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sábado, 4 de novembro de 2023

4 de novembro de 2023

 


4 de novembro de 2023

 

Sorriso é tudo.

 

A Obra Completa de Henriqueta Lisboa. Organizado por Reinaldo Marques e Wander Melo Miranda. Revisão de Mineo Takatama. Projeto gráfico e diagramação luxuosas de Silvia Amstalden. Editora Peirópolis. Caixa, três volumes. Lendo devagar porque cada grão de areia é uma safira. Chique pra caramba o trem. Delicado em um mundo tão violento e vulgar.

E é poesia, p*!!!!

E é poesia, p*!!!!

Tudo bem, mas isso é suficiente para a minha redenção? E para a redenção do mundo?

 

 

Os pais eram ingleses, mas o solo e o Sol que testemunharam o seu primeiro abrir de olhos eram de Portugal. Veio ao Brasil por motivo de saúde e a retribuição veio na forma de relatos das viagens do estrangeiro que mais amou e conheceu o nordeste brasileiro. Este brasileiro que é burro e fica debaixo da cama por medo, te saúda ó sábio e corajoso Henry Koster!

(De Antologia do Folclore Brasileiro, vamos para outro livro. Parafraseando Nietzsche sobre as Conversações com Goethe nos últimos anos de sua vida, de Eckermann; vocês vão ler um trecho do mais belo livro escrito em língua portuguesa.)

Conselho. No Rio de Janeiro, um professor com ar de mestre, gestos afetados, orienta Cascudo:

- O senhor precisa ler Henry Koster. Escreveu um trabalho precioso sobre o Nordeste brasileiro.

- O senhor leu o original inglês? – pergunta Cascudo.

- Não, senhor. Há uma versão anotada em português.

- O senhor se recorda do nome do tradutor e anotador?

- Não me lembro.

- Foi este seu criado...

(Câmara Cascudo – um brasileiro feliz, de Diógenes da Cunha Lima. 2016, Editora Escrituras. Página 70.)

(Agora vamos voltar à Antologia do Folclore Brasileiro.)

O nome do livro é Viagens ao Nordeste do Brasil, de Henry Koster. Tradução e notas de Luís da Câmara Cascudo. Volume 221 da Coleção Brasiliana. 1942, São Paulo.

 

E Henry Koster devia ser simpático, mas também pode ser coisa mesma dos nossos índios alegres. Os índios, a serviço do Henry, pediam para dançar em frente a casa dele à noite. Fogueira e vizinhos convidados. Alguns “negros livres” também participavam, mas de maneira afastada em frente ao dormitório deles. É emocionante ler o Henry Koster descrevendo aquilo que conhecemos hoje como berimbau.

 

Os brancos zombam muito, mas deixa que eles são sem graça mesmo. Cada distrito tem um Rei Congo. É março e é hora dos negros elegerem o seu rei, pois estamos na cerimônia anual de Nossa Senhora do Rosário. Temos rei, rainha e o Secretário de Estado. Henry Koster descreve tudo, das roupas às teorias; mas gosta mesmo de observar que o vigário na igreja estava sem almoçar a um tempão então quando finalmente o cortejo real chegou ele fez toda a cerimônia bem rapidinha. Não sem antes ficar bem nervoso com dois ou três.

 

A festa da Nossa Senhora do Rosário é grande e bonita, mas a festa praieira Batismo do Rei dos Mouros é enoooorme. A cidade inteira se reúne para o grande teatro.

 

Falta muito, mas o que entendemos por economia brasileira madura e independente está chegando. Meados do século XVIII. E na parte das riquezas do nosso solo muito muito devemos às observações pioneiras de Wilhelm Ludwig von Eschwege.

A parte disso, Eschwege aparece aqui na nossa festa do folclore brasileiro por causa de suas observações a respeito dos ermitões. Figuras muito populares no sul do Brasil. Ou eremitas. São homens que para destruir dentro de si pecados ou algum crime, escolhem proteger e cuidar de alguma capela. Pedem esmolas para poder comer e para melhor cuidar da dita capela. Barba cresce, cabelos crescem e se vestem muito humildemente. Carregam consigo uma pequena caixa de vidro contendo a imagem do santo ou da santa que abençoa a capela onde o ermitão dorme. Frequentemente esses ermitões chegam a andar distâncias médias, mas sempre voltando à suas capelas. Eschwege, porém, acrescente que, como é muito frequente no Brasil, há os abusos. Muitos ermitões pedem esmolas porque não querem trabalhar e sempre estão bebendo à custa da fé do povo.

 

Mais um alemão a apresentar o Brasil a nós brasileiros: Georg Wilhelm Freyreiss (1789-1825).

Uma cruz pregada no chão. É que aqui há um cadáver e aqui é um lugar de passagem. Cada um que vê a cruz reza o Pai Nosso e de Pai Nosso a Pai Nosso, aquela alma que estava no Purgatório, por não ter sido absolvida no devido tempo, consegue chegar aos Céus.

 

O nome é um mistério: “índios coroados”. Mas sabe-se que eram de Minas Gerais. Mistério ainda maior vem depois: a natureza da vingança e a estabilidade política entre tribos. Aí um índio é assassinado por outro índio. Naturalmente que o assassino não vai ser entregue à tribo atingida, o que faz a vingança recair em algum índio da outra tribo que nada tinha haver com a história. Aí as duas tribos ficam em paz novamente, como se nada tivesse acontecido! Se bem que se a gente olhar com novos olhos a Questão Israel-Palestina em outubro-novembro de 2023...

 

Uma nota triste: apesar da tradição e da atração lasciva que a dança Batuque tinha, as danças inglesas já dominavam as grandes cidades brasileiras. Isso é o que? As observações de Georg Wilhelm Freyreiss são do finalzinho do século XVII e comecinho do século XVIII.

