sábado, 4 de novembro de 2023

4 de novembro de 2023

 


4 de novembro de 2023

 

Sorriso é tudo.

 

A Obra Completa de Henriqueta Lisboa. Organizado por Reinaldo Marques e Wander Melo Miranda. Revisão de Mineo Takatama. Projeto gráfico e diagramação luxuosas de Silvia Amstalden. Editora Peirópolis. Caixa, três volumes. Lendo devagar porque cada grão de areia é uma safira. Chique pra caramba o trem. Delicado em um mundo tão violento e vulgar.

E é poesia, p*!!!!

E é poesia, p*!!!!

Tudo bem, mas isso é suficiente para a minha redenção? E para a redenção do mundo?

 

 

Os pais eram ingleses, mas o solo e o Sol que testemunharam o seu primeiro abrir de olhos eram de Portugal. Veio ao Brasil por motivo de saúde e a retribuição veio na forma de relatos das viagens do estrangeiro que mais amou e conheceu o nordeste brasileiro. Este brasileiro que é burro e fica debaixo da cama por medo, te saúda ó sábio e corajoso Henry Koster!

(De Antologia do Folclore Brasileiro, vamos para outro livro. Parafraseando Nietzsche sobre as Conversações com Goethe nos últimos anos de sua vida, de Eckermann; vocês vão ler um trecho do mais belo livro escrito em língua portuguesa.)

Conselho. No Rio de Janeiro, um professor com ar de mestre, gestos afetados, orienta Cascudo:

- O senhor precisa ler Henry Koster. Escreveu um trabalho precioso sobre o Nordeste brasileiro.

- O senhor leu o original inglês? – pergunta Cascudo.

- Não, senhor. Há uma versão anotada em português.

- O senhor se recorda do nome do tradutor e anotador?

- Não me lembro.

- Foi este seu criado...

(Câmara Cascudo – um brasileiro feliz, de Diógenes da Cunha Lima. 2016, Editora Escrituras. Página 70.)

(Agora vamos voltar à Antologia do Folclore Brasileiro.)

O nome do livro é Viagens ao Nordeste do Brasil, de Henry Koster. Tradução e notas de Luís da Câmara Cascudo. Volume 221 da Coleção Brasiliana. 1942, São Paulo.

 

E Henry Koster devia ser simpático, mas também pode ser coisa mesma dos nossos índios alegres. Os índios, a serviço do Henry, pediam para dançar em frente a casa dele à noite. Fogueira e vizinhos convidados. Alguns “negros livres” também participavam, mas de maneira afastada em frente ao dormitório deles. É emocionante ler o Henry Koster descrevendo aquilo que conhecemos hoje como berimbau.

 

Os brancos zombam muito, mas deixa que eles são sem graça mesmo. Cada distrito tem um Rei Congo. É março e é hora dos negros elegerem o seu rei, pois estamos na cerimônia anual de Nossa Senhora do Rosário. Temos rei, rainha e o Secretário de Estado. Henry Koster descreve tudo, das roupas às teorias; mas gosta mesmo de observar que o vigário na igreja estava sem almoçar a um tempão então quando finalmente o cortejo real chegou ele fez toda a cerimônia bem rapidinha. Não sem antes ficar bem nervoso com dois ou três.

 

A festa da Nossa Senhora do Rosário é grande e bonita, mas a festa praieira Batismo do Rei dos Mouros é enoooorme. A cidade inteira se reúne para o grande teatro.

 

Falta muito, mas o que entendemos por economia brasileira madura e independente está chegando. Meados do século XVIII. E na parte das riquezas do nosso solo muito muito devemos às observações pioneiras de Wilhelm Ludwig von Eschwege.

A parte disso, Eschwege aparece aqui na nossa festa do folclore brasileiro por causa de suas observações a respeito dos ermitões. Figuras muito populares no sul do Brasil. Ou eremitas. São homens que para destruir dentro de si pecados ou algum crime, escolhem proteger e cuidar de alguma capela. Pedem esmolas para poder comer e para melhor cuidar da dita capela. Barba cresce, cabelos crescem e se vestem muito humildemente. Carregam consigo uma pequena caixa de vidro contendo a imagem do santo ou da santa que abençoa a capela onde o ermitão dorme. Frequentemente esses ermitões chegam a andar distâncias médias, mas sempre voltando à suas capelas. Eschwege, porém, acrescente que, como é muito frequente no Brasil, há os abusos. Muitos ermitões pedem esmolas porque não querem trabalhar e sempre estão bebendo à custa da fé do povo.

