quarta-feira, 2 de setembro de 2020

2 de setembro de 2020


 Há milhões de anos atrás, em algum lugar entre o que hoje conhecemos como África do Sul e Etiópia, um primata esquisito pra caramba desceu de uma árvore e começou a fazer coisas muito interessantes. A arte em cerâmica, assim como a companhia do cachorro, parece nos acompanhar desde o início de nossa aventura aqui na Terra. É mesmo irresistível o seu apelo. No ATELIER VALNIZE IGLESIAS você encontra peças de cerâmica muito bonitas, de tamanho variado e com tinta feitas com terra. É exclusivo, é mágico. Tamanhos e preços variados. Mais informações: valnizeterra@yahoo.com.br ou aldrin_iglesias@yahoo.com.br.


Lúcio Flávio Pinto, o maior jornalista do Brasil + Portal UOL + Portal UAI = Atualidades Comentadas

O Brasil esta entre os três primeiros países do mundo a sofrer com a epidemia do Novo Corona Vírus. Isso se acreditarmos nos números oficiais. Terrível.

Vai acontecer com o trabalho remoto o que aconteceu com a profissão de cobrador de passagens nos coletivos no período Pós-Dilma Rousseff? Eu não sei dirigir carro, então sempre andei muito de ônibus. Os cobradores não voltaram depois da Dilma e nem depois do Michel Temer, quando dizia-se que a economia estava recuperando-se. Acho que o trabalho remoto veio para ficar: é barato e é moderno, além que o transporte coletivo nas cidades grandes é complicado. Mas regiões pobres do Brasil e os trabalhadores com menos educação formal, ficaram ainda mais distantes de uma situação digna com este novo arranjo do trabalho. Ainda na questão do trabalho: as demissões de professoras e professores de escolas particulares já esta chamando a atenção. Que segundo semestre sinistro!

É preciso cuidar da pele não só por causa da luz do Sol, mas das luzes de computadores e lâmpadas modernas em nossas casas. Isso mesmo: protetor solar dentro de casa.

Para quem, como eu, achou tocante o filme "Hotel Ruanda" (Hotel Rwanda, Terry George, Keir Pearson e Don Cheadle, 2004), assusta as últimas notícias sobre este país africano. É verdade, Paul?

Li uma entrevista com uma estadunidense que é ambientalista e luta pela Amazônia e ali eu lembrei-me de um documentário sobre o Caso Mar de Aral que assisti na TV Escola há muitos anos atrás (Avisos da Natureza). O que que acontece: as autoridades soviéticas perceberam que estavam prejudicando o Mar de Aral e pararam, mas isso não adiantou! O lago gigantesco começou a secar e não parou mais. Inércia, entendem? Dependendo do golpe e do tempo, o ambiente se estabilizará de maneira horrível. A questão é que lendo a entrevista, parece que em mais ou menos cinco anos a Amazônia vai também chegar em um ponto crítico e que dali em diante ela vai definitivamente transformar-se em algo diferente do que é hoje, algo pior.

Parece que o tênis de mesa brasileiro vai ter um novo momento de brilho. Irmãs Takahashi, Laura Watanabe e Hugo Calderano; são estrelas que já estão brilhando bastante. Uma notícia legal.

HISTÓRIA DO SÉCULO 20 - BPC Publishing LTD/Abril Cultural, 1973.

É preciso humildade e sinceridade para perceber o quanto o irracional em nós nos tornou, e ainda nos torna, vulneráveis ao grande jogo dos meios de comunicação de massa. Educação formal de qualidade e calma são ferramentas para evitar tanta vulnerabilidade. 

Não era raro revistas e jornais terem colunas femininas no início do século XX, quando nasce a imprensa de massa. É correto considerar que o Movimento Feminista se beneficiou com o nascimento desta novidade.

- Eu gosto tanto dessas notinhas curtas e curiosas! Porque os jornais não são feitos só com elas? A maior parte dos jornais são feitas de textos grandes, complicados, chatos... - Uai, então porque você mesmo não faz um jornal só com essas notas curtinhas? - Vou fazer um jornal com que dinheiro, mulher?! No final do século XIX, na cidade de Manchester, Inglaterra, era aberto um restaurante vegetariano. Além de uma mulher prática, a Senhora Newnes também era uma cozinheira talentosa. Algum tempo depois nascia Tit Bits (Miscelâneas de Notícias). O senhor Newnes agora tinha o seu jornal. Alguns anos antes, em 1870, houve uma mudança na lei de ensino na Inglaterra, ampliando o número de pessoas alfabetizadas e instruídas entre os pobres. E essas pessoas iriam querer uma imprensa nova, mais próximas a elas. E a flor da imprensa de massa desabrochava.

