sábado, 19 de setembro de 2020

19 de setembro de 2020

 


Se eu fosse um economista e fizesse parte da escola de pensamento socialista, o meu “problema” seria estudar muito muito. Por que o planejamento excessivo atrapalha o desenvolvimento econômico? Por quê a União Soviética antes e a Venezuela em 2020, são pobres? Por outro lado, se eu fosse um economista e fizesse parte da escola de pensamento liberal, o meu “problema” seria lembrar sempre sempre que as pessoas pobres sentem fome e devo combater sempre aquilo que podemos chamar de “ingenuidade canalha” nas análises.

É para os produtores rurais e os donos de supermercados serem patriotas e solidários neste segundo semestre de 2020? É isso mesmo que ouço nos meio de comunicação governistas? É esta a solução a curto e médio prazo neste segundo semestre sinistro? Ah, gente…

O aumento de preço dos alimentos durante a recessão econômica assusta a todos e é motivo de discussão constante na imprensa em geral. Assisti hoje, com grande prazer e também preocupação, a um debate sobre este assunto na Rádio Itatiaia. O Governo Bolsonaro não organizou um estoque de alimentos (poderia ajudar no trabalho de “boia” em relação ao aumento dos preços), o dólar esta de um jeito que fez os produtores rurais correrem para vender no exterior e as famílias pobres ao receberem auxílio emergencial do mesmo Governo Bolsonaro correram aos supermercados comprar alimentos: eis os motivos imediatos dos aumentos de preços dos alimentos nesta recessão. Falei em “motivos imediatos”, pois os motivos históricos são os de sempre: políticos que não planejam o futuro e a pobreza do povo. Parece que o Brasil é um país muito doente que deve contentar-se em viver um dia de cada vez, não por humildade e sim por impotência. Assim o futuro nosso não é construído por nós.


Leonardo Mota e a Sabedoria Brasileira

“Não quero saber quem fui; quero saber quem sou.”


Comentários.

Ah, fácil, fácil. E bonito bonito, também. Cite o Raul, Aldrin! Uma metamorfose ambulante, claro. A perspectiva desta opção é atraente, irresistível estar sempre jovem por estar sempre aprendendo e que nem a perfeição consegue te deixar satisfeito! Mudar e aprender, e aprender e mudar.


Lendo ELOGIO DA LOUCURA (1510), de Erasmo de Rotterdam


É possível ser sábio e ser feliz ao mesmo tempo? Há algo escondido nesta pergunta: a definição de felicidade como coisa de criança e/ou coisa de quem vive no “mundo da Lua” e é bobo. Me entendem? Mas não pode ser assim! Passar por este mundo como um zumbi, como se estivesse sempre iludido e totalmente indiferente? Deve ser possível ser sábio e ser feliz ao mesmo tempo. Enfrentar a realidade e sorrir! Deve ser possível!

O “galo do Luciano” viveu muitos e muitos anos entre os humanos e acabou por aprender a conversar conosco. Nossa, isso deve ter sido interessante de testemunhar. É a segunda vez que Luciano é citado em Elogio da Loucura, de Erasmo de Rotterdam. Luciano é um autor satírico que viveu na Idade Antiga. Tenho que procurar mais obras deste período.

Assim, claro, encarar a realidade sempre; mas podemos relaxar um pouco e bancarmos o maluco. Só um pouquinho. Só um pouquinho.

O empreendimento, o trabalho, a missão é difícil? Não aflige-se, peça auxílio às Musas!

Uma referência venenosa à Aristóteles e aos aristotélicos. Aristóteles, junto com o seu mestre Platão e o Immanuel Kant vários séculos depois, formam o mais importante trio parada dura da história da filosofia ocidental. É sério, são estes três e o resto. Mas, leitoras e leitores, principalmente vocês mulheres, vocês sabem como é a moda: ela é cruel. Como Aristóteles “reinou” durante a Idade Média, foi chegar o Renascimento e aí… 

Uma lenda popular envolvendo o São Bernardo. Dizia-se que este santo bebia óleo pensando que era vinho! Naturalmente esta lenda é mais uma referência ao poder do espírito em suportar e vencer os desejos e os sofrimentos deste corpo.

