“Não
se pode dizer que H* fez qualquer tentativa para disfarçar suas
intenções ditatoriais básicas. Ele não preparou conspiração e
não marcou datas. Era simplesmente um grande improvisador. O
eleitorado na Alemanha iludiu-se ao pensar que o latido de H* fosse
pior que sua dentada, depois que assumisse o poder; isso sempre
acontecera com os líderes que o precederam, de modo que parecia
razoável esperar o mesmo do futuro. A iminência da catástrofe,
mesmo quando divulgada, raramente é reconhecida. O mesmo aconteceu à
Alemanha nos anos 30.”
“Primeiro
de fevereiro de 1933. O Reichstag
é formalmente dissolvido. O General Ludendorff, ex-aliado de H* em
1923, telegrafa a seu colega de tempo de guerra, Hindenburg:
“Nomeando H* Chanceler, você entregou a sagrada Pátria Alemã a
um dos maiores demagogos de todos os tempos. Vaticino-lhe que esse
homem maligno mergulhará nosso Reich
no abismo e causará desgraça imensurável à nação. As futuras
gerações o amaldiçoarão, em sua sepultura, por esta atitude”. “
(…)
7
de fevereiro de 1933.
Braun
apela ao Supremo Tribunal de Leipzig, num esforço por anular o edito
de Hindenburg, alegando que ele é inconstitucional. Sem resultado.”
(…)
22
de fevereiro de 1933.
Hindenburg está desesperado com o que fez, mas não vê como
modificar a situação. Caracteristicamente, põe a culpa em Papen.”
“O
Gleichshaltung
naz*
também atingiu os campos literário e cultural. Por volta de junho
de 1933 The
Round Table
(Londres) concluiu que, a despeito
da autoridade concedida ao Governo H* pelo Reichstag,
não havia sinal de um declínio no terrorismo dos naz*. Sua busca
implacável para destruir obras antinazistas e outra oposição
levavam ao saque de residências particulares, bibliotecas, livreiros
e igrejas em busca de material suspeito. Milhares de livros foram
confiscados e acabaram em enormes fogueiras. Músicos, cantores,
atores foram demitidos dos seus postos em organizações culturais.
Intelectuais e homens de ciência alemães eram
hostilizados, ou então preferiam abandonar a pátria para fugir às
perseguições. Muitos alemães buscaram refúgio em outros países.
Listas
de ódio eram preparadas contra comunistas, judeus ou pessoas
antinazistas e suas obras. A
reforma da nação alemã estava-se tornando gradualmente num repúdio
à tradição cultural. O Berlinger
Lokal-Anzeiger
disse a 7 de maio: “Não somos nem queremos ser a pátria de Goethe
e Einstein.
De maneira alguma”. “
O
INCÊNDIO
DO REICHSTAG – R.
John Pritchard.
(História
Ilustrada da 2a.
Guerra Mundial; seção Política em Ação volume seis. Editora
Renes, 1972 [original]
e 1976 [edição
brasileira].
Dado que o assunto é grave, vai aí as páginas para intelectuais
curiosos
(e preguiçosos): páginas 33, 46-48 e 85.). Esses
livrinhos da Renes sobre guerras e líderes militares são
razoavelmente fáceis de serem encontradas em sebos. Eu gostei muito
do
Irlanda
Sangrenta
(A. J. Barker), A
Conquista da Etiópia (A.
J. Barker) e A
Guerra dos Seis Dias (A.
J. Barker).
Pausa.
Fui
na biblioteca para conferir os nomes dos autores e descubro que é o
mesmo. (risos) Você tem um historiador militar britânico favorito?
(risos) Eu tenho! A. J. Barker. Ou melhor: A.
J. Barker.
É que também faz tempo que eu li os livros e também sou meio
distraído. De qualquer forma uma nota: se alguém falar para
você que o apoio naz* a Franco na Espanha durante a Guerra Civil
Espanhola foi o grande evento precursor da Segunda Guerra, não
acredite; foi a invasão de Mussolini à Etiópia. O comportamento da
Liga das Nações e dos outros países
foi constrangedor.
Mas
onde eu estava? Ah, no meu tempo (tempo de faculdade) os livros em
sebos custavam em média 10 Reais. Hoje aumentou muito o preço. Mas
ainda vale a pena, pois o material da
Renes é
muito bom.
Notas.
Achei
prudente censurar o nome do demagogo genocida e a sua ideologia, não
tenho assessoria jurídica e o pessoal julga muito fácil os outros
nesses
tempos.
Eu é que não arrisco. Este
meu blog não é importante, mas eu
escrevo
como se ele fosse. No
mais eu já escrevi aqui que sou hipocondríaco jurídico.
O
julgamento em si não foi mencionado nos
trechos que escolhi divulgar do
livro de R.
John Pritchard,
mas a história toda
daria
um filme bem didático: Alemanha pré-naz*, Alemanha naz*, diálogos
inteligentes pois grande parte
do filme se passaria no tribunal (Dimitrov preso
acusado todo
desvantagem
e mesmo assim
derrotando Göring e Goebbels
nos
debates no tribunal)
e todo mundo gosta de oratória, sem mencionar a
tragédia humana em
Van der Lubbe e as cenas do prédio em chamas. Alguém sabe o
telefone do Steven
Spielberg
e
do
Terry
Gilliam?
E
eu estou indo comprar os dois primeiros volumes já
lançados no Brasil da
trilogia italiana
sobre
o Mussolini escritas
pelo Antonio
Scurati.
E você também!
Já fez? Bom bom leitora e leitor! A história é uma professora
importante, ensinou
e
ensina
Cícero.