William Randolph Hearst, a gente sabe, e os espanhóis que dominavam Cuba também, foi o mais poderoso; mas o mais importante foi Alfred Harmsworth (mais tarde Lorde Northcliffe) criando o "cardápio" que seria seguido até por portais de notícias da internet nesse nosso 2020: empresa limitada visando lucro e atraindo investidores, fofocas sobre pessoas importantes, comentários políticos, palpites para corridas de cavalo, as já mencionadas colunas femininas, manchetes sensacionalistas, circulação ampla... Northcliffe sabia das coisas. E o "pecado original" também já é dessa época: como conciliar baixo custo artificial com ampla circulação? A relação ambígua com os donos do dinheiro, na questão da publicidade (políticos e empresários)...

É divertido dizer que tudo é culpa dos vegetarianos de Manchester e é difícil não ficar impressionado com o poder de Hearst e a visão de Northcliffe; mas a gente sabe como funciona a História: não há "muros" ou "fronteiras" marcando as grandes mudanças. Não podemos esquecer alguns precursores daquilo que ficou conhecido como imprensa de massa: 

Lloys Weekly News

Reynold News

News of the World
Star
The Truth (australiano)
Le Petit Journal
New York Journal
A imprensa japonesa aprendeu rápido e logo estava copiando a imprensa de massa ocidental. 
A importância das revistas populares como a francesa Le Pompon.



Leonardo Mota e a Sabedoria Brasileira 
"Lágrima com pão passageiras são."

Comentários.
Não há muito o que comentar aqui: ou você ergue-se e sacode a poeira, ou torna-se um zumbi. Zumbi sem o George Andrew Romero. Já foi dito, em algum lugar, que a depressão tem lugar de destaque entre os males do século XXI. Eu me relaciono com ela desde 1997 e sou testemunho de seu poder. É preciso confiar e lutar.



Lendo Elogio da Loucura (1510), de Erasmo de Rotterdam

Um dos maiores prazeres ao ler Elogio da Loucura, é deparar-me com as notas explicativas do tradutor Paulo M. Oliveira. Paulo?, merci merci! É uma das coisas óbvias que a gente esquece: Erasmo pode ter pensado em escrever para todos e para o futuro, mas também, e principalmente, para a sua época; e na época do Renascimento a erudição era beeeem diferentes. As notas do Paulo são pura melodia.

Um reencontro. O nome do diálogo platônico é Fedro. A nota explicativa de Paulo M. Oliveira não diz o nome do diálogo, "apenas" menciona o trecho famoso em que Sócrates, o inventor Teuto, o Rei Tâmus e a gramática aparecem. Esse trecho é especial para mim porque eu o conheço desde o início de minha adolescência ao estudar no colégio a gramática Curso de Língua Portuguesa, de Jorge Miguel (Editora Habra Ltda, 1989, São Paulo, SP.). Reencontro bonito, mas a questão polêmica continua viva e ardente: a gramática vai fazer os humanos não respeitarem mais a memória, uma vez que precisarão de sinais externos e artificiais? A tecnologia e a ciência farão o humano mais fraco e infantil? 

O que Tácito diria da Constituição Brasileira de 1988? A cada dois meses ela ganha uma emenda! É um trem doido! Como pode isso? Sem mencionar as leis de cada Estado da federação. Bom, Tácito é claro em sua advertência: se precisa ficar fazendo leis sem parar é porque o governo é ruim e a nação esta em decadência, uma vez que há crimes demais acontecendo sem parar. 

Diz a tradição que o povo caldeu inventou a magia e a astrologia.

Erasmo epicurista e hippie avant la lettre! Gramáticos, físicos, advogados, médicos... Todas essas profissões, toda essa técnica, toda essa ciência contribui para o quê? O humano ficou mais feliz e independente? Ficou? Ficou mesmo? Tem certeza? 

Não sei se é historicamente exato, mas o Pitágoras que aparece em Elogio da Loucura não se parece com o da aula de matemática no colégio: comunista e uma pessoa que ao longo da vida transformou-se em rã, mulher, esponja, rei, cavalo... É interessante, mas o que Pitágoras aprendeu com estas transformações é que não é tão agradável assim, pois toca em uma de nossas feridas narcisistas: uma abelha conhece a paz, pois esta satisfeita com o que a natureza deu-lhe; o humano nunca conseguiu e nem vai conseguir esta mesma paz. O humano deseja demais para estar conciliado com o que a natureza deu-lhe de presente.

Um pouco de machismo renascentista e mais uma crítica à erudição que apenas encobre vaidades humanas e nos afasta da natureza simples e feliz: é claro que as mulheres gostam dos loucos e dos bobos, pois eles são dóceis e só eles conseguem ser sinceros e com eles o "belo sexo" pode muito melhor praticar os seus jogos de aparências. Que maldade, Erasmo... 

