quarta-feira, 13 de julho de 2022

Rede de Dormir, Cascudo

 

"Uma denúncia é a pergunta aos amigos hóspedes: "Dorme em cama ou em rede?"

Há, forçosamente, de ambas na residência ou no hotel do interior. Há poucos anos dizia-se, torcendo o lábio num esgar de desprezo: "É um homem cheio de luxos, de "bondades"; só dorme em cama!..."


"Uma condição essencial para antropologistas e etnógrafos é ser um bom poeta. Mesmo que não faça versos. Sem a poesia os seus trabalhos perdem, no plano da comunicação fiel e positiva, a graça verídica, a possibilidade justa, a idéia da vida, valendo, pela glacial explanação verídica, relatório de autópsia. Jamais darão, fora dos iniciados sonolentos que, em última análise renunciaram ao direito natural da vibração e do entusiasmo, nada mais do que um frio parecer de comissão de tomadas de contas em balanço de banco de crédito hipotecário. Não me diagam que a Ciência é nua e despida de ornatos e galanterias porque a Deusa Minerva, que devia entender dela, despojando-se das vestes alguma vez o fez para disputar um concurso de beleza."


"Ainda nos dias presentes há uma maioria alta de redes no quarto de dormir ao lado da cama bonitona. Serve para "o primeiro sono". Para "refrescar". Para "descansar". Depois vão fazer companhia à mulher. E muitos voltam para a rede, para "acabar o sono"."


REDE DE DORMIR - UMA PESQUISA ETNOGRÁFICA - Luís da Câmara Cascudo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá, escreva e participe!