quarta-feira, 20 de julho de 2022

Jornalismo na Linha de Tiro, Lúcio

Afastei-me completamente do noticiário sobre Santarém, evitando qualquer interferência, embora isso me causasse aborrecimento “inter pares”. Um deles me disse que o mínimo que eu deveria fazer era me demitir de um jornal que combatia meu pai. Respondi que era jornalista. É a única resposta que tenho a dar até hoje.”


Repórter Social – Conte-nos qual foi o seu pior momento exercendo a profissão. E, no polo oposto, qual foi o momento em que você pensou “vale a pena ser jornalista”?

Lúcio Flávio Pinto – No polo oposto, sem saber, ministro Delfim Neto me fez o maior de todos os elogios. Como pauteiro nacional de O Estado de S. Paulo, ajudei a desvendar a manipulação do índice de inflação de 1972, em pleno regime militar. Delfim chamou a Brasília um dos editores da seção de economia do Estadão para lhe dizer que o governo já havia se livrado de donos de jornal (presumi que a referência era a Niomar Sodré Bittencourt, do Correio da Manhã), de repórteres e de editores. Agora era a vez de pauteiros. O aviso me foi dado num fim de noite, após o fechamento da edição do jornal, em tom amigável (o portador, afinal, era uma pessoa no fundo decente), diante de uma testemunha preciosa. Passado o susto e o impacto, dei um leve sorriso, peguei as minhas coisas e fui para a casa, que ficava perto da sede do Estadão, andando pelas nuvens. Há melhor elogio a um jornalista honesto do que incomodar um poderoso de forma legítima?”


Rogério Almeida – A empresa no caso era a Camargo Corrêa?

A Camargo Corrêa teve um lucro líquido de 500 milhões de dólares na construção da hidrelétrica de Tucuruí. Sempre que posso toco no assunto. As pessoas não se indignam. Fico estupefato com a questão. No regime militar descobri que balanço de empresa é uma fonte preciosa de informação. Principalmente pelo que não está dito. O Banco do Estado do Pará foi eleito o banco do ano, em 1985, quando eu havia escrito que o banco estava cheio de irregularidades e fraudes. Que algumas das suas principais operações estavam erradas. E a revista Exame, uma publicação aparentemente de conceito, afirmava tratar do banco com o melhor desempenho do Brasil. Comecei a estudar balanço no início do regime militar, consultando gente que sabia de contabilidade. Em 1988 fui estudar o balanço da Albrás, a maior produtora de alumínio do país, a segunda do continente e a oitava do mundo, relativo ao exercício anterior. Concluí que só a variação cambial do empréstimo do Eximbank japonês à empresa, provocada pela paridade entre a moeda japonesa e o dólar relativamente à moeda nacional, que proporcionou a maior aplicação de capital de risco estrangeiro na história do Brasil, só a variação entre as moedas representava três vezes o orçamento do Estado do Pará. Perdemos três vezes o orçamento responsável pelo pagamento de 120 mil funcionários, o custeio dessa máquina e os investimentos no Estado. Consultei o cidadão que fazia o orçamento no Rio de Janeiro. Ele confirmou a minha constatação. Escrevi a matéria em O Liberal. Imaginava um escândalo nacional no seguinte. Não teve nada.”


O JORNALISMO NA LINHA DE TIRO (De grileiros, madeireiros, políticos, empresários, intelectuais & poderosos em geral) – Lúcio Flávio Pinto.


Você precisa do mais do melhor jornalista do Brasil

https://amazoniareal.com.br/

https://amazoniareal.com.br/author/lucio-flavio-pinto/

https://lucioflaviopinto.wordpress.com/

segunda-feira, 18 de julho de 2022

Internacionalização da Amazônia, Lúcio

 

Quando o Brasil meridional caminhou para a independência, o Brasil setentrional foi tratado a ferro, fogo e despotismo esclarecido (do Marquês de Pombal) para continuar português. Só se libertou da dominação colonial à custa de uma insurreição, que, se tivesse ocorrido hoje, teria causado dois milhões de mortes em cinco anos, quatro vezes mais do que as baixas americanas em toda a guerra do Vietnam, de mais de uma década.”


No entanto, o comando do programa é conduzido com mão forte pela Aeronáutica. Em seus laboratórios foi que a idéia nasceu. Os cientistas incorporados receberam uma tábua das lei pronta e acabada. Não houve discussão prévia. O debate posterior tem servido para esclarecer questões. Mas não as engendrou. Nem as modificou. As instituições científicas chamadas a emprestar sua colaboração atuam como caudatárias. Cumprem ordens. Ordens, na caserna, são dadas para serem cumpridas.”


INTERNACIONALIZAÇÃO DA AMAZÔNIA (Sete reflexões e alguns apontamentos inconvenientes) – Lúcio Flávio Pinto.


Você precisa do mais do melhor jornalista do Brasil

https://amazoniareal.com.br/

https://amazoniareal.com.br/author/lucio-flavio-pinto/

https://lucioflaviopinto.wordpress.com/

Amazônia Século Perdido, Lúcio

 

O lado dos que querem impor novas exigências aos projetos impactantes também precisa renovar a retórica e arejar sua visão, evitando o enrijecimento em posições dogmatizantes. Uma delas torna sacrossanto o meio ambiente, independente da relação que há entre a ecologia e o homem. Essa obtusidade tem sido bem aproveitada pelos que manejam a questão ambiental para efeito estratégico, como fez a Companhia Vale do Rio Doce com o cinturão ecológico em torno das minas de ouro e cobre de Carajpas, e imitou-a a Alcoa com a Floresta Nacional Saracá-Taquera, no Trombetas – por via oblíqua, naturalmente, que para isso o Ibama às vezes está à mão. A natureza, neste caso, é uma arma contra o único ser humano que a entende e a utiliza harmoniosamente, o nativo, para encanto do forasteiro bem intencionado, mas mal informado.”



