros estudiosos da mente humana.

 

É importante lembrar que apesar da antiguidade realmente milenar e do caráter profundamente pessoal (quanto aos fundadores) dessas escolas de pensamento religioso-filosófico, a importância delas hoje e sempre se dá pelo seu poder de readaptação aos novos tempos e ao fato que milhões de pessoas em dezenas de países as veem como realidade viva e não abstração acadêmica. Não obstante, muitos cientistas ocidentais demoraram a aproximar-se do fenômeno religioso-transcendental. Por motivos preconceituosos, ao assumirem por princípio que isso não era área científica e sim questão de fé pessoal. Ou mesmo por uma questão mais técnica, dado que a linguagem científica convencional não conseguia dialogar com a linguagem religiosa. Os termos de ambos os lados se chocavam em vez de dançar.

 

Eu já vi isso em Rubem Alves, já vi em Herman Hesse, em Joseph Campbell e, com algumas variações, também vi em Nietzsche. E até podemos ouvir Belchior em Como nosso pais. E, também, claro, claro, também a Raposa amiga do Pequeno Príncipe contou a ele e a nós. Agora estou aprendendo a mesma lição em uma história budista pela voz do próprio Buda: é preciso prestar atenção e não deixar escapar. Mas prestar atenção em quê e não deixar escapar o que? A gente sabe e não sabe. Ou melhor, a gente sabe; mas acaba esquecendo facilmente. Preste atenção na realidade, na verdade oculta, no tesouro essencial... Cuidado para argumentos lógicos e crachás de autoridade não prenderem os seus pés como algas perigosas durante a travessia de um rio mortal. Preste atenção no que importa.

 

 

Livremente inspirado em “Segunda Parte Introdução às Teorias Orientais da Personalidade” e capítulo 10 “Zen-Budismo”. Do livro Teorias da Personalidade, de James Fadiman e Robert Frager (Traduções de Camila Pedral Sampaio e Sybil Safdié; com a coordenação de Odette de Godoy Pinheiro, 1979, São Paulo, Editora: Harbra Editora Harper & Row do Brasil Ltda).

quinta-feira, 14 de julho de 2022

Livros do Joseph Campbell

 

Livros do Joseph Campbell


Agora a memória afetiva. A leitura de O Herói de Mil Faces e O Poder do Mito foi marcada pela ocasião e contexto: um dos melhores empregos que eu tive na vida. Eu era porteiro e vigia temporário na Câmara de Vereadores de Rio Acima.


Era perfeito. Manhã e tarde. A parte mais difícil era hastear as bandeiras do Brasil, Minas Gerais e Rio Acima; uma vez que minha coordenação motora era tão ruim que por pouco quem subia amarrado era eu. A solução era um nó simples demais e fé na força como quando a gente amarra o tênis.

Era perfeito. Eu ficava sempre na guarita, fugindo do sol impiedoso enquanto afogava-me com a quantidade de café que a mulher da cozinha me dava. Era o dia inteiro tomando café, na sombra e lendo Jospeph Campbell. E o almoço gelado preparado pela mãe e guardado uma vasilha plástica numa sacola térmica. O trabalho era temporário e eu era zeloso, mantendo as portas fechadas e sempre perguntando o que as pessoas que queriam entrar queriam fazer ali. Acho que eu deixei uma boa impressão. Sei lá. Lembro também de conversar com um ajudante geral chamado Ivan. Achava incrível que todo mundo que passava perto de nós o conhecia e o cumprimentava. Lembro-me dele contando sobre como um trabalhador deve manter a dignidade e histórias também de quando ele jogava bolas de gude quando criança.


O contraste entre o mundo de Campbell e a minha situação ali foi fundamental. Eu não interpretaria/compreenderia como compreendi/interpretei O Herói de Mil Faces e O Poder do Mito se não fosse aquela situação. Certo? Bom, não tenho como saber.


