domingo, 27 de setembro de 2020

27 de setembro de 2020 e 26 de dezembro de 2019


 Os mestres: Luís da Câmara Cascudo; Anton Chekov; Franz Kafka; Rubem Alves; e George Orwell. Escrevi "mestres" e não "mestres da ficção" porque não sei como classificar Câmara Cascudo e o Rubem.

 _The masters: Luís da Câmara Cascudo; Anton Chekov; Franz Kafka; Rubem Alves; and Ruy Castro. I wrote "masters" and not "masters of fiction" because I don't know how to rate Câmara Cascudo and Rubem._


 LUÍS DA CÂMARA CASCUDO (xilogravura de J. Campos, editada por mim)

Em 2017 eu sofri uma desilusão amorosa que quase me destruiu e que ainda hoje rasga a minha carne. Em 2017 eu finalmente decidi começar um tratamento com um psicólogo. E foi em 2017 que eu li pela primeira vez Luís da Câmara Cascudo. 2017 realmente partiu a minha vida ao meio.


 _In 2017 I suffered a love disappointment that almost destroyed me and that still tears my flesh today. In 2017 I finally decided to start a treatment with a psychologist. And it was in 2017 that I first read Luis from the Cascudo Chamber. 2017 really broke my life in half._


 Aristoteles + poesia + a lua e o sol refletidos no rio Potengi = Luís da Câmara Cascudo.


O universo conspirou: era a primeira vez que eu via os livros dele e eu estava com muito dinheiro. Uma mulher que também estava na livraria até levou um susto: "minha nossa, mas tudo isso?"


Não é porque Câmara Cascudo escreve sobre cultura popular brasileira o que o torna um tesouro só existente no Brasil; é o modo como ele escreve e o modo como ele pensa. Há algum Joaquim Nabuco dos Estados Unidos e a Irlanda tem em James Joyce a sua versão de João Guimarães Rosa. Mas Câmara Cascudo só pode existir no Brasil e por causa dele eu amo ainda mais o meu país.


 _ Aristoteles + poetry + the moon and sun reflected in the Potengi River = Luís da Câmara Cascudo.


The universe conspired: it was the first time I saw his books and I had a lot of money. A woman who was also in the bookstore even took a fright: "my ours, but all this?"


It is not because Câmara Cascudo writes about Brazilian popular culture which makes it a treasure only existing in Brazil; is the way he writes and the way he thinks. There are some Joaquim Nabuco of the United States and Ireland has in James Joyce his version of João Guimarães Rosa. But Câmara Cascudo can only exist in Brazil and because of it I love my country even more. _


 ANTON CHEKHOV

É Amor. Eu não sei explicar. Eu não queria morar em uma ilha deserta para ficar longe da dor; eu não queria morar no planeta Saturno para ver sempre os seus lindos anéis; eu queria morar nos contos de Anton Chekhov.


 _It's Love. I can't explain. I didn't want to live on a deserted island to stay away from the pain; I didn't want to live on planet Saturn to always see its beautiful rings; I wanted to live in Anton Chekhov's short stories._


E é uma história muito antiga. Colégio, livro de contos curtos para as aulas de literatura. E com "A Mulher do Farmacêutico"; tudo começou.


A dor e o humor são diferentes porque a atmosfera é russa e é antiga; são diferentes porque estamos em um outro mundo. Mas é um mundo que consegue ecoar em meu mundo interior.


 _ And it's a very old story. College, short story book for literature classes. And with "The Pharmacist's Wife"; what started all over.


Pain and sense of humor are different because the atmosphere is Russian and is ancient; are different because we are in another world. But it's a world that can echo in my inner world. _


FRANZ KAFKA

Começou artificial: para ser um intelectual eu concluí que precisava de Proust, Joyce ou Kafka; acabei escolhendo o Kafka. Depois de ler os seus textos mais importantes eu não me importo mais em ser ou não um intelectual. Ficou natural. Descobri um amigo.


 _ It started artificially: to be an intellectual I concluded that I needed Proust, Joyce or Kafka; I ended up choosing Kafka. After reading your most important texts I no longer care about being an intellectual. It's natural. I found a friend. _


 Mas é justo eu sentir orgulho por ter lido os textos clássicos de Kafka, um dos autores fundamentais do século XX. Mas eu não tenho coisas de crítico literário a dizer a vocês. Talvez algo original seja dizer que em Kafka os diálogos são fabulosos. Dignos de aparecer em teatro ou em filmes no cinema. Detalhe que não lembro de ser mencionado por aí.


Há a memória afetiva. Sempre o mais importante. O prazer de ler os livros, a cor das páginas, marcando a lápis os trechos mais interessantes para conseguir decifrar os mistérios de um gênio da literatura... Que prazer, que prazer.


 _But it's only fair that I feel proud to have read the classic texts of Kafka, one of the fundamental authors of the 20th century. But I don't have things of literary critic telling you. Maybe something unique is to say that in Kafka the dialogues are fabulous. Worthy of appearing in theater or in movies in the movies. Detail I don't remember being mentioned out there.


There's affective memory. Always the most important thing. The pleasure of reading the books, the color of the pages, highlighting in pencil the most interesting excerpts to be able to decipher the mysteries of a genius of literature... What a pleasure, what a pleasure._


RUBEM ALVES

É fácil subestimar o Rubem Alves. De maneira explícita ou com o desprezo educado. Poético, popular, doce, espiritual, escrevendo mensagens positivas... É fácil subestimar o Rubem Alves. Mas eu sei que ele é um dos maiores pensadores brasileiros de todos os tempos.


 _ It's easy to underestimate Rubem Alves. Explicitly or with polite contempt. Poetic, popular, sweet, spiritual, writing positive messages... It's easy to underestimate Rubem Alves. But I know he's one of the greatest Brazilian thinkers of all time. _


O seu "O que é religião?" é uma obra-prima; comparável a Berkeley, Nietzsche e Pascal quanto ao poder de concisão: cada parágrafo ali poderia ser reescrito ou comentado em dezenas de páginas ricas em ideias.


Os seus textos são simplesmente perfeitos. O que parece ser ingenuidade ou leveza, na verdade é força e convite ao desafio. A erudição em autores como Rubem Alves não humilha os seus leitores, a erudição deles deixa os seus leitores sentindo fome. A simplicidade em autores como Rubem Alves nos encoraja a nós mesmos a gritar para todos quem nós somos. Quando eu finalmente crescer, eu gostaria de ser uma mistura de Rubem Alves e Luís da Câmara Cascudo.


_ Your "What is religion?" is a masterpiece; comparable to Berkeley, Nietzsche and Pascal as to the power of conciseness: each paragraph there could be rewritten or commented on dozens of pages rich in ideas.


Your texts are simply perfect. What seems to be naivety or lightness, is actually strength and invitation to challenge. The scholarship in authors like Rubem Alves does not humiliate their readers, their scholarship leaves their readers feeling hungry. Simplicity in authors like Rubem Alves encourages us to shout at all who we are. When I finally grow up, I'd like to be a mixture of Rubem Alves and Luís da Câmara Cascudo. _


GEORGE ORWELL (desenho de Thiago Machado)


Todo mundo conhece o George Orwell. Para mim ele é honestidade e coragem. E também é Amor. Muito Amor.


 _Everybody knows George Orwell. To me he's honesty and courage. And it's love, too. Lots of love._


 Assim como Anton Chekhov a minha história com Orwell é antiga, do tempo do colégio. Em um teste de história, a professora havia impresso uma fotografia de um desempregado e também um trecho de "Wigan Pier". Mas era apenas isso. Me chamou a atenção, mas era apenas isso. Um ou dois anos depois; eu estou com 14 anos e quero ler. Descobri que existem livros que influenciaram filmes e outros livros! Oh! Que havia livros que falavam sobre como seria o nosso futuro! Oh! Oh! (risos) Descobri que os dois clássicos eram "Admirável Mundo Novo", do Huxley, e "1984", de Orwell. Pedi para meu pai comprar os dois, mas ele só encontrou "1984". E assim começou a minha história de amor com este britânico.


A leitura de "1984" foi um dos meus momentos mais marcantes. Eu tinha medo de ler errado e de acreditar nos vilões e não no herói! Quando ele leu "Eu te amo', meu coração quase parou! E eu sentia o gosto oleoso e nauseante do Gin Vitória em meus lábios! Inesquecível!


Obrigado, George. Muito obrigado.


_ Just like Anton Chekhov, my story with Orwell is old, from high school time. In a history test, the teacher had printed a photograph of an unemployed person and also an excerpt from "Wigan Pier". But that's all it was. It caught my eye, but that's all. One or two years later; I'm 14 years old and I want to read it. I found that there are books that influenced movies and other books! Oh! That there were books that talked about what our future would look like! Oh! Oh! (laughs) I discovered that the two classics were Huxley's "Brave New World", and Orwell's "1984. I asked my father to buy them both, but he only found "1984". And so began my love story with this British.


Reading "1984" was one of my most remarkable moments. I was afraid to read it wrong and believe in the villains and not the hero! When he read '"I love you', my heart almost stopped! And I felt the oily and nauseating taste of Gin Victoria on my lips! Unforgettable!


Thank you, George. Thank you very much. _


A lista dos ignorados injustamente é formosa e me enche de vergonha: Lygia Bojunga, Gabrielle S. Colette, Albert Camus, Hermann Hesse, Anatole France, Ruy CastrO, Jack London e Diogo Mainardi.


"Livro - Um Encontro com Lygia Bojunga": me influenciou, mas não sei como. Comprei muitos livros da Lygia e vou lar todos eles. Além de popular e premiada, Lygia edita os seus próprios livros e tem projetos culturais. Perfeita, perfeita.


"A Vagabunda" - Colette. O livro certo na hora certa. 2017. É. Me salvou?


Albert Camus. Leio Camus com uma volúpia que impressiona. Parece uma amigo que eu não vejo há tempos e aí conversamos alegres e sem parar. A metáfora é estranha, mas é exata.


Hermann Hesse. Minha nossa, como Hesse não esta na lista oficial? Como? Como?


