quarta-feira, 23 de setembro de 2020

23 de setembro de 2020

 


Estou olhando para uma folha A4 onde imprimi o mais belo quadro que conheço, o Retrato de Olga Afanasiyevna Raftopulo por Ivan Kramskoy. Nunca vi algo tão belo. Esta em cima da mesa onde escrevo. Algum dia vou comprar um cartaz ou outra forma de duplicação e pendurar na parede de meu quarto. Eu já podia ter feito algo parecido com duas fotos que tenho do Os Três Patetas e Laurel & Hardy, mas apenas comprei e deixei no armário. Ou o pior exemplo de todos, o meu cartaz do meu filme brasileiro favorito: Lavoura Arcaica. Que quarto sem graça para um artista: paredes brancas e vazias. Uma nota sobre o filme de Simone Spoladore, Luiz Fernando Carvalho e Raul Cortez, inspirado no livro de Raduan Nassar. Quantas vezes ele passou na televisão? Eu nunca vi. Por quê? Por quê?

É notório os comentários negativos feitos a respeito do pronunciamento do presidente do Brasil na abertura das reuniões da ONU. É normal, esperado, e do jogo, que um presidente não fique falando mal de si mesmo ou do próprio país. Mas a margem de manobra é estreita, mesmo que você seja um virtuose na arte da oratória. Não é o caso do Bolsonaro. O Brasil está sofrendo com o que acontece no Pantanal e na Amazônia e com a Covid-19. Bolsonaro podia ter falado só as coisas boas que fez neste dois anos e desejado que as reuniões ali da ONU sejam produtivas e depois mandado um “abraço”. Ia ser um discurso muito curto, é verdade e aqui a vaidade morde, claro pois é muito chique falar para o mundo inteiro e tal; mas ia ser melhor para todos.


HISTÓRIA DO SÉCULO 20 - BPC Publishing LTD/Abril Cultural, 1973.

Pedra lascada, fogo, a escrita, bússola, anestesia… A tecnologia sempre acompanhou a nós, sempre foi importante; mas no século 20 o seu status mudou. Difícil encontrar as palavras certas, desculpa. Somos escravos da técnica? Até nossa alma é biônica? Os robôs vão ter que nos ensinar como é ser um humano? Bom, neste processo de transformar o século 20 em o século da ciência e tecnologia uma mulher e seis homens tiveram papel destacado. Vamos conhecê-los. Primeiro ela, claro. Quem? Ora “quem”. Que podia ser? Ela.


CASAL CURIE

Ah, Madame Curie! Madame Curie! O sacrifício em nome da ciência/humanidade, o feminismo, a visão de futuro… Obrigado, obrigado.

Ah, Madame Curie… Tratamento contra o câncer e também Hiroshima e Nagasaki. A vida e a  morte. Como uma autêntica Deusa.

Ah, claro, um abraço pro maridão. Aí, seu Pierre; abraço e parabéns! Continue o trabalho. 

Explorar comercialmente as suas descobertas? “É impossível: seria contrário ao espírito científico.” 

Magnífico!


SANTOS DUMONT

Evidentemente que no século da ciência e tecnologia o desejo de conquistar os céus n~sao estavam entre os sonhos secundários. Não, não, claro que não. Dezenas tentaram, mas foi o nosso Alberto Santos Dumont quem ensinou a humanidade a voar.

Em uma visita casual a uma exposição industrial, o menino Santos Dumont encantou-se com um pequeno e simples motor. Parece bobo, mas foi o começo de tudo.

O prêmio e desafio referia-se a contornar a Torre Eiffel. Santos Dumont era tão seguro do valor de seu talento que ele mesmo propôs com o próprio dinheiro um prêmio paralelo com regras mais brandas para quem fizesse a mesma coisa! O final deste desafio todo mundo conhece. E era nem a melhor parte, mas vamos prestar a atenção.

No dia 19 de outubro de 1901, Santos Dumont ensina como dominar os balões.

No dia 23 de outubro de 1906: 14-Bis.

Demoiselle

Fez um apelo para que os aviões não fossem usados na guerra e não foi ouvido. A angústia e depressão. No Brasil, a sua terra, em vez de paz encontra a Revolução de 1932 e aviões jogando bombas em Santos. Ele não aguentou.


