Mostrando postagens com marcador 2C Francis Bacon e as Novas Escolas (1290 - 1561). Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador 2C Francis Bacon e as Novas Escolas (1290 - 1561). Mostrar todas as postagens

sábado, 4 de novembro de 2023

4 de novembro de 2023

 


4 de novembro de 2023

 

Sorriso é tudo.

 

A Obra Completa de Henriqueta Lisboa. Organizado por Reinaldo Marques e Wander Melo Miranda. Revisão de Mineo Takatama. Projeto gráfico e diagramação luxuosas de Silvia Amstalden. Editora Peirópolis. Caixa, três volumes. Lendo devagar porque cada grão de areia é uma safira. Chique pra caramba o trem. Delicado em um mundo tão violento e vulgar.

E é poesia, p*!!!!

E é poesia, p*!!!!

Tudo bem, mas isso é suficiente para a minha redenção? E para a redenção do mundo?

 

 

Os pais eram ingleses, mas o solo e o Sol que testemunharam o seu primeiro abrir de olhos eram de Portugal. Veio ao Brasil por motivo de saúde e a retribuição veio na forma de relatos das viagens do estrangeiro que mais amou e conheceu o nordeste brasileiro. Este brasileiro que é burro e fica debaixo da cama por medo, te saúda ó sábio e corajoso Henry Koster!

(De Antologia do Folclore Brasileiro, vamos para outro livro. Parafraseando Nietzsche sobre as Conversações com Goethe nos últimos anos de sua vida, de Eckermann; vocês vão ler um trecho do mais belo livro escrito em língua portuguesa.)

Conselho. No Rio de Janeiro, um professor com ar de mestre, gestos afetados, orienta Cascudo:

- O senhor precisa ler Henry Koster. Escreveu um trabalho precioso sobre o Nordeste brasileiro.

- O senhor leu o original inglês? – pergunta Cascudo.

- Não, senhor. Há uma versão anotada em português.

- O senhor se recorda do nome do tradutor e anotador?

- Não me lembro.

- Foi este seu criado...

(Câmara Cascudo – um brasileiro feliz, de Diógenes da Cunha Lima. 2016, Editora Escrituras. Página 70.)

(Agora vamos voltar à Antologia do Folclore Brasileiro.)

O nome do livro é Viagens ao Nordeste do Brasil, de Henry Koster. Tradução e notas de Luís da Câmara Cascudo. Volume 221 da Coleção Brasiliana. 1942, São Paulo.

 

E Henry Koster devia ser simpático, mas também pode ser coisa mesma dos nossos índios alegres. Os índios, a serviço do Henry, pediam para dançar em frente a casa dele à noite. Fogueira e vizinhos convidados. Alguns “negros livres” também participavam, mas de maneira afastada em frente ao dormitório deles. É emocionante ler o Henry Koster descrevendo aquilo que conhecemos hoje como berimbau.

 

Os brancos zombam muito, mas deixa que eles são sem graça mesmo. Cada distrito tem um Rei Congo. É março e é hora dos negros elegerem o seu rei, pois estamos na cerimônia anual de Nossa Senhora do Rosário. Temos rei, rainha e o Secretário de Estado. Henry Koster descreve tudo, das roupas às teorias; mas gosta mesmo de observar que o vigário na igreja estava sem almoçar a um tempão então quando finalmente o cortejo real chegou ele fez toda a cerimônia bem rapidinha. Não sem antes ficar bem nervoso com dois ou três.

 

A festa da Nossa Senhora do Rosário é grande e bonita, mas a festa praieira Batismo do Rei dos Mouros é enoooorme. A cidade inteira se reúne para o grande teatro.

 

Falta muito, mas o que entendemos por economia brasileira madura e independente está chegando. Meados do século XVIII. E na parte das riquezas do nosso solo muito muito devemos às observações pioneiras de Wilhelm Ludwig von Eschwege.

A parte disso, Eschwege aparece aqui na nossa festa do folclore brasileiro por causa de suas observações a respeito dos ermitões. Figuras muito populares no sul do Brasil. Ou eremitas. São homens que para destruir dentro de si pecados ou algum crime, escolhem proteger e cuidar de alguma capela. Pedem esmolas para poder comer e para melhor cuidar da dita capela. Barba cresce, cabelos crescem e se vestem muito humildemente. Carregam consigo uma pequena caixa de vidro contendo a imagem do santo ou da santa que abençoa a capela onde o ermitão dorme. Frequentemente esses ermitões chegam a andar distâncias médias, mas sempre voltando à suas capelas. Eschwege, porém, acrescente que, como é muito frequente no Brasil, há os abusos. Muitos ermitões pedem esmolas porque não querem trabalhar e sempre estão bebendo à custa da fé do povo.

 

Mais um alemão a apresentar o Brasil a nós brasileiros: Georg Wilhelm Freyreiss (1789-1825).

Uma cruz pregada no chão. É que aqui há um cadáver e aqui é um lugar de passagem. Cada um que vê a cruz reza o Pai Nosso e de Pai Nosso a Pai Nosso, aquela alma que estava no Purgatório, por não ter sido absolvida no devido tempo, consegue chegar aos Céus.

 

O nome é um mistério: “índios coroados”. Mas sabe-se que eram de Minas Gerais. Mistério ainda maior vem depois: a natureza da vingança e a estabilidade política entre tribos. Aí um índio é assassinado por outro índio. Naturalmente que o assassino não vai ser entregue à tribo atingida, o que faz a vingança recair em algum índio da outra tribo que nada tinha haver com a história. Aí as duas tribos ficam em paz novamente, como se nada tivesse acontecido! Se bem que se a gente olhar com novos olhos a Questão Israel-Palestina em outubro-novembro de 2023...

 

Uma nota triste: apesar da tradição e da atração lasciva que a dança Batuque tinha, as danças inglesas já dominavam as grandes cidades brasileiras. Isso é o que? As observações de Georg Wilhelm Freyreiss são do finalzinho do século XVII e comecinho do século XVIII.

 

O Príncipe Maximiliano dispensa apresentações. Este militar prussiano de sucesso apaixonou-se pela então chamada “História Natural” (mistura de biologia, antropologia, sociologia, etnografia, teologia e etc. que na época as ciências de hoje estavam muito próximas) e viajou pelo Brasil e pelos Estados Unidos. Os seus textos e o seu material recolhido encontram-se em centros de estudo na Europa e Estados Unidos. O príncipe Maximiliano Alexandre Felipe de Wied-Neuwied era fera.