 

Mais um alemão a apresentar o Brasil a nós brasileiros: Georg Wilhelm Freyreiss (1789-1825).

Uma cruz pregada no chão. É que aqui há um cadáver e aqui é um lugar de passagem. Cada um que vê a cruz reza o Pai Nosso e de Pai Nosso a Pai Nosso, aquela alma que estava no Purgatório, por não ter sido absolvida no devido tempo, consegue chegar aos Céus.

 

O nome é um mistério: “índios coroados”. Mas sabe-se que eram de Minas Gerais. Mistério ainda maior vem depois: a natureza da vingança e a estabilidade política entre tribos. Aí um índio é assassinado por outro índio. Naturalmente que o assassino não vai ser entregue à tribo atingida, o que faz a vingança recair em algum índio da outra tribo que nada tinha haver com a história. Aí as duas tribos ficam em paz novamente, como se nada tivesse acontecido! Se bem que se a gente olhar com novos olhos a Questão Israel-Palestina em outubro-novembro de 2023...

 

Uma nota triste: apesar da tradição e da atração lasciva que a dança Batuque tinha, as danças inglesas já dominavam as grandes cidades brasileiras. Isso é o que? As observações de Georg Wilhelm Freyreiss são do finalzinho do século XVII e comecinho do século XVIII.

 

O Príncipe Maximiliano dispensa apresentações. Este militar prussiano de sucesso apaixonou-se pela então chamada “História Natural” (mistura de biologia, antropologia, sociologia, etnografia, teologia e etc. que na época as ciências de hoje estavam muito próximas) e viajou pelo Brasil e pelos Estados Unidos. Os seus textos e o seu material recolhido encontram-se em centros de estudo na Europa e Estados Unidos. O príncipe Maximiliano Alexandre Felipe de Wied-Neuwied era fera.

 

Descrição de uma luta grupal indígena, incluindo as mulheres. Incrível, selvagem. Medo de guerra o índio brasileiro não tinha. A descrição do Príncipe Maximiliano da luta foi muito bem feita, digna de um romancista competente. Os índios eram da tribo Botocudo, hoje chamamos eles de Aimorés.

Além desta luta selvagem que tinha lá as suas regras, havia entre os índios o duelo como nós conhecemos da Europa. Isso mesmo, com toda a liturgia a que se tem direito. O príncipe descreveu-a, infelizmente, muito brevemente. Uma sugestão aos etnógrafos do futuro. De 1816 ao futuro. Ainda dá tempo?

 

 

E Nietzsche revela um segredo importante dos ambiciosos. Pessoas ambiciosas tem que disfarçar o desprezo que sentem quando se veem cercados de bajuladores. Tem que transformar o desprezo secreto que sentem em complacência pública. Aí não correm perigo.

 

 

Agora um voo de balão com Santos Dumont pelas notícias. Conferir se o mundo já foi salvo.

 

Ou não. A internet está tão ruim que não consigo navegar nem lentamente. Realmente é um problema. Não sei como dribla-lo.


Alô, há alguém aí? Ah, ser um astronauta perdido...

Aldrinianas – Tentando aprender e Amar. (wordpress.com) 

Meu novo site. Como é o plano gratuito ele não tem muitos recursos, mas pelo menos o tema é francês (expressionismo, Claude Debussy, reverie). Minha nova casa. 

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

2 de novembro de 2023

 

2 de novembro de 2023

 

 

Alguma alma sebosa destruiu a estátua em homenagem à poetisa Henriqueta Lisboa. Vi fotografias mostrando as mãos decepadas e a pichação nos olhos, violência que contrasta com a delicadeza da estátua que pode ser descrita como uma mistura bonita do estereótipo de uma vovó do interior indo à missa e uma diretora de colégio dos anos de 1950. Por causa da destruição da estátua é que resolvi comprar a Obra Completa, de Henriqueta Lisboa. Claro que procurei conhecer um pouco alguns poemas dela, antes.