É a terceira ou quarta vez que a escola de pensamento estoica é ironizada aqui em Elogio da Loucura? Era comum, no tempo de Erasmo de Rotterdam, informa-nos uma nota de Paulo M. Oliveira, os estoicos serem chamados de "rãs". Por quê? Porque naquela época os estoicos eram tagarelas e ninguém aguentava isso!!

E se é exótico a presença de estoicos nas vilas e cidades naquela época, saiba você que também havia os alquimistas. Alquimistas, seu Jorge Ben, alquimistas! Hoje são os precursores da química moderna, mas naquela época talvez você sentisse medo deles. Você sentiria, não o nosso Erasmo. Não a sua Loucura, que ri e os lista como outra classe que a tem como padroeira e fonte de inspiração e felicidade. Os alquimistas sempre tentando a fórmula da imortalidade e da fórmula que transformaria o que eles quisessem em ouro! A loucura de nunca desistir e de ver cada derrota humilhante como apenas uma pedrinha no caminho!

Não é na tempestade que se conhece o marinheiro bom, é quando este navega no Cabo de Maléia, na província de Peloponeso. Coragem, marinheiro e esqueça o que ama e vá sem medo!

Outro alvo de ironia: sincretismo religioso. Só que na época de Erasmo de Rotterdam não é a mistura de religiosidade católica e religiosidade de origem africana, aqui é religiosidade católica misturada com religiosidade da antiga Roma e antiga Atenas. Não é mais o guerreiro Hipólito resistindo às investidas da sua madrasta (!) o alvo de devoção, agora é o guerreiro São Jorge. E lá vai mais um cavalo todo enfeitado, diante da qual os devotos ajoelham e pedem proteção.

E Erasmo de Rotterdam antecipa uma distinção que em Voltaire será fundamental alguns séculos depois durante o Iluminismo: a distinção entre superstição e religiosidade. Ah, então se você repetir tal e tal oração e pagar tal e tal quantia tem o perdão divino garantido? Pode até dar-se o luxo de pecar só mais uma vez? Ora, ora... 
Não que os sacerdotes sejam muito melhores, pois alguns são tão mentirosos e pecadores como muitos dos seus fiéis. Ensinar o cristianismo pelo exemplo? Ora, ora, ora... 

Amor-próprio, iludir-se, elogiar um companheiro igualmente fútil, vangloriar-se por algo bobo, desejar algo absurdo... Como viver e ser feliz neste muito de dor e frustração sem guiar-se pelo caminho delicioso da loucura? Seja louco!

Os turcos na época do renascimento achavam graça na idolatria e nas superstições dos cristãos e os alemães, por sua vez, tinham por orgulho nacional a habilidade na ciência da magia. Acho que em 2020 os turcos continuam orgulhosos, mas os alemães já não se veem como magos.

 Ah, esse paganismo é irresistível... Morro de amores...:
Vênus concede a beleza.
Mercúrio concede o dom da oratória.
Hércules é a divindade para quem quer ficar cheio da grana.
Júpiter coloca a coroa na cabeça dos escolhidos.
Marte ajuda o exército a vencer uma guerra.
Apolo diz tudo o que precisa saber a quem vai ao seu oráculo.
O filho de Saturno lança setas. Não sei o que isso significa, o Erasmo e o Paulo M. Oliveira não explica.
Febo as vezes fica nervoso e manda uma peste aqui para o nosso planeta.
Netuno salva todos que navegam pelo mar.

E os ricos? São infantis com seus brinquedos caros e quando morrem querem caixões de luxo e um funeral pomposo porque nem ali deixam de serem vaidosos. E os advogados e juízes? Enrolam os envolvidos porque quanto mais tempo dura o processo mais ganham. Sobre os negociantes nem vou comentar aqui porque a Loucura usa uns adjetivos bem pesados. 

Não sei quem foi Menipo, mas sei que ele foi um dia à Lua e olhou para a gente de lá. Deve ter sido muito bacana.

Quem é sábio, mas sábio mesmo, mesmo mesmo; tem o ramo de ouro do poeta Virgílio.

Os negociantes são sinistros, mas são os gramáticos que merecem da Loucura um dos melhores e mais extensos momentos do livro. Uma descrição inesquecível. Bela crítica a uma educação artificial e morta, longe da realidade do mundo. 

Poetas e pintores livres? Pausa. É outra coisa óbvia e que não é tão óbvia. Hoje, em 2020, temos arte de vanguarda que você vê em um museu e as vezes não entende e acha feio e tem vontade de rir de raiva. Ora, e em 1510 não haveria artistas vanguardistas que deixavam o povo também perplexos e confusos? A Loucura, ao comentar a arte moderna do início do século XVI, menciona este dito popular: poetas e pintores são livres. Com certezas livres demais a ponto de espantar. Renascimento foi um período de grandes mudanças.

Preciso ler o que Quintiliano escreveu sobre o riso. E outras coisas sobre o Quintiliano. Tem em português?

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