 

Descrição de uma luta grupal indígena, incluindo as mulheres. Incrível, selvagem. Medo de guerra o índio brasileiro não tinha. A descrição do Príncipe Maximiliano da luta foi muito bem feita, digna de um romancista competente. Os índios eram da tribo Botocudo, hoje chamamos eles de Aimorés.

Além desta luta selvagem que tinha lá as suas regras, havia entre os índios o duelo como nós conhecemos da Europa. Isso mesmo, com toda a liturgia a que se tem direito. O príncipe descreveu-a, infelizmente, muito brevemente. Uma sugestão aos etnógrafos do futuro. De 1816 ao futuro. Ainda dá tempo?

 

 

E Nietzsche revela um segredo importante dos ambiciosos. Pessoas ambiciosas tem que disfarçar o desprezo que sentem quando se veem cercados de bajuladores. Tem que transformar o desprezo secreto que sentem em complacência pública. Aí não correm perigo.

 

 

Agora um voo de balão com Santos Dumont pelas notícias. Conferir se o mundo já foi salvo.

 

Ou não. A internet está tão ruim que não consigo navegar nem lentamente. Realmente é um problema. Não sei como dribla-lo.


Alô, há alguém aí? Ah, ser um astronauta perdido...

Aldrinianas – Tentando aprender e Amar. (wordpress.com) 

Meu novo site. Como é o plano gratuito ele não tem muitos recursos, mas pelo menos o tema é francês (expressionismo, Claude Debussy, reverie). Minha nova casa. 

sábado, 7 de outubro de 2023

Antologia do Folclore Brasileiro 3 de 25

 

Antologia do Folclore Brasileiro 3 de 25

 

 

 

Mas olha a biografia do Anthony Knivet (?-?)! Caracas bicho meu irmão!

Pirata e saqueador da turma do Tomaz Cavendish vindo aqui para as colônias espanholas por volta de 1591. Chegou até Santos. Nessas idas e vindas ficou doente. Foi abandonado na baía de Guanabara. Caiu nas garras do governador Salvador Correa de Sá, que não era um patrão muito melhor que Cavendish. Virou pouco mais que um escravo. Caçando, pescando, aproveitando as expedições para escravizar indígenas para fugir na primeira oportunidade. Tentava sempre. Tentou mil vezes e foi recapturado mil e uma. E toda vez que era recapturado, apanhava e era humilhado. Uma vez conseguiu fugir até Angola, mas até na África foi recapturado. Em 1602 foi a Lisboa na comitiva de Salvador Correa de Sá como intérprete. Ficou doente e se recusou a voltar ao Brasil. Foi punido e foi morar na Inglaterra. Não se sabe como chegou à ilha britânica, se porque foi libertado ou se conseguiu sua derradeira fuga. Contou sua história brasileira em um livro de sucesso. Não se sabe quando e onde morreu.

 

 

Nos buracos da face, pedras verdes. Era o rei canibal Morubixaba. Gritava, batia no peito e nas coxas e ia de um lado para o outro. A descrição de Anthony Knívet é deliciosa: o rei canibal gritava “como se houvera perdido o siso”. Lembrando que aqui “siso” pode ser o dente ou a razão mesmo. Mas o final dessa história guaianás é feliz.

 

 

Na antiga Grécia ou na antiga Roma, ou entre os índios do Ivo D´Evreux (1577-1629); a vestimenta certa é um estímulo poderoso para o soldado ir à guerra.

 

 

Como convencer as formigas tanajuras saírem das tocas para serem capturadas e assadas e comidas? Ora, é fácil. Você canta.

Vinde, minha amiga,

Vinde ver a mulher formosa,

Elas vos dará avelãs.

 

 

Esta anuncia a chuva, aquela também anuncia a chuva e esta outra também anuncia... a chuva. As três constelações que os tupinambás do Frei Claude d´Abbeville (?-1616) conhecem com nomes próprios. A maioria das estrelas eles chamam genericamente de jaceí-tatá.

O quê? Querem saber o nome indígena das três constelações que anunciam as chuvas? Não digo. Apenas destaco que é evidência da importância das chuvas para aqueles índios.

- Mas isso é óbvio, não?

Não, branquelo da cidade grande que nem sabe o que é seca de verdade; não é.

(Correção-2023: “branquelo da cidade grande que nem sabe o que é seca de verdade ainda”.)

 

 

Ainda a água, ainda a chuva. Muitas vezes acontece, depois de uma grande tempestade, a lua nascer vermelha nos céus. É por causa das feridas causadas pela estrela vermelha-cachorro januare que sempre persegue a Lua. Mas principalmente significa a proximidade da morte. Os homens ficam felizes porque vão reencontrar os avós guerreiros. Mas as mulheres tem medo da morte, então choram alto protestando.

 

 

Os tupinambás conheciam bem o céu estrelado. Planetas e fases da lua. Marés e o sol e as estações. Claro que com outros nomes e com os seus mitos, como explicação. Claro, claro.

Ao mesmo tempo que quero destacar a estrela que se chama “menino que bebe manipol” (conomimanipoere-uare), quero observar  que devemos reforçar o respeito pelo conhecimento pré-científico de astronomia por parte dos tupinambás.

 

 

Um trecho preconceituoso senhores Frei Claude d´Abbeville e Des Vaux? Hum... Mais respeito à autoridade dos pajés.

 

 

Era jovem e mesmo assim Jorge Marcgrave (1610-1644) foi o espírito mais completo que a ciência teve no século XVII (1601-1700). Etnógrafo, astrônomo, antropólogo, meteorologista e etc., como era comum numa época que a ciência era mais aventureira e ainda não estava dividida entre tantas disciplinas.

 

 

Jorge Marcgrave era brilhante, sem dúvida, mas a religiosidade indígena o confundiu quando ele esteve no Brasil. Tem rituais, mas não religião? Não conhecem Deus, mas falam em Tupã? Fala que os índios acreditam em céu e inferno, mas depois que não acreditam em alguma ideia de céu ou inverno. Não há veneração e cerimônias, mas fala do tronco de madeira enfeitado para os espíritos e as cerimônias dos sacerdotes.

A incoerência eu debito no fato que, de fato, era outro mundo, outra língua, praticamente outro universo que Marcgrave estava diante de si. Ele usava os “óculos” europeus de que dispunha. Via e não via o que via. Era mesmo difícil para ele.

 

 

 

Livremente inspirado em Antologia do Folclore Brasileiro, 1944, organizado pelo

Professor dos professores,

o mestre dos mestres,

a mistura de Aristóteles e poesia,

a mistura do luar que perfuma o rio Potengi com o sol que vivifica o Rio Grande do Norte:

Luís da Câmara Cascudo.

(2003, Global Editora e Distribuidora Ltda, São Paulo, edição em dois volumes.)

