Serra
do Curral e o Balde Mágico
A
mineração na Serra do Curral, símbolo da capital de Minas Gerais;
a capital nova que representou o nascimento da república brasileira,
Belo Horizonte. Belo… Horizonte…
Antes
de mais nada, tenho que conferir um detalhe técnico. Na
segunda-feira, dia 2 de maio de 2022, na Rádio Itatiaia; o
jornalista Eduardo Costa falou um trem rápido e quase
imperceptível. Mas eu escutei bem. Tenho que conferir esse trem
direito. Vamos lá.
Esperem
um pouco.
...
Pelo
sorriso da Kalki Koechlin e pela tiara nos cabelos da Poison
Ivy (Kristy Marlana Wallace)!!
https://noticias.r7.com/minas-gerais/construtora-do-viaduto-que-caiu-em-bh-e-mineradora-da-serra-do-curral-sao-do-mesmo-grupo-05052022
“O
acidente com o viaduto Guararapes, em Belo Horizonte, aconteceu em
julho de 2014, matando duas pessoas e deixando 23 feridas. Seis
engenheiros foram condenados pela Justiça.
No
estudo de impacto ambiental feito em 2019, há praticamente a mesma
descrição do empreendedor, mas desta vez, o nome da Cowan não
aparece.”
https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2022/05/04/diretoria-da-mineradora-que-quer-explorar-serra-do-curral-e-a-mesma-de-empresa-que-construiu-viaduto-que-desabou-em-bh.ghtml
“Em
2020, a Justiça mineira condenou, em primeira instância, seis
engenheiros que participaram da obra. Outros dois foram absolvidos.
O
g1 procurou a Cowan e a Tamisa, mas as empresas não se
manifestaram.”
(Poucas
linhas antes deste trecho selecionado, há a citação do nome de
três diretores da Cowan e Tamisa e também o nome de um executivo da
Tamisa que é ao mesmo tempo diretor jurídico da Cowan. Se eu fosse
corajoso e homem como é o Lúcio Flávio Pinto, - o maior
jornalista do Brasil -, eu citaria o trecho com os nomes. Mas eu não
sou. Fico aqui mordendo tímido. Ontem mesmo [3 de maio de 2022] eu
sofri para trocar a lâmpada queimada da sala. E ainda sim só fiz o
trabalho pela metade.)
https://www.otempo.com.br/cidades/empresa-do-viaduto-que-caiu-e-uma-das-responsaveis-no-projeto-na-serra-do-curral-1.2662852
“As
informações sobre os donos da empresa e empresas que participam do
projeto foram retiradas do estudo de impacto ambiental mais recente,
apresentado no final de 2019. No entanto, em um trecho do Parecer
Único do Complexo Minerário, elaborado pela Secretaria de Estado de
Meio Ambiente, a construtora voltou a aparecer.”
(Um
dos sócios da Taquaril Mineração S. A., informa a reportagem
algumas linhas depois do trecho citado, é advogado e defendeu a
Cowan em mais de 20 processos e destes 14 são ligados à queda do
Viaduto Batalha dos Guararapes. O cara é advogado e sócio de
empresa rica. Aí é que eu não cito o nome mesmo!)
Então
vamos lá: duas notinhas preliminares
A
- Oi, eu sou uma mineradora e queria explorar a Serra do Curral.
-
Obrigado, mas não. É preciso preservar aquela área e ali é
símbolo de Belo Horizonte. Precisamos de dinheiro, mas dinheiro não
é tudo.
(A
Alemanha comprando gás da Rússia um ano depois desta invadir a
Criméia. Assisti a entrevista do João Pereira Coutinho ao
“Roda Viva”, da TV Cultura, ocorrida no dia 18 de abril de 2022.
Daí a referência a um fato contado na entrevista e revelador sobre
os valores que guiam o nosso mundo. Coutinho é um liberal e
conservador interessante. Eu sou um liberal e tento não ser tão
conservador. A opinião dele sobre voto obrigatório eu achei tonta,
por exemplo. Mas preciso ver a outra metade da entrevista.)