Os livros de Joseph Campbell são razoavelmente fáceis de serem encontrados. E os preços são ótimos. O Herói de Mil Faces tem seu charme pelo seu tamanho pequeno, letras que sugerem um dicionário ou livro técnico sem graça e a cor azul-verde-piscina. E o desenho de capa… Já O Poder do Mito é puro luxo, você tem que folhear e saborear as ilustrações antes de ler. E deslisar os dedos pelo papel sofisticado. Muito muito bonito. E o trem é grande. Preciso comprar Filosofias da Índia, é do Heinrich Zimmer mas quem organizou as anotações foi o Campbell.

sábado, 7 de maio de 2022

Serra do Curral e o Balde Mágico

 

Serra do Curral e o Balde Mágico


A mineração na Serra do Curral, símbolo da capital de Minas Gerais; a capital nova que representou o nascimento da república brasileira, Belo Horizonte. Belo… Horizonte…

Antes de mais nada, tenho que conferir um detalhe técnico. Na segunda-feira, dia 2 de maio de 2022, na Rádio Itatiaia; o jornalista Eduardo Costa falou um trem rápido e quase imperceptível. Mas eu escutei bem. Tenho que conferir esse trem direito. Vamos lá.

Esperem um pouco.

...

Pelo sorriso da Kalki Koechlin e pela tiara nos cabelos da Poison Ivy (Kristy Marlana Wallace)!!

https://noticias.r7.com/minas-gerais/construtora-do-viaduto-que-caiu-em-bh-e-mineradora-da-serra-do-curral-sao-do-mesmo-grupo-05052022

O acidente com o viaduto Guararapes, em Belo Horizonte, aconteceu em julho de 2014, matando duas pessoas e deixando 23 feridas. Seis engenheiros foram condenados pela Justiça.

No estudo de impacto ambiental feito em 2019, há praticamente a mesma descrição do empreendedor, mas desta vez, o nome da Cowan não aparece.




https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2022/05/04/diretoria-da-mineradora-que-quer-explorar-serra-do-curral-e-a-mesma-de-empresa-que-construiu-viaduto-que-desabou-em-bh.ghtml

Em 2020, a Justiça mineira condenou, em primeira instância, seis engenheiros que participaram da obra. Outros dois foram absolvidos.

O g1 procurou a Cowan e a Tamisa, mas as empresas não se manifestaram.

(Poucas linhas antes deste trecho selecionado, há a citação do nome de três diretores da Cowan e Tamisa e também o nome de um executivo da Tamisa que é ao mesmo tempo diretor jurídico da Cowan. Se eu fosse corajoso e homem como é o Lúcio Flávio Pinto, - o maior jornalista do Brasil -, eu citaria o trecho com os nomes. Mas eu não sou. Fico aqui mordendo tímido. Ontem mesmo [3 de maio de 2022] eu sofri para trocar a lâmpada queimada da sala. E ainda sim só fiz o trabalho pela metade.)




https://www.otempo.com.br/cidades/empresa-do-viaduto-que-caiu-e-uma-das-responsaveis-no-projeto-na-serra-do-curral-1.2662852

As informações sobre os donos da empresa e empresas que participam do projeto foram retiradas do estudo de impacto ambiental mais recente, apresentado no final de 2019. No entanto, em um trecho do Parecer Único do Complexo Minerário, elaborado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, a construtora voltou a aparecer.

(Um dos sócios da Taquaril Mineração S. A., informa a reportagem algumas linhas depois do trecho citado, é advogado e defendeu a Cowan em mais de 20 processos e destes 14 são ligados à queda do Viaduto Batalha dos Guararapes. O cara é advogado e sócio de empresa rica. Aí é que eu não cito o nome mesmo!)



Então vamos lá: duas notinhas preliminares

A - Oi, eu sou uma mineradora e queria explorar a Serra do Curral.

- Obrigado, mas não. É preciso preservar aquela área e ali é símbolo de Belo Horizonte. Precisamos de dinheiro, mas dinheiro não é tudo.