[3 de 25].

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Antologia do Folclore Brasileiro 2 de 25

 

Antologia do Folclore Brasileiro 2 de 25

 

 

 

Obrigado por registrar pela primeira vez em letra impressa a língua tupi, mas você é que é meio marmota senhor Andre Thevet (1502-1590/1592?)!

 

 

Costume tupinambá para receber amigos. O escolhido de outra aldeia fica na taba sentado na rede, calado. É de bom tom chorar de saudade, ou fingir. Muitos fingem, imitando as mulheres.

Senhoras e senhores, isso é simplesmente maravilhoso! Mas não seria ainda hoje, em pleno 2023, considerado por nós estranho um convidado vindo lá longe não demonstrar saudade dramaticamente durante uma longa estadia em nossa casa?

 

 

Não foi o primeiro e obviamente não será o último, e Jean de Léry (1534-1611) é mais um estrangeiro conquistado pela música brasileira. No caso, especificamente, a música tupinambá.

 

 

E durante a Dança de Guerra dos Tupinambás as canções mencionam o paraíso além das montanhas e morte, onde os guerreiros de hoje reencontrarão os guerreiros do passado numa festa que não terminará. E também mencionam dilúvio, um momento do passado remoto quando as águas cobriram toda a terra do mundo.

Uma evidência de que a ideia de paraíso, ou pelo menos de mundo bom após a morte e de que também a ideia de dilúvio nas origens do mundo é bem comum. Interessante.

 

 

Ah, e o livro de Jean de Léry sobre o Brasil é um dos mais populares, com diversas edições em várias línguas.

 

 

Aqui jaz o pecador Gabriel Soares de Souza (1540?-1592?), quem realizou o mais completo painel da vida brasileira do século XVI (1501-1600). O nome do livro é Notícias do Brasil, se puder procure a edição da Editora Martins com anotações eruditas do professor Pirajá da Silva.

 

 

Os maravilhosos tupinambás! Mais descrições de seu cotidiano!

 

 

Coisas da época, coisas dos sociólogos e antropólogos antes da sociologia e antropologia existirem, e Gabriel Soares de Souza usa os termos “macho” e “fêmea” para referir-se a... Bom, deixa pra lá. Não julgar. Na hora de descobrir o mundo a gente tem que ver o copo meio cheio. Então a gente lamenta, mas respeita e segue em frente.

 

 

Quando um índio morre, os parentes mais próximos choram dias e dias com lágrimas abundantes, mas os outros índios não demonstram muito pesar.

 

 

Os índios tupinambás gostavam muitos dos europeus que sabiam cantar e/ou tocar algum instrumento musical. Então é fácil imaginar um grupo de europeus portugueses atravessando território hostil sendo que apenas o músico do grupo sobrevivendo para contar a história... (risos)

 

 

E o padre da Companhia de Jesus Fernão Cardim (1548-1625) reparou bem como os índios tratam as suas mulheres. Normalmente as tratam super bem, cavalheiros mesmo, a não ser quando bebem. Aí brigam e depois colocam a culpa na bebida. Mas onde eu já vi isso? Hum... Mas depois ambos fazem as pazes rapidamente. Mas onde eu também já vi isso? Hum...

As caminhadas são um capítulo à parte: quando o caminho é novo e/ou quando é a saída o homem vai na frente por segurança. No caminho de volta é a mulher que vai na frente, pois se houver um encontro infeliz a mulher sai correndo mais fácil para a casa e o homem fica para lutar. Se o caminho é conhecido e/ou o clima é tranquilo eles saem com a mulher andando na frente “porque são ciosos e querem sempre ver a mulher.”

 

 

 

Livremente inspirado em Antologia do Folclore Brasileiro, 1944, organizado pelo

Professor dos professores,

o mestre dos mestres,

a mistura de Aristóteles e poesia,

a mistura do luar que perfuma o rio Potengi com o sol que vivifica o Rio Grande do Norte:

Luís da Câmara Cascudo.

(2003, Global Editora e Distribuidora Ltda, São Paulo, edição em dois volumes.)

[2 de 25].

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Antologia do Folclore Brasileiro 1 de 25

 

Antologia do Folclore Brasileiro 1 de 25

 

 

 Aos cantadores e violeiros analfabetos e geniais,

às velhas amas contadeiras de estórias maravilhosas

fontes perpétuas da literatura oral do Brasil, ofereço,

dedico e consagro este livro que jamais hão de ler...

Que jamais hão de ler; é verdade, mas elas e eles sempre estarão à espera de nós.

 

 

Luís da Câmara Cascudo adoooora fazer uma citação em língua estrangeira sem traduzir. Danado!, mas ele pode; amo ele então perdoo fácil fácil. Mas isso seria coisa para Global Editora fazer aqueeeelas notinhas de rodapé né? Pois é… Deixa pra lá.

 

 

O cancioneiro popular vai mais longe e eu preciso conhecer o Franz Boaz mais de perto. Quando meu amado Will Durant apresentou o Francisco Boaz para mim em A Filosofia da Vida, fiquei totalmente encantado e conquistado. Tem livro do Chiquinho Boaz em português? Preciso procurar.

 

 

Um apito pequenininho feito de um ossinho de animal ficou 12 mil anos em silêncio até ressuscitar pelas mãos de Hernandez-Pacheco, naquele encontro feliz em uma caverna em Paloma; Astúrias. Pois pois, aqui nesta antologia teremos a mesma coisa: flautinhas de muita gente que registrou pedaços da cultura popular brasileira ao longo de séculos irão cantar novamente. Para você que me lê.

 

 

Ah!, mas é maravilhoso! Simplesmente maravilhoso! Eu mal começo a Antologia do Folclore Brasileiro, de Luís da Câmara Cascudo, e já tropeço no primeiro registro presencial do encontro das lendárias guerreiras amazonas! E por um religioso! Como todo respeito frade Gaspar de Carvajal; mas é impossível ignorar os meses e meses de fome e sede em uma viagem mortal em alto mar em um navio cheio de homens fedorentos e os paralelos freudianos tudo tudo misturado para explicar a sua visão das amazonas.

"Quero que saibam qual o motivo de se defenderem os índios de tal maneira. Hão de saber que eles são súditos tributários das Amazonas, e conhecida a nossa vinda, foram pedir-lhes socorro e vieram dez ou doze. A estas nós a vimos, que andavam combatendo diante de todos os índios como capitães e lutavam tão corajosamente que os índios não ousavam mostrar as espáduas, ao que fugia diante de nós, matavam a pauladas. Eis a razão por que os índios tanto se defendiam.