B
O Zema pode perder uma eleição para o governo de Minas
praticamente ganha? Acho que a mineradora vai vencer no final, mas é
preciso lembrar que tem gente rica e influente que é sim militante
da causa ambiental.
Há
um detalhe técnico que é interessante de citar: a aprovação
ocorrida na madrugada do dia 30 de abril de 2022 (de sexta para
sábado) não é para o projeto todo de mineração. É para a parte
inicial de todo o processo de minerar. E daí? E daí que é dominó:
nos outros pedidos ao Copam (Conselho Estadual de Política
Ambiental) a mineradora, com certeza, vai falar de “fato
consumado”: “pô, já tá tudo meio aberto, já tem as estradas,
vamu vamu continuar, pô!” Bando de almas sebosas… Bando de almas
sebosas...
Votação
na madrugada. Maioria de votos a favor. Depois de duas tragédias
envolvendo mineradoras. Água para milhares de vidas, verde, local
que é importante preservar por que ali há o vírus da hidrofobia e
ficando verde e protegido o trem fica ali cercado (já são três as
crianças mortas no caso do norte de Minas! Abril e maio de 2022.), o
dinheiro vencendo mais uma vez. A visão a curto prazo vencendo mais
uma vez no Brasil. Brasil, país que vive um dia de cada vez. E
precariamente. E Minas, Minas Gerais… Mas vamos à guerra de
propaganda que gosto tanto de acompanhar.
No
dia 30 de abril a Rádio Itatiaia, a mais poderosa rádio de Minas
Gerais, não destacou a aprovação da mineração na Serra do
Curral. No domingo falaram um pouco mais. Estavam se preparando para
o quê? Esperando o quê? O assunto estava quentíssimo desde que o
resultado da votação foi divulgado! Mas foi no dia seguinte,
segunda-feira dia 2 de maio de 2022, na “conversa de redação”,
parte do Jornal da Itatiaia; que a coisa foi didaticamente
e paradigmaticamente “perfeito”
para a guerra de propaganda.
A comentarista de economia disse que temos mineração no nome do
Estado. Outro comentarista chamou a atenção que os conselheiros do
Copam (Conselho Estadual de Política Ambiental) estavam sendo
ameaçados.
Pausa.
Pausa.
Paz
para o humano e o verde. Tem que ser na conversa, tem que ser na
razão.
Continuemos.
Em
conjunto os comentaristas concordaram que os ambientalistas perderam
porque não foram ativos o suficiente. O tom é de aprovação à
mineração na Serra do Curral. Não tem como se enganar, com essa
“indignação fatalista” expresso pelos comentaristas: “ah, é
ruim; mas...” Hoje, dia 5 de maio de 2022, uma longa entrevista
feita com a Secretária de Meio Ambiente de Minas Gerais foi
transmitida na rádio. Ela também apareceu no MGTV Primeira Edição,
jornal local da Rede Globo Minas de Televisão. O tom foi este: tudo
legalizado, tudo no papel, tudo de acordo e blábláblá...
Pausa.
Quem
da Copam (Conselho Estadual de Política Ambiental) que vota? As leis
ambientais são realmente ambientais? Neste jogo de muito dinheiro,
as almas sebosas sabem pensar a longo prazo e não entram para
perder. Eles fazem bem-feito. Brasil.
Uma
atualização do dia 6 de maio de 2022
Na
Rádio Itatiaia falaram mais uma vez da secretária de meio ambiente
de Minas Gerais e referiram a ela como “técnica”; em tom de
aprovação. A mensagem é assim: ela é técnica, não está ali por
amizades partidárias. Tinham falado sobre isso a respeito dela
ontem.
Técnica,
técnica… A secretária de MEIO AMBIENTE é “técnica”, a
votação do Copam (Conselho Estadual de Política Ambiental) foi
“técnica”. Tudo “técnico”. Falta coragem para usar as
palavras proibidas: “obrigatório”, “inevitável”. Tem
minério ali? Então a mineração vai vencer. Esqueci o nome do
autor, mas a citação eu sei de cor. Alguma das palavras mais
profundas que já conheci.