(A Alemanha comprando gás da Rússia um ano depois desta invadir a Criméia. Assisti a entrevista do João Pereira Coutinho ao “Roda Viva”, da TV Cultura, ocorrida no dia 18 de abril de 2022. Daí a referência a um fato contado na entrevista e revelador sobre os valores que guiam o nosso mundo. Coutinho é um liberal e conservador interessante. Eu sou um liberal e tento não ser tão conservador. A opinião dele sobre voto obrigatório eu achei tonta, por exemplo. Mas preciso ver a outra metade da entrevista.)

B O Zema pode perder uma eleição para o governo de Minas praticamente ganha? Acho que a mineradora vai vencer no final, mas é preciso lembrar que tem gente rica e influente que é sim militante da causa ambiental.



Há um detalhe técnico que é interessante de citar: a aprovação ocorrida na madrugada do dia 30 de abril de 2022 (de sexta para sábado) não é para o projeto todo de mineração. É para a parte inicial de todo o processo de minerar. E daí? E daí que é dominó: nos outros pedidos ao Copam (Conselho Estadual de Política Ambiental) a mineradora, com certeza, vai falar de “fato consumado”: “pô, já tá tudo meio aberto, já tem as estradas, vamu vamu continuar, pô!” Bando de almas sebosas… Bando de almas sebosas...



Votação na madrugada. Maioria de votos a favor. Depois de duas tragédias envolvendo mineradoras. Água para milhares de vidas, verde, local que é importante preservar por que ali há o vírus da hidrofobia e ficando verde e protegido o trem fica ali cercado (já são três as crianças mortas no caso do norte de Minas! Abril e maio de 2022.), o dinheiro vencendo mais uma vez. A visão a curto prazo vencendo mais uma vez no Brasil. Brasil, país que vive um dia de cada vez. E precariamente. E Minas, Minas Gerais… Mas vamos à guerra de propaganda que gosto tanto de acompanhar.



No dia 30 de abril a Rádio Itatiaia, a mais poderosa rádio de Minas Gerais, não destacou a aprovação da mineração na Serra do Curral. No domingo falaram um pouco mais. Estavam se preparando para o quê? Esperando o quê? O assunto estava quentíssimo desde que o resultado da votação foi divulgado! Mas foi no dia seguinte, segunda-feira dia 2 de maio de 2022, na “conversa de redação”, parte do Jornal da Itatiaia; que a coisa foi didaticamente e paradigmaticamente perfeitopara a guerra de propaganda. A comentarista de economia disse que temos mineração no nome do Estado. Outro comentarista chamou a atenção que os conselheiros do Copam (Conselho Estadual de Política Ambiental) estavam sendo ameaçados.

Pausa.

Pausa.

Paz para o humano e o verde. Tem que ser na conversa, tem que ser na razão.

Continuemos.

Em conjunto os comentaristas concordaram que os ambientalistas perderam porque não foram ativos o suficiente. O tom é de aprovação à mineração na Serra do Curral. Não tem como se enganar, com essa “indignação fatalista” expresso pelos comentaristas: “ah, é ruim; mas...” Hoje, dia 5 de maio de 2022, uma longa entrevista feita com a Secretária de Meio Ambiente de Minas Gerais foi transmitida na rádio. Ela também apareceu no MGTV Primeira Edição, jornal local da Rede Globo Minas de Televisão. O tom foi este: tudo legalizado, tudo no papel, tudo de acordo e blábláblá...

Pausa.

Quem da Copam (Conselho Estadual de Política Ambiental) que vota? As leis ambientais são realmente ambientais? Neste jogo de muito dinheiro, as almas sebosas sabem pensar a longo prazo e não entram para perder. Eles fazem bem-feito. Brasil.

Uma atualização do dia 6 de maio de 2022

Na Rádio Itatiaia falaram mais uma vez da secretária de meio ambiente de Minas Gerais e referiram a ela como “técnica”; em tom de aprovação. A mensagem é assim: ela é técnica, não está ali por amizades partidárias. Tinham falado sobre isso a respeito dela ontem.