A Cabanagem foi empreendida por líderes que queriam fazer parte do Brasil. E o Brasil interpretou-a como um movimento autonomista, de separação do resto do país. No outro extremo do território nacional uma outra revolta simultânea, a Farroupilha, no Rio Grande do Sul, foi encarada sob ótica distinta. Os farroupilhas, propugnando pela separação, tiveram um tratamento condescendente por parte do império brasileiro; a Amazônia, desejando integrar-se, sofreu uma repressão violenta. Matou-se mais durante a “pacificação” do que na própria eclosão da revolta cabana. E esse é o elemento básico que persiste na relação entre a Amazônia e o poder central: uma falta de sintonia, uma incompreensão, a exclusão do entendimento.”



AMAZÔNIA – O SÉCULO PERDIDO (A batalha do alumínio e outras derrotas da globalização) – Lúcio Flávio Pinto.

Você precisa do mais do melhor jornalista do Brasil

https://amazoniareal.com.br/

https://amazoniareal.com.br/author/lucio-flavio-pinto/

https://lucioflaviopinto.wordpress.com/

Quase Esqueci

 

Guerra de propaganda” é uma expressão antiga, que eu conheci ao ler parte de HISTÓRIA DO SÉCULO 20 – B.P.C. Publishing LTD / Abril Cultural, 1973. É sinônimo de disputa entre interpretações, por motivações ideológicas e políticas. Não reparem no tom tímido do texto, é que eu tenho hipocondria jurídica. Não há muita profundidade, o objetivo aqui é mais o trabalho de formiga. Pedaços para alguém mais talentosa ou talentoso do que eu ter com o que escrever algo mais profundo. E também um testemunho pessoal de como o Brasil está se transformando.


Nota do dia 18 de julho de 2022

Surtei maluco beleza nos últimos dias colocando trechos de livros de alguns dos meus autores mais amados. Paixão cega e acabei esquecendo-me do texto aqui. Vou publicá-lo hoje. Mesmo porque a PEC Kamikaze já venceu e este era a data esperada. No mais, com 22 páginas já é demais para acompanhar as tendências da imprensa. Conferindo as datas, foi praticamente um mês de análise. Está muito bom. Eu tinha era que ter publicado o trem aqui diariamente. Fica na conta da minha desorganização e a minha cabeça sempre na Lua.




13 e 14 de junho de 2022

Estou escrevendo este texto há quanto tempo? Rs rs…

Vamos por partes. Ontem, dia 13 de junho de 2022, um exemplo de guerra de propaganda. Foi contado no Jornal da Itatiaia primeira edição, a última reportagem antes da segunda parte do jornal as sete da manhã. A Polícia Militar junto com o Minas Shopping conseguiu impedir um “rolezinho” que tinha sido marcado pelas redes sociais da internet. A reportagem foi curta e não explicou o que é um “rolezinho”, por outro lado o repórter achou curioso citar na reportagem que nas redes sociais o pessoal tenha pedido para os interessados “tomarem banho” antes de comparecerem ao evento. O repórter não chegou a rir, mas foi quase. Uai, você sempre toma banho antes de um compromisso! Até eu que sou um bicho do mato anti social sei disso! Enfim, onde eu tava? A reportagem informou que o Minas Shopping não quis se pronunciar a respeito do ocorrido. Ou melhor, do ocorrido que não ocorreu. Mas hoje eu estou lírico, heín?




Paulinho Sacramento “De Cabral a George Floyd” assisti na segunda, dia 13.

Agora com tempo: “De Cabral a George Floyd: Onde Arde o Fogo Sagrado da Liberdade”, 2020, de Paulinho Sacramento. Gostei muito de assistir a este documentário. Como brasileiro e como humano. Você precisa assistir.

(Não é guerra de propaganda aqui, eu acho que anotei para não esquecer. Usei um papel rascunho e depois anotei aqui.)




Pela primeira vez em quatro anos acho que em outubro o Brasil vai realmente ficar triste demais. Alguma coisa, sabe? Até tenho medo de ser mais específico.




Já faz mais ou menos dois meses que ouço na rádio Itatiaia propagandas muitas e bem explícitas de mineração. E em especial sobre nióbio. Propaganda de mineradoras sempre houve, mas agora parece que estão em maior quantidade. E tem essa novidade do nióbio. Veio o Caso da Serra do Curral e a coisa continuou como antes. A gente ouve mil vezes e dia a dia acha tranquilo. Aceita e concorda.




O Caso Genivaldo de Jesus Santos

O Caso Genivaldo de Jesus Santos durou o quê, uma semana na imprensa? Mais ou menos isso. O Caso Bruno Pereira e Dom Philips durou muito mais e ainda hoje é polêmico. Imagino que um dos motivos é que criticar a violência na Amazônia seja uma coisa e criticar a violência policial seja outra coisa: a distância, a segurança; estamos longe da Amazônia.




Tem caso de corrupção envolvendo empresa de transporte público da cidade de São Paulo e que envolve, entre outros, um político do mesmo partido de um dos candidatos à presidência do Brasil. Bandeirante e Record estão investindo nas reportagens. A questão é se é possível falar no assunto até mais perto das eleições. Não é possível, mas abordando o máximo que puder o desgaste ao candidato à presidência é considerável. É que as investigações desse tipo são demoradas e com certeza, politicamente, a coisa deve ser bem ecumênica quanto a partidos envolvidos.




Como escrevi, tenho medo do que pode acontecer de errado nessas eleições de 2022. Aí surge uma questão dentro desta questão e que não consigo responder: é melhor ter só o primeiro turno ou é melhor ter também um segundo turno? Gosto de pensar que sou um liberal das antigas, clássico, então, a princípio, quanto mais discussões melhor. Mas no Brasil de 2022 eu já não sei tanto.




O que atrapalha Bolsonaro é a economia. É isso mesmo? As declarações, os pequenos casos sinistros de esperteza, a falta de ar em Manaus, a CPI da Covid-19, a demora na compra de vacina para crianças e etc., etc., etc… O que importa para o brasileiro é a economia? O dinheiro? Aceitamos muito sempre o Brasil como é. Isso dificulta as utopias. O Brasil sempre será assim o país de um dia após o outro?