Comprei como presente principal do meu aniversário de 40 anos. Junto com um novo par de calçados e meias. Combina: poesia e calçados; ambas servem para ir além do horizonte.

 

 

 

Ser supersticioso é que dá azar. É verdade, mas é bom anotar a lista. Coisas do século XVII.

Um encontro com algum “torto” logo de manhã (*),

Derramar sal na mesa,

Quebrar um espelho,

Cantar o cuco ou galinha,

Chover durante o casamento,

“O espirrar o morrão da candeia” (**),

O uivar do cão e

Entrar com o pé esquerdo.

* “Torto”, eu pesquisei em dicionários antigos daqui, pode ser “pessoas com problemas de visão”, “pessoas com corcunda, problemas graves na coluna” e “marido da avó que não seja o pai sanguíneo dos filhos dela”.

Na Inglaterra do início do século XX, nas áreas de mineração, conta-nos George Orwell, em O Caminho para Wigan Pier, que muitos mineiros ao sair de manhã ao trabalho voltavam para casa imediatamente se no caminho vissem uma mulher. O trabalho nas minas era extremamente mortal e ver uma mulher na rua logo pela manhã a caminho do trabalho não era um bom agouro.

** Também depois de pesquisar em dicionários antigos, descobri que são candeeiros, aquela estrutura algo sofisticada em que se colocam velas. Velas, enfim. Não espirre a ponto de apagar uma vela.

 

Só sabem que era um religioso, um frade. Mas não morava em Ipujuca (Pernambuco) e nem trabalhava no convento de lá. Um mistério, um mistério. O que se sabe é que ele expulsava na base da vara, alguns cavalos que os holandeses colocavam dentro do convento. Os holandeses faziam do pátio, da área interna do convento, a estalagem para os seus cavalos. Histórias do Brasil holandês.

 

Outra história envolvendo holandeses invasores e religiosos católicos no Brasil setecentista (1701-1800). O Diabo tinha possuído uma mulher (de repente ocorreu-me que homens não são comuns nessas histórias de possessão, por quê?), que fora levada prontamente à igreja do Convento de Santo Antônio de Pojuca (mais uma vez em Pernambuco). Parentes da mulher, amigos, curiosos, religiosos do lugar e alguns holandeses também presentes. O Diabo, pela boca da mulher, começou a falar em holandês todos os pecados e crimes que os holandeses estavam cometendo em terras brasileiras e até algumas coisas de que eles fizeram até em sua própria terra. Os holandeses ficaram muito impressionados e arrependidos de tudo. Logo em seguida o principal líder católico do convento veio e executou o exorcismo. A partir desse dia os holandeses tiveram muito mais respeito pelos líderes católicos brasileiros.

Desnecessário uma análise sociológica e política de uma história popular como essa, não é? O lugar dos holandês nunca foi aqui...

 

Este João de Deus não é um médium que abusou de mulheres e da fé das pessoas de uma cidade inteira (2010-2018, Abadiânia, região metropolitana do Distrito Federal), este João de Deus era um frei que durante uma viagem por um rio pareceu ter se afogado. O “negro Manuel” mergulhou para salvá-lo. Encontrou o frei sentado no fundo do rio rezando com o seu breviário. Ele, e seu breviário, saíram do rio completamente secos. E mais, o frei disse que estava apenas esperando alguém mergulhar para salvá-lo.

 

Por que a edição portuguesa do livro do John Mawe (1764-1829) é incompleta?

E um escravo acha um diamante de 17 quilates e meio. Grinalda de flores na cabeça, procissão até o administrador que lhe dá liberdade e indenização “ao seu senhor”; além de permissão de trabalhar por contra própria.

 

Luís da Câmara Cascudo chama John Luccock de um dos “mais vivos e originais informantes” do Brasil do início do século XIX, mas discorda do inglês que a carne de carneiro seja pouco consumida no Brasil. Motivos religiosos (Cordeiro Divino que tomou para si os pecados do mundo); mas Câmara Cascudo afirma ao contrário que sim a carne de carneiro é bastante consumida no Brasil. Polêmica interessante. Perguntar para algum pecuarista patrício se a carne de carneiro é ou não popular por aqui.