Técnica, técnica… A secretária de MEIO AMBIENTE é “técnica”, a votação do Copam (Conselho Estadual de Política Ambiental) foi “técnica”. Tudo “técnico”. Falta coragem para usar as palavras proibidas: “obrigatório”, “inevitável”. Tem minério ali? Então a mineração vai vencer. Esqueci o nome do autor, mas a citação eu sei de cor. Alguma das palavras mais profundas que já conheci.

Ao ouvi a palavra “inevitável”, tome muito cuidado. Um inimigo da humanidade acaba de revelar-se.

(Esqueci o nome do autor destas palavras sábias, mas não esqueci do Popper e do livro dele que preciso comprar: “A Miséria do Historicismo”.)

Pausa. Dia 7 de maio, 5 para uma da tarde.

Tia solitária e idosa liga para minha mãe e o tom é de arrepiar: “fulana morreu, sicrana morreu, a outra também faleceu… Só sobrou eu… - É, só sobrou você...” A velhice dá medo mesmo.

Onde a gente tava? Vendo o time da vida perder para o dinheiro da mineração. A questão não é técnica é moral: a Serra do Curral tem que ser protegida da atividade de mineração.

No sábado não há, no final do Jornal da Rádio Itatiaia a “conversa de redação”; tem o “palavra aberta”. Um espaço de debates. Hoje, dia 7 de maio; apareceram dois especialistas que parecem que são contra a mineração na Serra do Curral, embora não tenham sido explícitos a respeito. Mas eu mantenho minha opinião de que sim a Rádio Itatiaia quer a mineração na Serra do Curral. Aquele fatalismo que já citei: “é ruim, mas é assim esmo e bláblá...”

Mas antes de mudar de assunto (por hoje) um detalhe. Detalhe importante. História é professora de valor.

https://oglobo.globo.com/politica/um-ano-depois-da-tragedia-brumadinho-tem-reconstrucao-sem-plano-de-longo-prazo-24199429

O corpo de seu marido, Rodrigo Monteiro Costa, de 42 anos, inspetor de mecânica da Vale, foi encontrado na área do restaurante da mina.

Brumadinho hoje vive da ganância, a mesma que matou o Rodrigo. Passo mal quando preciso ir na cidade. Lá hoje todo mundo está feliz porque ganha um salário mínimo da Vale. Tudo subiu de preço. Mesmo famílias bem-sucedidas, que não perderam um parente, um tijolo sequer, recebem (indenização). Fico revoltada. Não tem dinheiro que pague a vida — diz a viúva.




https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2022/01/12/a-poucos-dias-de-completar-3-anos-de-rompimento-de-barragem-moradores-de-brumadinho-sofrem-com-a-chuva.ghtml

Nos últimos dias, o nível do Rio Paraopeba, contaminado pela lama da barragem da Vale há três anos, subiu, o que fez com que a água invadisse várias casas e estabelecimentos comerciais.

(Uai, caso de chuva forte inundando cidade pobre não tem a ver com o rompimento de barragem três anos atrás e nem haver com mineração na Serra do Curral. Tem sim, uai, indiretamente: mineração vem, mineração vai, a pobreza da cidade continua a mesma. Cadê a riqueza da mineração?)




https://www.dw.com/pt-br/tr%C3%AAs-anos-ap%C3%B3s-trag%C3%A9dia-de-brumadinho-busca-por-desaparecidos-e-indigna%C3%A7%C3%A3o-persistem/a-60545295

Mas em outubro de 2021, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou esse processo criminal e passou o caso para a Justiça Federal, após analisar o pedido de defesa de Fábio Schvartsman, então presidente da Vale. O processo foi enviado para reavaliação, e os denunciados, dessa forma, deixaram de ser réus.