É do partido do presidente Bolsonaro. É de Minas Gerais. Autor de um projeto doido que afeta muito o poder do Supremo Tribunal Federal diante da Câmara De Deputados.

https://www.cnnbrasil.com.br/politica/deputado-propoe-pec-que-permite-ao-legislativo-anular-decisoes-do-supremo/

Ah, foi 14 de junho. Um trecho da reportagem:

O parlamentar ressaltou que defende a independência do Poder Judiciário e que o objetivo da iniciativa é, na visão dele, melhorar o sistema de “pesos e contrapesos”.

Em hipótese nenhuma, quero tirar poderes do STF. Eu defendo de forma vigorosa a independência do STF. Quando apresento uma proposta dessa, estou valorizando a Suprema Corte”, ressaltou.

O deputado Marcelo Ramos (PSD-AM), no entanto, afirmou que a proposta contraria a Constituição.




dia 14 de junho de 2022: começa um encontro de empresários mineiros sobre economia e sustentabilidade. No Jornal da Itatiaia foi dada a notícia e houve entrevista com um dos organizadores, cujo o tom não foi muito simpático. Foi ríspido. Fiquei com a impressão que o trem ali é para inglês ver. Uma reação ao espectro que ronda ali: a mineração na Serra do Curral, mesmo ali sendo o símbolo da capital de Minas Gerais ter Mata Atlântica e muitas fontes de água. Peraí, deixa eu procurar mais. Nossa, foi um primeiro encontro. “1º Congresso de Meio Ambiente e Sustentabilidade”.

https://diariodocomercio.com.br/economia/fiemg-inicia-1o-congresso-de-meio-ambiente-e-sustentabilidade/

Um trecho:

Vale ressaltar que este processo de revisão e mudança estruturante tem sido feito pelo Semad (Secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) em parceria com a Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), por meio de uma doação privada de prestação de serviços.

Mudanças radicais, pelo visto. Mas com harmonia: dinheiro e natureza. Aham, sei.




dia 17 de junho de 2022. Jornal da Itatiaia “Petrobras contraria presidente Jair Bolsonaro e reajusta os preços dos combustíveis”. Mais uma vez e mais uma vez o Governo Bolsonaro sofre por causa da Petrobras malvada.

dia 17 de junho de 2022 da record. Doença em água e alimentos contaminados. Mas, pelo menos, ainda não é o Cólera.

Peraí, que isso é muito pouco. Deixa eu agora (1 de julho de 2022) achar mais informações. A anotação original é muito pouco. Ah, achei o trem. Vou poder comentar com mais detalhes.

https://www.youtube.com/watch?v=t8I1MCA-NaM

Não assisti tudo de novo, mas procurando pelas imagens eu não encontrei a reportagem. Digitei “doença transmitida por água e alimentos contaminados Jornal da Record” e, naturalmente, encontrei muita coisa: sites governamentais, muitas doenças, mas a reportagem mesmo não achei. Tudo bem.

Peraí. Achei um trem do Jornal da Record no FaceBook, mas como não tenho assinatura eu não posso ver. Mas… Tenho o nome que reconheci no endereço mostrado no Google: “norovírus” e no local que eu também me lembrei: norte, nordeste, Salvador. A Rede Record vai ficar com ciúme, mas vou ter que citar Globo: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2022/05/04/analises-apontam-aumento-de-casos-de-norovirus-em-salvador-e-virologista-faz-alerta-veja-quais-sao-os-sintomas.ghtml

Mas a reportagem é de 4 de maio de 2022. Mas eu juro que vi um pedaço do Jornal da Record falando desse Norovírus no dia 17 de junho. Bom, enfim; a questão que isso é Salvador, Bahia, Brasil, sofrendo com a pobreza. Água e alimentos contaminados nessa quantidade? Isso é pedido de ajuda, isso é pobreza. Daqui a pouco o Cólera reaparece como era em meados dos anos de 1980 e 1990. Mas vamos seguir.




Dia 18 de junho de 2022. É a segunda vez que vejo o Aldo Rebelo falando coisas no Jornal da Band que parecem próximas ao agronegócio - Governo Bolsonaro. Aqui, neste caso, é sobre os perigos de demarcar terras indígenas em áreas de fronteira. Aí o território fica desprotegido. Ele cita os exemplos do México e Acre. O espectro aqui que preocupa a Rede Bandeirantes – AgroNegócio é o Caso Bruno Pereira e Dom Philips: o pessoal ecológico grita mais alto e aí conseguem aumentar demais as áreas indígenas!




20 de junho de 2022. Na abertura do Jornal da Band: depois de ser criticado por Bolsonaro, presidente da câmara, senado, e até políticos da oposição, presidente da Petrobras pede demissão. Isso é a Band colocando água na fervura: crise de aumento dos preços dos combustíveis há meses e meses e a milésima vez que o Governo Bolsonaro reclama e a presidência da Petrobras é mudada. Desta vez, pelo menos, tá todo mundo pedindo para a Petrobras mudar a sua presidência. E para quem acredita que não consigo elogiar o Governo Bolsonaro: estou escrevendo isso no dia primeiro de julho de 2022 e até agora o presidente da Petrobras continua o mesmo.




21 de junho de 2022. Jornal da Itatiaia. A comentarista de economia repete três vezes que ninguém estraga um produto que quer vender. É que criticam o Governo Bolsonaro por tratar mal a Petrobras ao mesmo tempo que eles querem privatizar a Petrobras. A rádio Itatiaia apoia o Governo Bolsonaro e a colunista de economia diz que a privatização vai ser justa correta e tal. Outro jornalista faz uma piada sobre a queda dos presidentes da Petrobras e diz que o Governo Bolsonaro não tem poder dentro do conselho da Petrobras e isso é um absurdo. Outro jornalista, um dos ancoras do Jornal da Itatiaia, disse duas vezes que o Zé Trovão é líder dos caminhoneiros. Aí eu tenho que contextualizar: é que o Zé Trovão apareceu na internet no dia anterior pedindo para os caminhoneiros não fazerem greve por causa de mais um aumento no preço dos combustíveis, pois isso atrapalharia o Governo Bolsonaro. É para fazer manifestação em outro dia, mas esse outro dia eu não lembro e nem quero pesquisar sobre. Como eu disse, a Rádio Itatiaia gosta gosta muito do Governo Bolsonaro.