Estas mulheres são muito alvas e altas, com o cabelo muito comprido, entraçado e enrolado, na cabeça. São muito menbrudas e andam nuas em pêlo, tapadas as suas vergonhas, com os seus arcos e flechas nas mãos, fazendo tanta guerra como dez índios. E em verdade houve uma dessas mulheres que meteu um palmo de flecha por um dos bergantins, e as outras um pouco menos, de modo que os nossos bergantins pareciam porcos-espinhos."

(Frei Gaspar de Carvajal)

[Páginas 58 a 61 de Descobrimento do Rio Amazonas, de frei Gaspar de Carvajal, Alonso de Rojas e Cristobal de Acuña; com tradução e notas de C. de Melo-Leitão. Volume de número 203 da Colação Brasiliana {São Paulo, 1943}.].

Brancas, altas e com cabelos lisos. E todo o resto do relato do frei sugere que ele gostava de narrar uma luta: “... uma coisa maravilhosa de ver-se”.

 

 

- Aí vem a nossa comida pulando.

Mais uma história fabulosa, mas mais real. Quer dizer, também acredito nas amazonas; claro, claro. Cof! Cof! Mas onde eu estava? Como todo o respeito, mas não posso resistir e uso minha brasilidade como imunidade:

- Pula, Hans Staten, pula!

 

Pelo menos uma vez por mês a bebedeira indígena a noite toda, dançando sem parar, fazendo um barulho “formidável”. Repartem a comida e raramente ficam zangados uns com os outros. Isso é que é programa de índio!

 

Tentaram nos obrigar a sair do barco que encalhou no rio subitamente por causa da maré baixa. A ideia era fazer muita fumaça de pimenta e para isso os índios tentaram fazer uma fogueira, mas o fogo não pegou. Escapamos.

 

 

Bom, é de época e é preciso compreender; mas as palavras do padre Manuel da Nóbrega podiam ter aquela tolerância gentil dos antropólogos. Triste, triste.

 

 

A mesma coisa com o José de Anchieta, infelizmente. Os índios não conhecem o deus verdadeiro, mas em compensação os demônios selvagens eles conhecem praticamente todos, José de Anchieta? Triste, triste, mas é o contexto, o contexto.

 

 

 

Livremente inspirado em Antologia do Folclore Brasileiro, 1944, organizado pelo

Professor dos professores, o mestre dos mestres, a mistura de Aristóteles e poesia, a mistura do luar que perfuma o rio Potengi com o sol que vivifica o Rio Grande do Norte: Luís da Câmara Cascudo.

(2003, Global Editora e Distribuidora Ltda, São Paulo, edição em dois volumes.)

[1 de 25].

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Pulando, depois de 12 mil anos calado

 Pulando, depois de 12 mil anos calado

 

 

 Aos cantadores e violeiros analfabetos e geniais,

às velhas amas contadeiras de estórias maravilhosas

fontes perpétuas da literatura oral do Brasil, ofereço,

dedico e consagro este livro que jamais hão de ler...

Que jamais hão de ler; é verdade, mas elas e eles sempre estarão à espera de nós.

 

 

Luís da Câmara Cascudo adoooora fazer uma citação em língua estrangeira sem traduzir. Danado!, mas ele pode; amo ele então perdoo fácil fácil. Mas isso seria coisa para Global Editora fazer aqueeeelas notinhas de rodapé né? Pois é… Deixa pra lá.

 

 

O cancioneiro popular vai mais longe e eu preciso conhecer o Franz Boaz mais de perto. Quando meu amado Will Durant apresentou o Francisco Boaz para mim em A Filosofia da Vida, fiquei totalmente encantado e conquistado. Tem livro do Chiquinho Boaz em português? Preciso procurar.

 

 

Um apito pequenininho feito de um ossinho de animal ficou 12 mil anos em silêncio até ressuscitar pelas mãos de Hernandez-Pacheco, naquele encontro feliz em uma caverna em Paloma; Astúrias. Pois pois, aqui nesta antologia teremos a mesma coisa: flautinhas de muita gente que registrou pedaços da cultura popular brasileira ao longo de séculos irão cantar novamente. Para você que me lê.

 

 

Ah!, mas é maravilhoso! Simplesmente maravilhoso! Eu mal começo a Antologia do Folclore Brasileiro, de Luís da Câmara Cascudo, e já tropeço no primeiro registro presencial do encontro das lendárias guerreiras amazonas! E por um religioso! Como todo respeito frade Gaspar de Carvajal; mas é impossível ignorar os meses e meses de fome e sede em uma viagem mortal em alto mar em um navio cheio de homens fedorentos e os paralelos freudianos tudo tudo misturado para explicar a sua visão das amazonas.

"Quero que saibam qual o motivo de se defenderem os índios de tal maneira. Hão de saber que eles são súditos tributários das Amazonas, e conhecida a nossa vinda, foram pedir-lhes socorro e vieram dez ou doze. A estas nós a vimos, que andavam combatendo diante de todos os índios como capitães e lutavam tão corajosamente que os índios não ousavam mostrar as espáduas, ao que fugia diante de nós, matavam a pauladas. Eis a razão por que os índios tanto se defendiam.

Estas mulheres são muito alvas e altas, com o cabelo muito comprido, entraçado e enrolado, na cabeça. São muito menbrudas e andam nuas em pêlo, tapadas as suas vergonhas, com os seus arcos e flechas nas mãos, fazendo tanta guerra como dez índios. E em verdade houve uma dessas mulheres que meteu um palmo de flecha por um dos bergantins, e as outras um pouco menos, de modo que os nossos bergantins pareciam porcos-espinhos."

(Frei Gaspar de Carvajal)

[Páginas 58 a 61 de Descobrimento do Rio Amazonas, de frei Gaspar de Carvajal, Alonso de Rojas e Cristobal de Acuña; com tradução e notas de C. de Melo-Leitão. Volume de número 203 da Colação Brasiliana {São Paulo, 1943}.].

Brancas, altas e com cabelos lisos. E todo o resto do relato do frei sugere que ele gostava de narrar uma luta: “... uma coisa maravilhosa de ver-se”.

 

 

- Aí vem a nossa comida pulando.

Mais uma história fabulosa, mas mais real. Quer dizer, também acredito nas amazonas; claro, claro. Cof! Cof! Mas onde eu estava? Como todo o respeito, mas não posso resistir e uso minha brasilidade como imunidade:

- Pula, Hans Staten, pula!

 

Pelo menos uma vez por mês a bebedeira indígena a noite toda, dançando sem parar, fazendo um barulho “formidável”. Repartem a comida e raramente ficam zangados uns com os outros. Isso é que é programa de índio!