Anatole France. "Thais" é simplesmente perfeito. Ciência e poesia. Um livro verdadeiro.


Ruy Castro. Eu leio 80 páginas sem piscar os olhos e sem respirar. O seu domínio da arte de escrever é soberbo.


Jack London. "O Povo do Abismo". Fazer parte daquela família que viveu um dos momentos mais incríveis da história: a virada do século XIX para o séculos XX.


Diogo Mainardi. Um dos mais polêmicos e influentes jornalistas, mas para mim era o autor de dois livros que li no mesmo dia que comprei. Tamanha era a minha fome e paixão. E eu colecionava os artigos dele na revista. Acontece que por falta de dinheiro, a minha família cancelou a assinatura da revista em 2002. Justamente quando Diogo iria ficar mais polêmico e influente. Acabei me afastando, mas a sua ironia e inteligência ainda me encanta. E a memória afetiva de devorar os seus dois livros.


_ The list of unjustly ignored is beautiful and fills me with shame: Lygia Bojunga, Gabrielle S. Colette, Albert Camus, Hermann Hesse, Anatole France, Ruy CastrO, Jack London and Diogo Mainardi.


"Book - A Meeting with Lygia Bojunga": influenced me, but I don't know how. I bought a lot of Lygia books and I'm going to home all of them. In addition to being popular and award-winning, Lygia publishes her own books and has cultural projects. Perfect, perfect.


"La Vagabonde" - Colette. The right book at the right time. 2017. Did you save me?


Albert Camus. I read Camus with a fickle that impresses. You seem like a friend I haven't seen in a long time, and then we talked cheerfully and non-stop. The metaphor is strange, but it's accurate.


Hermann Hesse. My God, how is Hesse not on the official list? As? As?


Anatole France. "Thais" is simply perfect. Science and poetry. A real book.


Ruy Castro. I read 80 pages without blinking my eyes and without breathing. Your mastery of the art of writing is superb.


Jack London. "The People of the Abyss". To be part of that family that lived one of the most incredible moments in history: the turn of the nineteenth century to the twentieth century.


Diogo Mainardi. One of the most controversial and influential journalists, but for me he was the author of two books I read the same day I bought. Such was my hunger and passion. And I collected his articles in the magazine. It turns out that for lack of money, my family canceled the magazine's subscription in 2002. Just when Diogo would become more controversial and influential. I ended up moving away, but your irony and intelligence still enchants me. And the affective memory of devouring your two books. _


_ Bing Tradutor _

sábado, 26 de setembro de 2020

26 de setembro de 2020 e 19 de dezembro de 2019


 Os mestres da não-ficção: Ariel e Will Durant; Nietzsche; Voltaire; Joseph Campbell e Bertrand Russell. E os brasileiros? Que falta de patriotismo! E mais: politicamente falando, a balança esta inclinada para o lado conservador...


Calma, calma. Os brasileiros aparecerão na lista de ficção (e a arte, a gente sabe, vai mais longe que a ciência e a religião). E eu sou brasileiro, eu sou. Isso é suficiente. Quanto ao conservadorismo político: as fronteiras nunca são linhas retas e alguém duvida que Bertrand Russell não seja capaz de me alertar se eu estiver indo muito à direita? Calma.


_ The masters of nonfiction: Ariel and Will Durant; Nietzsche; Voltaire; Joseph Campbell and Bertrand Russell. What about the Brazilians? What a lack of patriotism! What's more, politically speaking, the balance is tilted to the conservative side...


Easy, easy. Brazilians will appear on the fiction list (and art, we know, goes further than science and religion). And I'm Brazilian, I am. As for political conservatism: borders are never straight lines and does anyone doubt that Bertrand Russell is not able to warn me if I'm going too far to the right? Calm. _


ARIEL E WILL DURANT


A descoberta de Will Durant foi mágica, como o início de muitas histórias de Amor e paixão. Eu simplesmente não sei o momento que aconteceu. O livro estava ali, eu o lia; mas... O momento exato que passei a lê-lo de maneira diferente... O momento me escapa.


Will Durant's discovery was magical, like the beginning of many love and passion stories. I just don't know the moment that happened. The book was there, I read it; But... The exact moment I started reading it differently... The moment escapes me.

 

"História da Filosofia", de Will Durant, foi publicado em 1928 e é um clássico da divulgação científica. Eu nunca tinha visto um autor assim. Um humor que só era possível por causa de sua imparcialidade e uma imparcielidade que só era possível por causa de sua erudição. E uma prosa tão bonita quanto a mais bonita poesia. Como? Eu queria escrever assim.


Depois disso comprei todos os livros de Will Durant que encontrei em livrarias de livros velhos. E eu os li a com volúpia indecorosa.


_Will Durant's "History of Philosophy",was published in 1928 and is a classic of scientific dissemination. I've never seen an author like that before. A humor that was only possible because of its impartiality and an imparcielity that was only possible because of his erudition. And a prose as beautiful as the most beautiful poetry. As? I wanted to write like this.


After that I bought all the books of Will Durant I found in old book bookstores. And I read them with undecorous voluptuousness. _


NIETZSCHE


Frederico dispensa apresentações. A minha família e minha formação católica quase tornaram inevitável o início desta história de Amor. Meu filósofo favorito. Ser um humano é uma grande responsabilidade e também um grande prazer. Lembremos disso antes de pedir ajuda a Deus ou ajuda à alguma ideia platônica. Deus e Platão não discordam deste lembrete.


_Frederick dispenses with presentations. My family and Catholic background almost made inevitable the beginning of this love story. My favorite philosopher. Being a human is a great responsibility and also a great pleasure. Let us remember that before asking God for help or help to some platonic idea. God and Plato do not disagree with this reminder._


Os aforismos de Nietzsche são mágicos. Tudo é ambíguo. É materialista e espiritual. Poucas palavras, mas observações profundas sobre o humano e o mundo. E há algo de violento em sua erudição e em Amor pelo helenismo.


_Nietzsche's aphorisms are magical. Everything is ambiguous. It's materialistic and spiritual. Few words, but deep observations about the human and the world. And there's something violent about your erudition and love for Hellenism._


Uma pequena nota: friequentemente eu fico muito tempo sem lê-lo. Então quando volto para os braços do meu bigodudo alemão o prazer é tanto, que fico pensando se a abstinência não foi proposital. (risos)


_A little note: I often go a long time without reading it. So when I go back into the arms of my German mustache, the pleasure is so much, I wonder if the abstinence wasn't purposeful. (laughs)_


VOLTAIRE


A culpa é de Will Durant. Integralmente. Não há como não apaixonar-se por Voltaire, depois de ler "História da Filosofia" (Will Durant).


_It's Will Durant's fault. Fully. There's no way not to fall in love with Voltaire after reading the Philosophy Story(Will Durant)._


Coragem, poder, fama, inteligência, humor, criatividade. Ser apenas um homem e ao mesmo tempo resumir em si mesmo todo um século. E que século! Tinha que ser logo o século XVIII? Quem não gostaria de ser Voltaire?


_Courage, power, fame, intelligence, humor, creativity. Be just one man and at the same time sum up in himself a whole century. And what a century! Did it have to be the 18th century soon? Who wouldn't want to be Voltaire?_


JOSEPH CAMPBELL


Não sou ateu por dois motivos: arte e Campbell. Agnosticismo, do ponto de vista técnico, é a posição mais racional. Assim como é mais racional não ver fronteiras: religião, ciência, literatura, folclore, psicanálise, artes plásticas... É tudo a mesma coisa: o humano, o humano. Há a Rede de Indra e a necessária formação humanista. Obrigado, Campbell.


_I'm not an atheist for two reasons: art and Campbell. Agnosticism, from a technical point of view, is the most rational position. Just as it is more rational not to see boundaries: religion, science, literature, folklore, psychoanalysis, fine arts... It's all the same thing: the human, the human. There is the Indra Network and the necessary humanist formation. Thank you, Campbell._


A leitura de "O Herói de Mil Faces" foi uma dos meus momentos mais inesquecíveis. Mesmo quando li Machado de Assis, Kafka, Nietzsche; eu não tinha "a sensação de ler um clássico". Mas nesta obra-prima de Campbell foi diferente: era claro aos meus olhos o quanto este livro tinha marcado o século XX. Não sei explicar... Nos desenhos animados que via na televisão, nos filmes, na postura do ser humano na modernidade... Seria o caso de simplesmente resumir tudo aqui: você não precisa ler "O Herói de Mil Faces", você já leu e não sabe.


_Reading "The Hero of A Thousand Faces" was one of my most unforgettable moments. Even when I read Machado de Assis, Kafka, Nietzsche; I didn't have "the feeling of reading a classic". But in campbell's masterpiece it was different: it was clear in my eyes how much this book had marked the twentieth century. I can't explain... In the cartooni saw on television, in films, in the posture of the human being in modernity... It would be the case to simply summarize everything here: you don't need to read "The Hero of A Thousand Faces", you've read and don't know._


BERTRAND RUSSELL


Agora eu realmente precisaria ser o maior dos prosadores, o maior dos escritores. Porque agora eu vou escrever sobre Bertrand Russell. O meu primeiro Amor intelectual. Como eu não sou o maior dos escritores, vou tentar resumir o importante: leiam e se apaixonem pelo Bertie, por favor. Apenas isso.


Now I really needed to be the biggest of prosators, the greatest of writers. Because now I'm going to write about Bertrand Russell. My first Intellectual Love. Since I'm not the greatest of writers, I'll try to summarize the important thing: read and fall in love with Bertie, please. That's it, that's all.


O cheiro daquelas páginas amareladas e velhas. O toque naquelas páginas amareladas e velhas. A leitura de "Ensaios Céticos". O prazer de querer conhecer um autor. Procurando fotos do Bertrand Russell na internet, como se eu eu fosse uma menina fã de Jonas Brothers! (risos) A familiaridade e afetividade diante de alguém tão distante e ao mesmo tempo tão próximo. Ceticismo. Paixão. Engajamento político. Confirmação que filosofia tem valor. Confirmação que saber escrever é fundamental. Qualquer coisa que escrevo aqui é injusto e inexato. O que possso fazer? Bertrand Russell. Bertrand Russell para você, que agora esta me lendo. Para mim é o Bertie.


