domingo, 23 de maio de 2021

Fale comigo, Pennywise!

 Fale comigo, Pennywise!

Neste texto estará o que eu escrevi ontem e os trens sobre hoje também.

Eu pego uma régua de plástico e fico comovido por ela. E muito comovido. É uma “régua promocional”, feita por encomenda de uma clínica odontológica. Olhem olhe esta mascote! Um dentinho sorridente segurando um cajado que na verdade é uma escova de dente gigante e com dentifrício! Não é bonitinho? Não é bonitinho? Ai, devo estar ruim da cabeça. Se bem que costumo ficar comovido com coisas fofinhas, como quando a gente está muito mórbido e tenta sentir saudade deste lado da terra. 

De sexta para sábado, dia 21 a 22 de maio de 2021, tive um dos meus melhores sonhos. Nítido, completo, bem-feito; eu quero dizer. Parecia um filme. Eu estava lutando contra aquele palhaço monstro, o Pennywise. Personagem famoso dos filmes de terror.
Eu nunca assisti a um dos filmes da série dele, não gosto de filmes de terror. No sonho eu lutei, mas fui derrotado. Não senti dor ou medo, na verdade, e isso foi uma das coisas mais legais do sonho; a história continuou. Era uma casa antiga transformada em museu. Os visitantes estavam conhecendo o seu interior, quando um saco plástico vazio de pipoca jogado ao chão começa a crescer muito. E se transforma no Pennywise e a história recomeça. Mas eu não “estava lá”, apenas eu era como um narrador onisciente. E bem, eu acordei na hora. Acordei normalmente, sem suor ou coração batendo acelerado. Nunca acordei mal por causa de um pesadelo, a propósito. E é até discutível se eu algum dia tive mesmo um pesadelo. Bom, mas vamos continuar. (*)
Se não foi por causa dos filmes, que nunca assisti (a não ser pedaços); o Pennywise deve ter vindo de um vídeo que eu assisti no YouTube. Era uma sátira de terror que ironizava aqueles vídeos promocionais do Iphone. É, é aqueles vídeos curtos e engraçados que no final toca aquela música “This Girl”, do Kungs Vs Cookin' On 3 Burners. (**). Neste vídeo acompanhamos uns caras dentro de um grande e escuro túnel. Acho que eles são investigadores de coisas paranormais, sei lá. A filmagem era aquela coisa tremida, semi profissional, estilo que virou quase ortodoxia cinematográfica desde o sucesso de “A Bruxa de Blair” (The Blair Witch Project, 1999, Daniel Myrick, Eduardo Sánchez etc.). Câmera tremendo, para que os espectadores se sintam dentro da filmagem. Bom, no final do vídeo aparece, vindo do fim do túnel escuro, um palhaço monstro correndo pegar os caras. Deve ser daí que meu inconsciente pegou a ideia de usar o Pennywise no meu sonho. Mas e a casa museu de onde o sonho acontece? 
O meu inconsciente deve ter inspirado-se no filme “Caça-Fantasma” (Ghostbusters, Kate McKinnon, 2016, Paul Feig, Katie Dippold, Ivan Reitman, Dan Aykroyd, Harold Ramis e etc.), e a cena dentro do The Aldridge Mansion Museum (“Museu da Mansão Aldridge”, em tradução livre). Como eu adoro ver o início deste filme (a sua primeira meia hora, mais ou menos) [***], meu inconsciente deve ter gostado de usar aquele cenário. Se bem que no sonho o local era mais iluminado pelo sol e o imobiliário tinha mais madeira e era mais colorido.
Mas uma coisa é saber de onde o meu inconsciente tirou os elementos para o sonho, outra coisa é saber o que ele queria dizer-me por meio do sono. Será que eu estava com medo do que ia acontecer no sábado? No sábado eu reabri a lojinha de artesanato. Duas vezes por semana, é a ideia. Almocei dois ovos cozidos e uma maçã. E li um texto do Voltaire. E pensei em como ganhar dinheiro. E não sonhei mais.



* Eu demorei anos, por medo e também por falta de oportunidade (neste período as videolocadoras foram praticamente extintas); mas um dia eu assisti finalmente ao filme “O Homem Elefante” (The Elephant Man, 1980, John Merrick, David Lynch, Christopher De Vore, Eric Bergren, Frederick Treves, Ashley Montagu e etc.). Desde criança, eu fiquei meio que traumatizado igualmente pela capa do filme (!) e pela história contada no filme. Mas um dia eu assisti e gostei muito. A cena do trem é uma das glórias de toda a história do cinema. Bom, bom, não gosto de filmes de terror; mas posso animar-me a assistir ao primeiro Pennywise porque ontem eu descobri que quem faz o palhaço é um daqueles atores que a gente conhece de rosto e não de nome. Um daqueles nomes que o cinema não gosta de reservar lugares de destaque. É o Tim Curry! Procure imagens dele pela internet e também, como eu, fique encantado pelo seu talento e pela magia que é ser um ator e poder ser mil e uma personagens.

** Eu estou escutando “This Girl”, do Kungs Vs Cookin' On 3 Burners; sem parar. Que música gostosinha! E gostosinha de dançar. Pelo menos eu fico dançando na cadeira, aproveitando que ninguém está olhando. Nem sei do que fala a letra e não me importo. Se bem que eu deveria me importar, depois do episódio do “Walk this way”. Esta música do Aerosmith, composta pelo Joe Perry e Steven Tyler, é uma das composições mais inteligente que eu conheço. Se eu não tivesse preparado o texto para o meu programa na rádio comunitária…

*** Tem um monte de filmes que eu só gosto de assistir só o seu início. Na maioria das vezes filmes medianos, mas eu gosto muuuuito daquela parte em que os personagens são apresentados. As vezes, mas isso é mais raro, ao mudar de canal assisto a uma cena favorita que está no meio de algum filme. Mas isso também acontece.
Filosofando um pouco, podemos pensar que isso é coisa da época: “consumir pedaços” de uma obra de arte e ficar satisfeito. Quem sabe?

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