 

Tentaram nos obrigar a sair do barco que encalhou no rio subitamente por causa da maré baixa. A ideia era fazer muita fumaça de pimenta e para isso os índios tentaram fazer uma fogueira, mas o fogo não pegou. Escapamos.

 

 

Bom, é de época e é preciso compreender; mas as palavras do padre Manuel da Nóbrega podiam ter aquela tolerância gentil dos antropólogos. Triste, triste.

 

 

A mesma coisa com o José de Anchieta, infelizmente. Os índios não conhecem o deus verdadeiro, mas em compensação os demônios selvagens eles conhecem praticamente todos, José de Anchieta? Triste, triste, mas é o contexto, o contexto.

 

Livremente inspirado em Antologia do Folclore Brasileiro, 1944, organizado pelo:

Professor dos professores, o mestre dos mestres, a mistura de Aristóteles e poesia, a mistura do luar que perfuma o rio Potengi com o sol que vivifica o Rio Grande do Norte: Luís da Câmara Cascudo.

(2003, Global Editora e Distribuidora Ltda, São Paulo, edição em dois volumes.)

[1 de 25].

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

A Melhor Biblioteca do Brasil em 1994

 

A Melhor Biblioteca do Brasil em 1994



Mas sou mesmo uma marmota, como vocês já sabem. Falei da reportagem “Biblioteca Nacional” (Rinaldo Gama, Revista Veja, 23 de novembro de 1994) no post “O Caminho para Clarice” [ https://amorequeijo.blogspot.com/2022/06/o-caminho-para-clarice.html ], e fiquei devendo a lista de livros. Lista principal, claro, mas também a lista dos intelectuais convidados. Claro, claro, também. E, no final; aliás, não: as damas primeiro. Antes de tudo a lista das autoras citadas.

Para quem chegou agora: Cânone Ocidental, de Harold Bloom, já tinha sido lançado nos Estados Unidos há três meses com sucesso e a Editora Objetiva já planejava lançar o livro aqui no Brasil; inspirado nisso o Rinaldo Gama escreve a reportagem Biblioteca Nacional (Revista Veja, 23 de novembro de 1994).




AS AUTORAS LEMBRADAS

Elas não aparecem na lista final das 22 obras mais citadas que formam os mais importantes livros do Brasil em 1994, mas nas listas particulares elas aparecem.

Pausa.

Rinaldo Gama escreve na reportagem que foram ouvidos 15 intelectuais. Todos homens, como escrevi também em “O Caminho para Clarice”; ocorre que na reportagem aparecem a lista de onze. Faltou as listas de maiores livros do Brasil escolhidos pelo renascentista Darcy Ribeiro, o historiador José Murilo de Carvalho, o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos e o crítico literário Fábio Lucas. Se estes citaram mulheres, lamento, não tive acesso à lista de livros que eles votaram por não estarem na reportagem.

Então vamos lá.

O LUSTRE – Clarice Lispector. (Lembrado pelo Celso Furtado.)

LAÇOS DE FAMÍLIA – Clarice Lispector. (Lembrada duas vezes; pelo Alfredo Bosi e pelo Ferreira Gullar.)

ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA – Cecília Meireles. (Lembrado pelo João Ubaldo Ribeiro).

O MESSIANISMO NO BRASIL E NO MUNDO – Maria Isaura de Queiróz. (Lembrado pelo Roberto DaMatta.)

DA MONARQUIA A REPÚBLICA – Emília Viotti da Costa. (Lembrado pelo Roberto DaMatta.)

QUARTO DE DESPEJO – Carolina de Jesus. (Lembrado pelo Roberto daMatta).

Uma nota: dos 11 autores que na reportagem de Rinaldo Gama apareceram com as suas obras listadas, o Roberto DaMatta foi quem mais lembrou de autoras. Ele lembrou de três autoras. Todos os outros, quando lembraram das autoras; ficaram em apenas uma autora.

Agora vamos para a lista principal, a lista dos 22 mais importantes livros do Brasil. Em 1994.




Os Mais Importantes Livros do Brasil (eleição em 1994).

(Reportagem “Biblioteca Nacional” [Rinaldo Gama, Revista Veja, 23 de novembro de 1994].)

É interessante especular como seria uma votação semelhante mais recente. 2004, 2014 ou mesmo hoje em 2023.

OS SERTÕES – Euclides da Cunha (lembrado por 15 votantes).

CASA-GRANDE & SENZALA – Gilberto Freyre (lembrado por 14 votantes).

GRANDE SERTÃO: VEREDAS – João Guimarães Rosa (lembrado por 13 votantes).

MACUNAÍMA – Mário de Andrade (lembrado por 11 votantes).

DOM CASMURRO – Joaquim Maria Machado de Assis (lembrado por 8 votantes).

RAÍZES DO BRASIL – Sérgio Buarque de Holanda (lembrado por 8 votantes).

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS – Joaquim Maria Machado de Assis (lembrado por 7 votantes).

VIDAS SECAS – Graciliano Ramos (lembrado por 6 votantes).

UM ESTADISTA DO IMPÉRIO – Joaquim Nabuco (lembrado por 6 votantes).

FORMAÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA – Antônio Cândido (lembrado por 5 votantes).

O TEMPO E O VENTO – Erico Verissimo. (Lembrado por 5 votantes).

FOGO MORTO – José Lins do Rego. (Lembrado por 5 votantes).

FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL – Celso Furtado. (Lembrado por 5 votantes).

O POETA GREGÓRIO DE MATOS (Lembrado por 5 votantes).

OS DONOS DO PODER – Raymundo Faoro. (Lembrado por 4 votantes).

TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA – Lima Barreto. (Lembrado por 4 votantes).

FORMAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEOS – Caio Prado Júnior. (Lembrado por 4 votantes).

O ATENEU – Raul Pompéia. (Lembrado por 4 votantes).

IRACEMA – José de Alencar. (Lembrado por 4 votantes).

GABRIELA, CRAVO E CANELA – Jorge Amado. (Lembrado por 4 votantes).

O POETA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (Lembrado por 4 votantes).

O POETA MANUEL BANDEIRA (Lembrado por 4 votantes).