 

O Príncipe Maximiliano dispensa apresentações. Este militar prussiano de sucesso apaixonou-se pela então chamada “História Natural” (mistura de biologia, antropologia, sociologia, etnografia, teologia e etc. que na época as ciências de hoje estavam muito próximas) e viajou pelo Brasil e pelos Estados Unidos. Os seus textos e o seu material recolhido encontram-se em centros de estudo na Europa e Estados Unidos. O príncipe Maximiliano Alexandre Felipe de Wied-Neuwied era fera.

 

Descrição de uma luta grupal indígena, incluindo as mulheres. Incrível, selvagem. Medo de guerra o índio brasileiro não tinha. A descrição do Príncipe Maximiliano da luta foi muito bem feita, digna de um romancista competente. Os índios eram da tribo Botocudo, hoje chamamos eles de Aimorés.

Além desta luta selvagem que tinha lá as suas regras, havia entre os índios o duelo como nós conhecemos da Europa. Isso mesmo, com toda a liturgia a que se tem direito. O príncipe descreveu-a, infelizmente, muito brevemente. Uma sugestão aos etnógrafos do futuro. De 1816 ao futuro. Ainda dá tempo?

 

 

E Nietzsche revela um segredo importante dos ambiciosos. Pessoas ambiciosas tem que disfarçar o desprezo que sentem quando se veem cercados de bajuladores. Tem que transformar o desprezo secreto que sentem em complacência pública. Aí não correm perigo.

 

 

Agora um voo de balão com Santos Dumont pelas notícias. Conferir se o mundo já foi salvo.

 

Ou não. A internet está tão ruim que não consigo navegar nem lentamente. Realmente é um problema. Não sei como dribla-lo.


Alô, há alguém aí? Ah, ser um astronauta perdido...

Aldrinianas – Tentando aprender e Amar. (wordpress.com) 

Meu novo site. Como é o plano gratuito ele não tem muitos recursos, mas pelo menos o tema é francês (expressionismo, Claude Debussy, reverie). Minha nova casa. 

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

2 de novembro de 2023

 

2 de novembro de 2023

 

 

Alguma alma sebosa destruiu a estátua em homenagem à poetisa Henriqueta Lisboa. Vi fotografias mostrando as mãos decepadas e a pichação nos olhos, violência que contrasta com a delicadeza da estátua que pode ser descrita como uma mistura bonita do estereótipo de uma vovó do interior indo à missa e uma diretora de colégio dos anos de 1950. Por causa da destruição da estátua é que resolvi comprar a Obra Completa, de Henriqueta Lisboa. Claro que procurei conhecer um pouco alguns poemas dela, antes.

Comprei como presente principal do meu aniversário de 40 anos. Junto com um novo par de calçados e meias. Combina: poesia e calçados; ambas servem para ir além do horizonte.

 

 

 

Ser supersticioso é que dá azar. É verdade, mas é bom anotar a lista. Coisas do século XVII.

Um encontro com algum “torto” logo de manhã (*),

Derramar sal na mesa,

Quebrar um espelho,

Cantar o cuco ou galinha,

Chover durante o casamento,

“O espirrar o morrão da candeia” (**),

O uivar do cão e

Entrar com o pé esquerdo.

* “Torto”, eu pesquisei em dicionários antigos daqui, pode ser “pessoas com problemas de visão”, “pessoas com corcunda, problemas graves na coluna” e “marido da avó que não seja o pai sanguíneo dos filhos dela”.

Na Inglaterra do início do século XX, nas áreas de mineração, conta-nos George Orwell, em O Caminho para Wigan Pier, que muitos mineiros ao sair de manhã ao trabalho voltavam para casa imediatamente se no caminho vissem uma mulher. O trabalho nas minas era extremamente mortal e ver uma mulher na rua logo pela manhã a caminho do trabalho não era um bom agouro.

** Também depois de pesquisar em dicionários antigos, descobri que são candeeiros, aquela estrutura algo sofisticada em que se colocam velas. Velas, enfim. Não espirre a ponto de apagar uma vela.

 

Só sabem que era um religioso, um frade. Mas não morava em Ipujuca (Pernambuco) e nem trabalhava no convento de lá. Um mistério, um mistério. O que se sabe é que ele expulsava na base da vara, alguns cavalos que os holandeses colocavam dentro do convento. Os holandeses faziam do pátio, da área interna do convento, a estalagem para os seus cavalos. Histórias do Brasil holandês.

 

Outra história envolvendo holandeses invasores e religiosos católicos no Brasil setecentista (1701-1800). O Diabo tinha possuído uma mulher (de repente ocorreu-me que homens não são comuns nessas histórias de possessão, por quê?), que fora levada prontamente à igreja do Convento de Santo Antônio de Pojuca (mais uma vez em Pernambuco). Parentes da mulher, amigos, curiosos, religiosos do lugar e alguns holandeses também presentes. O Diabo, pela boca da mulher, começou a falar em holandês todos os pecados e crimes que os holandeses estavam cometendo em terras brasileiras e até algumas coisas de que eles fizeram até em sua própria terra. Os holandeses ficaram muito impressionados e arrependidos de tudo. Logo em seguida o principal líder católico do convento veio e executou o exorcismo. A partir desse dia os holandeses tiveram muito mais respeito pelos líderes católicos brasileiros.

Desnecessário uma análise sociológica e política de uma história popular como essa, não é? O lugar dos holandês nunca foi aqui...