Para Maria Teresa Corujo, ativista e ex-conselheira da Câmara de Atividades Minerárias do Conselho Ambiental de Minas Gerais, que denunciou várias ilegalidades durante o processo de licenciamento que autorizou a ampliação das atividades da Vale em Brumadinho um mês antes da tragédia, as mudanças esperadas não vieram.




https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2022/02/04/mariana-cerca-de-10-mil-pedidos-de-indenizacao-estao-paralisados-por-falta-de-juiz-em-vara-federal-diz-ex-prefeito.ghtml

A decisão, do juiz Mário de Paula Franco Júnior, atende ao pedido de uma comissão de atingidos de Mariana e determina que a Samarco e seus acionistas, Vale e BHP, e a Fundação Renova admitam e processem as formalizações de adesão à matriz de danos, fixada judicialmente pelo próprio magistrado.

Mas agora, segundo Duarte Júnior, não há ninguém para firmar os compromissos.




https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/brasil/2022/04/atingidos-pelo-desastre-de-mariana-buscam-justica-na-inglaterra.html

Segundo Mousinho, os relatos de piora nas condições e da angústia dos atingidos que consideram não ter recebido uma reparação digna no Brasil fazem da ação no Reino Unido uma oportunidade de justiça.”

(“Mousinho” é Tomás Mousinho e ele é descrito no parágrafo anterior ao trecho citado como um dos sócios do “PGMBM”. Fui procurar o que é esse trem e encontrei isso: https://pgmbm.com/pt-br/sobre/ É uma organização que ajuda pessoas simples a enfrentarem grandes corporações e casos de injustiça. A equipe é formada por pessoas que trabalham em vários países. O trem parece ser bem chique.)




https://manuelzao.ufmg.br/seis-anos-apos-rompimento-em-mariana-pessoas-atingidas-buscam-reparacao-na-justica-inglesa/

Em novembro do ano passado, o rompimento da barragem completou seis anos. A onda de rejeitos liberada no rompimento soterrou a comunidade de Bento Rodrigues e Paracatu, ceifou 19 vidas e matou o Rio Doce. O mar de lama também atingiu outras localidades e diversas comunidades rurais. Após seis anos do crime, a Samarco, Vale e BHP ainda não foram responsabilizadas. Os atingidos ainda não receberam a devida indenização e nenhuma das casas prometidas pela Renova (representante das mineradoras) foram entregues até então.




Estou eliminando dois terços do meu arquivo de material jornalístico. Nunca soube usar ele a tempo e agora precisamos do espaço.

Nossa, eu me sacrifiquei muito muito; tempo tempo levei para montar o arquivo! Usar ele não seria a parte mais fácil? Não foi para mim. Estranho, estranho eu sou. Fiquei com medo de citar notícias antigas e nomes naquele contexto, acho. Sou muito medroso. Acho que meu medo é em grande parte porque não sei exatamente quem eu sou. Quem eu sou?

Reduzir meu arquivo ao tamanho de um terço do tamanho original é um desafio igualmente intelectual e sentimental. Saber selecionar, saber se despedir... É um desafio razoável.

Pausa.

O meu arquivo está em um armário enferrujado em um canto bem escuro e úmido e abandonado e etc. E etc.. Estou olhando o material jornalístico em outro local, mais afastado e arejado. Eis que de repetente… Por pouco não sou picado pela “Aranha Marrom” (Loxosceles sp.) que ficou num monte de folhas que peguei e levei para a mesa. A distância foi razoável e realmente tive sorte. A “Aranha Marrom” (Loxosceles sp.) é uma das cinco que realmente são perigosas. A Loxosceles te leva para o hospital.

Atualização do dia 7 de maio de 2022

Perdi a paciência com o material que estava selecionando. Desorganizado, fiquei tempo demais nesta parte do arquivo. Coloquei a metade numa pasta e a outra metade… em um balde. Vai na força: um recorte por dia e jogo fora. Vai na força mesmo. Enquanto isso faço seleção de outra arte do material.