21 de junho de 2022. O Jornal da Band mostrou o twitter do Bolsonaro onde ele escreveu que no governo dele o BNDES teve lucro recorde e que as contas públicas estão felizes e que no antigo governo do Partido dos Trabalhadores o BNDES deixava feliz era os outros países com obras lá. Não lembro em que reportagem o Jornal da Band mostrou o twitter do Bolsonaro, mas acho que era sobre o dia dos candidatos a presidência. É, era isso mesmo. Por curiosidade, vai aí o site do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social: https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home




22 de junho de 2022. Jornal da Band. Depois de mostrar Bolsonaro respondendo a duas jornalistas da rádio Itatiaia sobre o ex-Ministro da Educação em apuros com a justiça, diz o Jornal da Band, por meio do seu âncora, que a CPI do MEC seria ruim e não produtiva. Os parlamentares iriam querer aparecer e ia ser uma confusão de campanha eleitoral, uma CPI do MEC não seria produtiva.

Jornal da Record. O começo do jornal não destaca os apuros do ex-Ministro da Educação do Governo Bolsonaro e sim uma reportagem policial sobre uma gangue que rouba idosos. Não assisti ao jornal todo, apenas os seus dois blocos; pois mudei para o Canal Brasil onde assisti a um documentário sobre o fotógrafo mundialmente conhecido Orlando Brito.

Pausa. Agora um momento bonito. Uma pausa na guerra de propaganda. Deixa eu explicar direito: “Não Nasci Para Deixar Meus Olhos Perderem Tempo”, diretor é Claudio Moraes. Bom demais, eu recomendo muito.

Agora de volta à guerra de propaganda: o Jornal da Record não destacou o fato político mais importante do dia, para a alegria do Governo Bolsonaro.




- 20 de junho de 2022. https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2022/06/21/interna_gerais,1374821/pms-nao-comparecem-a-oitiva-sobre-operacao-com-26-mortos-em-varginha.shtml

Um trecho:

Os policiais envolvidos na ação que matou 26 bandidos em Varginha, no Sul de Minas, em outubro do ano passado, não comparecerem à oitiva na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Belo Horizonte. O trabalho para apurar a conduta dos militares que participaram da ação começaria nessa segunda-feira (20/06). Em nota, PM diz que a investigação do caso é de competência da Policia Judiciária Militar e não da Polícia Federal.

23 de junho de 2022. O espectro do caso varginha ronda?

Em Itajubá ataque do novo cangaço. O policial entrevistado pelo Jornal da Itatiaia fala em “terrorismo” várias vezes. E elogia os policiais do Caso Varginha.

No mesmo jornal os jornalistas da Itatiaia reclamam do prefeito de Além Paraíba que por causa da violência, mandou fechar escolas e postos de saúde. Até um policial entrevistado pela Itatiaia reclamou e julgou que o prefeito de Além Paraíba exagerou.

https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2022/06/21/aulas-sao-suspensas-em-bairro-onde-ocorreu-troca-de-tiros-e-morte-de-filho-de-vereador-em-alem-paraiba.ghtml

Um trecho:

Os policiais apreenderam um revólver, pistolas e outros materiais. A ação contou com apoio da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMRJ), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e policiais civis de Minas Gerais e do Rio de Janeiro.


Um prefeito não pode ficar assustado com a violência urbana e fechar algumas escolas e postos de saúde por um ou dois dias? Estão reclamando pela população ou pela campanha eleitoral?





Caso Genivaldo de Jesus Santos https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2022/06/23/prf-impoe-sigilo-em-processos-que-envolvem-agentes-do-caso-genivaldo.htm

Um trecho:

Em sua justificativa, o Departamento de Polícia Rodoviária Federal alegou que os documentos se tratam de "informação pessoal" e que a divulgação poderia ser considerada uma infração administrativa. A corporação se recusou a informar até a quantidade de processos administrativos envolvendo os agentes.



https://www.metropoles.com/brasil/caso-genivaldo-prf-volta-atras-sobre-sigilo-em-historico-de-agentes

O sigilo era de um século!

Um trecho:

O teor dos documentos, contudo, ainda não foi liberado, uma vez que a corporação alegou que os processos foram concluídos em 2009, 2010 e 2012 e, portanto, estão em mídia impressa. “Assim, para concessão do acesso aos autos, seriam necessários seus desarquivamentos, digitalização para, somente então, tratamento das informações e fornecimento da cópia ao solicitante”, disse a PRF. A reportagem recorreu da decisão para que os documentos sejam digitalizados e entregues.




24 junho de 2022. O Caso do Prefeito de Além Paraíba. Jornal da Itatiaia, da Rádio Itatiaia. Representante da polícia fala em “exagero” e “motivação politica”, especialista em segurança da radio também fala em exagero na atitude do prefeito em fechar escolas e postos de saúde por causa da violência. A noite, na televisão, no MG Record da Rede Record Minas, o mesmo especialista reaparece para dizer de novo que foi exagero do prefeito. Que o prefeito tinha era que pedir ajuda para o governador, para o comando-geral das polícias. Mandar fechar escolas e postos de saúde é exagero.




24 de junho de 2022. Corrupção no Ministério da Educação? No Jornal da Band, da Rede Bandeirantes de Comunicação, o assunto é abordado com rapidez e tranquilidade; e logo após nós vemos uma reportagem sobre queijo mineiro conquistando o mundo e notícias sobre vagas de emprego.

- Você viu? Os pastores e o Ministro…

- Cala a boca e presta a atenção, você procura emprego...




27 de junho de 2022. Não ouvi o Jornal da Itatiaia todo, apenas das 7 e meia da manhã adiante. Falaram do absurdo de um juiz libertar o único da quadrilha que atacou Itajubá que estava preso com muito muito destaque no assunto, até na Conversa de Redação os jornalistas falaram disso com destaque. Era para dar um apoio indireto para os policiais do Caso Varginha?