_The smell of those yellowish and old pages. Touch those yellowish and old pages. Reading "Skeptical Essays". The pleasure of wanting to meet an author. Looking for pictures of Bertrand Russell on the internet, like I'm a jonas brothers fan girl! (laughs) Familiarity and affection before someone so distant and at the same time so close. Skepticism. Passion. Political engagement. Confirmation that philosophy has value. Confirmation that knowing how to write is critical. Anything I write here is unfair and inaccurate. What can I do? Bertrand Russell. Bertrand Russell to you, who is now reading me. It's Bertie to me._


_ Bing Tradutor. _

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

25 de setembro de 2020


 É a melhor companhia para a sua mensagem para aquela pessoa... Cada cartão tem uma pintura a mão diferente. Além do cartão, tem o envelope e um plástico para proteger. Por este preço, Aldrin? Tem certeza? Que promoção imperdível!


Um comentário sobre hoje? Ah… Nada de especial. Está sendo um dia bom, mas nada de especial. Mas li e escrevi bastante e fiquei sabendo que vai passar um filme bom à noite: Vanilla Sky (Vanilla Sky, 2001, Penélope Cruz, Cameron Diaz, Alejandro Amenábar, Mateo Gil, Cameron Crowe).



Lúcio Flávio Pinto, O Maior Jornalista do Brasil + Portal UOL + Deutsche Welle = Atualidades Comentadas


https://lucioflaviopinto.wordpress.com/2020/09/25/aventuras-amazonicas 


As organizações Terra de Direitos e Justiça Global pesquisaram e os números da violência política partidária desde 2016 assustam e entristecem. Mais de 80 ameaças e mais de 100 assassinatos! E esta aumentando nos municípios.


O documentário de Stefanie Dodt, Thomas Aders e Deutsche Welle se chama Cúmplices? A Volkswagen e a Ditadura Militar Brasileira


O fungo Penicillium notatum, famoso pela parceria com Alexander Fleming que inaugurou a moderna luta contra as bactérias mortais; finalmente teve o seu genoma mapeado. 



HISTÓRIA DO SÉCULO 20 - BPC Publishing LTD/Abril Cultural, 1973.


No fim do século 19 e começo do 20, a Europa dominava o mundo. Mais especificamente algumas poucas nações europeias. Ainda mais especificamente, a Grã-Bretanha era o grande império. E a marinha da sua majestade garantia que qualquer outra potência europeia não sonhasse demais: era a Pax Britannia.


Alguns países até podiam sentir piedade dos bôers, mas com o poder naval inglês não havia brincadeira. Por outro lado, durante a Guerra dos Boxers, alguém sentiu piedade dos chineses oprimidos? Eram tempos do imperialismo cru.


1885 – O Congresso Nacional Indiano nasce.

1886 – Em Rand, no Transvaal, o ouro é descoberto. (África)

1894 – Visando defesa, a França e a Rússia assinam um tratado de cooperação. (Europa)

1895 – China e Japão entram em guerra e o Japão vence.

1897 – Em Shantung, o porto de Tsingtab é conquistado pelos alemães. (China)

1898 – Chamberlain tenta, mas não consegue construir uma aliança entre Alemanha e a Grã-Bretanha.

1900 – Os boxers entram em Pequim.

1901 – Mais uma tentativa de construir-se uma aliança entre Alemanha e a Grã-Bretanha fracassa.

1902 – A Guerra dos Bôers termina com a vitória dos ingleses. (África)

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

24 de setembro de 2020

 


Até um saco de lixo merece ser bonito. Por quê não? Abriremos o Atelier Valnize Iglesias em breve. Mais informações sobre produtos? E-mails: valnizeterra@yahoo.com.br ; aldrin_iglesias@yahoo.com.br .


Frequentemente quando meu psicólogo queria rápido rápido colocar os meus pés de volta ao chão, ele fazia uma pergunta simples: “Aldrin, você anda dormindo bem?” Aí eu respondia: “Não, não ando dormindo bem”. Depressão, desorganização e, as vezes, por algum motivo justo eu sempre durmo tarde. Isso é ruim para imunidade e para a memória. Mas ontem/hoje o motivo foi justo. A sinopse de "Ingrid Vai Para Oeste" (Ingrid Goes West, 2017, Aubrey Plaza,  Billy Magnussen e Matt Spicer) era tão esquisita que fui obrigado a assistir. Não me arrependi, esta acima da média sim. Neste filme é feito referências a duas obras antigas: The White Album, de Joan Didion; e The Deer Park, do Norman Mailer. Conheço, de nome, apenas o Mailer; mas pesquisando rápido parece que Didion teve os livros mais recentes seus traduzidos para o português.



Lúcio Flávio Pinto, o Maior Jornalista do Brasil + Portal UOL + Portal G1 + Rádio Itatiaia = Atualidades Comentadas


A Advocacia Geral da União teve um momento intenso de generosidade e promoveu diversos membros da Procuradoria-Geral da União. É muita gente de uma vez só, os salários novos serão bem altos. A gente fica assustado e triste porque o Brasil é pobre e o pessoal desta área podia ser um pouco monge franciscano. Há uma reforma administrativa que o Governo Bolsonaro tenta fazer e, naturalmente, ficamos pensando em coincidência estranha; mas parece que não é o caso. A reforma não atingiria os bacanas. 


O Governo Bolsonaro voltou atrás na portaria que orientava como devia ser algumas interrupções terapêuticas de gravidez. Lendo a respeito fiquei confuso com algumas incoerências quanto às mudanças realizadas nesta atual portaria comparada à sua antecessora, mas parece que sim o Governo ficou mais justo. Mas os detalhes são estranhos.


O nome é Novo Corona Vírus, um vírus novo. Será que depois de tantas mortes, sofrimento e meses será que já sabemos alguma coisa? Claro que sim. Uma coisa ruim é que parece que a Covid-19 não se interesse em saber notícias sobre meteorologia para ir ao trabalho, o clima não incomoda tanto assim o vírus. Uma coisa boa é que para um vírus ele não curte mutações, sendo mais estável que se pensava. Depois de uma coisa ruim e uma coisa boa, vem uma coisa misteriosa: a pessoa foi curada da Covid-19, mas mesmo depois de semanas há em seu corpo pedaços do material genético do Novo Corona Vírus. Algo inesperado que os cientistas não sabem explicar.


A Cidade Administrativa, sede do Governo do Estado de Minas Gerais, é um lugar que apenas conheço de fotos e imagens de televisão. Acho bonito o lugar. Sei que há alguns anos o pessoal que trabalha lá teve problemas por causa de uma infestação de carrapatos, o que tem uma dose de ironia dado que o lugar tem aquela arquitetura futurista e limpa/asséptica/vazia. Estou falando tudo isso porque o Ministério Público anda investigando os detalhes de como a Cidade Administrativa foi construída. É normal quando a gente vai reformar o banheiro ou trocar a janela, termos que gastar mais do que esperávamos. Imprevistos acontecem. A Cidade Administrativa custou o dobro do que foi calculado inicialmente. Mais de um bilhão! A equipe não planejou direito ou teve algo mais?


Falamos aqui da reforma administrativa que o Governo Bolsonaro está tentando fazer, agora é hora de falar da reforma tributária. Aparentemente o que está no horizonte é um zero triste: desoneração da folha de pagamento e novos tributos: todo mundo com emprego e ganhando pouco: como eu disse, aparentemente um zero triste. Vamos torcer para que tudo dê certo.



Leonardo Mota e a Sabedoria Brasileira

“Palmatória quebra dedo, mas não quebra opinião.”


Comentários.

Tem que ser na conversa, tem que ser pela razão. Isso é respeito e igualdade. É justo.



Lendo A CABANA (2007), de William P. Young e Amigos


Muito muito bom e promisso, no começo do primeiro capítulo começarmos com Robert Frost. Ou mais exatamente Larry Norman adaptando o poema mais famoso de Frost.  O Robert Frost eu conheço de memória por causa do filme Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poet Society, 1989, Tom Schulman, Luanda, Robin Williams). “Escolhi o caminho menos percorrido e isso fez...” Não ser “co-ra-jo-so”, apenas escolher o caminho menos percorrido.


E por falar em caminhos e viagens, quem está me lendo; - é, você! -, você conhece a neve? Eu nunca vi a neve de perto.


Deus escreveu um bilhete e deixou na caixa do correio. Por quê estranho? Só porque é Deus teria que mudar a cor do céu, partir a terra ao meio sob nossos pés, chamar um exército de anjos com espadas flamejantes e fazer tudo o mais iluminar-se por meio de um milhão de relâmpagos?


O personagem principal, o Mack, gosta de assistir pela TV o programa do Bill Moyers. Ora, ora, mais uma vez os caminhos os caminhos. Há mais de trinta anos atrás Bill Moyers fez uma série de entrevistas que ficaram famosas com o Joseph Campbell. Anos mais tarde as entrevistas viraram o livro O Poder do Mito. Anos depois este livro foi traduzido para o português. Anos depois minha mãe durante um curso de ArteTerapia teve que ler este livro. Aí eu descubro o livro que tomo “emprestado” e Joseph Campbell torna-se um dos autores centrais em minha formação.


E como estão os estudantes do Zimbábue?

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

23 de setembro de 2020

 


Estou olhando para uma folha A4 onde imprimi o mais belo quadro que conheço, o Retrato de Olga Afanasiyevna Raftopulo por Ivan Kramskoy. Nunca vi algo tão belo. Esta em cima da mesa onde escrevo. Algum dia vou comprar um cartaz ou outra forma de duplicação e pendurar na parede de meu quarto. Eu já podia ter feito algo parecido com duas fotos que tenho do Os Três Patetas e Laurel & Hardy, mas apenas comprei e deixei no armário. Ou o pior exemplo de todos, o meu cartaz do meu filme brasileiro favorito: Lavoura Arcaica. Que quarto sem graça para um artista: paredes brancas e vazias. Uma nota sobre o filme de Simone Spoladore, Luiz Fernando Carvalho e Raul Cortez, inspirado no livro de Raduan Nassar. Quantas vezes ele passou na televisão? Eu nunca vi. Por quê? Por quê?

