segunda-feira, 8 de agosto de 2022

O Incêndio do Reichstag, R. John Pritchard

 

Não se pode dizer que H* fez qualquer tentativa para disfarçar suas intenções ditatoriais básicas. Ele não preparou conspiração e não marcou datas. Era simplesmente um grande improvisador. O eleitorado na Alemanha iludiu-se ao pensar que o latido de H* fosse pior que sua dentada, depois que assumisse o poder; isso sempre acontecera com os líderes que o precederam, de modo que parecia razoável esperar o mesmo do futuro. A iminência da catástrofe, mesmo quando divulgada, raramente é reconhecida. O mesmo aconteceu à Alemanha nos anos 30.”



Primeiro de fevereiro de 1933. O Reichstag é formalmente dissolvido. O General Ludendorff, ex-aliado de H* em 1923, telegrafa a seu colega de tempo de guerra, Hindenburg: “Nomeando H* Chanceler, você entregou a sagrada Pátria Alemã a um dos maiores demagogos de todos os tempos. Vaticino-lhe que esse homem maligno mergulhará nosso Reich no abismo e causará desgraça imensurável à nação. As futuras gerações o amaldiçoarão, em sua sepultura, por esta atitude”. “

(…)

7 de fevereiro de 1933. Braun apela ao Supremo Tribunal de Leipzig, num esforço por anular o edito de Hindenburg, alegando que ele é inconstitucional. Sem resultado.”

(…)

22 de fevereiro de 1933. Hindenburg está desesperado com o que fez, mas não vê como modificar a situação. Caracteristicamente, põe a culpa em Papen.”



O Gleichshaltung naz* também atingiu os campos literário e cultural. Por volta de junho de 1933 The Round Table (Londres) concluiu que, a despeito da autoridade concedida ao Governo H* pelo Reichstag, não havia sinal de um declínio no terrorismo dos naz*. Sua busca implacável para destruir obras antinazistas e outra oposição levavam ao saque de residências particulares, bibliotecas, livreiros e igrejas em busca de material suspeito. Milhares de livros foram confiscados e acabaram em enormes fogueiras. Músicos, cantores, atores foram demitidos dos seus postos em organizações culturais. Intelectuais e homens de ciência alemães eram hostilizados, ou então preferiam abandonar a pátria para fugir às perseguições. Muitos alemães buscaram refúgio em outros países. Listas de ódio eram preparadas contra comunistas, judeus ou pessoas antinazistas e suas obras. A reforma da nação alemã estava-se tornando gradualmente num repúdio à tradição cultural. O Berlinger Lokal-Anzeiger disse a 7 de maio: “Não somos nem queremos ser a pátria de Goethe e Einstein. De maneira alguma”. “


O INCÊNDIO DO REICHSTAG – R. John Pritchard.

(História Ilustrada da 2a. Guerra Mundial; seção Política em Ação volume seis. Editora Renes, 1972 [original] e 1976 [edição brasileira]. Dado que o assunto é grave, vai aí as páginas para intelectuais curiosos (e preguiçosos): páginas 33, 46-48 e 85.). Esses livrinhos da Renes sobre guerras e líderes militares são razoavelmente fáceis de serem encontradas em sebos. Eu gostei muito do Irlanda Sangrenta (A. J. Barker), A Conquista da Etiópia (A. J. Barker) e A Guerra dos Seis Dias (A. J. Barker).

Pausa.

Fui na biblioteca para conferir os nomes dos autores e descubro que é o mesmo. (risos) Você tem um historiador militar britânico favorito? (risos) Eu tenho! A. J. Barker. Ou melhor: A. J. Barker. É que também faz tempo que eu li os livros e também sou meio distraído. De qualquer forma uma nota: se alguém falar para você que o apoio naz* a Franco na Espanha durante a Guerra Civil Espanhola foi o grande evento precursor da Segunda Guerra, não acredite; foi a invasão de Mussolini à Etiópia. O comportamento da Liga das Nações e dos outros países foi constrangedor. 

Mas onde eu estava? Ah, no meu tempo (tempo de faculdade) os livros em sebos custavam em média 10 Reais. Hoje aumentou muito o preço. Mas ainda vale a pena, pois o material da Renes é muito bom.

Notas.

Achei prudente censurar o nome do demagogo genocida e a sua ideologia, não tenho assessoria jurídica e o pessoal julga muito fácil os outros nesses tempos. Eu é que não arrisco. Este meu blog não é importante, mas eu escrevo como se ele fosse. No mais eu já escrevi aqui que sou hipocondríaco jurídico.

O julgamento em si não foi mencionado nos trechos que escolhi divulgar do livro de R. John Pritchard, mas a história toda daria um filme bem didático: Alemanha pré-naz*, Alemanha naz*, diálogos inteligentes pois grande parte do filme se passaria no tribunal (Dimitrov preso acusado todo desvantagem e mesmo assim derrotando Göring e Goebbels nos debates no tribunal) e todo mundo gosta de oratória, sem mencionar a tragédia humana em Van der Lubbe e as cenas do prédio em chamas. Alguém sabe o telefone do Steven Spielberg e do Terry Gilliam?

E eu estou indo comprar os dois primeiros volumes já lançados no Brasil da trilogia italiana sobre o Mussolini escritas pelo Antonio Scurati. E você também! Já fez? Bom bom leitora e leitor! A história é uma professora importante, ensinou e ensina Cícero.

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