 

Este João de Deus não é um médium que abusou de mulheres e da fé das pessoas de uma cidade inteira (2010-2018, Abadiânia, região metropolitana do Distrito Federal), este João de Deus era um frei que durante uma viagem por um rio pareceu ter se afogado. O “negro Manuel” mergulhou para salvá-lo. Encontrou o frei sentado no fundo do rio rezando com o seu breviário. Ele, e seu breviário, saíram do rio completamente secos. E mais, o frei disse que estava apenas esperando alguém mergulhar para salvá-lo.

 

Por que a edição portuguesa do livro do John Mawe (1764-1829) é incompleta?

E um escravo acha um diamante de 17 quilates e meio. Grinalda de flores na cabeça, procissão até o administrador que lhe dá liberdade e indenização “ao seu senhor”; além de permissão de trabalhar por contra própria.

 

Luís da Câmara Cascudo chama John Luccock de um dos “mais vivos e originais informantes” do Brasil do início do século XIX, mas discorda do inglês que a carne de carneiro seja pouco consumida no Brasil. Motivos religiosos (Cordeiro Divino que tomou para si os pecados do mundo); mas Câmara Cascudo afirma ao contrário que sim a carne de carneiro é bastante consumida no Brasil. Polêmica interessante. Perguntar para algum pecuarista patrício se a carne de carneiro é ou não popular por aqui.

 

E a religiosidade de nós brasileiros deixava mesmo o pobre John Luccock  confuso. Nós não cortamos a banana transversalmente porque o miolo lembra uma cruz e isso ofende, mas cortamos do mesmo jeito a “flor da paixão (maracajá, passiflora)” e conversamos alegremente sobre os símbolos da crucificação que ali aparecem.

 

O povo português parecia, a John Luccock, muito calado em comparação aos escravos que cantavam para tornar o trabalho mais leve e recordar com saudade a terra natal que nunca mais veriam.

De repente fiquei com muita muita curiosidade de saber como eram as ruas, o dia a dia do Brasil em meados do século XVIII e XIX. Mas não quero comprar a História da Vida Privada no Brasil. Primeiro que as edições recentes são pequenas e não tem mais as ilustrações que fazem diferença; segundo porque suspeito que os textos iriam fazer o tempo todo referência aos livros clássicos, muito dos quais eu já tenho e não li ainda porque sou marmota e tonto. Por outro lado... História da Vida Privada no Brasil é uma antologia com diversas autoras e autores e isso é uma qualidade grande. Mas não vou comprar.

 

Começou com os padres e terminou com escravos e portugueses molhados. Bolas ocas de cera de cores variadas cheias de água, mas água benta. Aí todo mundo ia para o céu cristão, até quem não queria. O povão gostou deste método heterodoxo do clero católico e logo logo portugueses e escravos em ocasiões festivas também faziam as suas bombas de água que molhavam todo mundo. Uma boa pista para conhecer uma comunidade é conhecer as suas festividades. As bombas de água eram particularmente populares durante o carnaval (entrudo).

 

 

O que é ser herói?, me faz perguntar este curtíssimo aforismo de Nietzsche. Nem sempre jogar-se no meio da multidão de inimigos é sinal de coragem, pode ser sinal de covardia. O “herói” queria era fugir, fugir para sempre... E uma fala que vi no filme brasileiro O Homem da Capa Preta concorda com a dúvida nietzschiana: “Coragem demais é burrice!”. E tem aquela música do Claudio Roberto Andrade de Azeredo e Raul Seixas, Cowboy fora-da-lei.

Mas fica a pergunta: o que é ser um herói?

Oskar Schindler fez a coisa certa e ao mesmo tempo era um bon vivant; se bem que na verdade ele vivia na corda bamba o tempo todo prestes a ser descoberto e também a angústia por saber que podia ter feito muito mais o enforcava constantemente quando ele ia dormir.

Mas fica a pergunta: o que é ser um herói?

 

 

Agora um voo de balão com Santos Dumont pelas notícias. Conferir se o mundo já foi salvo.

 

http://www.rn.gov.br/Conteudo.asp?TRAN=ITEM&TARG=320761&ACT=&PAGE=0&PARM=&LBL=ACERVO+DE+MAT%C9RIAS

No dia 25 de outubro nasceu o Conselho da Federação, um grupo permanente reunindo a presidência da república e governadores de estado. Uma maneira de promover mais união e trabalhos em conjunto. Bom, pode dar certo. O Brasil é continental, precisa mesmo de união. E os problemas não conhecem fronteiras. Só espero que a estrutura deste grupo seja muito caro de ser mantida.

https://tribunadonorte.com.br/natal/rn-tem-34-criancas-aguardando-por-cirurgia-cardiaca-justica-e-acionada-para-restabelecer-procedimentos/

Não tenha problemas cardíacos graves se estiver no Rio Grande do Norte. Desde setembro de 2023 esta parte da saúde pública do Estado está em grave estado. No dia 31 de outubro foi enviada a Brasília um pedido de tutela. Mais dinheiro, revisão de contratos, de tudo um pouco. Tomara que tudo se resolva. É urgente, então não é hora de apontar culpados. Mas como é que se chega a este ponto com tanta gente inteligente e organizada trabalhando nos bastidores?

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Ioga, Hinduísmo e o Balde

 

Ioga, Hinduísmo e o Balde


Os lendários Vedas. Mais de 2 mil anos de influência contínua e tudo começou em uma tradição oral. O quão perto esteve de se perder aquelas mensagens? Quantas alterações o texto sofreu? Difícil não pensar mesmo em inspiração divina na semente central daquelas palavras. Do primitivo (“primitivo” em sentido stricto sensu, seus modernosos de narizinho empinado) politeísmo que encontra deuses em toda parte e termina em uma das visões filosóficas mais sofisticadas já criadas pelo humano. Descrição de rituais para um cotidiano feliz, uma ode às florestas e cuidados interiores para a meditação. A última parte, também chamada de Upanishads ou Vedanta, decifra e explica o Ser.