 

E a religiosidade de nós brasileiros deixava mesmo o pobre John Luccock  confuso. Nós não cortamos a banana transversalmente porque o miolo lembra uma cruz e isso ofende, mas cortamos do mesmo jeito a “flor da paixão (maracajá, passiflora)” e conversamos alegremente sobre os símbolos da crucificação que ali aparecem.

 

O povo português parecia, a John Luccock, muito calado em comparação aos escravos que cantavam para tornar o trabalho mais leve e recordar com saudade a terra natal que nunca mais veriam.

De repente fiquei com muita muita curiosidade de saber como eram as ruas, o dia a dia do Brasil em meados do século XVIII e XIX. Mas não quero comprar a História da Vida Privada no Brasil. Primeiro que as edições recentes são pequenas e não tem mais as ilustrações que fazem diferença; segundo porque suspeito que os textos iriam fazer o tempo todo referência aos livros clássicos, muito dos quais eu já tenho e não li ainda porque sou marmota e tonto. Por outro lado... História da Vida Privada no Brasil é uma antologia com diversas autoras e autores e isso é uma qualidade grande. Mas não vou comprar.

 

Começou com os padres e terminou com escravos e portugueses molhados. Bolas ocas de cera de cores variadas cheias de água, mas água benta. Aí todo mundo ia para o céu cristão, até quem não queria. O povão gostou deste método heterodoxo do clero católico e logo logo portugueses e escravos em ocasiões festivas também faziam as suas bombas de água que molhavam todo mundo. Uma boa pista para conhecer uma comunidade é conhecer as suas festividades. As bombas de água eram particularmente populares durante o carnaval (entrudo).

 

 

O que é ser herói?, me faz perguntar este curtíssimo aforismo de Nietzsche. Nem sempre jogar-se no meio da multidão de inimigos é sinal de coragem, pode ser sinal de covardia. O “herói” queria era fugir, fugir para sempre... E uma fala que vi no filme brasileiro O Homem da Capa Preta concorda com a dúvida nietzschiana: “Coragem demais é burrice!”. E tem aquela música do Claudio Roberto Andrade de Azeredo e Raul Seixas, Cowboy fora-da-lei.

Mas fica a pergunta: o que é ser um herói?

Oskar Schindler fez a coisa certa e ao mesmo tempo era um bon vivant; se bem que na verdade ele vivia na corda bamba o tempo todo prestes a ser descoberto e também a angústia por saber que podia ter feito muito mais o enforcava constantemente quando ele ia dormir.

Mas fica a pergunta: o que é ser um herói?

 

 

Agora um voo de balão com Santos Dumont pelas notícias. Conferir se o mundo já foi salvo.

 

http://www.rn.gov.br/Conteudo.asp?TRAN=ITEM&TARG=320761&ACT=&PAGE=0&PARM=&LBL=ACERVO+DE+MAT%C9RIAS

No dia 25 de outubro nasceu o Conselho da Federação, um grupo permanente reunindo a presidência da república e governadores de estado. Uma maneira de promover mais união e trabalhos em conjunto. Bom, pode dar certo. O Brasil é continental, precisa mesmo de união. E os problemas não conhecem fronteiras. Só espero que a estrutura deste grupo seja muito caro de ser mantida.

https://tribunadonorte.com.br/natal/rn-tem-34-criancas-aguardando-por-cirurgia-cardiaca-justica-e-acionada-para-restabelecer-procedimentos/

Não tenha problemas cardíacos graves se estiver no Rio Grande do Norte. Desde setembro de 2023 esta parte da saúde pública do Estado está em grave estado. No dia 31 de outubro foi enviada a Brasília um pedido de tutela. Mais dinheiro, revisão de contratos, de tudo um pouco. Tomara que tudo se resolva. É urgente, então não é hora de apontar culpados. Mas como é que se chega a este ponto com tanta gente inteligente e organizada trabalhando nos bastidores?