E hoje foi mais um capítulo do caso varginha. https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2022/06/27/pf-ouve-em-bh-policiais-rodoviarios-federais-envolvidos-na-operacao-que-terminou-com-a-morte-de-26-suspeitos-em-varginha.ghtml

Um trecho:

A Polícia Federal (PF) começou a ouvir nesta segunda-feira (27), em Belo Horizonte, os policiais rodoviários federais envolvidos na operação que terminou com a morte de 26 suspeitos de integrar uma quadrilha especializada em roubo a bancos.

Dos 28 intimados, seis prestaram depoimento por meio de videoconferência. Outros seis serão ouvidos nesta terça-feira (28).

A propósito: hoje a noite vejo na TV que o cara do grupo que atacou Itajubá acabou não sendo solto ou foi solto e voltou a ser preso. Sei lá. Devem ter telefonado bravos para o coitado do juiz. Acho que foi no jornal da Rede Record Minas. No programa policial deles.




28 de junho de 2022. O Caso do Pacote de Bondades (A P.E.C., Proposta de Emenda à Constituição do Governo Federal aumentando e criando benefícios). Os críticos ficaram loucos porque são bilhões de Reais e o Governo Bolsonaro não tem esse dinheiro, tem a campanha para a presidência da república, o teto de gastos e a responsabilidade fiscal foi para o brejo e como fica os investidores estrangeiros e brasileiro e etc. E etc. A comentarista de economia do Jornal da Itatiaia, fala da P.E.C. citando o que muda e fala de onde virá o dinheiro: BNDES, Eletrobras e… esqueci. Eu não anoto os detalhes, filosoficamente fico na moral geral: o dinheiro tem origem e vai dar tudo tudo certo, o Governo Bolsonaro é responsável do ponto de vista das contas públicas garante a comentarista de economia da Rádio Itatiaia. Nem a Voz do Brasil seria tão oficial quanto foi essa comentarista de economia hoje.




29 de junho de 2022. Incêndio na Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte. O Governo Bolsonaro aparece oferecendo muito dinheiro para hospitais de Belo Horizonte e de Minas Gerais. Isso é comentado por vários dias. Vencer em Minas Gerais é fundamental para qualquer candidato, desde a redemocratização do Brasil.




1 de julho de 2022. A temperatura subiu durante a Conversa de Redação no Jornal da Itatiaia. O governismo da comentarista de economia entrou em conflito com outro comentarista, mais independente do Governo Bolsonaro. O chamado “pacote de bondades”, chamado por outros de “P.E.C. Projeto de Emenda à Constituição Kamikaze”, é eleitoreira? O Governo Bolsonaro propôs o projeto e para escapar da legislação eleitoral decretou “estado de emergência”. A oposição ao Bolsonaro ficou furiosa. A comentarista de economia disse que houve “coincidência” entre as eleições e a inflação mundial. Antes ela já tinha citado de onde viria o dinheiro e que estava tudo bem e certinho, e estava pronta para mudar de assunto para comemorar os números positivos do emprego. Não eram bons números, mas eram alguma coisa positiva. Mas aí o outro comentarista lembrou de um detalhe incômodo: para quem está conseguindo algum emprego os salários estão baixos e a falta de emprego pressiona os salários para baixo. E aí acrescentou que o Governo Bolsonaro poderia ter ajudado investindo em educação, mas não quis e lembrou dos casos medonhos recentes no Ministério da Educação. A comentarista de economia ficou nervosa pois comemorar o número de empregos era a única coisa boa e aí ela teve que citar números da educação brasileira de 2018 e que ali os alunos já teriam que ter muitos anos para recuperar o atraso. A comentarista de economia ficou ainda mais brava ao responder ao colega que tinha comentado sobre o ex-presidente da Caixa Econômica Federal que é medonho e aí ela respondeu irritada que “não devemos politizar o assunto’, dando a entender que Bolsonaro não sabia e nada podia fazer e que na hora fez o que podia e tal. Pobre comentarista de economia do Jornal da Itatiaia, a sua defesa do Governo Bolsonaro a deixa em situação triste com frequência!




3 de julho de 2022. No Jornal da Itatiaia é informado que a semana será quente. Será, por exemplo, analisado em Brasília os 36 vetos do Governo Bolsonaro a projetos dos parlamentares. Desses 36 vetos apenas um o Jornal quis detalhar mais: o veto à gratuidade nas bagagens nas viagens aéreas. O Governo Bolsonaro acredita que essa gratuidade teria efeito contrário ao pretendido pelo legislador e acabaria, portanto, encarecendo no final as passagens aéreas. É interessante isso: parece, que pelo menos aqui, o Governo Bolsonaro tem responsabilidade fiscal. Podia ser assim na hora de arranjar, sabe se lá como, mais de 40 bilhões na famosa PEC Kamikaze. Talvez essa explicação do veto à gratuidade das bagagens em viagens aéreas seja um acena para a classe média e rica que costuma mais viajar de avião. “Ei, o Governo Bolsonaro é responsável quanto às contas públicas!”




4 de julho de 2022. Na segunda parte do Jornal da Itatiaia, a parte principal, a que começa as 7 da manhã; a notícia que abriu não foi política: foi o desafio da educação de toda Minas Gerais para recuperar o tempo perdido por causa das restrições impostas pelo combate à Covid-19. São mutos anos para crianças e adolescentes recuperarem nas escolas o tempo perdido. E não falamos exclusivamente português e matemática e afins; mas também a questão emocional-social. E não falamos exclusivamente de escolas públicas, pois as escolas particulares também não estão tão bem assim. Houve, também, mais uma reportagem sobre a análise que o Congresso vai fazer a respeito dos 36 vetos do Bolsonaro a projetos dos deputados e mais uma vez foi detalhado o veto específico a respeito da gratuidade nas bagagens nas viagens de avião. O texto, desta vez é uma jornalista e no domingo era um homem, foi praticamente o mesmo deste domingo. Acho que a mensagem que quer ser transmitida é mesmo que o Bolsonaro é responsável quanto as contas públicas.

