terça-feira, 11 de maio de 2021

A Susanne, as Crianças e os Ladrões

 “O Maguid, grande sábio, disse aos seus discípulos:

 – Sigam sempre os dois grandes exemplos de sabedoria: o da criança e o do ladrão.

 – Mas – perguntaram os discípulos –, o que podemos aprender com as crianças?

 – Três coisas: a ser alegre sempre; a nunca estar desocupado; e a exigir as coisas com teimosia.

 – E com o ladrão? 

 – O ladrão faz o seu serviço à noite; quando não completa numa noite, continua na seguinte; é solidário com seus companheiros; tem tão pouca estima por aquilo do que se apropria, que vende a preço vil; não vacila em arriscar-se por pouco; e não trocaria seu trabalho por nenhum outro ofício.

("Humor Judaico – Do Éden ao Divã"; seleção, organização e edição por Patricia Finzi, Moacyr Scliar e Eliahu Toker. Editora Shalom, Buenos Aires e São Paulo, 1990.) Há uma edição recente deste livro, ela é de 2017.

É interessante aqui observar a diferença entre conteúdo e forma. Ler de um jeito ou de outro jeito a mesma mensagem. 
Os grandes exemplos de sabedoria: criança e o ladrão.
A criança: alegria sempre, atividade constante e teimosia eficiente.
O ladrão: constância eficiente, solidariedade aos companheiros de profissão, não ser materialista, ser corajoso e amar o trabalho.
Viu? É a mesma coisa reescrever em formato de esquema, "tipo power point"? Talvez sim, talvez não… Parece, segundo o meu amado Bryan Magee (“Confissões de um Filósofo”, Martins Fontes, 2001), que uma filósofa tratou deste assunto com originalidade e profundidade e ela é a estadunidense Susanne K. Langer (“Philosophy in a New Key” e “Feeling and Form”).

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