Elogio da Loucura, de Erasmo de Rotterdam, esta chegando as suas últimas páginas. Este mundo é louco, este mundo é mentiroso e hipócrita. Queremos a verdade, os renascentistas querem a verdade, os renascentistas querem uma verdade que seja nova para eles. O que seria isso? Em Elogio da Loucura, de Erasmo de Rotterdam, podemos ver parte disso em sua crítica à sociedade europeia do século XVI: a busca por um cristianismo sincero e simples, respeito e amadurecimento diante dos desejos humanos (uma forma de epicurismo) e, por fim, o desejo o anseio por algo que não se sabia bem o que era: a ciência moderna para varrer as superstições do mundo.

O próximo livro que vamos aqui usar como aquela cama voadora de Decamerão, de Boccaccio, para viajarmos pelo tempo e espaço, é A Cabana, de William P. Young, Wayne Jacobsen e Brad Cummings. Assim como o livro de Erasmo de Rotterdam, A Cabana é um livro cristão, mas num tom mais espiritualizado. Tem uma mensagem positiva, que pretende inspirar os leitores a enfrentarem a dor e mudarem para melhor as suas próprias vidas. O livro fez sucesso, é um best seller. Até virou um filme com Octavia Spencer. Eu não comprei este livro, o exemplar que tenho em mãos é uma doação que a biblioteca comunitária daqui recebeu. Normalmente não leito este tipo de livro, passaria por ele numa livraria com o narizinho meu todo arrebitado... Estou lendo porque a Camilla, minha amiga e matriarca deste site, deu uma indireta bem indireta quando disse a mim “acho que todo mundo devia ler este livro”. Eu sou homem, mas esta mensagem feminina eu consegui compreender. Estou ficando inteligente!

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

18 setembro de 2020



Rosamund Pike salvando a África (Botsuana) em um filme, em outro filme temos o Primo Levi (Antony Sher / Marco Ribeiro voz) nos contando a Segunda Guerra Mundial. Não é todo dia que a televisão tem tanto filme bom passando ao mesmo tempo! Por depressão e preguiça de agir, eu costumo fazer comentários depreciativos a meu respeito; mas quando se trata do meu bom gosto a história muda. Aí eu abandono a humildade que os bons modos exigem. Eu tenho bom gosto, eu sei. Que a dignidade em Primo Levi e em Rosamund Pike (que parece que só trabalha em filmes interessantes) me inspirem.

Eu dividi as postagens do blog aqui pela metade. Assim é mais fácil publicar todos os dias e consequentemente me leva a ler mais e a escrever mais (em vez de esconder-me atrás de planos perfeccionistas). Teoricamente os textos ficariam até mais breves e isso facilitaria a leitura, mas acho que isso não vai acontecer: ruim ou bom sou artista, donde que conter-se em limites não se cogita. A opção sempre é transbordar ou transbordar. Então os textos vão continuar extensos sim. Em um dia, comentário das atualidades e vislumbres do passado; em outro dia, a sabedoria brasileira e o diário de leitura. Vou tentar fazer dar certo.

Eu durmo mal. Por quê? Não sei. Preocupação, ansiedade, talvez. Se for, como é comum nesses casos, o que minha ansiedade vê e a aflige não é nítido para mim. Não sei o que é. O que também não se vê a olho nu, mas cuja a presença é marcante é a Covid-19. Às vésperas de escolas e clubes abrirem; quantos hospitais novos foram construídos, Brasil? Alguma mudança no transporte coletivo, Brasil? Se nem uma emergência sanitária desta magnitude consegue fazer Brasília e os governos dos estados olharem para o mesmo horizonte; o que pode fazer, Brasil? O cidadão brasileiro tornou-se mais disciplinado e solidário? O novo normal é igual ao antigo, mas mais famílias brasileiras ficarão tristes.

Eu durmo mal. Vou fazer este sono ser um bom motivo para dormir cedo. Pode ser o início de alguma mudança.


HISTÓRIA DO SÉCULO 20 - BPC Publishing LTD/Abril Cultural, 1973.

A nova mulher. A mais importante revolução do século 20 foi rápida. Calma calma, é preciso respeitar e considerar a perspectiva histórica: em 1914 já havia mulheres médicas, porque escolas secundárias e mesmo universidades já estavam aceitando a presença de mulheres. Não era moda passageira ou excentricidade de uma modernidade bárbara e perdida, aquelas mulheres nadando em piscinas mistas ou mesmo indo a um restaurante público.