Todo mundo lembrou-se de Joaquim Maria Machado de Assis. O único a aparecer duas vezes na lista. Uma vez mais confirma o seu lugar central nas letras brasileiras. Isoladamente Os Sertões, de Euclides da Cunha, é o livro “vencedor”. Bom lembrar aqui de Eduardo Bueno em sua História do Brasil (1997, Folha da Manhã e Zero Hora/RBS Jornal. Segunda edição.) escrevendo sobre este livro: “talvez o maior clássico da literatura brasileira”. Há mais prosa que poesia; há mais romances que poesia; e 36% de obras são de não-ficção. Foram citados 152 livros e destes 112 tiveram apenas uma citação (74%); o que indica a existência sim de um cânone nacional. E este é velho, pois mais novo livro da lista (Formação Econômica do Brasil, do Celso Furtado) é de 1960. O Brasil na lista é mais rural do que urbano, explicado pelo fato que foi só no começo do século XX que a urbanização realmente começou por aqui. “Obrigado”, Dom Pedro II; seu tonto. Um espectro ronda diagonalmente o cânone nacional: a procura pela identidade nacional: não sabemos quem somos até 1994: sabemos quem somos em 2023? Ninguém me perguntou, mas eu respondo: ainda não sabemos quem somos.



Agora a menção honrosa / casos curiosos:

O POETA GONÇALVES DIAS.

Ele foi lembrado pelo Wilson Martins, Alfredo Bosi, Ferreira Gullar e pelo Josué Montello. Foram quatro votos, portanto. A mesma pontuação de Drummond e Bandeira. Não seria suficiente para entrar na lista também? Ah, Rinaldo Gama… (risos)


O POETA JOÃO CABRAL DE MELO NETO.

Ele foi lembrado pelo João Ubaldo Ribeiro, Ferreira Gullar, pelo Josué Montello e pelo Luís Costa Lima. Ou seja, também quatro votos como o Gonçalves Dias e também era outro que devia e acabou não fazendo companhia a Bandeira e Drummond. Ah, Rinaldo Gama… (risos)


O POETA CASTRO ALVES.

Este poeta recebeu três votos; foi lembrado pelo João Ubaldo Ribeiro, José Paulo Paes e pelo Josué Montello. Não entrou na lista final “justos-técnicos”, por assim dizer. É interessante aqui fazer o paralelo com o verbete “Castro Alves” escrito pelo Afrânio Coutinho para a Enciclopédia Barsa (Encyclopedia Britannica Editores Ltda., “impresso nos Estados Unidos do Brasil”, 1967. A edição “vulgata” [risos].). Cito um trecho:

O mais popular do Brasil, pelo número de edições e afinidade com as qualidades da alma de seu povo, pode ser considerado o bardo nacional.” Lindas palavras. Castro Alves perdeu para Bandeira e Drummond em 1994, sobre este último na reportagem de Rinaldo Gama o professor Antônio Medina Rodrigues escreve: “(Drummond) a síntese mais fina e profunda da cultura brasileira.Ou seja, Drummond foi elogiado quase da mesma forma que Castro Alves: um resumo possível da alma brasileira. Na dúvida, claro claro, leia os dois poetas.


OS SERMÕES – Padre Antônio Vieira.

Aquele que o poeta português Fernando Pessoa chamou de “o imperador da língua portuguesa” e que a minha professora de literatura no colégio disse que daria um braço para passar uma tarde conversando; só recebeu o voto do João Ubaldo Ribeiro.


Eu senti falta ainda de algum livro sobre Aleijadinho, Getúlio Vargas (“o brasileiro mais importante do século XX”, segundo uma entrevista que eu vi na televisão com o Fernando Moraes; mas não lembro quando e onde e nem sei se depois ele mudou de opinião) e algum livro sobre futebol e sobre música popular brasileira. Sem mencionar claro claro claro claro, que mais uma vez mais uma vez mais uma vez e mais uma vez esqueceram o professor dos professores, o mestre dos mestres, a mistura de poesia e Aristóteles e a mistura do Sol sobre o Rio Grande do Norte com o Luar sob o Rio Potengi; o Luís da Câmara Cascudo. Lembraram do amigo dele, o Gilberto Freyre. Aliás, pausa pausa. É até bom que atualiza bem o trem aqui “tão” 1994. O grupo Casa do Saber ( https://casadosaber.com.br/ e https://www.youtube.com/@casadosaber/featured ) planeja em 2023 lançar um curso chamado “Pensadores e Pensadoras do Brasil” ( https://www.youtube.com/watch?v=Q7EQ9dfzqeg ). Três coisas. Primeiro que o nome está errado, tinha que ser “PensadoRAS e pensadores do Brasil”. As damas primeiro, sempre. Segundo que pelo trailer não vai haver imparcialidade no trato do Gilberto Freyre e isso não é justo. E o terceiro ponto, claro claro, é a ausência mais uma vez em um grupo de acadêmicos alguém lembrando do Luís da Câmara Cascudo. Não sou assinante da Casa do Saber, mas já assisti a vários vídeos de lá e eu recomendo.




Agora as 11 listas. O “*” fica diante de algum livro que eu achei curioso. Curioso por quê? O critério? Sei lá. Completamente subjetivo o meu trem.


A lista de CELSO FURTADO, economista e político.

DOM CASMURRO – Joaquim Maria Machado de Assis.

O GUARANI – José de Alencar.

VIDAS SECAS – Graciliano Ramos.

GRANDE SERTÃO: VEREDAS – Guimarães Rosa.

GABRIELA, CRAVO E CANELA – Jorge Amado.

MENINO DE ENGENHO – José Lins do Rego.

MACUNAÍMA – Mário de Andrade.

O ATENEU – Raul Pompéia.

QUARUP – Antônio Calado.

O LUSTRE – Clarice Lispector.

CASA-GRANDE & SENZALA – Gilberto Freyre.

OS SERTÕES – Euclides da Cunha.

MINHA FORMAÇÃO – Joaquim Nabuco.

RAÍZES DO BRASIL – Sérgio Buarque de Holanda.

FORMAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEO – Caio Prado Júnior.

FORMAÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA – Antônio Cândido.

AVES DO BRASIL – Augusto Ruschi.

OSCAR NIEMEYER – Oscar Niemeyer.

EXPOSIÇÃO AOS CREDORES – Visconde de Mauá. ( * )

FLUXO E REFLUXO – Pierre Vergé.




A lista do WILSON MARTINS, crítico literário.

A CULTURA BRASILEIRA – Fernando de Azevedo.

QUINCAS BORBA – Joaquim Maria Machado de Assis.

FORMAÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA – Antônio Cândido.

O GUARANI – José de Alencar.

OS SERTÕES – Euclides da Cunha.

CASA-GRANDE & SENZALA – Gilberto Freyre.

DOM JOÃO VI NO BRASIL – Manuel de Oliveira Lima. ( * )

PRIMEIROS CANTOS – Gonçalves Dias.

CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA DAS IDEIAS NO BRASIL – Cruz Costa.

A LITERATURA NO BRASIL – Afrânio Coutinho.

RIO BRANCO – Álvaro Lins.

HISTÓRIA DO POSITIVISMO NO BRASIL – Ivan Lins.