GUGLIELMO MARCONI

Comunicação sem fio. Como explicar a revolução que foi isso? O mundo ficou pequeno, seria a coisa mais imediata a pensar-se aqui; mas… Acho que a coisa foi mais profunda: acho que o mundo meio que foi refeito. Sei lá, vai ver estou exagerando. Sou artista e humanista, então essa coisa de comunicação me é mais pesado.

O caminho foi rápido e coletivo: dois momentos decisivos: James Clerk Maxwell em 1865 com suas equações une a eletricidade, o magnetismo e a luz; Lee de Forest em 1906 consegue aperfeiçoar a válvula eletrônica de Ambrose Fleming e com isso os aparelhos de Marconi teriam mais energia e por mais tempo. O cientista italiano não precisava de muita coisa agora.


Pausa.

Contribuição minha ao texto.

Vamos lembrar do Nikola Tesla e do padre brasileiro Roberto Landell de Moura. Landell de Moura inventou o rádio antes de Marconi e Tesla, mas quem mandou estar no Brasil cercado de compatriotas medíocres? O caso do Tesla é interessante. Fazendo várias coisas ao mesmo tempo e acidente nos laboratórios, Tesla desdenha de Marconi que faz a transmissão antes. Claro, na época Tesla era famoso e rico. Mas a roda da Fortuna… Velho, doente, pobre e esquecido, ele resolve entrar na justiça: “Quem inventou o rádio fui eu, a tecnologia e a matemática necessária eram de minha autoria!” Bom, o tribunal de Nova York dá ganho de causa a Tesla. Mas já era tarde demais: o Mestre dos Raios estava agora onde todos eles são feitos.


THOMAS ALVA EDISON

Salve salve, Edison! Sem você o século 20 ia ser mais escuro, mais silencioso e, - principalmente -, milhões não poderiam ver a Sigourney Weaver no filme Alien de 1979… Cof!, cof!… Mas onde estávamos? 

Um gênio da praticidade, um visionário de tal magnitude que poderia ser chamado de profeta. Mas não muito sincero.

A lâmpada incandescente. A união de Edison e Joseph Swan na Edson and Swan United Eletric Light Company é uma das histórias mais gloriosas do capitalismo no século 20.

Mas se Joseph Swan não se arrependeu de unir-se a Edison, não sei se o ingênuo Thomas Armat diria o mesmo na história do projetor de filmes. Ah, senhor Armat… Mas quer saber? Estou contigo! Senhor Armat? É nois! 


SIGMUND FREUD

Há uma parte da nossa memória que fica muito escondida, mas se manifesta de muitas maneiras. Algumas dessas maneiras não são agradáveis. Como tratar isso se nosso consciente não vai até lá? É o que perguntava Freud e seus amigos, J. M. Charcot e Josef Brewer. Hipnose, perguntas, associação livre, erros linguísticos interessantes, lapsos de memória também interessantes e principalmente… fale-me mais do sonho que você teve a noite passada… Não, não, não importa se parece estranho… Conte-me…

Freud “venceu”, é difícil imaginar o mundo sem a sua influência. Freud e todos os seus discípulos ajudaram muita muita gente e continuam ajudando. Uma questão polêmica continua: entre física e filosofia, a psicanálise está mais próximas de qual dos dois lados? 

Duas tendências principais no humano: a autopreservação e a vontade de reproduzir-se. A libido é como uma energia que precisa fluir de maneira saudável. Mas se muito cedo houver problemas, ela regride no indivíduo. Se for reprimida. E o pior que a sociedade como um todo adora reprimir. 


HENRY FORD

O que Freud fez “dentro” da mente, o Henry Ford fez “fora”. Ford inventou a massa: produção em massa, consumo em massa. Se não é para vender para milhões, qual seria a graça? Perfeito, mas o mundo ficou muito igual… 

Era um magnata, mas também generoso com relação aos seus empregados. Houve uns problemas com os sindicatos, mas depois, por pirraça ou sinceridade, Ford foi mais bonzinho do que a lei tinha exigido.

Mas se não era teimoso em relação aos salários, Ford era teimoso em relação a cor e aos desenhos dos carros. A frase é deliciosa demais para não ser reproduzida aqui: “Eles podem ter qualquer cor desde que seja preto.” Ah, magnífico! Foi preciso uma Segunda Guerra Mundial para a flexibilização ter a sua chance.

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