Um assunto popular e delicado: sexo: sexo e matrimônio. Como harmonizar? Difícil. Era grande o sofrimento das mulheres casadas e causa choque a quantidade de homens casados que iam a prostíbulos e acabavam trazendo doenças venéreas para o lar. Métodos anticoncepcionais eram considerados uma coisa imoral. A racionalidade, no século da ciência, não chegava ao sexo. O máximo que especialistas diziam nos jornais e escolas eram sobre casar mais tarde ou abstinência sexual mesmo.

Homens feministas? Alguns são sim, madame. Platão, Epicuro, Saint-Simon e, claro, o John Stuart Mill. Este trecho de Ann Veronica, de H. G. Wells é inesquecível na sua simplicidade forte: “Eu sinto como se meu crescimento tivesse sido interrompido, como se eu tivesse sido privada da luz da vida...” Educadas e com dinheiro, mas sem poder agir por causa da sociedade: imagine quantas haviam assim no início do século 20! A revolução era uma questão de tempo. E quando vamos ter a Ann Veronica traduzido para o português?

O século 20 podia ser o século da ciência mas demorou a olhar para as tarefas domésticas e pensar como a tecnologia podia ajudar ali.

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

16 de setembro de 2020

 

Trovão (in memoriam). Saudade dele. Muita! Cada um de seus olhos era adornado em seu em torno por uma estrela negra, formando um conjunto que lembrava-me uma maquiagem igual ao de um palhaço de circo. Eu devia ter brincado mais com ele, mas nem os cachorros eu deixo aproximarem de mim. Ele era educado, disciplinado, observou uma vez meu pai; não parecendo mesmo ser um cachorro de rua que visitava e ficava frequentemente em nossa casa. A minha memória fixou a sua imagem distante da porta da cozinha, sentado obediente, à espera de atenção e comida. Eu gostava de segurar a sua cabeça gigante e ficar olhando para dentro de seus olhos, enquanto pensava o quanto ele era bobo e ele, por sua vez, devia pensar o quanto eu fazia muito menos que podia de minha própria vida.

O Brasil está doente de Covid-19, a sua economia em recessão e meus pais estão envelhecendo depressa. Que momento para uma cigarra infantil de 37 anos virar formiga burguesa com sua loja de artesanato! Mas talvez a metáfora seja outra. “Aldrin”, eu gosto de lembrar sempre, é o nome de um pesticida banido pelo Órgão das Nações Unidas por ser tóxico além do que pode ser tolerado e é também nome de um importante astronauta que caminhou pela Lua. Em um exercício metafísico, concluo que talvez eu seja mesmo é um astronauta que foi exilado. Só se vive olhando adiante, mas minha roupa de astronauta bem que podia ter alguma pista de meu verdadeiro planeta. Bom, quando criança o planeta que eu mais amava desenhar era Saturno… 


Lúcio Flávio Pinto, o Maior Jornalista do Brasil + Portal UOL + Rádio Itatiaia = Atualidades Comentadas.

Pantanal queimando a meses e o nordeste sofrendo a maior seca em décadas. A natureza selvagem é mais sincera e eficiente em mostrar como é o Brasil atual sob o Governo Bolsonaro. Porque a imprensa brasileira não consegue e não quer e as redes sociais da internet, por sua vez, estão inundadas por mentiras e agressividade. Que momento horroroso!

A ciência é uma das atividades humanas mais excitantes e é triste que a educação formal brasileira, assim como muitos veículos de imprensa brasileiros, não sejam tão efetivos em apresentar ao grande público as maravilhas da ciência. Uma consequência disso é a popularidade de opiniões tolas sobre vacinas e o formato do planeta Terra ainda em 2020. Bom, mas nem tudo são espinhos. Foi descoberto, na atmosfera de Vênus, moléculas de fosfina. É uma boa evidência de vida extraterrestre. Mas pode não ser, mas enquanto isso ficamos encantados que cientistas consigam saber detalhes a respeito da atmosfera de outros planetas.

Falei em “boa evidência” de que pode haver vida no planeta Vênus. O que parece ser mais do que uma boa evidência é a postura da Advocacia-Geral da União ser boazinha demais com o Governo Bolsonaro. Dilma e Temer foram traumáticos, é verdade, mas a inércia do Sistema não pode justificar tanta “colher de chá” diante de mais um governo ruim.

HISTÓRIA DO SÉCULO 20 - BPC Publishing LTD/Abril Cultural, 1973.