 

O Purusha é a consciência, só a consciência; mas também é eterno e a beatitude. E não faria sentido que tudo fosse mutável e mal e também inconsciente de si mesmo. O Purusha se manifesta de muitas formas, uma delas é uma ondinha que nasce no meio do oceano infinito por causa de meio segundo de brisa: você e eu. Mas a gente costuma se iludir pensando que somos corpo, mente e alma e sei lá mais de fator X que nos torna únicos e especiais. Haja meditação para que esse erro seja corrigido, para sermos felizes!

 

A professora de Matemática vai dizer que combinando três pedaços não dá para fazer um universo, mas dá sim. Se os três pedaços forem os gunas. Tamas (inércia, paralisia, distração, sabedoria no meio da neblina espessa, o cavaquinho parado), Rajas (atividade, paixão, devoção e desejo, o dedilhar do cavaquinho) e Sattva (claridade, saúde da vida, felicidade terrena e conhecimento interior; e a composição do samba antes do artista pegar o cavaquinho).

 

A meditação e a sabedoria estão pegando fogo. Aproveite e jogue as sementes do seu passado no fogo e transforme-se em uma pessoa livre.

 

É possível agir sem que o jogo de dominó termine mal para mim? Sim. Na verdade essa é um dos principais ensinamentos hindus, o evitar as consequências cármicas negativas. Para isso basta ter a divindade como patrão e não esperar salário. Agir com desprendimento e generosidade, tendo como meta a harmonia com a divindade universal.

 

É um labirinto, portanto cuidado para não se perder. O primeiro e mais importante pensamento é o básico e primitivo “EU”. A partir daí você segue o caminho comum, mais pensamentos, dores, prazeres, sonhos e pesadelos, sair da cama, estudar, se casar, tomar uma cerveja com amigos para rir do Paulo que levou um drible no jogo de futebol... Mas... Mas... Se você, antes de dar o segundo passo no labirinto, perguntar “quem é esse EU?”; a situação muda. Mas atenção: é para perguntar e perguntar e perguntar e perguntar... Quanto mais você investigar QUEM esta pensando os pensamentos que VOCÊ esta tendo em sua mente, mais você ilumina a sua fonte original e isso aquieta a mente. “Mas e o perigo de ficar egocêntrico e isolado?” Mas é justamente o contrário: como a mente quer se conhecer antes de andar no labirinto, ela vai caminhar por ele tranquilamente. O labirinto será todo percorrido, mas você nunca perderá a sua fonte de água.

 

Pode parecer uma técnica prática pequena para ajudar na meditação diária, mas não é uma técnica prática pequena para ajudar na meditação diária. As canções são bonitas, de origem divina e são convites para o divino entrar/manifestar em forma de alegria e paz em você. Enfim, são músicas bonitas e é chique também porque elas são bem antigas. E ora bolas, siga a tradição iogue já que você está meditando!

 

Como a bateria do celular; se o seu corpo estiver suficientemente forte e purificado, do primeiro chakra (centro de consciência) perto do bumbum até o sétimo (o lótus de mil pétalas) no alto da cabeça será caminho da misteriosa energia kundalini. Aí como lâmpada você se ilumina mesmo. Meeeesmo!!!!

 

A prática ioga, naturalmente você já deve ter desconfiado, nada tem de ficar sentado em lótus sem fazer “nada”. Há muita atividade e muitos objetivos a serem alcançados. É difícil. Agora imagine a “ioga real”, a Raja Ioga. Imagine uma pessoa jovem, e mesmo uma pessoa adulta, ocidental, com internet e essa televisão por assinatura, tantos estímulos pelo celular, tantas imagens e desejos fortes o tempo todo; imagine escutar sobre paz interior e controle de pensamento? A pessoa iria achar um milagre. Bom, de certa forma é um milagre. Enfim, enfim, a Raja Ioga é algo complexo e amplo. Segue, como aperitivo, ou convite ou susto, a lista de estágios a serem percorridos aos praticantes. Sinta o drama: abstenções, observâncias, posturas, controle da energia vital, interiorização, concentração, meditação e iluminação. Deu aquele desânimo, não é? E eu que fui meditar e antes de começar, eu dormi? Mas é como observa meu amado Will Durant: as dificuldades estimulam os fortes. E é o seu caso.

 

Uma iogue é uma iogue, mas é também uma neurocirurgiã operando a própria mente enquanto vive normalmente. E para tornar a metáfora ainda mais fascinante, a profissional talentosa da medicina tem como bisturi mágico um presente da energia vital chamada prana (ou pranayama). Muito chique mesmo. Mas é exato: há uma mente a ser operada por meio da meditação. Cortar as partes ruins e assim iluminar-se.

 

Eu sou eu há muito tempo. O que não quer dizer que eu estou acostumado comigo mesmo sempre, ou que eu morra de amores por mim mesmo o tempo todo. Preciso escutar/aprender aquela música do Ultraje a Rigor: “eu me amo, eu me amo/eu não posso mais.../viver sem mim...”. Enfim, onde eu estava? Entre os ensinamentos todos ricos da ioga e a tradição hindu eu tinha que destacar o que é ensinado sobre a concentração. Como eu vivo no mundo da Lua eu tinha que destacar esse trem. Bom bom, concentração é a atenção fixada sobre um objeto. Normal começarmos com uma definição simples e direta. O grande jogo começa depois. Antes de qualquer coisa, beeem previamente, é preciso que você já esteja treinado na interiorização. Se o seu interior ainda estiver uma bagunça, não adianta. Depois é preciso saber que concentrar-se é duas partes: desligar os vários telefones do escritório e só depois você age escolhendo o alvo: pode ser um dos telefones, a janela, a agenda de contatos, uma carta sobre a mesa, o quadro que você nunca reparou direito... Dito isso uma nota sobre a iluminação: a iluminação é refletir a luz de tudo sobre você. Então quando alguém se ilumina não quer dizer que vira uma espécie de lâmpada, é mais se tornar uma espécie de espelho de tamanho infinito refletindo o tudo tudo.

