sexta-feira, 18 de setembro de 2020

18 setembro de 2020



Rosamund Pike salvando a África (Botsuana) em um filme, em outro filme temos o Primo Levi (Antony Sher / Marco Ribeiro voz) nos contando a Segunda Guerra Mundial. Não é todo dia que a televisão tem tanto filme bom passando ao mesmo tempo! Por depressão e preguiça de agir, eu costumo fazer comentários depreciativos a meu respeito; mas quando se trata do meu bom gosto a história muda. Aí eu abandono a humildade que os bons modos exigem. Eu tenho bom gosto, eu sei. Que a dignidade em Primo Levi e em Rosamund Pike (que parece que só trabalha em filmes interessantes) me inspirem.

Eu dividi as postagens do blog aqui pela metade. Assim é mais fácil publicar todos os dias e consequentemente me leva a ler mais e a escrever mais (em vez de esconder-me atrás de planos perfeccionistas). Teoricamente os textos ficariam até mais breves e isso facilitaria a leitura, mas acho que isso não vai acontecer: ruim ou bom sou artista, donde que conter-se em limites não se cogita. A opção sempre é transbordar ou transbordar. Então os textos vão continuar extensos sim. Em um dia, comentário das atualidades e vislumbres do passado; em outro dia, a sabedoria brasileira e o diário de leitura. Vou tentar fazer dar certo.

Eu durmo mal. Por quê? Não sei. Preocupação, ansiedade, talvez. Se for, como é comum nesses casos, o que minha ansiedade vê e a aflige não é nítido para mim. Não sei o que é. O que também não se vê a olho nu, mas cuja a presença é marcante é a Covid-19. Às vésperas de escolas e clubes abrirem; quantos hospitais novos foram construídos, Brasil? Alguma mudança no transporte coletivo, Brasil? Se nem uma emergência sanitária desta magnitude consegue fazer Brasília e os governos dos estados olharem para o mesmo horizonte; o que pode fazer, Brasil? O cidadão brasileiro tornou-se mais disciplinado e solidário? O novo normal é igual ao antigo, mas mais famílias brasileiras ficarão tristes.

Eu durmo mal. Vou fazer este sono ser um bom motivo para dormir cedo. Pode ser o início de alguma mudança.


HISTÓRIA DO SÉCULO 20 - BPC Publishing LTD/Abril Cultural, 1973.

A nova mulher. A mais importante revolução do século 20 foi rápida. Calma calma, é preciso respeitar e considerar a perspectiva histórica: em 1914 já havia mulheres médicas, porque escolas secundárias e mesmo universidades já estavam aceitando a presença de mulheres. Não era moda passageira ou excentricidade de uma modernidade bárbara e perdida, aquelas mulheres nadando em piscinas mistas ou mesmo indo a um restaurante público.

Um assunto popular e delicado: sexo: sexo e matrimônio. Como harmonizar? Difícil. Era grande o sofrimento das mulheres casadas e causa choque a quantidade de homens casados que iam a prostíbulos e acabavam trazendo doenças venéreas para o lar. Métodos anticoncepcionais eram considerados uma coisa imoral. A racionalidade, no século da ciência, não chegava ao sexo. O máximo que especialistas diziam nos jornais e escolas eram sobre casar mais tarde ou abstinência sexual mesmo.

Homens feministas? Alguns são sim, madame. Platão, Epicuro, Saint-Simon e, claro, o John Stuart Mill. Este trecho de Ann Veronica, de H. G. Wells é inesquecível na sua simplicidade forte: “Eu sinto como se meu crescimento tivesse sido interrompido, como se eu tivesse sido privada da luz da vida...” Educadas e com dinheiro, mas sem poder agir por causa da sociedade: imagine quantas haviam assim no início do século 20! A revolução era uma questão de tempo. E quando vamos ter a Ann Veronica traduzido para o português?

O século 20 podia ser o século da ciência mas demorou a olhar para as tarefas domésticas e pensar como a tecnologia podia ajudar ali.

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