HISTÓRIA DA INTELIGÊNCIA BRASILEIRA – Wilson Martins. (Humildade, héin Wilson?)

PANORAMA DO MOVIMENTO SIMBOLISTA BRASILEIRO – Andrade Murici.

UM ESTADISTA DO IMPÉRIO – Joaquim Nabuco.

O LIVRO, O JORNAL E TIPOGRAFIA NO BRASIL – Carlos Rizzini.

HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA – Sílvio Romero.

A ROSA DO POVO – Carlos Drummond de Andrade.

GRANDE SERTÃO: VEREDAS – Guimarães Rosa.

POPULAÇÕES MERIDIONAIS DO BRASIL – Oliveira Viana.




A lista de ALFREDO BOSI, professor, escritor e crítico literário.

POESIAS COMPLETAS – Gregório de Matos.

O URUGUAI – Basílio da Gama.

POESIAS COMPLETAS – Gonçalves Dias. ( * )

IRACEMA – José de Alencar.

DOM CASMURRO – Joaquim Maria Machado de Assis.

O ABOLICIONISMO – Joaquim Nabuco.

O ATENEU – Raul Pompéia.

OS SERTÕES – Euclides da Cunha.

TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMO – Lima Barreto.

MACUNAÍMA – Mário de Andrade.

VIDAS SECAS – Graciliano Ramos.

FOGO MORTO – José Lins do Rego.

FORMAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEO – Caio Prado Júnior.

FORMAÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA – Antônio Cândido.

CASA-GRANDE & SENZALA – Gilberto Freyre.

GRANDE SERTÃO: VEREDAS – João Guimarães Rosa.

POESIA COMPLETA – Carlos Drummond de Andrade.

POESIA COMPLETA – Manuel Bandeira.

LAÇOS DE FAMÍLIA – Clarice Lispector.

O ESCRAVISMO COLONIAL – Jacob Gorender.




A lista de JOÃO UBALDO RIBEIRO, escritor.

SERMÕES COMPLETOS – Padre Antônio Vieira.

FORMAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEO – Caio Prado Júnior.

ESPUMAS FLUTUANTES – Castro Alves.

ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA – Cecília Meireles.

O TEMPO E O VENTO – Érico Veríssimo.

OS SERTÕES – Euclides da Cunha.

CASA-GRANDE & SENZALA – Gilberto Freyre.

VIDAS SECAS – Graciliano Ramos.

POESIA COMPLETA – Gregório de Matos.

GRANDE SERTÃO: VEREDAS – João Guimarães Rosa.

TERCEIRA FEIRA – João Cabral de Melo Neto.

ENSAIOS – João Ribeiro. ( * )

MAR MORTO – Jorge Amado.

INVENÇÃO DE ORFEU – Jorge de Lima.

IRACEMA – José de Alencar.

TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA – Lima Barreto.

DOM CASMURRO – Joaquim Maria Machado de Assis.

MACUNAÍMA – Mário de Andrade.

OBRA INFANTIL – Monteiro Lobato.

RAÍZES DO BRASIL – Sérgio Buarque de Holanda.




A lista de ROBERTO CAMPOS, economista e político.

CASA-GRANDE & SENZALA – Gilberto Freyre.

OS SERTÕES – Euclides da Cunha.

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS – Joaquim Maria Machado de Assis.

GRANDE SERTÃO: VEREDAS – João Guimarães Rosa.

ENSAIOS ANALÍTICOS – Mario Henrique Simonsen. ( * )

FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL – Celso Furtado.

LIBERALISMO ANTIGO E MODERNO – José Guilherme Merquior.

UM ESTADISTA DO IMPÉRIO – Joaquim Nabuco.

INSTITUIÇÕES POLÍTICAS BRASILEIRAS – Oliveira Vianna.

HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA – Sílvio Romero.

HISTÓRIA DA INTELIGÊNCIA BRASILEIRA – Wilson Martins.

RAÍZES DO BRASIL – Sérgio Buarque de Holanda.

OS DONOS DO PODER – Raymundo Faoro.

FILOSOFIA DO DIREITO – Miguel Reale.

PRINCÍPIOS DE ECONOMIA MONETÁRIA – Eugênio Gudin.

COMENTÁRIOS AO CÓDIGO CIVIL – Pontes de Miranda.

POESIAS COMPLETAS – Gregório de Matos.

CARTAS DA INGLATERRA – Rui Barbosa.

O ÍNDIO BRASILEIRO E A REVOLUÇÃO FRANCESA – Afonso Arinos.

POESIAS COMPLETAS – Carlos Drummond de Andrade.




A lista de JOSÉ PAULO PAES, poeta e tradutor.

POESIAS COMPLETAS – Gregório de Matos.

MARÍLIA DE DIRCEU – Tomás Antônio Gonzaga.

MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS – Manuel Antônio de Almeida.

OS ESCRAVOS – Castro Alves.

O CORTIÇO – Aluísio de Azevedo.

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS – Joaquim Maria Machado de Assis.

DOM CASMURRO – Joaquim Maria Machado de Assis.

OS SERTÕES – Euclides da Cunha.

EU – Augusto dos Anjos. ( * )

TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA – Lima Barreto.

MACUNAÍMA – Mário de Andrade.

A SAGA DO SÍTIO DO PICA-PAU AMARELO – Monteiro Lobato.

FOGO MORTO – José Lins do Rego.

VIDAS SECAS – Graciliano Ramos.

POESIAS COMPLETAS – Manuel Bandeira.

POESIAS COMPLETAS – Carlos Drummond de Andrade.

CASA-GRANDE & SENZALA – Gilberto Freyre.

GRANDE SERTÃO: VEREDAS – João Guimarães Rosa.

O TEMPO E O VENTO – Érico Veríssimo.

GABRIELA, CRAVO E CANELA – Jorge Amado.



A lista de FERREIRA GULLAR, poeta.

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS – Joaquim Maria Machado de Assis.

IRACEMA – José de Alencar.

OS SERTÕES – Euclides da Cunha.

ÚLTIMOS CANTOS – Gonçalves Dias.

EU – Augusto dos Anjos. ( * )

MACUNAÍMA – Mário de Andrade.

VIDAS SECAS – Graciliano Ramos.

FOGO MORTO – José Lins do Rego.

GABRIELA, CRAVO E CANELA – Jorge Amado.

GRANDE SERTÃO: VEREDAS – João Guimarães Rosa.

LAÇOS DE FAMÍLIA – Clarice Lispector.

LIBERTINAGEM – Manuel Bandeira.

A ROSA DO POVO – Carlos Drummond de Andrade.