Se o balde for mágico, pode dar certo.




É uma almofada usada em meu berço. Quando eu dormia em um berço. Como esse trem ainda existe? Salvei ele da destruição da enchente do começo do ano. Eu nem sei como ele foi parar naquele barracão do centro da cidade. O estranho é que realmente fazia décadas que eu não via essa almofada, mas quando a vi a reconheci na hora. Não pode ser lembrança de recém-nascido, eu devo tê-lo visto pela última vez aos 20 anos ou um pouco antes. Agora tenho 38 anos. Mas é sério, não lembro de tê-lo visto antes. Já pensou que seja realmente lembrança de recém-nascido? Eu sou infantil, mas aí já seria demais.




Vai aí algumas anotações que eu fiz. Não é os comentários a respeito do material de meu arquivo, são apenas notas. “Apenas” notas. O “apenas” pode ser ou não charminho barato do autor aqui. Depende dequem me lê agora. Escrevi algo semelhante aqui: https://amorequeijo.blogspot.com/2021/04/amigos-do-palhaco-benjamin.html



Procurar músicas da Pauline Croze e da Susheela Raman. Segundo o pequeno recorte da matéria da Revista Veja, essas duas artistas fazem “música de cozinha”. Eu não recortei a matéria inteira, só essa pequena parte. Nem anotei a data.

Não sei o que é “música de cozinha”. Suspeito que seja uma maneira de dizer que a música de Pauline e Susheela sejam leves demais e bobinhas demais. Com certeza não é assim. Muitos jornalistas culturais são tontos.



Procurar os livros do escritor Antônio Carlos Villaça. Ele é meio conservador e religioso demais, é verdade; mas ele também é parente do nosso pai Machado de Assis e do Pedro Nava. O Toninho merece atenção.



- Assistir as peças de teatro do Antonin Artaud. Enquanto não, a gente fica com um poema.

Post-scriptum


Quem sou eu?

De onde venho?

Sou Antonin Artaud

E basta que eu o diga

Como sei dizê-lo

Imediatamente

Vocês verão meu corpo atual

Partir em pedaços

E se recompor

Sob dez mil aspectos notórios

Um corpo novo

Onde vocês não poderão

Nunca mais

Me esquecer



Procurar músicas do Gerson King Combo. O Gerson é o rei do soul music (música que vem da alma) brasileira. Na fotografia realizada pelo Jackson Romanelli, o Gerson King Combo aparece usando uma pequena boina oriental igual ao que eu tenho. Mas a minha é vermelha e a dele é meio azul e roxa.



Procurar livros do economista Lester Thurow. O meu Robert Heilbroner gosta do Lester. Com recomendação assim a gente fica mais tranquilo. Tranquilo e suave.



Procurar livros das escritoras Rajaa al Sarrie e Randa Abdel-Fattah. O mundo delas está perto de nós brasileiros. O mundo é pequeno. O mundo é pequeno.



Procurar o livro Luiz Camillo – perfil intelectual, da Maria Luiza Penna. Luiz foi um dos principais intelectuais brasileiros do século XX.



Procurar o livro Beowulf. A língua inglesa começara a amadurecer. Livro muito muito antigo. Muito muito cuidado com a tradução. As vezes editora medonha sabe colocar uma capa atraente.



Procurar o livro Martin Fierro, do escritor José Hernandez.



Procurar livros do escritor Octavio Paz. Conhecer mais o México.



Procurar livros da conhecedora das religiões Karen Armstrong.



Sou a favor das cotas raciais nas universidades, mas a honestidade intelectual exige conhecer a opinião de quem pensa diferente. Eu comprei, na época que a discussão sobre cotas estava no auge, o Não somos racistas do Ali Kamel. É inteligente, mas a falha decisiva já aparece na introdução dele. Mas falarei disso numa outra hora. Parece que existe outro livro interessante sobre o assunto polêmico: Divisões Perigosas – políticas raciais no Brasil contemporâneo; organizado por Yvonne Maggie, Marcos Chor Maio, Simone Monteiro e Ricardo Ventura Santos (Editora Civilização Brasileira).