É notório os comentários negativos feitos a respeito do pronunciamento do presidente do Brasil na abertura das reuniões da ONU. É normal, esperado, e do jogo, que um presidente não fique falando mal de si mesmo ou do próprio país. Mas a margem de manobra é estreita, mesmo que você seja um virtuose na arte da oratória. Não é o caso do Bolsonaro. O Brasil está sofrendo com o que acontece no Pantanal e na Amazônia e com a Covid-19. Bolsonaro podia ter falado só as coisas boas que fez neste dois anos e desejado que as reuniões ali da ONU sejam produtivas e depois mandado um “abraço”. Ia ser um discurso muito curto, é verdade e aqui a vaidade morde, claro pois é muito chique falar para o mundo inteiro e tal; mas ia ser melhor para todos.


HISTÓRIA DO SÉCULO 20 - BPC Publishing LTD/Abril Cultural, 1973.

Pedra lascada, fogo, a escrita, bússola, anestesia… A tecnologia sempre acompanhou a nós, sempre foi importante; mas no século 20 o seu status mudou. Difícil encontrar as palavras certas, desculpa. Somos escravos da técnica? Até nossa alma é biônica? Os robôs vão ter que nos ensinar como é ser um humano? Bom, neste processo de transformar o século 20 em o século da ciência e tecnologia uma mulher e seis homens tiveram papel destacado. Vamos conhecê-los. Primeiro ela, claro. Quem? Ora “quem”. Que podia ser? Ela.


CASAL CURIE

Ah, Madame Curie! Madame Curie! O sacrifício em nome da ciência/humanidade, o feminismo, a visão de futuro… Obrigado, obrigado.

Ah, Madame Curie… Tratamento contra o câncer e também Hiroshima e Nagasaki. A vida e a  morte. Como uma autêntica Deusa.

Ah, claro, um abraço pro maridão. Aí, seu Pierre; abraço e parabéns! Continue o trabalho. 

Explorar comercialmente as suas descobertas? “É impossível: seria contrário ao espírito científico.” 

Magnífico!


SANTOS DUMONT

Evidentemente que no século da ciência e tecnologia o desejo de conquistar os céus n~sao estavam entre os sonhos secundários. Não, não, claro que não. Dezenas tentaram, mas foi o nosso Alberto Santos Dumont quem ensinou a humanidade a voar.

Em uma visita casual a uma exposição industrial, o menino Santos Dumont encantou-se com um pequeno e simples motor. Parece bobo, mas foi o começo de tudo.

O prêmio e desafio referia-se a contornar a Torre Eiffel. Santos Dumont era tão seguro do valor de seu talento que ele mesmo propôs com o próprio dinheiro um prêmio paralelo com regras mais brandas para quem fizesse a mesma coisa! O final deste desafio todo mundo conhece. E era nem a melhor parte, mas vamos prestar a atenção.

No dia 19 de outubro de 1901, Santos Dumont ensina como dominar os balões.

No dia 23 de outubro de 1906: 14-Bis.

Demoiselle

Fez um apelo para que os aviões não fossem usados na guerra e não foi ouvido. A angústia e depressão. No Brasil, a sua terra, em vez de paz encontra a Revolução de 1932 e aviões jogando bombas em Santos. Ele não aguentou.


GUGLIELMO MARCONI

Comunicação sem fio. Como explicar a revolução que foi isso? O mundo ficou pequeno, seria a coisa mais imediata a pensar-se aqui; mas… Acho que a coisa foi mais profunda: acho que o mundo meio que foi refeito. Sei lá, vai ver estou exagerando. Sou artista e humanista, então essa coisa de comunicação me é mais pesado.

O caminho foi rápido e coletivo: dois momentos decisivos: James Clerk Maxwell em 1865 com suas equações une a eletricidade, o magnetismo e a luz; Lee de Forest em 1906 consegue aperfeiçoar a válvula eletrônica de Ambrose Fleming e com isso os aparelhos de Marconi teriam mais energia e por mais tempo. O cientista italiano não precisava de muita coisa agora.


Pausa.

Contribuição minha ao texto.

Vamos lembrar do Nikola Tesla e do padre brasileiro Roberto Landell de Moura. Landell de Moura inventou o rádio antes de Marconi e Tesla, mas quem mandou estar no Brasil cercado de compatriotas medíocres? O caso do Tesla é interessante. Fazendo várias coisas ao mesmo tempo e acidente nos laboratórios, Tesla desdenha de Marconi que faz a transmissão antes. Claro, na época Tesla era famoso e rico. Mas a roda da Fortuna… Velho, doente, pobre e esquecido, ele resolve entrar na justiça: “Quem inventou o rádio fui eu, a tecnologia e a matemática necessária eram de minha autoria!” Bom, o tribunal de Nova York dá ganho de causa a Tesla. Mas já era tarde demais: o Mestre dos Raios estava agora onde todos eles são feitos.


THOMAS ALVA EDISON

Salve salve, Edison! Sem você o século 20 ia ser mais escuro, mais silencioso e, - principalmente -, milhões não poderiam ver a Sigourney Weaver no filme Alien de 1979… Cof!, cof!… Mas onde estávamos? 

Um gênio da praticidade, um visionário de tal magnitude que poderia ser chamado de profeta. Mas não muito sincero.

A lâmpada incandescente. A união de Edison e Joseph Swan na Edson and Swan United Eletric Light Company é uma das histórias mais gloriosas do capitalismo no século 20.

Mas se Joseph Swan não se arrependeu de unir-se a Edison, não sei se o ingênuo Thomas Armat diria o mesmo na história do projetor de filmes. Ah, senhor Armat… Mas quer saber? Estou contigo! Senhor Armat? É nois! 


SIGMUND FREUD

Há uma parte da nossa memória que fica muito escondida, mas se manifesta de muitas maneiras. Algumas dessas maneiras não são agradáveis. Como tratar isso se nosso consciente não vai até lá? É o que perguntava Freud e seus amigos, J. M. Charcot e Josef Brewer. Hipnose, perguntas, associação livre, erros linguísticos interessantes, lapsos de memória também interessantes e principalmente… fale-me mais do sonho que você teve a noite passada… Não, não, não importa se parece estranho… Conte-me…

Freud “venceu”, é difícil imaginar o mundo sem a sua influência. Freud e todos os seus discípulos ajudaram muita muita gente e continuam ajudando. Uma questão polêmica continua: entre física e filosofia, a psicanálise está mais próximas de qual dos dois lados? 

Duas tendências principais no humano: a autopreservação e a vontade de reproduzir-se. A libido é como uma energia que precisa fluir de maneira saudável. Mas se muito cedo houver problemas, ela regride no indivíduo. Se for reprimida. E o pior que a sociedade como um todo adora reprimir. 


HENRY FORD

O que Freud fez “dentro” da mente, o Henry Ford fez “fora”. Ford inventou a massa: produção em massa, consumo em massa. Se não é para vender para milhões, qual seria a graça? Perfeito, mas o mundo ficou muito igual… 

Era um magnata, mas também generoso com relação aos seus empregados. Houve uns problemas com os sindicatos, mas depois, por pirraça ou sinceridade, Ford foi mais bonzinho do que a lei tinha exigido.

Mas se não era teimoso em relação aos salários, Ford era teimoso em relação a cor e aos desenhos dos carros. A frase é deliciosa demais para não ser reproduzida aqui: “Eles podem ter qualquer cor desde que seja preto.” Ah, magnífico! Foi preciso uma Segunda Guerra Mundial para a flexibilização ter a sua chance.

terça-feira, 22 de setembro de 2020

22 de setembro 2020


 Minha mãe.

Minas Gerais, o meu estado, foi notícia no Brasil inteiro neste último fim de semana. Isso não é muito comum, infelizmente. O motivo foi um acidente de trânsito onde morreram de uma só vez doze pessoas. Doze pessoas. Mesmo para os padrões do trânsito brasileiro esse número é alto. Quando criança eu lembro, acho que era na Record Minas ou na Band Minas, entre Jornada nas Estrelas ou O Homem de Seis Milhões de Dólares ou ainda a série do Jacque Cousteau, não lembro, havia um anúncio educativo que fazia um paralelo com a Guerra do Vietnã e as mortes no trânsito brasileiro. Foi entre 1989 e 1994, não lembro.

Mesmo que não consiga publicar aqui no blog, eu vou escrever como se conseguisse. Decidi isso. Pode parecer pouco, mas é que durante muito tempo, romanticamente e artisticamente, eu não conseguia escrever apenas para mim. Eu tinha que publicar na internet, mesmo sabendo que a repercussão era zero.


Leonardo Mota e a Sabedoria Brasileira                                           "O medo é do tamanho que se quer.                                                     (Quanto mais o indivíduo é covarde, mais afeia o perigo.)"

Comentários.                                                                                          Do tamanho que se quer... Do tamanho que se quer... Interessante. Interessante para mim. Tenho medo de altura e de dirigir carro. Ainda posso ser um adulto feliz assim, mas a lição do amadurecimento é se eu sou ainda capaz de fazer o que é necessário fazer e se eu realmente sei o que estou perdendo. Eu faço? Eu sei?

Se eu soubesse dirigir não teria dúvidas, faria o meu carro igual ao dos Caça-Fantasmas. Adoro todos os filmes, incluindo a versão feminina de 2016 com a direção de Paul Feig. Gostei mesmo. Acho que como no caso do 007 com Timothy Dalton o pessoal gosta de falar mal só para fazer parte da "moda". Atitude boba, espírito de manada. Não combina com o humano, animal desobediente por natureza. E por falar na versão feminina de os Caça-Fantasma, como é comum na tv por assinatura, há quase um mês este filme esta sendo reprisado sem parar. Sempre que posso assisto algum trecho. Queria me casar com a Jillian Holtzmann. E quem não gostaria de casar-se com ela.


