quarta-feira, 13 de julho de 2022

Crepúsculo dos Ídolos, Nietzsche

 

Nesse estado, enriquecemos todas as coisas com nossa própria plenitude: o que enxergamos, o que queremos, enxergamos avolumado, comprimido, forte, sobrecarregado de energia. Nesse estado, o ser humano transforma as coisas até espelharem seu poder – até serem reflexos de sua perfeição. Esse ter de transformar no que é perfeito é – arte.”


Nossas verdadeiras vivências não são nada loquazes. Não poderiam comunicar a si próprias, ainda que quisessem. É que lhe faltam palavras. Aquilo para o qual temos palavras, já deixamos para trás.”


Goethe concebeu um homem forte, altamente cultivado, hábil em toda atividade física, que tem as rédeas de si mesmo e a reverência por si mesmo, que pode ousar se permitir todo o âmbito e a riqueza do que é natural, que é forte o suficiente para tal liberdade; o homem da tolerância, não por fraqueza, mas por fortaleza, porque sabe usar em proveito próprio até aquilo que de que pereceria a natureza média; o homem para o qual já não há coisa proibida senão a fraqueza chame-se ela vício ou virtude... Um tal espírito, que assim tornou livre, acha-se com alegre e confiante fatalismo no meio do universo, na fé que apenas o que esta isolado é censurável, de que tudo se redime e se firma no todo – ele já não nega... Mas uma tal crença é a maior de todas as crenças possíveis: eu a batizei com o nome de Dionísio. –“


CREPÚSCULO DOS ÍDOLOS – Friedrich Nietzsche.

(Tradução de Paulo César de Souza)

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