Zen-Budismo 2 de 10
Mal começamos a conhecer o
ponto de vista do Zen-Budismo e imediatamente aprendemos aquele tipo de lição
que coloca a nossa vida de cabeça para baixo, ao mesmo tempo que nos faz
renascer intelectualmente e emocionalmente: o conceito budista da
temporariedade.
Tudo está mudando o tempo
todo. Isso é óbvio, o que não é óbvio é isso na prática: a sua dor, a sua
felicidade, o próprio Buda, a autoridade dos outros, a sua idade, o que você pensava
da vida, as verdades científicas... Não é óbvio que o tempo passa e que tudo
está mudando.
Não é óbvio que tudo está
mudando e que o tempo passa porque frequentemente você se olha no espelho e
leva um susto sobre o que fez e está fazendo de sua vida. E você ri e chora
quando olha para você mais novo ou você mais velho. Como é possível você levar
um susto sobre o que você fez da própria vida? Você por acaso estava dormindo?
É o rio. Nós estamos no rio.
É o mesmo rio do Sidarta de Herman Hesse e o mesmo rio do ensaio
sobre a velhice escrito pelo meu amado Bertrand
Russell. Rio ou caminho estelar do filme “Contato” (“Contact”, 1997, Jodie Foster,
Robert Zemeckis, Carl Sagan, James V. Hart, Matthew
McConaughey e etc.). Em última análise não deve haver nem morte ou
nascimento, só este rio mesmo. Acho que as aparências e a dor e o prazer é que
nos distrai. É fácil se distrair. Eu que o diga, com nome de astronauta eu vivo
mesmo no mundo da Lua. Ou no quarto anel de Saturno.
E se tudo muda e se estamos
no rio, não podemos nos afogar. Se a gente fica distraído ou desesperado nós não
boiamos e acabamos nos afogando. Então se tudo muda nós devemos ser mais
serenos diante da vida. Difícil porque em 2023 aqui no Ocidente é tanto
estímulo na internet, televisão, é tanto medo nas ruas, tanto sexo
insatisfatório, e tanto vazio interior e tanto desgosto por trabalho chato e
salário insuficiente!
Livremente inspirado em “Segunda
Parte Introdução às Teorias Orientais da Personalidade” e capítulo 10 “Zen-Budismo”. Do livro Teorias da Personalidade, de James
Fadiman e Robert Frager (Traduções de Camila Pedral Sampaio e
Sybil Safdié; com a coordenação de Odette de Godoy Pinheiro,
1979, São Paulo, Editora: Harbra Editora Harper & Row do Brasil Ltda).
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