Lendo A CABANA (2007), de William P. Young e Amigos

A primeira impressão é de simplicidade. Tem uma propaganda na capa do livro dizendo que estava em primeiro lugar no New York Times e tal. É justo, mas é cafona. Do que reclamo?, pois eu sou cafona. E muito.

Estou enrolando, estou com má vontade. Vamos, vamos, Aldrin, Aldrin, não fique com esse espírito avesso à religiosidade como se tu fosse uma reencarnação de um Voltaire ou um Anatole France. Aldrin, Aldrin, abra seu coração. É só um livro. Com livros, com filmes e com música, principalmente com música, você abre o seu coração. É seguro abrir.

Caramba, um livro tão breve teve cinco revisores!

"impressão e acabamento: Associação Religiosa Imprensa da Fé"

O profundo gentil.

Experimentar um chá tailandês superquente. Eu acho que fui num restaurante tailandês uma vez. Fui a um restaurante oriental com uma amiga quando estávamos fazendo faculdade. Sei que o restaurante não era nem Japonês e nem Chinês. Era tailandês sim! Lembro que eu estava com medo e coloquei pouca comida no prato (era restaurante tipo self service). Me arrependi porque gostei muito da comida de lá.

Um pacifista que odeia a guerra com um "fervor sinistro". Uai, Voltaire também odiava guerras.

Pensar e fazer. Concordo. A parte de não fazer tantas perguntas é que não me agrada. Naturalmente que sei que é uma referência à humildade desejada e uma maneira de afastar a angústia e ceticismo que costumam acompanhar o estudo intenso das coisas da vida.

Uma fragilidade agressiva. Isso é comum, eu mesmo tenho isso. É uma combinação bastante popular. Você aí do outro lado do monitor ou do celular, também tem um pouco de fragilidade agressiva? 

Saber conversar. Deixar os interlocutores se sentirem confortáveis em manter as opiniões deles. Isso não é pouco. 

Mack acredita em Deus, mas não se sente confortável dentro de uma igreja. Hum... Isso é charminho do autor do livro para o personagem não parecer tão "pronto" e "distante" dos leitores? Mas funciona, a gente se identifica com essa "informalidade" da fé de Mack. Acreditamos, mas todas aquelas regras e cerimônias....

Amar dá trabalho. Mesmo depois de uma mágoa especialmente dolorosa, continuar ali ao lado.

Amar dá trabalho. Sacrifícios são exigidos. As vezes um sonho não é totalmente abandonado, mas transforma-se. Mas para aceitar feliz essa transformação é preciso força e humildade.

O que temos aqui? Um pouco de conservadorismo? Um casal sem filhos fica muito vulnerável, é preciso filhos.

Dentro de si sentir-se confortável.

A dor foi tão grande que era como um buraco negro aberto no peito. Só que não era a luz e planetas e estrelas que era devorados e sim a voz. Não é raro que as palavras tornam-se inúteis diante de uma grande crise.

Amizade e música. Escutar não uma conversa do dia a dia, mas escutar mesmo uma conversa profunda. A trilha-sonora do amigo e transformar a música em palavras e as palavras vão ajudar outras pessoas.

Sim, você conhece o lugar.

A rotina realmente nos afasta do essencial. Isso é verdade. 

É uma história para você.

Você pode entrar sim, apenas desculpe a bagunça.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

21 de setembro de 2020


 Casas de maribondos. As cores diferentes devem ser porque em determinado momento eles buscaram terras em diferentes lugares. Eu achei muito bonito e muito interessante.

domingo, 20 de setembro de 2020

20 de setembro de 2020


 O dia começou como sempre, mas de repente mudanças importantes aconteceram e me deixaram feliz. Hoje a postagem vai ser bem mais simples e breve.


Lúcio Flávio Pinto, O Maior Jornalista do Brasil + Portal UOL +

Os Estados Unidos estão mostrando os dentes caninos à Venezuela e o Brasil esta participando do processo de forma bem constrangedora. Nunca houve paz no mundo, mas guerras de grandes proporções tornou-se cara e politicamente desgastante demais; é o que normalmente lembraríamos diante de notícias como essas. Ocorre que temos em breve eleições estadunidenses e isso pode deixar excitado quem tem poder demais para ficar excitado assim levianamente. De qualquer forma, certo mesmo que a tradição brasileira de respeito e pacifismo na política exterior brasileira esta sendo manchada. Vai acontecer o que aconteceu com a República Dominicana há décadas atrás? Triste. 


O Brasil é grande, "continental" diz o livro de geografia do colégio. Acabamos que desconhecemos o povo e seu país, acabamos que reagimos de forma irracional. Bom, não é uma missão impossível conhecer o Brasil e torna-se assim mais brasileiro. A batalha do Riozinho do Anfrísio – Uma história de índios, seringueiros e outros brasileiros; de André Costa Nunes. Verde Vago Mundo; de Benedicto Monteiro. Dois livros, dois autores para conhecermos melhor o norte e nordeste brasileiro.


A mais importante descoberta nesta visita minha ao Portal UOL: um texto da Marilene Felinto! E ela tem um site pessoal! Maravilhosa, maravilhosa! Ela deve ter voltado há mais tempo, eu é que estou a quase uma semana sem visitar a UOL. Eu tenho uma coleção de artigos de Marilene Felinto, de quando minha família assinava a Folha de S. Paulo há muitos e muitos anos atrás. Mas, assim como no caso do Lúcio Flávio Pinto, não sou um fã muito atento. Tenho que visitar este site dela. Neste texto para a UOL a Marilene fala do sofrimento dos índios de Rondônia.


Li alguns outros textos no Portal UOL: Governo Bolsonaro esta sem dinheiro e, para piorar, é ruim de serviço; o resultado é que se não bastasse problemas na educação, até o combate à violência doméstica fica sem dinheiro. Eu nunca fui de jogar videogames, mas sei como eles eram em 1991 e como eles são em 2020: é uma palavra mal usada, mas ainda poderosa: "revolução". Um autor escreveu sobre como o jogo Spiritfarer o ajudou a conviver com o fantasma do Alzheimer de seu avô. Um jogo com uma personagem feminina e que ajuda o público a entender a morte e a despedida! Eu já joguei Rainy Day, criação da Thais Weiller; e que fala de tristeza e ansiedade. Foi uma experiência linda. https://thaisa.itch.io/rainy-day 

Onde eu estava? Ah!, havia também um texto bobo sobre quem foi o melhor baterista de todos os tempos. Mas estes textos bobos sempre são úteis para a gente descobrir nomes interessantes: não havia o Ian Paice do meu Deep Purple, que conseguia fazer a banda soar ao vivo melhor que o Led Zeppelin porque era um baterista meio jazzista, mas havia a Viola Smith. O vídeo que vi da Viola Smith no YouTube não me encantou, mas serviu como ponte para ver e ouvir a Karen Carpenter, do Carpenters, tocando bateria muito muito bem! Gosto das canções do Carpenters.



HISTÓRIA DO SÉCULO 20 - BPC Publishing LTD/Abril Cultural, 1973.


A economia do início do século passado. Em 1914 a globalização já estava madura. A industrialização mudou tudo, mudou a relação algo "básica" "simples' entre os países. O comércio ficou ainda mais forte! E o fenômeno da migração impressionava a todos.


Havia um razoável equilíbrio de poder neste comércio sim. A Grã-Bretanha reinava, mas gastava também muito; mas a Índia e o padrão ouro ajudava a equilibrar o poder econômico do império britânico. Havia o protecionismo nas importações e isso ajudou a alguns países a olhar de frente para a Grã-Bretanha. Mesmo países pobres e essencialmente agrícolas experimentaram um enriquecimento.


Foram anos felizes de integração econômica. Argentina e Austrália, por exemplo. Os Estados Unidos tinha agricultura e indústria! Países agrícolas querendo vender para todo mundo... Aí veio a Primeira Guerra Mundial... As coisas mudaram. A integração econômica mudou, a prática do imperialismo mudou, o padrão ouro foi abandonado e a economia conhecia a força do nacionalismo e do protecionismo. 


E agora em 2020? A globalização é total, mas como o protecionismo e o nacionalismo são exercidos hoje? 

sábado, 19 de setembro de 2020

19 de setembro de 2020

 


Se eu fosse um economista e fizesse parte da escola de pensamento socialista, o meu “problema” seria estudar muito muito. Por que o planejamento excessivo atrapalha o desenvolvimento econômico? Por quê a União Soviética antes e a Venezuela em 2020, são pobres? Por outro lado, se eu fosse um economista e fizesse parte da escola de pensamento liberal, o meu “problema” seria lembrar sempre sempre que as pessoas pobres sentem fome e devo combater sempre aquilo que podemos chamar de “ingenuidade canalha” nas análises.

É para os produtores rurais e os donos de supermercados serem patriotas e solidários neste segundo semestre de 2020? É isso mesmo que ouço nos meio de comunicação governistas? É esta a solução a curto e médio prazo neste segundo semestre sinistro? Ah, gente…

O aumento de preço dos alimentos durante a recessão econômica assusta a todos e é motivo de discussão constante na imprensa em geral. Assisti hoje, com grande prazer e também preocupação, a um debate sobre este assunto na Rádio Itatiaia. O Governo Bolsonaro não organizou um estoque de alimentos (poderia ajudar no trabalho de “boia” em relação ao aumento dos preços), o dólar esta de um jeito que fez os produtores rurais correrem para vender no exterior e as famílias pobres ao receberem auxílio emergencial do mesmo Governo Bolsonaro correram aos supermercados comprar alimentos: eis os motivos imediatos dos aumentos de preços dos alimentos nesta recessão. Falei em “motivos imediatos”, pois os motivos históricos são os de sempre: políticos que não planejam o futuro e a pobreza do povo. Parece que o Brasil é um país muito doente que deve contentar-se em viver um dia de cada vez, não por humildade e sim por impotência. Assim o futuro nosso não é construído por nós.


Leonardo Mota e a Sabedoria Brasileira

“Não quero saber quem fui; quero saber quem sou.”


