quarta-feira, 16 de setembro de 2020

16 de setembro de 2020

 

Trovão (in memoriam). Saudade dele. Muita! Cada um de seus olhos era adornado em seu em torno por uma estrela negra, formando um conjunto que lembrava-me uma maquiagem igual ao de um palhaço de circo. Eu devia ter brincado mais com ele, mas nem os cachorros eu deixo aproximarem de mim. Ele era educado, disciplinado, observou uma vez meu pai; não parecendo mesmo ser um cachorro de rua que visitava e ficava frequentemente em nossa casa. A minha memória fixou a sua imagem distante da porta da cozinha, sentado obediente, à espera de atenção e comida. Eu gostava de segurar a sua cabeça gigante e ficar olhando para dentro de seus olhos, enquanto pensava o quanto ele era bobo e ele, por sua vez, devia pensar o quanto eu fazia muito menos que podia de minha própria vida.

O Brasil está doente de Covid-19, a sua economia em recessão e meus pais estão envelhecendo depressa. Que momento para uma cigarra infantil de 37 anos virar formiga burguesa com sua loja de artesanato! Mas talvez a metáfora seja outra. “Aldrin”, eu gosto de lembrar sempre, é o nome de um pesticida banido pelo Órgão das Nações Unidas por ser tóxico além do que pode ser tolerado e é também nome de um importante astronauta que caminhou pela Lua. Em um exercício metafísico, concluo que talvez eu seja mesmo é um astronauta que foi exilado. Só se vive olhando adiante, mas minha roupa de astronauta bem que podia ter alguma pista de meu verdadeiro planeta. Bom, quando criança o planeta que eu mais amava desenhar era Saturno… 


Lúcio Flávio Pinto, o Maior Jornalista do Brasil + Portal UOL + Rádio Itatiaia = Atualidades Comentadas.

Pantanal queimando a meses e o nordeste sofrendo a maior seca em décadas. A natureza selvagem é mais sincera e eficiente em mostrar como é o Brasil atual sob o Governo Bolsonaro. Porque a imprensa brasileira não consegue e não quer e as redes sociais da internet, por sua vez, estão inundadas por mentiras e agressividade. Que momento horroroso!

A ciência é uma das atividades humanas mais excitantes e é triste que a educação formal brasileira, assim como muitos veículos de imprensa brasileiros, não sejam tão efetivos em apresentar ao grande público as maravilhas da ciência. Uma consequência disso é a popularidade de opiniões tolas sobre vacinas e o formato do planeta Terra ainda em 2020. Bom, mas nem tudo são espinhos. Foi descoberto, na atmosfera de Vênus, moléculas de fosfina. É uma boa evidência de vida extraterrestre. Mas pode não ser, mas enquanto isso ficamos encantados que cientistas consigam saber detalhes a respeito da atmosfera de outros planetas.

Falei em “boa evidência” de que pode haver vida no planeta Vênus. O que parece ser mais do que uma boa evidência é a postura da Advocacia-Geral da União ser boazinha demais com o Governo Bolsonaro. Dilma e Temer foram traumáticos, é verdade, mas a inércia do Sistema não pode justificar tanta “colher de chá” diante de mais um governo ruim.

HISTÓRIA DO SÉCULO 20 - BPC Publishing LTD/Abril Cultural, 1973.

A população dos subúrbios crescia, com a ajuda dos novos meios de transporte. Ônibus e automóveis já estavam deixando de ser novidade, a ponto do governo da Inglaterra ter que aumentar a velocidade do automóvel de seis para vinte quilômetros por hora. E isso antes do ano de 1900! Além do telégrafo e cinema. E os mercados amplos, onde justamente muitos trabalhadores vinham dos subúrbios para trabalhar. E as vezes consumir também, mas o destaque quanto ao crescimento econômico ficou para a classe média.

Diante de tantas mudanças e mudanças que eram radicais, nem todos eram otimistas. Muitos tinham receios profundos quanto ao futuro, naquele início do século XX. O membro do Partido Liberal Charles Masterman levantava a questão: a vida será mais rica e feliz quando for normal que a maioria dos trabalhadores tenham despesas novas porque desejarão adquirir objetos de luxo como agora são os automóveis? Marie Corelli era mais lírica, chamando a avareza de “nossa estrela do mal”. Esta escritora popular antevê o cenário em que pessoas cuja a única virtude foi adquirir muito dinheiro, por qualquer meios, influenciando o caminho da comunidade devido ao seu poder sobre os políticos.