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Primeiro de Novembro de 2023

 

Primeiro de Novembro de 2023

 

Agora não lembro se foi alguma professora de Literatura & Gramática, se foi o professor de Religião ou se foi aquela mulher numa visita da minha sala ao local onde a biblioteca do colégio ficava de improviso... Lembro-me, isso sim, o mais importante: a lição: livro bom é livro que se desmancha de tanto manuseio. Sinal de que ele é lido o tempo todo, sinal de que sua mensagem é importante, sinal de que é um livro amigo/cúmplice. A minha edição de Dicionário do Folclore Brasileiro, de Luís da Câmara Cascudo, está com a capa-lombada quase totalmente descolada, solta. Apenas a contracapa é que prende o trem. Coisa bonita, isso. É tão ou mais significativo que qualquer elogio que posso fazer ao professor dos professores, o mestre dos mestres, a mistura de Aristóteles e poesia, a mistura do Luar que perfuma o rio Potengi com o Sol que vivifica o Rio Grande do Norte.

 

Minha internet está lenta demais. O que me força a usar a internet de maneira inteligente? Algumas vezes.

 

É coincidência ou é o universo espirrando uma poesia para mim? Eu já escrevi aqui várias vezes que frequentemente deixo de ler/estudar/embriagar-me/transbordar-me de Friedrich Nietzsche por muito tempo. Às vezes por meses e meses. Aí quando volto para os braços do meu bigodudo alemão... Êxtase das deusas e deuses!

Há quanto tempo estou lendo Aurora? Eis que recomeço hoje e o aforismo é sobre... fanatismo e heróis! Vai me ajudar a interpretar o atual Conflito Israel-Palestina e o bolsonarismo? Acho que sim.

O fanático é terrível e invencível quando nega, pois foi dali que ele nasceu e dali ele conhece tudo. Mas o fanático erra quando afirma, constrói, pois aí ele elege heróis e ideais abstratos demais irreais demais. Mas ele sabe que esses ideais e heróis são falsos, então o fanático voluntariamente se martiriza e em vez de suprema humildade isso é suprema vaidade. Talvez essa observação nietzschiana não seja suuuuper original, mas a observação da responsabilidade tanto de Napoleão quanto de Thomas Carlyle para algumas das paixões políticas europeias nos séculos XVIII e XIX sim.

Aliás, eu tenho um livro do Carlyle sobre a Revolução Francesa. Hum, hum. Mais espirro poético do universo a me dizer algo? Vou lembrar-me, quando chegar a hora, que Thomas Carlyle era inteligente e talentoso; mas também um vovô trapalhão e resmungão!

 

Mas como é o Luís? Luís da Câmara Cascudo? Um pedacinho de uma nota introdutória para o já citado Dicionário do Folclore Brasileiro pode ajudar-nos:

A estatística das omissões é sempre fácil e natural aos incapazes do exemplo. Prefiro expor a minha emoção agradecendo as vozes generosas de aplausos, em correspondência privada ou jornais, denunciando a permanência miraculosa da flor da simpatia nos espíritos sempre unidos em ressonância compreensiva às iniciativas culturais, desinteressadas financeiramente, mas constantes e leais em serviço do entendimento brasileiro.

Natal, agosto de 1979.

Difícil não é? O estilo/voz do Luís lembra aquele tio-avô distante que quase você não vê durante o ano e que fala como um padre de um jeito inteligente e profundo mas também alienígena. Você tem que sentar-se à mesa e prestar a atenção. Aí você entende. As vezes é muito chato, mas vale a pena.

Quando eu crescer eu gostaria de ser uma mistura de Luís da Câmara Cascudo e Rubem Alves. Duas das mentes mais iluminadas que o Brasil já produziu. Será que eles já se encontraram pessoalmente? Ambos trabalharam com educação, então provavelmente sim. Acho que um encontro desses mudaria o espaço-tempo e as conexões quânticas dos fundamentos da existência.

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Polícia e as Câmeras de Segurança

 

Polícia e as Câmeras de Segurança

 

Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália e Singapura são alguns países em que as câmeras em uniformes dos policiais já são realidade. É proteção para os bons profissionais, transmite mais confiança para a população, ajuda processos judiciais (imagens são provas valiosas) e até ajuda na formação de recrutas (exemplos reais registrados são lições valiosas). Infelizmente a transparência nas ações policiais no Brasil encontra resistência.