Comentários.

Ah, fácil, fácil. E bonito bonito, também. Cite o Raul, Aldrin! Uma metamorfose ambulante, claro. A perspectiva desta opção é atraente, irresistível estar sempre jovem por estar sempre aprendendo e que nem a perfeição consegue te deixar satisfeito! Mudar e aprender, e aprender e mudar.


Lendo ELOGIO DA LOUCURA (1510), de Erasmo de Rotterdam


É possível ser sábio e ser feliz ao mesmo tempo? Há algo escondido nesta pergunta: a definição de felicidade como coisa de criança e/ou coisa de quem vive no “mundo da Lua” e é bobo. Me entendem? Mas não pode ser assim! Passar por este mundo como um zumbi, como se estivesse sempre iludido e totalmente indiferente? Deve ser possível ser sábio e ser feliz ao mesmo tempo. Enfrentar a realidade e sorrir! Deve ser possível!

O “galo do Luciano” viveu muitos e muitos anos entre os humanos e acabou por aprender a conversar conosco. Nossa, isso deve ter sido interessante de testemunhar. É a segunda vez que Luciano é citado em Elogio da Loucura, de Erasmo de Rotterdam. Luciano é um autor satírico que viveu na Idade Antiga. Tenho que procurar mais obras deste período.

Assim, claro, encarar a realidade sempre; mas podemos relaxar um pouco e bancarmos o maluco. Só um pouquinho. Só um pouquinho.

O empreendimento, o trabalho, a missão é difícil? Não aflige-se, peça auxílio às Musas!

Uma referência venenosa à Aristóteles e aos aristotélicos. Aristóteles, junto com o seu mestre Platão e o Immanuel Kant vários séculos depois, formam o mais importante trio parada dura da história da filosofia ocidental. É sério, são estes três e o resto. Mas, leitoras e leitores, principalmente vocês mulheres, vocês sabem como é a moda: ela é cruel. Como Aristóteles “reinou” durante a Idade Média, foi chegar o Renascimento e aí… 

Uma lenda popular envolvendo o São Bernardo. Dizia-se que este santo bebia óleo pensando que era vinho! Naturalmente esta lenda é mais uma referência ao poder do espírito em suportar e vencer os desejos e os sofrimentos deste corpo.

Elogio da Loucura, de Erasmo de Rotterdam, esta chegando as suas últimas páginas. Este mundo é louco, este mundo é mentiroso e hipócrita. Queremos a verdade, os renascentistas querem a verdade, os renascentistas querem uma verdade que seja nova para eles. O que seria isso? Em Elogio da Loucura, de Erasmo de Rotterdam, podemos ver parte disso em sua crítica à sociedade europeia do século XVI: a busca por um cristianismo sincero e simples, respeito e amadurecimento diante dos desejos humanos (uma forma de epicurismo) e, por fim, o desejo o anseio por algo que não se sabia bem o que era: a ciência moderna para varrer as superstições do mundo.

O próximo livro que vamos aqui usar como aquela cama voadora de Decamerão, de Boccaccio, para viajarmos pelo tempo e espaço, é A Cabana, de William P. Young, Wayne Jacobsen e Brad Cummings. Assim como o livro de Erasmo de Rotterdam, A Cabana é um livro cristão, mas num tom mais espiritualizado. Tem uma mensagem positiva, que pretende inspirar os leitores a enfrentarem a dor e mudarem para melhor as suas próprias vidas. O livro fez sucesso, é um best seller. Até virou um filme com Octavia Spencer. Eu não comprei este livro, o exemplar que tenho em mãos é uma doação que a biblioteca comunitária daqui recebeu. Normalmente não leito este tipo de livro, passaria por ele numa livraria com o narizinho meu todo arrebitado... Estou lendo porque a Camilla, minha amiga e matriarca deste site, deu uma indireta bem indireta quando disse a mim “acho que todo mundo devia ler este livro”. Eu sou homem, mas esta mensagem feminina eu consegui compreender. Estou ficando inteligente!

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

18 setembro de 2020



Rosamund Pike salvando a África (Botsuana) em um filme, em outro filme temos o Primo Levi (Antony Sher / Marco Ribeiro voz) nos contando a Segunda Guerra Mundial. Não é todo dia que a televisão tem tanto filme bom passando ao mesmo tempo! Por depressão e preguiça de agir, eu costumo fazer comentários depreciativos a meu respeito; mas quando se trata do meu bom gosto a história muda. Aí eu abandono a humildade que os bons modos exigem. Eu tenho bom gosto, eu sei. Que a dignidade em Primo Levi e em Rosamund Pike (que parece que só trabalha em filmes interessantes) me inspirem.

Eu dividi as postagens do blog aqui pela metade. Assim é mais fácil publicar todos os dias e consequentemente me leva a ler mais e a escrever mais (em vez de esconder-me atrás de planos perfeccionistas). Teoricamente os textos ficariam até mais breves e isso facilitaria a leitura, mas acho que isso não vai acontecer: ruim ou bom sou artista, donde que conter-se em limites não se cogita. A opção sempre é transbordar ou transbordar. Então os textos vão continuar extensos sim. Em um dia, comentário das atualidades e vislumbres do passado; em outro dia, a sabedoria brasileira e o diário de leitura. Vou tentar fazer dar certo.

Eu durmo mal. Por quê? Não sei. Preocupação, ansiedade, talvez. Se for, como é comum nesses casos, o que minha ansiedade vê e a aflige não é nítido para mim. Não sei o que é. O que também não se vê a olho nu, mas cuja a presença é marcante é a Covid-19. Às vésperas de escolas e clubes abrirem; quantos hospitais novos foram construídos, Brasil? Alguma mudança no transporte coletivo, Brasil? Se nem uma emergência sanitária desta magnitude consegue fazer Brasília e os governos dos estados olharem para o mesmo horizonte; o que pode fazer, Brasil? O cidadão brasileiro tornou-se mais disciplinado e solidário? O novo normal é igual ao antigo, mas mais famílias brasileiras ficarão tristes.

Eu durmo mal. Vou fazer este sono ser um bom motivo para dormir cedo. Pode ser o início de alguma mudança.


HISTÓRIA DO SÉCULO 20 - BPC Publishing LTD/Abril Cultural, 1973.

A nova mulher. A mais importante revolução do século 20 foi rápida. Calma calma, é preciso respeitar e considerar a perspectiva histórica: em 1914 já havia mulheres médicas, porque escolas secundárias e mesmo universidades já estavam aceitando a presença de mulheres. Não era moda passageira ou excentricidade de uma modernidade bárbara e perdida, aquelas mulheres nadando em piscinas mistas ou mesmo indo a um restaurante público.

Um assunto popular e delicado: sexo: sexo e matrimônio. Como harmonizar? Difícil. Era grande o sofrimento das mulheres casadas e causa choque a quantidade de homens casados que iam a prostíbulos e acabavam trazendo doenças venéreas para o lar. Métodos anticoncepcionais eram considerados uma coisa imoral. A racionalidade, no século da ciência, não chegava ao sexo. O máximo que especialistas diziam nos jornais e escolas eram sobre casar mais tarde ou abstinência sexual mesmo.

Homens feministas? Alguns são sim, madame. Platão, Epicuro, Saint-Simon e, claro, o John Stuart Mill. Este trecho de Ann Veronica, de H. G. Wells é inesquecível na sua simplicidade forte: “Eu sinto como se meu crescimento tivesse sido interrompido, como se eu tivesse sido privada da luz da vida...” Educadas e com dinheiro, mas sem poder agir por causa da sociedade: imagine quantas haviam assim no início do século 20! A revolução era uma questão de tempo. E quando vamos ter a Ann Veronica traduzido para o português?

O século 20 podia ser o século da ciência mas demorou a olhar para as tarefas domésticas e pensar como a tecnologia podia ajudar ali.

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

16 de setembro de 2020

 

Trovão (in memoriam). Saudade dele. Muita! Cada um de seus olhos era adornado em seu em torno por uma estrela negra, formando um conjunto que lembrava-me uma maquiagem igual ao de um palhaço de circo. Eu devia ter brincado mais com ele, mas nem os cachorros eu deixo aproximarem de mim. Ele era educado, disciplinado, observou uma vez meu pai; não parecendo mesmo ser um cachorro de rua que visitava e ficava frequentemente em nossa casa. A minha memória fixou a sua imagem distante da porta da cozinha, sentado obediente, à espera de atenção e comida. Eu gostava de segurar a sua cabeça gigante e ficar olhando para dentro de seus olhos, enquanto pensava o quanto ele era bobo e ele, por sua vez, devia pensar o quanto eu fazia muito menos que podia de minha própria vida.

O Brasil está doente de Covid-19, a sua economia em recessão e meus pais estão envelhecendo depressa. Que momento para uma cigarra infantil de 37 anos virar formiga burguesa com sua loja de artesanato! Mas talvez a metáfora seja outra. “Aldrin”, eu gosto de lembrar sempre, é o nome de um pesticida banido pelo Órgão das Nações Unidas por ser tóxico além do que pode ser tolerado e é também nome de um importante astronauta que caminhou pela Lua. Em um exercício metafísico, concluo que talvez eu seja mesmo é um astronauta que foi exilado. Só se vive olhando adiante, mas minha roupa de astronauta bem que podia ter alguma pista de meu verdadeiro planeta. Bom, quando criança o planeta que eu mais amava desenhar era Saturno… 


Lúcio Flávio Pinto, o Maior Jornalista do Brasil + Portal UOL + Rádio Itatiaia = Atualidades Comentadas.

Pantanal queimando a meses e o nordeste sofrendo a maior seca em décadas. A natureza selvagem é mais sincera e eficiente em mostrar como é o Brasil atual sob o Governo Bolsonaro. Porque a imprensa brasileira não consegue e não quer e as redes sociais da internet, por sua vez, estão inundadas por mentiras e agressividade. Que momento horroroso!