Marie e Charles estavam corretos, a ganância se espalhou entre humildes e o poder econômico envenenou a política? 


Leonardo Mota e a Sabedoria Brasileira

“Mais Amor e menos confiança.”

Comentários.

Meu amado Bertie (Bertrand Russell) falou algo semelhante. Deixe-me procurar, porque é bonito fazer uma ponte aqui. Achei! Demorou, mas foi gostoso porque lembrei bastante de quando li Ensaios Céticos pela primeira vez. Então vamos lá: “Nossas relações com os que amamos podem perfeitamente ser confiadas ao instinto; são nossas relações com aqueles que detestamos que deveriam ser postas sob controle da razão.” Aviso logo que meu Bertie, apesar de ser um dos maiores filósofos do mundo, era bastante ingênuo. A questão aqui é se conhecer bem. Se conhecendo bem podemos ser mais espontâneos. E isso tudo tornaria as coisas mais leves. Quem sabe um dia?


Lendo ELOGIO DA LOUCURA (1510), de Erasmo de Rotterdam.

“… aplaudido pelos verdadeiros doutos! Bolas! Que grande sacrifício! Raramente sucede ...”

Um nome importante que devemos buscar mais informações: Alceu de Mitilene: um dos vértices da poesia da antiguidade e inimigo figadal de todos os tiranos! Uau!

Aqui vou ter que reproduzir na íntegra a nota de rodapé do Paulo M. Oliveira, porque isso aqui é legal demais. É puro Amor.

“87 No templo de Dodona, havia um lugar dedicado a Júpiter, no qual se achavam vários vasos dispostos de maneira tal que, ao se bater no primeiro, o som se propagava até ao último, produzindo um barulho insuportável.”

Erasmo de Rotterdam citou o “bronze de dodônio” para ironizar e criticar os dialéticos do século XVI, que ficavam discutindo e discutindo sem se importar com a verdade e a educação.

Mais até do que os estoicos e os comerciantes, o maior alvo de críticas irônicas de Erasmo de Rotterdam é mesmo o clero católico. Dogmatismo, hipocrisia, elitismo, distanciamento quanto aos ensinamentos mais básicos de Cristo… O final de Elogio da Loucura é mesmo pesado quanto a isto.

Achei legal encontrar referências a Guilherme de Ockham e Duns Scott. Sinal que eram autores conhecidos, mesmo muito tempo após a morte deles. Scott, mais do que Ockham, aparece como exemplo de teólogo que propositalmente é obscuro em seus textos para parecer profundo, mas que na verdade é um autor irrelevante. Acontece que isso não é verdade, Scott é profundo sim. Mas durante séculos o seu nome caiu em desgraça porque seus opositores eram maioria. “Duns” até virou, na língua inglesa, um  termo pejorativo. Mas Duns Scott, assim como a filosofia medieval, nas últimas décadas vem recebendo a merecida atenção. Legal isso.

Há também, em Elogio da Loucura, referências à intolerância religiosa. Discussões e agressividade entre cristãos por causa de detalhes quanto ao dogma. Quanto sofrimento, quanto!

Uma nota mais alegre: cuidado com a sua flatulência, senão você pode ser tão barulhento quanto o Priapo, que acabou assustando as bruxas Canídia e Ságana! 

Bonito, os comentários sobre como deve ser um líder político de valor feitos por Erasmo de Rotterdam. É visível sinais da democracia moderna ali. Gostei de ler esses trechos. Acho que vocês também gostariam.

Um costume horrível daqueles tempos: em Roma, se você fosse excomungado pela Igreja Católica, as vezes um retrato seu era pintado em um pano acompanhado por demônios e este pano era exposto ao público. 

“99 Trata-se, muito provavelmente, de uma alusão a Júlio II, papa cujo fanatismo guerreiro tantos males causou à humanidade.” (Nota de Paulo M. Oliveira)

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