A população dos subúrbios crescia, com a ajuda dos novos meios de transporte. Ônibus e automóveis já estavam deixando de ser novidade, a ponto do governo da Inglaterra ter que aumentar a velocidade do automóvel de seis para vinte quilômetros por hora. E isso antes do ano de 1900! Além do telégrafo e cinema. E os mercados amplos, onde justamente muitos trabalhadores vinham dos subúrbios para trabalhar. E as vezes consumir também, mas o destaque quanto ao crescimento econômico ficou para a classe média.

Diante de tantas mudanças e mudanças que eram radicais, nem todos eram otimistas. Muitos tinham receios profundos quanto ao futuro, naquele início do século XX. O membro do Partido Liberal Charles Masterman levantava a questão: a vida será mais rica e feliz quando for normal que a maioria dos trabalhadores tenham despesas novas porque desejarão adquirir objetos de luxo como agora são os automóveis? Marie Corelli era mais lírica, chamando a avareza de “nossa estrela do mal”. Esta escritora popular antevê o cenário em que pessoas cuja a única virtude foi adquirir muito dinheiro, por qualquer meios, influenciando o caminho da comunidade devido ao seu poder sobre os políticos.

Marie e Charles estavam corretos, a ganância se espalhou entre humildes e o poder econômico envenenou a política? 


Leonardo Mota e a Sabedoria Brasileira

“Mais Amor e menos confiança.”

Comentários.

Meu amado Bertie (Bertrand Russell) falou algo semelhante. Deixe-me procurar, porque é bonito fazer uma ponte aqui. Achei! Demorou, mas foi gostoso porque lembrei bastante de quando li Ensaios Céticos pela primeira vez. Então vamos lá: “Nossas relações com os que amamos podem perfeitamente ser confiadas ao instinto; são nossas relações com aqueles que detestamos que deveriam ser postas sob controle da razão.” Aviso logo que meu Bertie, apesar de ser um dos maiores filósofos do mundo, era bastante ingênuo. A questão aqui é se conhecer bem. Se conhecendo bem podemos ser mais espontâneos. E isso tudo tornaria as coisas mais leves. Quem sabe um dia?


Lendo ELOGIO DA LOUCURA (1510), de Erasmo de Rotterdam.

“… aplaudido pelos verdadeiros doutos! Bolas! Que grande sacrifício! Raramente sucede ...”

Um nome importante que devemos buscar mais informações: Alceu de Mitilene: um dos vértices da poesia da antiguidade e inimigo figadal de todos os tiranos! Uau!

Aqui vou ter que reproduzir na íntegra a nota de rodapé do Paulo M. Oliveira, porque isso aqui é legal demais. É puro Amor.

“87 No templo de Dodona, havia um lugar dedicado a Júpiter, no qual se achavam vários vasos dispostos de maneira tal que, ao se bater no primeiro, o som se propagava até ao último, produzindo um barulho insuportável.”

Erasmo de Rotterdam citou o “bronze de dodônio” para ironizar e criticar os dialéticos do século XVI, que ficavam discutindo e discutindo sem se importar com a verdade e a educação.

Mais até do que os estoicos e os comerciantes, o maior alvo de críticas irônicas de Erasmo de Rotterdam é mesmo o clero católico. Dogmatismo, hipocrisia, elitismo, distanciamento quanto aos ensinamentos mais básicos de Cristo… O final de Elogio da Loucura é mesmo pesado quanto a isto.

Achei legal encontrar referências a Guilherme de Ockham e Duns Scott. Sinal que eram autores conhecidos, mesmo muito tempo após a morte deles. Scott, mais do que Ockham, aparece como exemplo de teólogo que propositalmente é obscuro em seus textos para parecer profundo, mas que na verdade é um autor irrelevante. Acontece que isso não é verdade, Scott é profundo sim. Mas durante séculos o seu nome caiu em desgraça porque seus opositores eram maioria. “Duns” até virou, na língua inglesa, um  termo pejorativo. Mas Duns Scott, assim como a filosofia medieval, nas últimas décadas vem recebendo a merecida atenção. Legal isso.

Há também, em Elogio da Loucura, referências à intolerância religiosa. Discussões e agressividade entre cristãos por causa de detalhes quanto ao dogma. Quanto sofrimento, quanto!

Uma nota mais alegre: cuidado com a sua flatulência, senão você pode ser tão barulhento quanto o Priapo, que acabou assustando as bruxas Canídia e Ságana! 