A ciência é uma das atividades humanas mais excitantes e é triste que a educação formal brasileira, assim como muitos veículos de imprensa brasileiros, não sejam tão efetivos em apresentar ao grande público as maravilhas da ciência. Uma consequência disso é a popularidade de opiniões tolas sobre vacinas e o formato do planeta Terra ainda em 2020. Bom, mas nem tudo são espinhos. Foi descoberto, na atmosfera de Vênus, moléculas de fosfina. É uma boa evidência de vida extraterrestre. Mas pode não ser, mas enquanto isso ficamos encantados que cientistas consigam saber detalhes a respeito da atmosfera de outros planetas.

Falei em “boa evidência” de que pode haver vida no planeta Vênus. O que parece ser mais do que uma boa evidência é a postura da Advocacia-Geral da União ser boazinha demais com o Governo Bolsonaro. Dilma e Temer foram traumáticos, é verdade, mas a inércia do Sistema não pode justificar tanta “colher de chá” diante de mais um governo ruim.

HISTÓRIA DO SÉCULO 20 - BPC Publishing LTD/Abril Cultural, 1973.

A população dos subúrbios crescia, com a ajuda dos novos meios de transporte. Ônibus e automóveis já estavam deixando de ser novidade, a ponto do governo da Inglaterra ter que aumentar a velocidade do automóvel de seis para vinte quilômetros por hora. E isso antes do ano de 1900! Além do telégrafo e cinema. E os mercados amplos, onde justamente muitos trabalhadores vinham dos subúrbios para trabalhar. E as vezes consumir também, mas o destaque quanto ao crescimento econômico ficou para a classe média.

Diante de tantas mudanças e mudanças que eram radicais, nem todos eram otimistas. Muitos tinham receios profundos quanto ao futuro, naquele início do século XX. O membro do Partido Liberal Charles Masterman levantava a questão: a vida será mais rica e feliz quando for normal que a maioria dos trabalhadores tenham despesas novas porque desejarão adquirir objetos de luxo como agora são os automóveis? Marie Corelli era mais lírica, chamando a avareza de “nossa estrela do mal”. Esta escritora popular antevê o cenário em que pessoas cuja a única virtude foi adquirir muito dinheiro, por qualquer meios, influenciando o caminho da comunidade devido ao seu poder sobre os políticos.

Marie e Charles estavam corretos, a ganância se espalhou entre humildes e o poder econômico envenenou a política? 


Leonardo Mota e a Sabedoria Brasileira

“Mais Amor e menos confiança.”

Comentários.

Meu amado Bertie (Bertrand Russell) falou algo semelhante. Deixe-me procurar, porque é bonito fazer uma ponte aqui. Achei! Demorou, mas foi gostoso porque lembrei bastante de quando li Ensaios Céticos pela primeira vez. Então vamos lá: “Nossas relações com os que amamos podem perfeitamente ser confiadas ao instinto; são nossas relações com aqueles que detestamos que deveriam ser postas sob controle da razão.” Aviso logo que meu Bertie, apesar de ser um dos maiores filósofos do mundo, era bastante ingênuo. A questão aqui é se conhecer bem. Se conhecendo bem podemos ser mais espontâneos. E isso tudo tornaria as coisas mais leves. Quem sabe um dia?


Lendo ELOGIO DA LOUCURA (1510), de Erasmo de Rotterdam.

“… aplaudido pelos verdadeiros doutos! Bolas! Que grande sacrifício! Raramente sucede ...”

Um nome importante que devemos buscar mais informações: Alceu de Mitilene: um dos vértices da poesia da antiguidade e inimigo figadal de todos os tiranos! Uau!

Aqui vou ter que reproduzir na íntegra a nota de rodapé do Paulo M. Oliveira, porque isso aqui é legal demais. É puro Amor.

“87 No templo de Dodona, havia um lugar dedicado a Júpiter, no qual se achavam vários vasos dispostos de maneira tal que, ao se bater no primeiro, o som se propagava até ao último, produzindo um barulho insuportável.”

Erasmo de Rotterdam citou o “bronze de dodônio” para ironizar e criticar os dialéticos do século XVI, que ficavam discutindo e discutindo sem se importar com a verdade e a educação.

Mais até do que os estoicos e os comerciantes, o maior alvo de críticas irônicas de Erasmo de Rotterdam é mesmo o clero católico. Dogmatismo, hipocrisia, elitismo, distanciamento quanto aos ensinamentos mais básicos de Cristo… O final de Elogio da Loucura é mesmo pesado quanto a isto.

Achei legal encontrar referências a Guilherme de Ockham e Duns Scott. Sinal que eram autores conhecidos, mesmo muito tempo após a morte deles. Scott, mais do que Ockham, aparece como exemplo de teólogo que propositalmente é obscuro em seus textos para parecer profundo, mas que na verdade é um autor irrelevante. Acontece que isso não é verdade, Scott é profundo sim. Mas durante séculos o seu nome caiu em desgraça porque seus opositores eram maioria. “Duns” até virou, na língua inglesa, um  termo pejorativo. Mas Duns Scott, assim como a filosofia medieval, nas últimas décadas vem recebendo a merecida atenção. Legal isso.

Há também, em Elogio da Loucura, referências à intolerância religiosa. Discussões e agressividade entre cristãos por causa de detalhes quanto ao dogma. Quanto sofrimento, quanto!

Uma nota mais alegre: cuidado com a sua flatulência, senão você pode ser tão barulhento quanto o Priapo, que acabou assustando as bruxas Canídia e Ságana! 

Bonito, os comentários sobre como deve ser um líder político de valor feitos por Erasmo de Rotterdam. É visível sinais da democracia moderna ali. Gostei de ler esses trechos. Acho que vocês também gostariam.

Um costume horrível daqueles tempos: em Roma, se você fosse excomungado pela Igreja Católica, as vezes um retrato seu era pintado em um pano acompanhado por demônios e este pano era exposto ao público. 

“99 Trata-se, muito provavelmente, de uma alusão a Júlio II, papa cujo fanatismo guerreiro tantos males causou à humanidade.” (Nota de Paulo M. Oliveira)

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

2 de setembro de 2020


 Há milhões de anos atrás, em algum lugar entre o que hoje conhecemos como África do Sul e Etiópia, um primata esquisito pra caramba desceu de uma árvore e começou a fazer coisas muito interessantes. A arte em cerâmica, assim como a companhia do cachorro, parece nos acompanhar desde o início de nossa aventura aqui na Terra. É mesmo irresistível o seu apelo. No ATELIER VALNIZE IGLESIAS você encontra peças de cerâmica muito bonitas, de tamanho variado e com tinta feitas com terra. É exclusivo, é mágico. Tamanhos e preços variados. Mais informações: valnizeterra@yahoo.com.br ou aldrin_iglesias@yahoo.com.br.


Lúcio Flávio Pinto, o maior jornalista do Brasil + Portal UOL + Portal UAI = Atualidades Comentadas

O Brasil esta entre os três primeiros países do mundo a sofrer com a epidemia do Novo Corona Vírus. Isso se acreditarmos nos números oficiais. Terrível.

Vai acontecer com o trabalho remoto o que aconteceu com a profissão de cobrador de passagens nos coletivos no período Pós-Dilma Rousseff? Eu não sei dirigir carro, então sempre andei muito de ônibus. Os cobradores não voltaram depois da Dilma e nem depois do Michel Temer, quando dizia-se que a economia estava recuperando-se. Acho que o trabalho remoto veio para ficar: é barato e é moderno, além que o transporte coletivo nas cidades grandes é complicado. Mas regiões pobres do Brasil e os trabalhadores com menos educação formal, ficaram ainda mais distantes de uma situação digna com este novo arranjo do trabalho. Ainda na questão do trabalho: as demissões de professoras e professores de escolas particulares já esta chamando a atenção. Que segundo semestre sinistro!

É preciso cuidar da pele não só por causa da luz do Sol, mas das luzes de computadores e lâmpadas modernas em nossas casas. Isso mesmo: protetor solar dentro de casa.

Para quem, como eu, achou tocante o filme "Hotel Ruanda" (Hotel Rwanda, Terry George, Keir Pearson e Don Cheadle, 2004), assusta as últimas notícias sobre este país africano. É verdade, Paul?

Li uma entrevista com uma estadunidense que é ambientalista e luta pela Amazônia e ali eu lembrei-me de um documentário sobre o Caso Mar de Aral que assisti na TV Escola há muitos anos atrás (Avisos da Natureza). O que que acontece: as autoridades soviéticas perceberam que estavam prejudicando o Mar de Aral e pararam, mas isso não adiantou! O lago gigantesco começou a secar e não parou mais. Inércia, entendem? Dependendo do golpe e do tempo, o ambiente se estabilizará de maneira horrível. A questão é que lendo a entrevista, parece que em mais ou menos cinco anos a Amazônia vai também chegar em um ponto crítico e que dali em diante ela vai definitivamente transformar-se em algo diferente do que é hoje, algo pior.

Parece que o tênis de mesa brasileiro vai ter um novo momento de brilho. Irmãs Takahashi, Laura Watanabe e Hugo Calderano; são estrelas que já estão brilhando bastante. Uma notícia legal.

HISTÓRIA DO SÉCULO 20 - BPC Publishing LTD/Abril Cultural, 1973.

É preciso humildade e sinceridade para perceber o quanto o irracional em nós nos tornou, e ainda nos torna, vulneráveis ao grande jogo dos meios de comunicação de massa. Educação formal de qualidade e calma são ferramentas para evitar tanta vulnerabilidade. 

Não era raro revistas e jornais terem colunas femininas no início do século XX, quando nasce a imprensa de massa. É correto considerar que o Movimento Feminista se beneficiou com o nascimento desta novidade.

- Eu gosto tanto dessas notinhas curtas e curiosas! Porque os jornais não são feitos só com elas? A maior parte dos jornais são feitas de textos grandes, complicados, chatos... - Uai, então porque você mesmo não faz um jornal só com essas notas curtinhas? - Vou fazer um jornal com que dinheiro, mulher?! No final do século XIX, na cidade de Manchester, Inglaterra, era aberto um restaurante vegetariano. Além de uma mulher prática, a Senhora Newnes também era uma cozinheira talentosa. Algum tempo depois nascia Tit Bits (Miscelâneas de Notícias). O senhor Newnes agora tinha o seu jornal. Alguns anos antes, em 1870, houve uma mudança na lei de ensino na Inglaterra, ampliando o número de pessoas alfabetizadas e instruídas entre os pobres. E essas pessoas iriam querer uma imprensa nova, mais próximas a elas. E a flor da imprensa de massa desabrochava.