“Ao
ouvi a palavra “inevitável”, tome muito cuidado. Um inimigo da
humanidade acaba de revelar-se.”
(Esqueci
o nome do autor destas palavras sábias, mas não esqueci do Popper
e do livro dele que preciso comprar: “A Miséria do Historicismo”.)
Pausa.
Dia 7 de maio, 5 para uma da tarde.
Tia
solitária e idosa
liga para minha mãe e o tom é de arrepiar: “fulana morreu,
sicrana morreu, a outra
também faleceu… Só sobrou eu… - É, só sobrou você...” A
velhice dá medo mesmo.
Onde
a gente tava? Vendo o time da vida perder para o dinheiro da
mineração. A questão não
é técnica é moral: a Serra do Curral tem que ser protegida da
atividade de mineração.
No
sábado não há, no final do Jornal da Rádio Itatiaia a “conversa
de redação”; tem o “palavra aberta”. Um espaço de debates.
Hoje, dia 7 de maio; apareceram dois especialistas que parecem que
são contra a mineração na Serra do Curral, embora não tenham sido
explícitos a respeito. Mas eu mantenho minha opinião de que sim a
Rádio Itatiaia quer a mineração na Serra do Curral. Aquele
fatalismo que já citei: “é ruim, mas é assim esmo e bláblá...”
Mas
antes de mudar de assunto (por hoje) um detalhe. Detalhe importante.
História é professora de valor.
https://oglobo.globo.com/politica/um-ano-depois-da-tragedia-brumadinho-tem-reconstrucao-sem-plano-de-longo-prazo-24199429
“O
corpo de seu marido, Rodrigo Monteiro Costa, de 42 anos, inspetor de
mecânica da Vale, foi encontrado na área do restaurante da mina.
— Brumadinho
hoje vive da ganância, a mesma que matou o Rodrigo. Passo mal quando
preciso ir na cidade. Lá hoje todo mundo está feliz porque ganha um
salário mínimo da Vale. Tudo subiu de preço. Mesmo famílias
bem-sucedidas, que não perderam um parente, um tijolo sequer,
recebem (indenização). Fico revoltada. Não tem dinheiro que pague
a vida — diz a viúva.”
https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2022/01/12/a-poucos-dias-de-completar-3-anos-de-rompimento-de-barragem-moradores-de-brumadinho-sofrem-com-a-chuva.ghtml
“Nos
últimos dias, o nível do Rio Paraopeba, contaminado pela lama da
barragem da Vale há três anos, subiu, o que fez com que a água
invadisse várias casas e estabelecimentos comerciais.”
(Uai,
caso de chuva forte inundando cidade pobre não tem a ver com o
rompimento de barragem três anos atrás e nem haver com mineração
na Serra do Curral. Tem sim, uai, indiretamente: mineração vem,
mineração vai, a pobreza da cidade continua a mesma. Cadê a
riqueza da mineração?)
https://www.dw.com/pt-br/tr%C3%AAs-anos-ap%C3%B3s-trag%C3%A9dia-de-brumadinho-busca-por-desaparecidos-e-indigna%C3%A7%C3%A3o-persistem/a-60545295
“Mas
em outubro de 2021, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou esse
processo criminal e passou o caso para a Justiça Federal, após
analisar o pedido de defesa de Fábio Schvartsman, então presidente
da Vale. O processo foi enviado para reavaliação, e os denunciados,
dessa forma, deixaram de ser réus.”
