Antologia do Folclore Brasileiro 4 de 25
Gaspar
van Baerle (1584-1648) (Barléu), sofreu na pele a perseguição religiosa na Holanda e na
Bélgica e também é fonte indispensável para quem quiser conhecer o que foi o
Brasil-Holandês.
As mulheres-peixe Ipupiaras
vivem no litoral do nordeste brasileiro, principalmente na Bahia. Por afeto e
desejo apertam os homens que encontram à noite distraídos à beira do mar até a
morte. É possível ver na manhã seguinte os cadáveres na praia com sinais de
sucção e mordedura em seus corpos. Amor monstruoso e mortal!
E os tapuias tem em sua
divindade a constelação de Ursa-Maior. Sorrisos, gritos de alegria e até dança
quando a noite cai e a constelação se deixa ver. É a lembrança que se a morte
não for violenta, terão as suas almas a imortalidade feliz. Uma tragédia que a
raposa tenha tramado para que os índios acabassem criticando injustamente a
Ursa-Maior, que acabou determinando o fim da vida no paraíso que os índios
Tapuias desfrutavam.
Das gentes monstruosas que o
padre Simão de Vasconcelos encontrou
pelo Brasil, quando chegou de Portugal vindo da cidade do Porto.
Os minúsculos Goiazis, os
Matuiús que fazem parte da família dos Curupiras. E elas, claro claro, as
Amazonas que “são mulheres de valor reconhecido”.
É confuso. É Giovanni Antônio Andreoni, mas também João Antônio Andreoni e também André João Antonil. Luís da Câmara Cascudo menciona João
Antônio Andreoni (1650-1716) na pequena biografia de introdução ao capítulo, cujo
título é simplesmente “Antonil”.
Para piorar o trem sou informado que o historiador brasileiro João Capistrano de Abreu a “identificação
do criptônimo” em 1886. Mas não consegui a confirmação a respeito deste detalhe
envolvendo este elemento químico e o nosso maior historiador (Eduardo Bueno). De qualquer forma, o
principal é que Antonil escreveu Cultura e Opulência do Brasil por suas
drogas e minas, que foi censurado pelo governo português e só foi relançado
mais de um século depois. Procure a edição moderna com as anotações de Afonso de E. Taunay.
Apenas três coisas: os três
P.P.P.: pano, pau e pão. Isso antigamente no Brasil para quem realmente
trabalhou para construir este país. Hoje, em 2023, a que está reduzidos os
trabalhadores pobres no Brasil enquanto constroem e sustentam o nosso país?
Não sabemos se Nuno Marques Pereira (1652?-1733?) era
brasileiro ou português, mas em compensação sabemos que o seu livro Compêndio Narrativo do Peregrino da América
é chato e piedoso; e principalmente uma obra-prima por revelar praticamente em
sua totalidade a sociedade brasileira da época. Prova da qualidade do livro é
que sua edição sexta, patrocinada pela Academia Brasileira de Letras, tem notas
de estudo de autores do calibre de Pedro
Calmon, Afrânio Peixoto, Rodolfo Garcia, Leite de Vasconcelos e Varnhagen.
E a festa dos Calundus
Baianos não deixaram o NunO Marques Pereira
dormir. Era muito muito muito muito barulho! E não era para menos uma vez
que esta festa é de tudo um pouco: canto, dança, cerimônias religiosas para
agradecer lamentar clamar por bons dias, lamentos e muito etc..
Aí o padre levou uma mulher
possuída pelo demônio a uma igreja, para ali fazer a cerimônia de exorcismo.
Preso entre quatro paredes do local santo, o demônio se sentiu acuado.
Seguiu-se um diálogo em que o padre pergunta ao demônio o que ele sabe. E o
demônio responde que sabe cantar uma modinha. E assim ele fez, cantando uma
modinha. Que se registre que tudo terminou bem para uma mulher.
Era uma Noite de Santos Reis e a procissão de músicos saía de casa em casa
cantando e tocando e pedindo doces e aplausos aos moradores. Ocorre que alguns
jovens, que acompanhavam a procissão de artistas, não aguentaram a sua qualidade
musical e começou a jogar pedras e a chutar os pobres músicos. Estes tiveram
que sair correndo. Naquele ano a Noite de
Santos Reis terminou bem mais cedo.
Atenção, muita atenção agora
que nosso piedoso e sério Nuno Marques
Pereira gostaria de fazer uma advertência. Então aí tá lá a procissão religiosa,
muitas pessoas, famílias, autoridades, sacerdotes, a cidade inteira, o
Santíssimo Sacramento. Coisa linda de se ver. Mas a devoção e a reverência
perde a competição para as músicas e danças lascívias que ocorrem em toda a
procissão. Que vergonha! Isso é uma vergonha!
“... o Conde de Sabugosa,
Vasco Fernandes César de Menezes (1720-35), estando governando a cidade da
Bahia, por ver umas festas...”
Pausa.
Conde de Sabugosa! Conde de
Sabugosa! Ahhhhh!!!!
Desculpem. Eu devia ser um
escritor mais sério. É que a história do Brasil as vezes me dá susto.
Desculpem.
Onde a gente tava?
O Conde de Sabugosa proibiu
a Festa de São Gonçalo por achar esta
muito indecente e bagunçada.
Livremente inspirado em Antologia do Folclore Brasileiro, 1944,
organizado pelo
Professor dos professores,
o mestre dos mestres,
a mistura de Aristóteles e poesia,
a mistura do luar que perfuma o rio Potengi com o sol que vivifica o Rio
Grande do Norte:
Luís da Câmara Cascudo.
(2003, Global Editora e Distribuidora Ltda, São Paulo, edição em dois
volumes.)
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