 

Hari Dass tem uma lição para você:

Se você perseguir o mundo, o mundo fugirá de você.

Se você fugir do mundo, ele o perseguirá.

Naturalmente que a resposta para este dilema em minha opinião só pode ser dançar. Certo, Hari Dass?



Não perca a calculadora e nem o calendário, pois são exatos 25 anos estudando, mais 25 anos cuidando da família, aí tem 25 anos imitando o Henry David Thoreau no bosque do lago Walden e por último mais 25 anos renunciando qualquer coisa que realmente não presta.

 

Os hindus tem mais obstáculos a enumerar do que os budistas, mas ainda sim são menos que os sete pecados capitais da tradição católica. Os hindus têm cinco cascas de banana no caminho, são elas: aversão, desejo, egoísmo, ignorância e medo. O Mick Jagger não conseguia sentir satisfação porque não sabe que os sentidos do corpo são empregados não os mestres as quais devemos seguir. Como esperar no ponto de ônibus e pegar o ônibus errado. Dito isso é bom lembrar que a principal casca de banana que os hindus nos alertam que está no meio do caminho para nos atrapalhar é a ignorância. É que o mundo é tão atraente que nos puxa e prende, aí confundimos o brilho na careca do meu avô Waldir com o próprio sol. A consequência confundida com a causa. Ignoramos a fonte Self.

 

Não somos passageiros deste mundo, passageiros apenas viajam e olham pela janela. Tiram fotos e perguntam sempre as mesmas coisas aos guias turísticos. Não, não. Sim, não há morte ou nascimento. Mas não somos passageiros deste mundo, somos uma empregada doméstica que sabe amar. Uma empregada doméstica que sabe amar o trabalho, a família dona do castelo; mas que sabe que sua verdadeira casa é em outro lugar. Captou a metáfora? Não somos passageiros deste mundo, somos uma empregada doméstica que sabe amar. Gostou da lição? É do Sri Ramakrishna.

 

Eu ia chamar um vizinho, um colega de trabalho, a moça que fica na rua vendendo pipoca doce, um político do Partido Liberal, mas resolvi ser contemporâneo (outubro de 2023): somente quando o líder do... Ah... Não quero dizer o nome de dois dos nomes principais do atual conflito Israel-Hamas. Não é hipocondria jurídica é desânimo mesmo. De um lado pessoas morrendo, do outro pessoas gritando um monte de m* sem parar. Até casos de antissemitismo no Brasil essa guerra sórdida anda produzindo. Inacreditável. Enfim, onde eu estava? Quando a gente sentir unidade profunda com as outras pessoas o amor divino irá brotar em nós. Antes não. Politeísmo difícil: divindade em todas as pessoas.

 

O guru deve saber que por trás de estudantes insuportáveis que não conseguem nem chegar no horário das aulas, há a manifestação do Self perfeito sim. O guru tem que ser um exemplo de humildade e equilíbrio. Muitos são o que se dizem gurus, poucos são os gurus de verdade. Vou reconhecer o meu? Queria ter mais de um. E você que me lê, sabe reconhecer uma lâmpada humana no meio da floresta escura?

 

Agora vai uma citação porque ela é um elogio que não é leve ou diplomático.

A maior importância da Ioga está na eficácia prática das técnicas. A experiência, mais do que o conhecimento teórico, constitui a essência da Ioga. As diversas disciplinas da Ioga incluem práticas apropriadas para virtualmente todos os indivíduos, tenham eles uma disposição emocional, intelectual ou ativa. Nenhuma outra doutrina contém métodos tão diferentes para desenvolver a autodisciplina, adquirir um sentido de paz interior e atingir a auto-realização.

(James Fadiman e Robert Frager em Teorias da Personalidade [página 334, traduções de Camila Pedral Sampaio e Sybil Safdié; com a coordenação de Odette de Godoy Pinheiro, 1979, São Paulo, Editora: Harbra Editora Harper & Row do Brasil Ltda]).

 

A primeira vez que Sri Ramakrishna viu a Grande Mãe foi justamente no momento em que ele queria terminar tudo pegando a espada no templo e... Como um sol aparecendo de repente no quarto escuro Ela apareceu a ele. Seu coração não era mais uma toalha molhada torcida, escorrendo todo o ânimo, todo amor que queria sentir e praticar neste mundo.

 

Uma vez Ramana Maharshi sentiu tanto tanto medo da morte acabou que olhando para si mesmo de um jeito tão intenso que ele viu ele ele ele ele e além. Ele viu o Grande Ser. E era só o Grande Ser que existe. Só. Então para quê sentir medo da morte? Sentir medo?

 

Ao praticar o ascetismo cuidado para não machucar-se por vaidade. Quando vê, além do corpo machucado você está com o ego enorme. Justamente o contrário do que devia ser: corpo em paz e humildade.

 

Feche os olhos, pare, respire devagar, deixe o exterior virar interior virar exterior e... E as imagens são belas: “a pulsação da vida infinita e universal atravessando o seu corpo com o seu sangue”, “você cria um mar de Amor e depois convida todas as pessoas do mundo a nadar” e “o lago da paz transborda em um dilúvio inesquecível”.

 

Agora é a parte dos livros que vocês vão comprar para mim.