William Randolph Hearst, a gente sabe, e os espanhóis que dominavam Cuba também, foi o mais poderoso; mas o mais importante foi Alfred Harmsworth (mais tarde Lorde Northcliffe) criando o "cardápio" que seria seguido até por portais de notícias da internet nesse nosso 2020: empresa limitada visando lucro e atraindo investidores, fofocas sobre pessoas importantes, comentários políticos, palpites para corridas de cavalo, as já mencionadas colunas femininas, manchetes sensacionalistas, circulação ampla... Northcliffe sabia das coisas. E o "pecado original" também já é dessa época: como conciliar baixo custo artificial com ampla circulação? A relação ambígua com os donos do dinheiro, na questão da publicidade (políticos e empresários)...

É divertido dizer que tudo é culpa dos vegetarianos de Manchester e é difícil não ficar impressionado com o poder de Hearst e a visão de Northcliffe; mas a gente sabe como funciona a História: não há "muros" ou "fronteiras" marcando as grandes mudanças. Não podemos esquecer alguns precursores daquilo que ficou conhecido como imprensa de massa: 

Lloys Weekly News

Reynold News

News of the World
Star
The Truth (australiano)
Le Petit Journal
New York Journal
A imprensa japonesa aprendeu rápido e logo estava copiando a imprensa de massa ocidental. 
A importância das revistas populares como a francesa Le Pompon.



Leonardo Mota e a Sabedoria Brasileira 
"Lágrima com pão passageiras são."

Comentários.
Não há muito o que comentar aqui: ou você ergue-se e sacode a poeira, ou torna-se um zumbi. Zumbi sem o George Andrew Romero. Já foi dito, em algum lugar, que a depressão tem lugar de destaque entre os males do século XXI. Eu me relaciono com ela desde 1997 e sou testemunho de seu poder. É preciso confiar e lutar.



Lendo Elogio da Loucura (1510), de Erasmo de Rotterdam

Um dos maiores prazeres ao ler Elogio da Loucura, é deparar-me com as notas explicativas do tradutor Paulo M. Oliveira. Paulo?, merci merci! É uma das coisas óbvias que a gente esquece: Erasmo pode ter pensado em escrever para todos e para o futuro, mas também, e principalmente, para a sua época; e na época do Renascimento a erudição era beeeem diferentes. As notas do Paulo são pura melodia.

Um reencontro. O nome do diálogo platônico é Fedro. A nota explicativa de Paulo M. Oliveira não diz o nome do diálogo, "apenas" menciona o trecho famoso em que Sócrates, o inventor Teuto, o Rei Tâmus e a gramática aparecem. Esse trecho é especial para mim porque eu o conheço desde o início de minha adolescência ao estudar no colégio a gramática Curso de Língua Portuguesa, de Jorge Miguel (Editora Habra Ltda, 1989, São Paulo, SP.). Reencontro bonito, mas a questão polêmica continua viva e ardente: a gramática vai fazer os humanos não respeitarem mais a memória, uma vez que precisarão de sinais externos e artificiais? A tecnologia e a ciência farão o humano mais fraco e infantil? 

O que Tácito diria da Constituição Brasileira de 1988? A cada dois meses ela ganha uma emenda! É um trem doido! Como pode isso? Sem mencionar as leis de cada Estado da federação. Bom, Tácito é claro em sua advertência: se precisa ficar fazendo leis sem parar é porque o governo é ruim e a nação esta em decadência, uma vez que há crimes demais acontecendo sem parar. 

Diz a tradição que o povo caldeu inventou a magia e a astrologia.

Erasmo epicurista e hippie avant la lettre! Gramáticos, físicos, advogados, médicos... Todas essas profissões, toda essa técnica, toda essa ciência contribui para o quê? O humano ficou mais feliz e independente? Ficou? Ficou mesmo? Tem certeza? 

Não sei se é historicamente exato, mas o Pitágoras que aparece em Elogio da Loucura não se parece com o da aula de matemática no colégio: comunista e uma pessoa que ao longo da vida transformou-se em rã, mulher, esponja, rei, cavalo... É interessante, mas o que Pitágoras aprendeu com estas transformações é que não é tão agradável assim, pois toca em uma de nossas feridas narcisistas: uma abelha conhece a paz, pois esta satisfeita com o que a natureza deu-lhe; o humano nunca conseguiu e nem vai conseguir esta mesma paz. O humano deseja demais para estar conciliado com o que a natureza deu-lhe de presente.

Um pouco de machismo renascentista e mais uma crítica à erudição que apenas encobre vaidades humanas e nos afasta da natureza simples e feliz: é claro que as mulheres gostam dos loucos e dos bobos, pois eles são dóceis e só eles conseguem ser sinceros e com eles o "belo sexo" pode muito melhor praticar os seus jogos de aparências. Que maldade, Erasmo... 

É a terceira ou quarta vez que a escola de pensamento estoica é ironizada aqui em Elogio da Loucura? Era comum, no tempo de Erasmo de Rotterdam, informa-nos uma nota de Paulo M. Oliveira, os estoicos serem chamados de "rãs". Por quê? Porque naquela época os estoicos eram tagarelas e ninguém aguentava isso!!

E se é exótico a presença de estoicos nas vilas e cidades naquela época, saiba você que também havia os alquimistas. Alquimistas, seu Jorge Ben, alquimistas! Hoje são os precursores da química moderna, mas naquela época talvez você sentisse medo deles. Você sentiria, não o nosso Erasmo. Não a sua Loucura, que ri e os lista como outra classe que a tem como padroeira e fonte de inspiração e felicidade. Os alquimistas sempre tentando a fórmula da imortalidade e da fórmula que transformaria o que eles quisessem em ouro! A loucura de nunca desistir e de ver cada derrota humilhante como apenas uma pedrinha no caminho!

Não é na tempestade que se conhece o marinheiro bom, é quando este navega no Cabo de Maléia, na província de Peloponeso. Coragem, marinheiro e esqueça o que ama e vá sem medo!

Outro alvo de ironia: sincretismo religioso. Só que na época de Erasmo de Rotterdam não é a mistura de religiosidade católica e religiosidade de origem africana, aqui é religiosidade católica misturada com religiosidade da antiga Roma e antiga Atenas. Não é mais o guerreiro Hipólito resistindo às investidas da sua madrasta (!) o alvo de devoção, agora é o guerreiro São Jorge. E lá vai mais um cavalo todo enfeitado, diante da qual os devotos ajoelham e pedem proteção.

E Erasmo de Rotterdam antecipa uma distinção que em Voltaire será fundamental alguns séculos depois durante o Iluminismo: a distinção entre superstição e religiosidade. Ah, então se você repetir tal e tal oração e pagar tal e tal quantia tem o perdão divino garantido? Pode até dar-se o luxo de pecar só mais uma vez? Ora, ora... 
Não que os sacerdotes sejam muito melhores, pois alguns são tão mentirosos e pecadores como muitos dos seus fiéis. Ensinar o cristianismo pelo exemplo? Ora, ora, ora... 

Amor-próprio, iludir-se, elogiar um companheiro igualmente fútil, vangloriar-se por algo bobo, desejar algo absurdo... Como viver e ser feliz neste muito de dor e frustração sem guiar-se pelo caminho delicioso da loucura? Seja louco!

Os turcos na época do renascimento achavam graça na idolatria e nas superstições dos cristãos e os alemães, por sua vez, tinham por orgulho nacional a habilidade na ciência da magia. Acho que em 2020 os turcos continuam orgulhosos, mas os alemães já não se veem como magos.

 Ah, esse paganismo é irresistível... Morro de amores...:
Vênus concede a beleza.
Mercúrio concede o dom da oratória.
Hércules é a divindade para quem quer ficar cheio da grana.
Júpiter coloca a coroa na cabeça dos escolhidos.
Marte ajuda o exército a vencer uma guerra.
Apolo diz tudo o que precisa saber a quem vai ao seu oráculo.
O filho de Saturno lança setas. Não sei o que isso significa, o Erasmo e o Paulo M. Oliveira não explica.
Febo as vezes fica nervoso e manda uma peste aqui para o nosso planeta.
Netuno salva todos que navegam pelo mar.

E os ricos? São infantis com seus brinquedos caros e quando morrem querem caixões de luxo e um funeral pomposo porque nem ali deixam de serem vaidosos. E os advogados e juízes? Enrolam os envolvidos porque quanto mais tempo dura o processo mais ganham. Sobre os negociantes nem vou comentar aqui porque a Loucura usa uns adjetivos bem pesados. 

Não sei quem foi Menipo, mas sei que ele foi um dia à Lua e olhou para a gente de lá. Deve ter sido muito bacana.

Quem é sábio, mas sábio mesmo, mesmo mesmo; tem o ramo de ouro do poeta Virgílio.

Os negociantes são sinistros, mas são os gramáticos que merecem da Loucura um dos melhores e mais extensos momentos do livro. Uma descrição inesquecível. Bela crítica a uma educação artificial e morta, longe da realidade do mundo. 

Poetas e pintores livres? Pausa. É outra coisa óbvia e que não é tão óbvia. Hoje, em 2020, temos arte de vanguarda que você vê em um museu e as vezes não entende e acha feio e tem vontade de rir de raiva. Ora, e em 1510 não haveria artistas vanguardistas que deixavam o povo também perplexos e confusos? A Loucura, ao comentar a arte moderna do início do século XVI, menciona este dito popular: poetas e pintores são livres. Com certezas livres demais a ponto de espantar. Renascimento foi um período de grandes mudanças.

Preciso ler o que Quintiliano escreveu sobre o riso. E outras coisas sobre o Quintiliano. Tem em português?