Bonito, os comentários sobre como deve ser um líder político de valor feitos por Erasmo de Rotterdam. É visível sinais da democracia moderna ali. Gostei de ler esses trechos. Acho que vocês também gostariam.

Um costume horrível daqueles tempos: em Roma, se você fosse excomungado pela Igreja Católica, as vezes um retrato seu era pintado em um pano acompanhado por demônios e este pano era exposto ao público. 

“99 Trata-se, muito provavelmente, de uma alusão a Júlio II, papa cujo fanatismo guerreiro tantos males causou à humanidade.” (Nota de Paulo M. Oliveira)

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

2 de setembro de 2020


 Há milhões de anos atrás, em algum lugar entre o que hoje conhecemos como África do Sul e Etiópia, um primata esquisito pra caramba desceu de uma árvore e começou a fazer coisas muito interessantes. A arte em cerâmica, assim como a companhia do cachorro, parece nos acompanhar desde o início de nossa aventura aqui na Terra. É mesmo irresistível o seu apelo. No ATELIER VALNIZE IGLESIAS você encontra peças de cerâmica muito bonitas, de tamanho variado e com tinta feitas com terra. É exclusivo, é mágico. Tamanhos e preços variados. Mais informações: valnizeterra@yahoo.com.br ou aldrin_iglesias@yahoo.com.br.


Lúcio Flávio Pinto, o maior jornalista do Brasil + Portal UOL + Portal UAI = Atualidades Comentadas

O Brasil esta entre os três primeiros países do mundo a sofrer com a epidemia do Novo Corona Vírus. Isso se acreditarmos nos números oficiais. Terrível.

Vai acontecer com o trabalho remoto o que aconteceu com a profissão de cobrador de passagens nos coletivos no período Pós-Dilma Rousseff? Eu não sei dirigir carro, então sempre andei muito de ônibus. Os cobradores não voltaram depois da Dilma e nem depois do Michel Temer, quando dizia-se que a economia estava recuperando-se. Acho que o trabalho remoto veio para ficar: é barato e é moderno, além que o transporte coletivo nas cidades grandes é complicado. Mas regiões pobres do Brasil e os trabalhadores com menos educação formal, ficaram ainda mais distantes de uma situação digna com este novo arranjo do trabalho. Ainda na questão do trabalho: as demissões de professoras e professores de escolas particulares já esta chamando a atenção. Que segundo semestre sinistro!

É preciso cuidar da pele não só por causa da luz do Sol, mas das luzes de computadores e lâmpadas modernas em nossas casas. Isso mesmo: protetor solar dentro de casa.

Para quem, como eu, achou tocante o filme "Hotel Ruanda" (Hotel Rwanda, Terry George, Keir Pearson e Don Cheadle, 2004), assusta as últimas notícias sobre este país africano. É verdade, Paul?

Li uma entrevista com uma estadunidense que é ambientalista e luta pela Amazônia e ali eu lembrei-me de um documentário sobre o Caso Mar de Aral que assisti na TV Escola há muitos anos atrás (Avisos da Natureza). O que que acontece: as autoridades soviéticas perceberam que estavam prejudicando o Mar de Aral e pararam, mas isso não adiantou! O lago gigantesco começou a secar e não parou mais. Inércia, entendem? Dependendo do golpe e do tempo, o ambiente se estabilizará de maneira horrível. A questão é que lendo a entrevista, parece que em mais ou menos cinco anos a Amazônia vai também chegar em um ponto crítico e que dali em diante ela vai definitivamente transformar-se em algo diferente do que é hoje, algo pior.

Parece que o tênis de mesa brasileiro vai ter um novo momento de brilho. Irmãs Takahashi, Laura Watanabe e Hugo Calderano; são estrelas que já estão brilhando bastante. Uma notícia legal.

HISTÓRIA DO SÉCULO 20 - BPC Publishing LTD/Abril Cultural, 1973.

É preciso humildade e sinceridade para perceber o quanto o irracional em nós nos tornou, e ainda nos torna, vulneráveis ao grande jogo dos meios de comunicação de massa. Educação formal de qualidade e calma são ferramentas para evitar tanta vulnerabilidade. 

Não era raro revistas e jornais terem colunas femininas no início do século XX, quando nasce a imprensa de massa. É correto considerar que o Movimento Feminista se beneficiou com o nascimento desta novidade.