(Se eu tivesse que escolher, supondo que eu tivesse que escolher e supondo também que houvesse uma diferença... Eu escolheria, entre zen-budismo e a ioga, o zen-budismo. Mas aí reparo que na bibliografia comentada e na bibliografia geral, eu destaquei mais livros no capítulo “Ioga e a Tradição Hindu” do que no capítulo “Zen-Budismo”. Por quê? Não sei. Mistério! E que bom que terminamos com um mistério. Nada de respostas prontas e finais no final aqui. Que bom que terminamos com um mistério.)

Aphorisms of Ioga by Bhagwan Shree Patanjali, organizado por Swami Purohit (1938, Editora Farber, Londres).

The Sciense of Ioga, de I.K. Taimni (1961, Editora Quest).

Yoga and Beyond, de Jeanine Miller e G. Feuerstein (1972, Editora Schocken, Nova Iorque).

All Men are Brothers, de M. Gandhi (1958, UNESCO, Paris).

The Yellow Book, de Hari Dass (1973, Lama Foundation, San Cristobal, Novo Mexico).

Ramakrishna: Prophet of New India, de Swami Nikhilananda (1948, Editora Harper & Row, Nova Iorque).

Ramana Maharshi and the Path of Self-Knowledge, de A. Osbourne (1970, Editora Weiser, Nova Iorque).

Sayings of Sri Ramakrishna, de Ramakrishna (1965, “Madras, India: Sri Ramakrishna Math.”)

The Religions of Man, de H. Smith (1958, Editora Harper & Row, Nova Iorque).

Metaphysical Meditations, de Paramahansa Yogananda (1967, Editora Self-Realization Fellowship, Los Angeles).

Saying of Yogananda, de Paramahansa Yogananda (1968, Editora Self-Realization Fellowship, Los Angeles).

Spiritual Diary, de Paramahansa Yogananda (1969, Editora Self-Realization Fellowship, Los Angeles).

The Autobiography of a Yogi, de Paramahansa Yogananda (1972, Editora Self-Realization Fellowship, Los Angeles).

 

 

 

Livremente inspirado em “Segunda Parte Introdução às Teorias Orientais da Personalidade” e capítulo 11 “Ioga e a Tradição Hindu”. Do livro Teorias da Personalidade, de James Fadiman e Robert Frager (Traduções de Camila Pedral Sampaio e Sybil Safdié; com a coordenação de Odette de Godoy Pinheiro, 1979, São Paulo, Editora: Harbra Editora Harper & Row do Brasil Ltda).

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Zen-Budismo e o Balde

 

19 de outubro de 2023

Eu suspeito que o veto dos Estados Unidos à resolução proposta pelo Brasil no Conselho de Segurança da ONU foi: 49% apoio ao direito justo de Israel de se defender e 51% soberba mesmo pura e sem gelo, da parte estadunidense diante de um país pobre novo no clube (Conselho de Segurança).

E no noticiário a respeito desta mais recente crise Israel-Palestina na televisão a citação ao Irã como força oculta não para, é constante. Almas sebosas querem uma guerra mais ampla na região? Últimas gotas de petróleo antes dos EcoChatos vencerem? (risos) Falando um pouquinho mais sério: sei o que seria uma vitória dos sectários islâmicos, mas eu também gostaria de saber o que seria uma vitória do Exército Samuel Huntington/John Ashcroft. Perguntar para os refugiados pobres, os únicos que sempre sabem o que é uma guerra.

 

Como a minha internet está lenta! Acaba obrigando eu a usá-la de maneira inteligente, o que é chato.

 

 

Não aguento mais pedir para as pessoas lerem Teorias da Personalidade, de Fadiman e Frager; e para elas pensarem sobre o que trata o livro. Eu vou chutar o balde. Há muitas maneiras de chutar um balde e eu espero chutar o balde como Juninho Pernambucano. Que o time do zen-budismo, Ioga, sufismo e Abraham Maslow perdoem-me.

 

Zen- Budismo

A verdade é um boi e você é um camponês distraído. Acabou perdendo o seu boi. Mas foi só distração. Não foi uma perda peeeerda. Mas antes de começar a procurar o boi (verdade) você deve acreditar que vai sim encontrar o boi. Se isso parece platonismo e cristianismo não me pergunte o por quê. Os sábios que vestem roupas diferentes sabem conversar entre si. São os idiotas com roupas diferentes que não sabem e ficam brigando entre si.

Aí você estuda, estuda, estuda e estuda. A sua bunda redonda fica até quadrada de tanto que você ficou sentado estudando. Você fica até orgulhoso porque alguns livros são mesmo um deserto sem água e com muito sol. Alguns autores são insuportáveis. Mas uma coisa é ler sobre o budismo, outra coisa diferente é experimentar o budismo. A Alice só foi atrás do coelho que usava cartola e estava sempre atrasado, porque na hora ela levantou os olhos que estavam no livro e olhou a paisagem. Acabou caindo no buraco e foi parar no País das Maravilhas. Então estude muito o budismo, mas tire os olhos do livro sempre para poder ver se há algum coelho usando cartola e que esteja atrasado. Entendeu?

Aí você está procurando o boi (verdade). A primeira vez que você o vê, o primeiro vislumbre; é tudo. Não é tudo, mas é tudo. Não é tudo porque você não o agarrou ainda, mas é tudo. Não é tudo, mas é tudo. Não sei reapresentar o trem aqui, a lição aqui. Acho que a imagem do choque seja mais didática. Você está estudando o budismo e de repente o Sol, a estrela do nosso sistema solar, aparece no seu livro. Ou a primeira vez que eu vi a Simone Spoladore, a Bela Gil e a Ines Efron.