“Para
Maria Teresa Corujo, ativista e ex-conselheira
da Câmara de Atividades Minerárias do Conselho Ambiental de Minas
Gerais, que denunciou várias ilegalidades durante o processo de
licenciamento que autorizou a ampliação das atividades da Vale em
Brumadinho um mês antes da tragédia, as mudanças esperadas não
vieram.”
https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2022/02/04/mariana-cerca-de-10-mil-pedidos-de-indenizacao-estao-paralisados-por-falta-de-juiz-em-vara-federal-diz-ex-prefeito.ghtml
“A
decisão, do juiz Mário de Paula Franco Júnior, atende ao pedido de
uma comissão de atingidos de Mariana e determina que a Samarco e
seus acionistas, Vale e BHP, e a Fundação Renova admitam e
processem as formalizações de adesão à matriz de danos, fixada
judicialmente pelo próprio magistrado.
Mas
agora, segundo Duarte Júnior, não há ninguém para firmar os
compromissos.”
https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/brasil/2022/04/atingidos-pelo-desastre-de-mariana-buscam-justica-na-inglaterra.html
“Segundo
Mousinho, os relatos de piora nas condições e da angústia dos
atingidos que consideram não ter recebido uma reparação digna no
Brasil fazem da ação no Reino Unido uma oportunidade de justiça.””
(“Mousinho”
é Tomás Mousinho e ele é descrito no parágrafo anterior ao
trecho citado como um dos sócios do “PGMBM”. Fui procurar o que
é esse trem e encontrei isso: https://pgmbm.com/pt-br/sobre/
É uma organização que ajuda pessoas simples a enfrentarem grandes
corporações e casos de injustiça. A equipe é formada por pessoas
que trabalham em vários países. O trem parece ser bem chique.)
https://manuelzao.ufmg.br/seis-anos-apos-rompimento-em-mariana-pessoas-atingidas-buscam-reparacao-na-justica-inglesa/
“Em
novembro do ano passado, o rompimento da barragem completou seis
anos. A onda de rejeitos liberada no rompimento soterrou a comunidade
de Bento Rodrigues e Paracatu, ceifou 19 vidas e matou o Rio Doce. O
mar de lama também atingiu outras localidades e diversas comunidades
rurais. Após seis anos do crime, a Samarco, Vale e BHP ainda não
foram responsabilizadas. Os atingidos ainda não receberam a devida
indenização e nenhuma das casas prometidas pela Renova
(representante das mineradoras) foram entregues até então.”
Estou
eliminando dois terços do meu arquivo de material jornalístico.
Nunca soube usar ele a tempo e agora precisamos do espaço.
Nossa,
eu me sacrifiquei muito muito; tempo tempo levei para montar o
arquivo! Usar ele não seria a parte mais fácil? Não foi para mim.
Estranho, estranho eu sou. Fiquei com medo de citar notícias antigas
e nomes naquele contexto, acho. Sou muito medroso. Acho que meu medo
é em grande parte porque não sei exatamente quem eu sou. Quem eu
sou?
Reduzir
meu arquivo ao tamanho de um terço do tamanho original é um desafio
igualmente intelectual e sentimental. Saber selecionar, saber se
despedir... É um desafio razoável.
Pausa.
O
meu arquivo está em um armário enferrujado em um canto bem escuro e
úmido e abandonado e etc. E etc.. Estou olhando o material
jornalístico em outro local, mais afastado e arejado. Eis que de
repetente… Por pouco não sou picado pela “Aranha Marrom”
(Loxosceles sp.) que ficou num monte de folhas que peguei e levei
para a mesa. A distância foi razoável e realmente tive sorte. A
“Aranha Marrom” (Loxosceles sp.) é uma das cinco que realmente
são perigosas. A Loxosceles te leva para o hospital.
Atualização
do dia 7 de maio de 2022
Perdi
a paciência com o material que estava selecionando. Desorganizado,
fiquei tempo demais nesta parte do arquivo. Coloquei a metade numa
pasta e a outra metade… em um balde. Vai na força: um recorte por
dia e jogo fora. Vai na força mesmo. Enquanto isso faço seleção
de outra arte do material.
Se
o balde for mágico, pode dar certo.