Na Conversa de Redação a manchete era a proposta de CPI para investigar o PT e um grupo criminoso, devido uma delação antiga da época da lava-jato. Para a comentarista de economia, discordando de quem falou antes, a denúncia “nada tinha de requentado”. Em outro momento, sobre a CPI do MEC e das atitudes do Governo Bolsonaro para impedi-la e depois de ouvir sobre o sigilo de 100 anos imposto pelo Bolsonaro quanto as reuniões com um dos pastores; a comentarista de economia respondeu que era melhor viver no parlamentarismo onde mais eficientemente se afasta um primeiro ministro problemático e não sofre por ter eleição de dois em dois anos e nem tudo é transformado em disputa de poder e politizado.

Jornal da Record, por volta das 20 horas e três minutos. Shopping de luxo no Rio de Janeiro, onde um segurança morreu, em meio ao um grande assalto a uma joalheria. A notícia é antiga, mas é que temos imagens inéditas e as investigações continuam. Esta reportagem foi logo após uma reportagem sobre as investigações sobre as relações medonhas entre um grupo criminoso e empresas de transporte público de São Paulo e que também envolveriam um partido político que disputa nassas eleições um cargo importante. A reportagem do shopping terminou com “até agora ninguém foi preso”.




5 de julho. Depois dos “fiscais do Sarney”, temos os fiscais da rádio Itatiaia indo a alguns postos de gasolina conferindo se os preços estão abaixando mesmo como o Governo Bolsonaro quer. É pelo menos a segunda vez que fazem isso. O repórter foi talentoso e com sorriso e o fato do Brasil ser sempre pobre, conseguiu que os entrevistados demonstrassem gratidão pela tímida diminuição de preços dos combustíveis. Pela terceira vez a notícia do Congresso Nacional avaliar os 36 vetos do Bolsonaro às leis aprovadas pelo Congresso e pela terceira vez fala especificamente sobre o veto do Bolsonaro à gratuidade a algumas bagagens em viagens de avião. O texto lido no Jornal da Itatiaia foi praticamente o mesmo das outras vezes, mas apareceu uma novidade: foi mencionado o veto do Bolsonaro à compensação aos Estados por causa da diminuição do ICMS. Como Bolsonaro é responsável pelas contas públicas, oh! Na Conversa de Redação, o clima esquentou novamente entre um comentarista mais independente diante do Governo Bolsonaro e a comentarista de economia. A comentarista de economia disse que a PEC da Bondade (chamada por outros de “PEC Kamikase”) tem dinheiro com “origem”, dinheiro “carimbado”. E as privatizações são uma meta do governo e estas vão gerar riqueza. E a coisa do ICMS dos combustíveis, por exemplo, é semelhante ao que Joe Biden está fazendo nos Estados Unidos e “Biden está em campanha eleitoral?”, pergunta a comentarista de economia respondendo as críticas de que essa loucura econômica do Bolsonaro tem motivações eleitoreiras.




6 de julho de 2022. Não anotei grandes dados sobre guerra de propaganda, mas na televisão pelas emissoras mais próximas ao Governo Bolsonaro houve muita referência a um grupo criminoso de São Paulo. O combate a este grupo. Há suspeitas que este grupo e o principal partido do mais popular candidato a presidência da república sejam muito próximos.




7 de julho de 2022. Aqui a guerra de propaganda principal é no comentário na parte economia. Quando a comentarista de economia faz o seu comentário no Jornal da Itatiaia. É mais ou menos 7 e meia da manhã que ela fala. O ponto aqui é ela dizendo que o mundo aguarda com apreensão recessão no ano que vem. Pode ser pouca ou muita, mas alguma recessão em 2023 vai ter. Este aviso é importante dado que o Governo Bolsonaro arranjou quase 40 bilhões de Reais inesperadamente e ano que vem o trem pode ficar feio. Então é bom a Rádio Itatiaia já acostumar os ouvintes…

Pausa.

Eu ontem louco para atualizar aqui e o computador teve defeito. Fiquei doido, pois achava que estava cobrindo uma destruição!

Explico.

Eu e minha família saímos cedo e só voltamos a tarde. Aí mais ou menos no meio da tarde ligo a televisão e fico sabendo da sessão no Congresso Nacional as 6 e meia da manhã e que só durou um minuto. Deixa eu repetir: a sessão no Congresso Nacional as 6 e meia da manhã e que só durou um minuto!!!! É assim que a democracia desiste, não é? Quando as regras são usadas para machucar a democracia? Tinha que cumprir tabela aí fizeram a sessão. O horário a gente até aceita, pois caberia a oposição ficar esperta e ouvir as fofocas, mas a sessão durar um minuto é sujo pois ataca a possibilidade de discussão e desenvolvimento que da discussão nasce. Aí é triste. Detalhe técnico: adivinha se foi ou não foi o presidente do Congresso que conduziu a sessão? Não foi. O serviço foi feito por outro parlamentar, este que eu nunca ouvi falar. Na última hora deve ter batido a vergonha no presidente.

Pausa.

Então fiquei atento querendo acompanhar como os jornais televisivos cobririam esse dia triste para a democracia. No geral: nada, tudo leve. A Globo News foi irônica e tal, mas pouca cobertura deu ao assunto. No Jornal da Cultura, abriram o jornal falando do Boris Johnson renunciando.

Pausa.

Eu fiquei tão triste com a sessão de um minuto no Congresso Nacional, esperando a reação a algo que julgava histórico e tal… Reação alguma. Nada de destaque ao que eu julgava um dos momentos mais vergonhosos. Até anotei como o Jornal da Band (que apoia o Governo Bolsonaro)ncomeçou as notícias: uma mulher ladra em Osasco (São Paulo), no Rio de Janeiro também há grupo criminoso com ligação em transporte (em Macapá), de volta a São Paulo um caso com falsos policiais, garimpo ilegal, casal de caminhoneiros sequestrado foi libertado pela polícia, mais uma reportagem sobre tráfico internacional de drogas (série de reportagens, com direito a música de fundo), mais uma reportagem sobre a cracolândia na cidade de São Paulo (repetiram as imagens chocantes de ontem) e teve entrevista com um comerciante indignado, no Rio de Janeiro a justiça combate fraudes na previdência e etc. E etc.. O assunto foi tratado sem o devido destaque. Ou vai ver o errado sou eu mesmo.