Na época como hoje, 2022, dizer que a solução é melhorar o ensino infantil e fundamental? Dizer isso para cima de moi? Aqui é 38 anos de Brasil.




Agora um livro verde: Terras da Terra, de Stuart Primm.




Agora um livro urgente: O Adoecer Psíquico do Subproletariado, de William César Castilho Pereira.




Procurar informações sobre o Alphonse Marie Edmond Pavie. Ele é um herói da saúde pública brasileira.




Uma lição do maior orador da língua portuguesa, o Padre Antônio Vieira.

Pausa.

Quando falo do Padre Antônio Vieira eu lembro de um comentário de minha professora de literatura e gramática: “Eu daria meu braço direito para só ter uma tarde de conversa com o Padre Vieira!”. Uau, professora Vera Lopez!

Mais valem os desacertos do intento que as certezas da inércia.

Lição parente de outra que aprendi com o Jarbas Passarinho. Ele é medonho, mas a lição é bonita e verdadeira:

Antes o rosto molhado pelas lágrimas da derrota, do que ter o peito atingido pela vergonha de não ter lutado.

(A biblioteca comunitária aqui de casa ganhou uma autobiografia dele e eu li um pouquinho do início do livro. Aí achei essa lição de ouro. Mudei as palavras, mas o sentido é esse mesmo.)




Quando a Ophiocoma wendtii precisa comprar colírio para os olhos, ela gasta muito dinheiro. É muito colírio.




Procurar poemas da poetiza Bruna Piantino.




Procurar músicas da cantora Luca Mundaca.




Agradecer por tudo e depois perdir bênção a São José Resgatado.




Provavelmente o nosso universo é apenas mais uma bolha a ter emergido de uma estranha “sopa” cósmica. Caramba, é lendo uma reportagem assim que eu lamento não acompanhar tanto as notícias científicas.




Se eu ler Alexis ou Tratado do vão combate, da Marguerite Yourcenar; obrigatoriamente devo ler o seu livro irmão Monique, de autoria de Luísa Coelho.




Ler Essa Terra, de Antônio Torres. Um clássico da literatura do século XX.




Procurar o autor estadunidense Nick Tosches. Os livros dele parecem ser meio doidos. Só não podem ser doídos, doidos podem.




Procurar assistir ao documentário Leni Riefenstahl – A Deusa Imperfeita, do Ray Müller.




Procurar ler Veredicto em Canudos, do Sándor Márai. Um húngaro se apaixonou pela nossa Guerra de Canudos. Uai, isso pode? Parece que pode.




Conhecer os poemas da poetiza Orides Fontela.

AXIOMAS


Sempre é melhor

saber

que não saber


Sempre é melhor

sofrer

que não sofrer


Sempre é melhor

desfazer

que tecer.




- Depois de escutar uma música do Afrika Bambaataa & The Soulsonic pensei em comprar livros da Míriam Leitão (Saga Brasileira – A Longa luta de um povo por sua moeda) e Maria da Conceição Tavares (Destruição Não Criadora).




Depois de livros de economia, um livro sobre dança. Podemos começar os nossos primeiros passos com ela, Angel Vianna – A pedagogia do corpo (Enamar Ramos).




- E agora um livro sobre um príncipe africano. Dom Obá II d´África, o Príncipe do Povo; de Eduardo Silva.




Procurar poemas da poetiza Sylvia Plath e também procurar Cartas de Aniversário, de Ted Hughes.




- “O resultado é “Ao vivo do Calvário”, do escritor americano Gore Vidal, a sátira mais blasfema da história da literatura, que chega agora ao Brasil (tradução de Lia Wyler; Rocco; 216 páginas; 2690 Cruzeiros Reais).

[Revista Veja, 10 de novembro de 1993. Eu tinha 10 aninhos!]