É
uma almofada usada em meu berço. Quando eu dormia em um berço. Como
esse trem ainda existe? Salvei ele da destruição da enchente do
começo do ano. Eu nem sei como ele foi parar naquele barracão do
centro da cidade. O estranho é que realmente fazia décadas que eu
não via essa almofada, mas quando a vi a reconheci na hora. Não
pode ser lembrança de recém-nascido, eu devo tê-lo visto pela
última vez aos 20 anos ou um pouco antes. Agora tenho 38 anos. Mas é
sério, não lembro de tê-lo visto antes. Já pensou que seja
realmente lembrança de recém-nascido? Eu sou infantil, mas aí já
seria demais.
Vai
aí algumas anotações que eu fiz. Não é os comentários a
respeito do material de meu arquivo, são apenas notas. “Apenas”
notas. O “apenas” pode ser ou não charminho barato do autor
aqui. Depende dequem me lê agora. Escrevi algo semelhante aqui:
https://amorequeijo.blogspot.com/2021/04/amigos-do-palhaco-benjamin.html
– Procurar
músicas da Pauline Croze e da Susheela Raman. Segundo
o pequeno recorte da matéria da Revista Veja, essas duas artistas
fazem “música de cozinha”. Eu não recortei a matéria inteira,
só essa pequena parte. Nem anotei a data.
Não
sei o que é “música de cozinha”. Suspeito que seja uma maneira
de dizer que a música de Pauline e Susheela sejam
leves demais e bobinhas demais. Com certeza não é assim. Muitos
jornalistas culturais são tontos.
– Procurar
os livros do escritor Antônio Carlos Villaça. Ele é meio
conservador e religioso demais, é verdade; mas ele também é
parente do nosso pai Machado de Assis e do Pedro Nava.
O Toninho merece atenção.
-
Assistir as peças de teatro do Antonin Artaud. Enquanto não,
a gente fica com um poema.
“Post-scriptum
Quem
sou eu?
De
onde venho?
Sou
Antonin Artaud
E
basta que eu o diga
Como
sei dizê-lo
Imediatamente
Vocês
verão meu corpo atual
Partir
em pedaços
E
se recompor
Sob
dez mil aspectos notórios
Um
corpo novo
Onde
vocês não poderão
Nunca
mais
Me
esquecer”
– Procurar
músicas do Gerson King Combo. O Gerson é o rei do
soul music (música que vem da alma) brasileira. Na fotografia
realizada pelo Jackson Romanelli, o Gerson King Combo
aparece usando uma pequena boina oriental igual ao que eu tenho.
Mas a minha é vermelha e a dele é meio azul e roxa.
– Procurar
livros do economista Lester Thurow. O meu Robert Heilbroner
gosta do Lester. Com recomendação assim a gente fica mais
tranquilo. Tranquilo e suave.
– Procurar
livros das escritoras Rajaa al Sarrie e Randa Abdel-Fattah.
O mundo delas está perto de nós brasileiros. O mundo é pequeno. O
mundo é pequeno.
– Procurar
o livro Luiz Camillo – perfil intelectual,
da Maria Luiza Penna.
Luiz
foi um dos principais intelectuais brasileiros do século XX.
– Procurar
o livro Beowulf. A
língua inglesa começara a amadurecer. Livro muito muito antigo.
Muito muito cuidado com a tradução. As vezes editora medonha sabe
colocar uma capa atraente.
– Procurar
o livro Martin Fierro,
do escritor José
Hernandez.
– Procurar
livros do escritor Octavio
Paz. Conhecer mais o
México.
– Procurar
livros da conhecedora das religiões Karen
Armstrong.
– Sou
a favor das cotas raciais nas universidades, mas a honestidade
intelectual exige conhecer a opinião de quem pensa diferente. Eu
comprei, na época que a discussão sobre cotas estava no auge, o Não
somos racistas do Ali Kamel. É inteligente, mas a falha decisiva
já aparece na introdução dele. Mas falarei disso numa outra hora.
Parece que existe outro livro interessante sobre o assunto polêmico:
Divisões Perigosas – políticas raciais no Brasil
contemporâneo; organizado por Yvonne Maggie, Marcos Chor Maio,
Simone Monteiro e Ricardo Ventura Santos (Editora Civilização
Brasileira).