POESIA LIBERDADE – Murilo Mendes.

DUAS ÁGUAS – João Cabral de Melo Neto.

VESTIDO DE NOIVA – Nelson Rodrigues.

O PAGADOR DE PROMESSAS – Dias Gomes.

FORMAÇÃO HISTÓRICA DO BRASIL – Nelson Werneck Sodré.

RAÍZES DO BRASIL – Sérgio Buarque de Holanda.

O COBRADOR – Rubem Fonseca.




A lista de FRANCISCO IGLÉSIAS, historiador e que não é meu parente segundo uma parente dele de personalidade forte no FaceBook anos e anos atrás que eu tenho que contar essa história um dia saudade dela que era produtora cultural e até saiu do país se não me falha a memória e “iglésias” é sobrenome comum no sul da Espanha o único famoso da minha família lá parece ser um rebelde republicano da época da Guerra Civil Espanhola (1936-1939) mas nem disso tenho certeza assim como porque não estou conseguindo usar vírgulas aqui apenas o ponto final ponto. Eu sou muito estranho, mas no geral você pode confiar em mim. Ponto.

O BRASIL NA HISTÓRIA – Manuel Bonfim.

HISTÓRIA CONCISA DA LITERATURA BRASILEIRA – Alfredo Bosi.

FORMAÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA – Antônio Cândido.

OS SERTÕES – Euclides da Cunha.

OS DONOS DO PODER – Raymundo Faoro.

A REVOLUÇÃO BURGUESA NO BRASIL – Florestan Fernandes.

CASA-GRANDE & SENZALA – Gilberto Freyre.

FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL – Celso Furtado.

RAÍZES DO BRASIL – Sérgio Buarque de Holanda.

CORONELISMO, ENXADA E VOTO – Vitor Nunes Leal.

MACUNAÍMA – Mário de Andrade.

GRANDE SERTÃO: VEREDAS – João Guimarães Rosa.

UM ESTADISTA DO IMPÉRIO – Joaquim Nabuco.

CONSCIÊNCIA E REALIDADE NACIONAL – Álvaro Vieira Pinto. ( * )

FORMAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEO – Caio Prado Júnior.

ASPIRAÇÕES NACIONAIS – José Honório Rodrigues.

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS – Joaquim Maria Machado de Assis.

A POLÍTICA GERAL DO BRASIL – José Maria dos Santos.

INTRODUÇÃO À REVOLUÇÃO BRASILEIRA – Nelson Werneck Sodré.

O TEMPO E O VENTO – Érico Veríssimo.




A lista de ROBERTO DAMATTA, antropólogo.

O ALIENISTA – Joaquim Maria Machado de Assis.

OS BRUZUNDANGAS – Lima Barreto.

GABRIELA, CRAVO E CANELA – Jorge Amado.

SAGARANA – Guimarães Rosa.

GATO PRETO EM CAMPO DE NEVE – Érico Veríssimo. ( * )

FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL – Celso Furtado.

OS SERTÕES – Euclides da Cunha.

CASA-GRANDE & SENZALA – Gilberto Freyre.

RAÍZES DO BRASIL – Sérgio Buarque de Holanda.

BANDEIRANTES E PIONEIROS – Viana Moog.

DIALÉTICA DA MALANDRAGEM – Antônio Cândido.

O MESSIANISMO NO BRASIL E NO MUNDO – Maria Isaura de Queiróz.

O NEGRO NO MUNDO DOS BRANCOS – Florestan Fernandes.

TANTO PRETO QUANTO BRANCO – Oracy Nogueira.

DA MONARQUIA A REPÚBLICA – Emília Viotti da Costa.

CAPITALISMO AUTORITÁRIO E CAMPESINATO – Otávio Velho.

QUARTO DE DESPEJO – Carolina de Jesus.

BRASIL AOS TRANCOS E BARRANCOS – Darcy Ribeiro.

A VIDA COMO ELA É – Nelson Rodrigues.

MACUNAÍMA – Mário de Andrade.




A lista de JOSUÉ MONTELLO, escritor.

POESIAS COMPLETAS – Gregório de Matos.

MARÍLIA DE DIRCEU – T. A. Gonzaga.

CANTOS – Gonçalves Dias.

ESPUMAS FLUTUANTES – Castro Alves.

OS SERTÕES – Euclides da Cunha.

MEMÓRIA DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS – Manuel Antônio de Almeida.

BROQUÉIS – Cruz e Souza.

UM ESTADISTA DO IMPÉRIO – Joaquim Nabuco.

JORNAL DE TIMON – João Francisco de Lisboa. ( * )

DOM CASMURRO – Joaquim Maria Machado de Assis.

CASA-GRANDE & SENZALA – Gilberto Freyre.

LIRA DOS CINQUENT´ANOS – Manuel Bandeira.

FOGO MORTO – José Lins do Rego.

O TEMPO E O VENTO – Érico Veríssimo.

SEGREDOS DA INFÂNCIA – Augusto Meyer.

OS VELHOS MARINHEIROS – Jorge Amado.

MACUNAÍMA – Mário de Andrade.

MORTE E VIDA SEVERINA – João Cabral de Melo Neto.

GRANDE SERTÃO: VEREDAS – João Guimarães Rosa.

OS DONOS DO PODER – Raymundo Faoro.




A lista de LUÍS COSTA LIMA, professor e ensaísta.

IRACEMA – José de Alencar.

MEMÓRAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS – Joaquim Maria Machado de Assis.

QUINCAS BORBA – Joaquim Maria Machado de Assis.

UM ESTADISTA DO IMPÉRIO – Joaquim Nabuco.

OS SERTÕES – Euclides da Cunha.

CASA-GRANDE & SENZALA – Gilberto Freyre.

INSTITUIÇÕES POLÍTICAS BRASILEIRAS – Oliveira Viana.

A AMÉRICA LATINA – Manoel Bomfim.

MACUNAÍMA – Mário de Andrade.

MEMÓRIAS SENTIMENTAIS DE JOÃO MIRAMAR – Oswald de Andrade.

SERAFIM PONTE GRANDE – Oswald de Andrade.

LIBERTINAGEM – Manuel Bandeira.

SENTIMENTO DO MUNDO – Carlos Drummond de Andrade.

POESIA LIBERDADE – Murilo Mendes.

EDUCAÇÃO PELA PEDRA – João Cabral de Melo Neto.

GRANDE SERTÃO: VEREDAS – João Guimarães Rosa.

ANGÚSTIA – Graciliano Ramos.

MENINA MORTA – Cornélio Pena. ( * )

VISÃO DO PARAÍSO – Sérgio Buarque de Holanda.

TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA – Lima Barreto.