Agora o trem fica sinistro porque agora a disciplina budista no dia a dia vai cobrar o preço. O boi (verdade) vai querer voltar a fugir para o campo florido. Então seja disciplinado sempre. É gostoso, mas é caro. Queridão; é mais do que acordar cedo. Ah, muito mais do que isso! Mas vai ser gostoso.

Agora fica leve como uma pluma ao vento porque o modo de vida budista foi incorporado ao seu cotidiano e você nem percebe. Você é um budista andando de bicicleta, entende? Não esquece. Tranquilo, tranquilo.

Mais do que tranquilo. Você passeia montado no boi (verdade), tocando uma flauta, vendo as pessoas na aldeia e os pássaros no céu.

Você desceu do boi (verdade), o soltou, esqueceu-se dele. Mas desta vez isso aconteceu porque o boi (verdade) se tornou o universo inteiro. O que inclui você, naturalmente. Em qualquer lugar você encontra a flor do budismo brotar.

Os pássaros não te oferecem mais flores, porque você é nada agora. Tudo virou nada.

Tudo vira um espelho para você ver você mesmo e com isso você vê tudo mudando.

Acabe com o mal, faça o bem.

Os três fogos a serem evitados: erro, cobiça e ódio.

E aqui Buda encontra Aristóteles: o caminho do meio: não é para torturar o seu corpo no ascetismo e também não é para entregar-se aos prazeres. Você é maduro o suficiente para saber que o caminho que tu segue é o do meio? Senão se vire que tu não é quadrado.

E aqui Buda encontra Cristo: o outro está perto: o outro também manifesta a natureza do sagrado (Buda). Naturalmente que a gente sabe que o que não falta no mundo é gente insuportável, mas enfim... É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. E o nosso Renato Russo sabia o porquê disso: não há amanhã. Se bem que até o Apollo Creed também sabia que “don´t have tomorrow!”.

E aqui Buda encontra Arthur Schopenhauer: valorizar a compaixão. É tanta compaixão que você sente por todos e por tudo que você vira aquele surfista novato deitado na plancha em alto mar calmo olhando para o céu feliz tranquilo depois de deslizar em uma onda perfeita depois de um beijo depois de escutar o Bob Marley... A compaixão, a tranquilidade...

Então estudemos logo o budismo! Calma, calma, estudante! Seja humilde e pergunte a si mesmo se você é capaz de reconhecer um bom professor. Porque nem sempre o melhor professor (ou professora) vai estar dentro de uma academia de luxo, de cinco andares, cheia de equipamento... As aparências enganam. Seja humilde estudante...

E aqui Buda encontra Karl Marx e Friedrich Engels: a semente dos dragões, também conhecida como dialética, existe funciona. O que é a vida? Ora, obviamente que a vida é uma teia de aranha húmida de orvalho em uma manhã e outono. Como? Não entendeu? O que é a vida? O sorriso de uma criança faminta em um campo de refugiados para ciganos no meio da Romênia. Como? Não entendeu? O que é a vida? Quando você falou para a sua tia que... Acho que já deu para entender... Tudo está mudando e diante disso as categorias da lógica (ser, não-ser, essência, coerência, paradoxos, postulados e etc.) são um pouco mais do que pedaços de fruta em um liquidificador prestes a produzir uma gostosa e saudável vitamina.

Aqui Buda encontra o Islã: não há fronteiras entre a religião e a vida cotidiana. Isso pode parecer óbvio, mas não é tanto assim. Na nossa vida moderna ocidental, temos o costume de dividir momentos para orar, momentos para trabalhar, momentos para atividade política... Naturalmente que derrubar os muros aqui é bem complicado. Como harmonizar? Boa pergunta. Pergunta excelente. Faço a menor ideia.

Parafraseando um diálogo profundo entre a inglesa Kennett-roshi e o reverendo Hajime (The Wild White Goose, 1972, não há editora porque é um manuscrito):

Não teríamos que incluir Jair Messias Bolsonaro, nós incluímos Jair Messias Bolsonaro. Se você é incapaz de ver que ele também possui a natureza Buda por mais desorientado que possa ter sido, você nunca compreenderá o Budismo completamente. Este pedacinho é belo, este pedacinho não é. Você não deve fazer isso.

E é realmente difícil porque o final da jornada é torna-se um monge budista e você no fundo sabe disso. Você não quer se transformar-se em um monge budista e tudo bem, apenas lembre que a verdade só vai ser dada de presente a você se você deixa-la fazer parte de seus ossos e sangue. Sangue, ossos, não ler os ensinamentos budistas e sim decorá-los. Aqui Buda encontra Friedrich Nietzsche.

Agora o exercício budista mais difícil: sente-se e diga “sim”.

A meditação é uma atividade que requer prática. Pode começar durante atividades diárias como passar pano no chão. Você varre a casa com calma e deixa a sua mente relaxar. Se muita coisa te perturba internamente anotar em uma lista essas coisas pode te ajudar.

Comprem estes livros e depois me deem de presente.

Selling Water by the River, de J. Kennett (1972, Editora Pantheon, Nova Iorque).

The Dhammapada, tradução de P. Lal (1962, Editora Farrar, Straus & Giroux, Nova Iorque).

Zen Flish Zen Bones, antologia de histórias e koans Zen organizada por várias autoras e autores (sem data, Editora Anchor, Nova Iorque).

Livremente inspirado em “Segunda Parte Introdução às Teorias Orientais da Personalidade” e capítulo 10 “Zen-Budismo”. Do livro Teorias da Personalidade, de James Fadiman e Robert Frager (Traduções de Camila Pedral Sampaio e Sybil Safdié; com a coordenação de Odette de Godoy Pinheiro, 1979, São Paulo, Editora: Harbra Editora Harper & Row do Brasil Ltda).