- Eu gosto tanto dessas notinhas curtas e curiosas! Porque os jornais não são feitos só com elas? A maior parte dos jornais são feitas de textos grandes, complicados, chatos... - Uai, então porque você mesmo não faz um jornal só com essas notas curtinhas? - Vou fazer um jornal com que dinheiro, mulher?! No final do século XIX, na cidade de Manchester, Inglaterra, era aberto um restaurante vegetariano. Além de uma mulher prática, a Senhora Newnes também era uma cozinheira talentosa. Algum tempo depois nascia Tit Bits (Miscelâneas de Notícias). O senhor Newnes agora tinha o seu jornal. Alguns anos antes, em 1870, houve uma mudança na lei de ensino na Inglaterra, ampliando o número de pessoas alfabetizadas e instruídas entre os pobres. E essas pessoas iriam querer uma imprensa nova, mais próximas a elas. E a flor da imprensa de massa desabrochava.

William Randolph Hearst, a gente sabe, e os espanhóis que dominavam Cuba também, foi o mais poderoso; mas o mais importante foi Alfred Harmsworth (mais tarde Lorde Northcliffe) criando o "cardápio" que seria seguido até por portais de notícias da internet nesse nosso 2020: empresa limitada visando lucro e atraindo investidores, fofocas sobre pessoas importantes, comentários políticos, palpites para corridas de cavalo, as já mencionadas colunas femininas, manchetes sensacionalistas, circulação ampla... Northcliffe sabia das coisas. E o "pecado original" também já é dessa época: como conciliar baixo custo artificial com ampla circulação? A relação ambígua com os donos do dinheiro, na questão da publicidade (políticos e empresários)...

É divertido dizer que tudo é culpa dos vegetarianos de Manchester e é difícil não ficar impressionado com o poder de Hearst e a visão de Northcliffe; mas a gente sabe como funciona a História: não há "muros" ou "fronteiras" marcando as grandes mudanças. Não podemos esquecer alguns precursores daquilo que ficou conhecido como imprensa de massa: 

Lloys Weekly News

Reynold News

News of the World
Star
The Truth (australiano)
Le Petit Journal
New York Journal
A imprensa japonesa aprendeu rápido e logo estava copiando a imprensa de massa ocidental. 
A importância das revistas populares como a francesa Le Pompon.



Leonardo Mota e a Sabedoria Brasileira 
"Lágrima com pão passageiras são."

Comentários.
Não há muito o que comentar aqui: ou você ergue-se e sacode a poeira, ou torna-se um zumbi. Zumbi sem o George Andrew Romero. Já foi dito, em algum lugar, que a depressão tem lugar de destaque entre os males do século XXI. Eu me relaciono com ela desde 1997 e sou testemunho de seu poder. É preciso confiar e lutar.



Lendo Elogio da Loucura (1510), de Erasmo de Rotterdam

Um dos maiores prazeres ao ler Elogio da Loucura, é deparar-me com as notas explicativas do tradutor Paulo M. Oliveira. Paulo?, merci merci! É uma das coisas óbvias que a gente esquece: Erasmo pode ter pensado em escrever para todos e para o futuro, mas também, e principalmente, para a sua época; e na época do Renascimento a erudição era beeeem diferentes. As notas do Paulo são pura melodia.

Um reencontro. O nome do diálogo platônico é Fedro. A nota explicativa de Paulo M. Oliveira não diz o nome do diálogo, "apenas" menciona o trecho famoso em que Sócrates, o inventor Teuto, o Rei Tâmus e a gramática aparecem. Esse trecho é especial para mim porque eu o conheço desde o início de minha adolescência ao estudar no colégio a gramática Curso de Língua Portuguesa, de Jorge Miguel (Editora Habra Ltda, 1989, São Paulo, SP.). Reencontro bonito, mas a questão polêmica continua viva e ardente: a gramática vai fazer os humanos não respeitarem mais a memória, uma vez que precisarão de sinais externos e artificiais? A tecnologia e a ciência farão o humano mais fraco e infantil? 

O que Tácito diria da Constituição Brasileira de 1988? A cada dois meses ela ganha uma emenda! É um trem doido! Como pode isso? Sem mencionar as leis de cada Estado da federação. Bom, Tácito é claro em sua advertência: se precisa ficar fazendo leis sem parar é porque o governo é ruim e a nação esta em decadência, uma vez que há crimes demais acontecendo sem parar. 