Agora um detalhe técnico interessante que quase passou despercebido por mim: se a sessão de um minuto foi as seis e meia da manhã… Eu só escutei o Jornal da Itatiaia a partir das 7 e meia da manhã, então só posso dizer com segurança que a partir daquele horário eles não falaram a respeito dessa sessão.

Um momento filosófico: a gente perceberia que o Brasil acabou? Ou que está acabando mais depressa? A gente percebe quando está diante de uma mudança histórica? A gente nem sabe quando começamos a nos apaixonar! A gente é meio distraído mesmo.




8 de julho de 2022.

Jornal da Itatiaia, na parte do comentário de economia. O mundo está a espera de recessão (pela segunda vez é dito isso). Para os ouvintes perdoarem as medidas duras que Bolsonaro terá que tomar se reeleito?

Na Conversa de Redação a comentarista de economia fala mais sobre o ataque no Japão do que no ataque contra o Partido dos Trabalhadores que foi aqui no Brasil. Ainda sobre Lula ela reclama da riqueza dele que é rico há muitos e muitos anos e cita o casamento do ex presidente, como exemplo de como ele não sabe mais o que é ser pobre. A comentarista falou bastante, em um dos seus momentos mais agressivos dos tantos anos que eu acompanho o Jornal da Itatiaia. A “elite política brasileira causa nojo”, ela finaliza.

Outra coisa digna de destaque foi um dos locutores do Jornal da Itatiaia com pudor de falar sobre o atentado no comício de Lula: “esse ataque, este atentado não sei se podemos dizer assim”. O dia 8 de julho foi um dos momentos mais críticos ao Partido dos Trabalhadores no Jornal da Itatiaia. Impressionante. Política é paixão e eu respeito isso, mas nesse dia 8 de julho o Jornal da Itatiaia exagerou.



11 de julho de 2022. Nas manchetes no começo do Jornal da Itatiaia e na reportagem o petista assassinado é chamado de “tesoureiro do PT”. Ele trabalhava como guarda municipal. Por quê chamá-lo de “tesoureiro do PT” em vez de “petista” ou “militante do PT” ou ainda “militante petista”? Hum... Mas, por outro lado, o assassino era identificado como “bolsonarista”.

Na área das manchetes e na abertura: coisas boas: vai ter mais viagens de ônibus em Belo Horizonte por causa do efeito do dinheiro dado as empresas; o etanol deve abaixar por causa da “pec das bondades”. No comentário de economia: mais cenário negativo, investidores com “avesso ao risco” “dólar valorizado diante de outras moedas” (assim como no Brasil… rs rs ...), variante preocupante do corona vírus na china. Opa, pausa! Ora, ora, agora as restrições chinesas parecem prudentes? Rs rs É só para mostrar que a crise é mundial. Para justificar a PEC dos Benefícios. Chamadas pelos críticos do Governo Bolsonaro de “PEC Kamikaze”.

Na conversa de redação, para equilibrar na polêmica; lembraram das falas agressivas do Lula. A comentarista de economia lembrou duas falas agressivas de Lula e foi bem específica. A única referência direta à agressividade de Bolsonaro foi feita pela principal repórter da Itaiaia em Brasília.




12 de julho de 2022. Jornal da Itatiaia não teve destaque a possível aprovação da PEC Kamikaze. Só fala as 8 e 12 sobre a “pec das bondades”. Os detalhes das bondades. Está marcada a votação para hoje ainda. No comentário da economia a comentarista não falou sobre a votação. Porque? Imagino que seja constrangendor para todo mundo mesmo. Até para o Governo Bolsonaro. A três meses da eleição subitamente a emergência e 40 bilhões de reais vindos do futuro promissor. Bolsonaro podia teri ficado alerta assim com o Corona Vírus na Amazônia.

Porque o jornal da Itatiaia não quis dar o destaque à possibilidade da votação da PEC ainda hoje? Vou escutar a conversa de redação, pois talvez eles falem sobre isso ainda. Não falaram. A comentarista de economia falou algo sensato sobre as mães educarem as filhas para não aceitarem companheiros tóxicos. As mães precisam, a comentarista de economia alerta, educar as filhas a terem Amor próprio e não aceitarem relacionamentos tóxicos. Aqui eu lembro da Amy Whinehouse e da Carmen Miranda.

sábado, 16 de julho de 2022

Mais deste ar

 O Canal Futura vai transmitir de novo o filme africano "Ar Condicionado". Estão repetindo tanto quanto o filme argentino "Medianeras". E tudo bem, pois são filmes maravilhosos! Fica aí o aviso: hoje, as 22 horas, o filme angolano "Ar Condicionado".

Sonhos, sonhos, sonhos, uma brisa leve e efêmera, uma vida tão pesada... É difícil ser um humano...

Tetsuo Kimma é tudo!


 

Desenho de Tetsuo Kimma, para capa do livro A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo. Editora Ática, sexta edição, 1976, a diagramação da edição clássica foi obra de Ary Almeida Normanha. Eu ainda não li o livro, mas achei a capa do Tetsuo Kimma tão linda!

sexta-feira, 15 de julho de 2022

Livros do Nietzsche

 

Livros do Nietzsche


Estou escutanto tanto tanto tanto tanto “Hava Nagila” que vou acabar convertendo-me, a versão que encontrei é bonita demais... O nome não é pandeiro, mas é um instrumento parente mais velho do pandeiro. O modo como ele entra… Parece dança, mas é antes da dança, o modo… Ah!… As palavras não chegam aqui! Sinto muito para quem me lê. Mas onde eu estava? Ah, os livros do Nietzsche! A memória afetiva.


O detalhe afetivo.

Pausa.

Mais uma vez a música toca.

Platão explica. O que eu estava fazendo no fim da Primeira Guerra Mundial?

Pausa.

De repente lembro-me de minha vovó paterna reconhecendo o meu assovio.

É, vó! É o coro dos escravos de “Nabucodonosor” do Verdi!

Eu estava tomando banho e assoviando esta música antes de ir para a faculdade de jornalismo. Ela pescou a melodia no corredor da casa e cantarolando acompanhou-me. Foi durante o período que eu passava a semana na casa dos meus avós paternos. A acústica de um banheiro tão antigo era melhor, claro claro, que o mais sofisticado teatro de Nova Iorque.