No dia 28 de outubro de 2023 o MGTV Primeira Edição, jornal da Rede Globo Minas, fez uma longa e bem feita reportagem sobre o assunto. Câmeras nos uniformes das forças de segurança como aliada da justiça.

https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/mg1/video/mg1-edicao-de-sabado-28102023-12068930.ghtml

Transcrevo um trecho:

Na semana passada deputados, da Comissão de Segurança Pública, rejeitaram o projeto que torna lei a utilização de câmeras em fardas e viaturas do Estado. O relator, o deputado Sargento Rodrigues (PL – Partido Liberal), argumentou que as câmeras podem inibir pessoas que queiram contribuir com informações para a polícia durante patrulhamento e investigações; e destacou o alto custo de implantação do equipamento. “De acordo com o levantamento de preços realizado, o valor total desta prospecção seria de aproximadamente R$75,6 milhões; para aquisição de câmeras, despesas de capital. Ou R$189 milhões para contratação de serviços por 30 meses.””. Segundo a Assembleia o próximo passo é a análise do projeto na Comissão de Direitos Humanos. Mas ainda é preciso aguardar que o relator da comissão seja designado. A proposta também precisa passar pela Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, antes de ir ao plenário.”

Argumentos bobos contra as câmeras.

Alto custo não faz sentido, pois quando há vontade por parte de políticos o dinheiro sempre aparece. Ouça qualquer edição de a Voz do Brasil, em qualquer época, para afogar-se no dinheiro que aparece. No mais se falta dinheiro basta estabelecer prioridades e economizar mais. É milagre?

Mas o momento mais interessante é outro argumento citado; o argumento do relator da Comissão de Segurança Pública Sargento Rodrigues mencionando que as câmeras nos uniformes da polícia podem inibir pessoas de aproximarem-se para fornecer informações aos policiais. Ora bolas, dado que as imagens estão protegidas parece que o relator da Comissão de Segurança Pública da Assembleia de Minas Gerais está sugerindo que o cidadão de bem deve ficar com um “pé atrás” ao aproximar-se dos policiais.

Segue alguns links para que quem me lê possa caminhar livre.

Assembleia Legislativa de Minas Gerais

https://www.almg.gov.br/

(Página inicial da parte das Comissões)

https://www.almg.gov.br/atividade-parlamentar/comissoes/inicial/

 

 

Fiquei encantado com este site. Tudo bem que em toda a apresentação o pessoal fica bonito nas intenções e tal, mas nossa... Nossa... O site é em inglês, mas usei o Bing Tradutor e tudo bem.

https://www.procon.org/about-us/

https://www.procon.org/headlines/police-body-cameras-top-3-pros-and-cons/

 

 

Não é exatamente, também, um site de notícias “normal”. Parece mais um portal para agentes comunicadores encontrarem material para melhor fazer os seus trabalhos.

https://www.prnewswire.com/

https://www.prnewswire.com/news-releases/growing-number-of-european-police-forces-use-bodycam-892044220.html

 

 

https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/noticias/mjsp-se-prepara-para-implementacao-de-uso-de-cameras-corporais-na-prf (Diminui a letalidade policial e a reclamação por parte dos cidadãos)

https://www.gov.br/prf/pt-br/noticias/nacionais/prf-e-mjsp-apresentam-estudo-sobre-o-uso-de-cameras-corporais-nas-abordagens-policiais

(“Além de garantir a integridade e a proteção dos dados capturados pelas câmeras, a PRF busca agir em consonância com a norma técnica NBR 27037/2023, que regula a custódia de evidências digitais. Esse cuidado com o armazenamento e manuseio dos registros obtidos é fundamental para que as imagens possam, por exemplo, ser utilizadas como prova em processos judiciais.”)

 

 

Outro site encantador. Este vai para a lista das consultas regulares.

https://fontesegura.forumseguranca.org.br/

https://fontesegura.forumseguranca.org.br/avaliando-o-uso-das-cameras-corporais/

(“A relação entre polícia e comunidade também impactou os resultados dos programas. Em algumas comunidades onde a relação com as polícias tem um histórico de confronto e falta de confiança, o uso das câmeras alterou pouco o comportamento dos policiais, ao passo que noutros bairros o uso do equipamento serviu para aumentar a legitimidade das polícias, uma vez que o programa foi percebido como um esforço para aumentar o controle e transparência da atividade policial.”)