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Antologia do Folclore Brasileiro 4 de 25

 

Antologia do Folclore Brasileiro 4 de 25

 

Gaspar van Baerle (1584-1648) (Barléu), sofreu na pele a perseguição religiosa na Holanda e na Bélgica e também é fonte indispensável para quem quiser conhecer o que foi o Brasil-Holandês.

 

 

As mulheres-peixe Ipupiaras vivem no litoral do nordeste brasileiro, principalmente na Bahia. Por afeto e desejo apertam os homens que encontram à noite distraídos à beira do mar até a morte. É possível ver na manhã seguinte os cadáveres na praia com sinais de sucção e mordedura em seus corpos. Amor monstruoso e mortal!

 

 

E os tapuias tem em sua divindade a constelação de Ursa-Maior. Sorrisos, gritos de alegria e até dança quando a noite cai e a constelação se deixa ver. É a lembrança que se a morte não for violenta, terão as suas almas a imortalidade feliz. Uma tragédia que a raposa tenha tramado para que os índios acabassem criticando injustamente a Ursa-Maior, que acabou determinando o fim da vida no paraíso que os índios Tapuias desfrutavam.

 

 

Das gentes monstruosas que o padre Simão de Vasconcelos encontrou pelo Brasil, quando chegou de Portugal vindo da cidade do Porto.

Os minúsculos Goiazis, os Matuiús que fazem parte da família dos Curupiras. E elas, claro claro, as Amazonas que “são mulheres de valor reconhecido”.

 

 

É confuso. É Giovanni Antônio Andreoni, mas também João Antônio Andreoni e também André João Antonil. Luís da Câmara Cascudo menciona João Antônio Andreoni (1650-1716) na pequena biografia de introdução ao capítulo, cujo título é simplesmente “Antonil”. Para piorar o trem sou informado que o historiador brasileiro João Capistrano de Abreu a “identificação do criptônimo” em 1886. Mas não consegui a confirmação a respeito deste detalhe envolvendo este elemento químico e o nosso maior historiador (Eduardo Bueno). De qualquer forma, o principal é que Antonil escreveu Cultura e Opulência do Brasil por suas drogas e minas, que foi censurado pelo governo português e só foi relançado mais de um século depois. Procure a edição moderna com as anotações de Afonso de E. Taunay.

 

 

Apenas três coisas: os três P.P.P.: pano, pau e pão. Isso antigamente no Brasil para quem realmente trabalhou para construir este país. Hoje, em 2023, a que está reduzidos os trabalhadores pobres no Brasil enquanto constroem e sustentam o nosso país?

 

 

Não sabemos se Nuno Marques Pereira (1652?-1733?) era brasileiro ou português, mas em compensação sabemos que o seu livro Compêndio Narrativo do Peregrino da América é chato e piedoso; e principalmente uma obra-prima por revelar praticamente em sua totalidade a sociedade brasileira da época. Prova da qualidade do livro é que sua edição sexta, patrocinada pela Academia Brasileira de Letras, tem notas de estudo de autores do calibre de Pedro Calmon, Afrânio Peixoto, Rodolfo Garcia, Leite de Vasconcelos e Varnhagen.

 

 

E a festa dos Calundus Baianos não deixaram o NunO Marques Pereira dormir. Era muito muito muito muito barulho! E não era para menos uma vez que esta festa é de tudo um pouco: canto, dança, cerimônias religiosas para agradecer lamentar clamar por bons dias, lamentos e muito etc..

 

 

Aí o padre levou uma mulher possuída pelo demônio a uma igreja, para ali fazer a cerimônia de exorcismo. Preso entre quatro paredes do local santo, o demônio se sentiu acuado. Seguiu-se um diálogo em que o padre pergunta ao demônio o que ele sabe. E o demônio responde que sabe cantar uma modinha. E assim ele fez, cantando uma modinha. Que se registre que tudo terminou bem para uma mulher.

 

 

Era uma Noite de Santos Reis e a procissão de músicos saía de casa em casa cantando e tocando e pedindo doces e aplausos aos moradores. Ocorre que alguns jovens, que acompanhavam a procissão de artistas, não aguentaram a sua qualidade musical e começou a jogar pedras e a chutar os pobres músicos. Estes tiveram que sair correndo. Naquele ano a Noite de Santos Reis terminou bem mais cedo.

 

 

Atenção, muita atenção agora que nosso piedoso e sério Nuno Marques Pereira gostaria de fazer uma advertência. Então aí tá lá a procissão religiosa, muitas pessoas, famílias, autoridades, sacerdotes, a cidade inteira, o Santíssimo Sacramento. Coisa linda de se ver. Mas a devoção e a reverência perde a competição para as músicas e danças lascívias que ocorrem em toda a procissão. Que vergonha! Isso é uma vergonha!

 

 

“... o Conde de Sabugosa, Vasco Fernandes César de Menezes (1720-35), estando governando a cidade da Bahia, por ver umas festas...”

Pausa.

Conde de Sabugosa! Conde de Sabugosa! Ahhhhh!!!!

Desculpem. Eu devia ser um escritor mais sério. É que a história do Brasil as vezes me dá susto. Desculpem.

Onde a gente tava?

O Conde de Sabugosa proibiu a Festa de São Gonçalo por achar esta muito indecente e bagunçada.

 

 

 

Livremente inspirado em Antologia do Folclore Brasileiro, 1944, organizado pelo

Professor dos professores,

o mestre dos mestres,

a mistura de Aristóteles e poesia,

a mistura do luar que perfuma o rio Potengi com o sol que vivifica o Rio Grande do Norte:

Luís da Câmara Cascudo.

(2003, Global Editora e Distribuidora Ltda, São Paulo, edição em dois volumes.)

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