segunda-feira, 18 de julho de 2022

Amazônia Século Perdido, Lúcio

 

O lado dos que querem impor novas exigências aos projetos impactantes também precisa renovar a retórica e arejar sua visão, evitando o enrijecimento em posições dogmatizantes. Uma delas torna sacrossanto o meio ambiente, independente da relação que há entre a ecologia e o homem. Essa obtusidade tem sido bem aproveitada pelos que manejam a questão ambiental para efeito estratégico, como fez a Companhia Vale do Rio Doce com o cinturão ecológico em torno das minas de ouro e cobre de Carajpas, e imitou-a a Alcoa com a Floresta Nacional Saracá-Taquera, no Trombetas – por via oblíqua, naturalmente, que para isso o Ibama às vezes está à mão. A natureza, neste caso, é uma arma contra o único ser humano que a entende e a utiliza harmoniosamente, o nativo, para encanto do forasteiro bem intencionado, mas mal informado.”



A Cabanagem foi empreendida por líderes que queriam fazer parte do Brasil. E o Brasil interpretou-a como um movimento autonomista, de separação do resto do país. No outro extremo do território nacional uma outra revolta simultânea, a Farroupilha, no Rio Grande do Sul, foi encarada sob ótica distinta. Os farroupilhas, propugnando pela separação, tiveram um tratamento condescendente por parte do império brasileiro; a Amazônia, desejando integrar-se, sofreu uma repressão violenta. Matou-se mais durante a “pacificação” do que na própria eclosão da revolta cabana. E esse é o elemento básico que persiste na relação entre a Amazônia e o poder central: uma falta de sintonia, uma incompreensão, a exclusão do entendimento.”



AMAZÔNIA – O SÉCULO PERDIDO (A batalha do alumínio e outras derrotas da globalização) – Lúcio Flávio Pinto.

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