Na
época como hoje, 2022, dizer que a solução é melhorar o ensino
infantil e fundamental? Dizer isso para cima de moi? Aqui é
38 anos de Brasil.
– Agora
um livro verde: Terras da Terra, de Stuart Primm.
– Agora
um livro urgente: O Adoecer Psíquico do Subproletariado, de
William César Castilho Pereira.
– Procurar
informações sobre o Alphonse Marie Edmond Pavie. Ele é um
herói da saúde pública brasileira.
– Uma
lição do maior orador da língua portuguesa, o Padre Antônio
Vieira.
Pausa.
Quando
falo do Padre Antônio Vieira eu lembro de um comentário de
minha professora de literatura e gramática: “Eu daria meu braço
direito para só ter uma tarde de conversa com o Padre Vieira!”.
Uau, professora Vera Lopez!
Mais
valem os desacertos do intento que as certezas da inércia.
Lição
parente de outra que aprendi com o Jarbas Passarinho. Ele é medonho,
mas a lição é bonita e verdadeira:
Antes
o rosto molhado pelas lágrimas da derrota, do que ter o peito
atingido pela vergonha de não ter lutado.
(A
biblioteca comunitária aqui de casa ganhou uma autobiografia dele e
eu li um pouquinho do início do livro. Aí achei essa lição de
ouro. Mudei as palavras, mas o sentido é esse mesmo.)
– Quando
a Ophiocoma wendtii precisa comprar colírio para os olhos, ela gasta
muito dinheiro. É muito colírio.
– Procurar
poemas da poetiza Bruna Piantino.
– Procurar
músicas da cantora Luca Mundaca.
– Agradecer
por tudo e depois perdir bênção a São José Resgatado.
– Provavelmente
o nosso universo é apenas mais uma bolha a ter emergido de uma
estranha “sopa” cósmica. Caramba, é lendo uma reportagem assim
que eu lamento não acompanhar tanto as notícias científicas.
– Se
eu ler Alexis ou Tratado do vão combate, da Marguerite
Yourcenar; obrigatoriamente devo ler o seu livro irmão Monique,
de autoria de Luísa Coelho.
– Ler
Essa Terra, de Antônio Torres. Um clássico da
literatura do século XX.
– Procurar
o autor estadunidense Nick Tosches. Os livros dele parecem ser
meio doidos. Só não podem ser doídos, doidos podem.
– Procurar
assistir ao documentário Leni Riefenstahl – A Deusa Imperfeita,
do Ray Müller.
– Procurar
ler Veredicto em Canudos, do Sándor Márai. Um húngaro
se apaixonou pela nossa Guerra de Canudos. Uai, isso pode? Parece que
pode.
– Conhecer
os poemas da poetiza Orides Fontela.
“AXIOMAS
Sempre
é melhor
saber
que
não saber
Sempre
é melhor
sofrer
que
não sofrer
Sempre
é melhor
desfazer
que
tecer.”
-
Depois de escutar uma música do Afrika Bambaataa & The
Soulsonic pensei em comprar livros da Míriam Leitão
(Saga Brasileira – A Longa luta de um povo por sua moeda) e
Maria da Conceição Tavares (Destruição Não Criadora).
– Depois
de livros de economia, um livro sobre dança. Podemos começar os
nossos primeiros passos com ela, Angel Vianna – A
pedagogia do corpo (Enamar Ramos).
-
E agora um livro sobre um príncipe africano. Dom Obá II
d´África, o Príncipe do Povo; de Eduardo Silva.
– Procurar
poemas da poetiza Sylvia Plath e também procurar Cartas de
Aniversário, de Ted Hughes.
-
“O resultado é “Ao vivo do Calvário”, do escritor
americano Gore Vidal, a sátira mais blasfema da
história da literatura, que chega agora ao Brasil (tradução de Lia
Wyler; Rocco; 216 páginas; 2690 Cruzeiros Reais).”
[Revista
Veja, 10 de novembro de 1993. Eu tinha 10 aninhos!]