Mas onde eu estava? Eu sempre me perco!


O primeiro livro do Friedrich Nietzsche que eu comprei continha os textos “O Caso Wagner” e “Nietzsche contra Wagner”. E daí? E daí muito. Ao contrário do Kafka, eu esperei a Companhia das Letras publicar muito Nietzsche para depois começar a comprar; mas aí me dei mal. Me dei mal, pois os primeiros livros se esgotaram rápido demais e só ficaram a reedições em formato de bolso. Trem horroroso! Horroroso, mas como é a melhor tradução… No caso do Kafka eu tive sorte, pois comprei logo os principais títulos em formato standart (capa com pinturas do Amílcar de Castro!) e, quando percebi o que estavam fazendo com meu Nietzsche, comprei logo os outros títulos lado b do Kafka. Aí fiquei com a coleção toda em formato standart.

Mas onde eu estava?

Em 1888 com Nietzsche, começando a conhecer mais de perto meu amado bigodudo alemão logo logo no auge dele pouco antes do colapso mental e o sanatório. Como se não bastasse ser dois dos seus textos mais complexos a minha porta de entrada depois de conhecê-lo por meio de terceiros, o livro tinha algumas cartas de Nietzsche e… e… que cara terno aparece ali! Pelas cartas ele parece açúcar e não o homem que descobriu que tínhamos matado Deus e que estávamos enrolando e enrolando e enrolando e enrolando na hora de refundar o Ocidente para melhor destino do humano.

Agora escutando Lady Worth relendo uma das minhas músicas favoritas, “I started a joke” do Bee Gees.

quinta-feira, 14 de julho de 2022

Livros do Joseph Campbell

 

Livros do Joseph Campbell


Agora a memória afetiva. A leitura de O Herói de Mil Faces e O Poder do Mito foi marcada pela ocasião e contexto: um dos melhores empregos que eu tive na vida. Eu era porteiro e vigia temporário na Câmara de Vereadores de Rio Acima.


Era perfeito. Manhã e tarde. A parte mais difícil era hastear as bandeiras do Brasil, Minas Gerais e Rio Acima; uma vez que minha coordenação motora era tão ruim que por pouco quem subia amarrado era eu. A solução era um nó simples demais e fé na força como quando a gente amarra o tênis.

Era perfeito. Eu ficava sempre na guarita, fugindo do sol impiedoso enquanto afogava-me com a quantidade de café que a mulher da cozinha me dava. Era o dia inteiro tomando café, na sombra e lendo Jospeph Campbell. E o almoço gelado preparado pela mãe e guardado uma vasilha plástica numa sacola térmica. O trabalho era temporário e eu era zeloso, mantendo as portas fechadas e sempre perguntando o que as pessoas que queriam entrar queriam fazer ali. Acho que eu deixei uma boa impressão. Sei lá. Lembro também de conversar com um ajudante geral chamado Ivan. Achava incrível que todo mundo que passava perto de nós o conhecia e o cumprimentava. Lembro-me dele contando sobre como um trabalhador deve manter a dignidade e histórias também de quando ele jogava bolas de gude quando criança.


O contraste entre o mundo de Campbell e a minha situação ali foi fundamental. Eu não interpretaria/compreenderia como compreendi/interpretei O Herói de Mil Faces e O Poder do Mito se não fosse aquela situação. Certo? Bom, não tenho como saber.


Os livros de Joseph Campbell são razoavelmente fáceis de serem encontrados. E os preços são ótimos. O Herói de Mil Faces tem seu charme pelo seu tamanho pequeno, letras que sugerem um dicionário ou livro técnico sem graça e a cor azul-verde-piscina. E o desenho de capa… Já O Poder do Mito é puro luxo, você tem que folhear e saborear as ilustrações antes de ler. E deslisar os dedos pelo papel sofisticado. Muito muito bonito. E o trem é grande. Preciso comprar Filosofias da Índia, é do Heinrich Zimmer mas quem organizou as anotações foi o Campbell.

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Contos Tradicionais do Brasil, Cascudo

 

Finalmente, quando anoiteceu, estava dentro de uma floresta. Subiu em um pau e ficou quieta, lá em cima. Mais tarde as vozes começaram na falaria:

De onde vem você?

Do reino de Acelóis!

Como vai o príncipe?

Vai mal, coitado, não tem remédio!

Ora não tem! Tem! O remédio é ele beber três gotas de sangue do dedo mindinho de uma moça donzela que queira morrer por ele!

Quando amanheceu o dia, a moça tocou-se na estrada. Ia o sol se sumindo quando ela avistou o reinado de Acelóis.”

(O Papagaio Real)


O rei perguntava:

Como vai, Quirino?

Com a graça de Deus e o favor do meu amo!

A obrigação?

Em paz e a salvamento.

As vacas?

Umas gordas e outras magras.

O boi barroso?

Vai forte, valente e mimoso!

O fidalgo disse ao rei que Quirino era capaz de mentir. O rei repeliu a ideia.

Vamos apostar, Majestade?

Pois vamos! Dez fazendas de gado, cem touros escavadores e duzentas vacas leiteiras com os chifres dourados?

Está apostado!

O fidalgo tinha uma filha muito bonita, chamada Rosa. Chamou a moça e contou a aposta. Por dinheiro Quirino não peca. Com ameaça, Quirino não peca. Abaixo de Deus, a mulher pode com tudo que tem fôlego.

Rosa se vestiu como mulher do povo e foi até a fazenda onde estava o boi barroso.”

(Quirino, Vaqueiro do Rei)


O conto transcrito é, evidentemente, um espécimens as sobrevivência africana na literatura oral brasileira com o motivo puro e legítimo da aranha, talqualmente vivia há séculos no continente negro onde nasceu e emigrou. Uma aranha agindo na Bahia sem influência cristã moralizadora.”

(Nota sobre o conto “A Aranha-Caranguejeira e o Quibungo)


CONTOS TRADICIONAIS DO BRASIL – Luís da Câmara Cascudo.