Diz a tradição que o povo caldeu inventou a magia e a astrologia.

Erasmo epicurista e hippie avant la lettre! Gramáticos, físicos, advogados, médicos... Todas essas profissões, toda essa técnica, toda essa ciência contribui para o quê? O humano ficou mais feliz e independente? Ficou? Ficou mesmo? Tem certeza? 

Não sei se é historicamente exato, mas o Pitágoras que aparece em Elogio da Loucura não se parece com o da aula de matemática no colégio: comunista e uma pessoa que ao longo da vida transformou-se em rã, mulher, esponja, rei, cavalo... É interessante, mas o que Pitágoras aprendeu com estas transformações é que não é tão agradável assim, pois toca em uma de nossas feridas narcisistas: uma abelha conhece a paz, pois esta satisfeita com o que a natureza deu-lhe; o humano nunca conseguiu e nem vai conseguir esta mesma paz. O humano deseja demais para estar conciliado com o que a natureza deu-lhe de presente.

Um pouco de machismo renascentista e mais uma crítica à erudição que apenas encobre vaidades humanas e nos afasta da natureza simples e feliz: é claro que as mulheres gostam dos loucos e dos bobos, pois eles são dóceis e só eles conseguem ser sinceros e com eles o "belo sexo" pode muito melhor praticar os seus jogos de aparências. Que maldade, Erasmo... 

É a terceira ou quarta vez que a escola de pensamento estoica é ironizada aqui em Elogio da Loucura? Era comum, no tempo de Erasmo de Rotterdam, informa-nos uma nota de Paulo M. Oliveira, os estoicos serem chamados de "rãs". Por quê? Porque naquela época os estoicos eram tagarelas e ninguém aguentava isso!!

E se é exótico a presença de estoicos nas vilas e cidades naquela época, saiba você que também havia os alquimistas. Alquimistas, seu Jorge Ben, alquimistas! Hoje são os precursores da química moderna, mas naquela época talvez você sentisse medo deles. Você sentiria, não o nosso Erasmo. Não a sua Loucura, que ri e os lista como outra classe que a tem como padroeira e fonte de inspiração e felicidade. Os alquimistas sempre tentando a fórmula da imortalidade e da fórmula que transformaria o que eles quisessem em ouro! A loucura de nunca desistir e de ver cada derrota humilhante como apenas uma pedrinha no caminho!

Não é na tempestade que se conhece o marinheiro bom, é quando este navega no Cabo de Maléia, na província de Peloponeso. Coragem, marinheiro e esqueça o que ama e vá sem medo!

Outro alvo de ironia: sincretismo religioso. Só que na época de Erasmo de Rotterdam não é a mistura de religiosidade católica e religiosidade de origem africana, aqui é religiosidade católica misturada com religiosidade da antiga Roma e antiga Atenas. Não é mais o guerreiro Hipólito resistindo às investidas da sua madrasta (!) o alvo de devoção, agora é o guerreiro São Jorge. E lá vai mais um cavalo todo enfeitado, diante da qual os devotos ajoelham e pedem proteção.

E Erasmo de Rotterdam antecipa uma distinção que em Voltaire será fundamental alguns séculos depois durante o Iluminismo: a distinção entre superstição e religiosidade. Ah, então se você repetir tal e tal oração e pagar tal e tal quantia tem o perdão divino garantido? Pode até dar-se o luxo de pecar só mais uma vez? Ora, ora... 
Não que os sacerdotes sejam muito melhores, pois alguns são tão mentirosos e pecadores como muitos dos seus fiéis. Ensinar o cristianismo pelo exemplo? Ora, ora, ora... 

Amor-próprio, iludir-se, elogiar um companheiro igualmente fútil, vangloriar-se por algo bobo, desejar algo absurdo... Como viver e ser feliz neste muito de dor e frustração sem guiar-se pelo caminho delicioso da loucura? Seja louco!

Os turcos na época do renascimento achavam graça na idolatria e nas superstições dos cristãos e os alemães, por sua vez, tinham por orgulho nacional a habilidade na ciência da magia. Acho que em 2020 os turcos continuam orgulhosos, mas os alemães já não se veem como magos.

 Ah, esse paganismo é irresistível... Morro de amores...:
Vênus concede a beleza.
Mercúrio concede o dom da oratória.
Hércules é a divindade para quem quer ficar cheio da grana.
Júpiter coloca a coroa na cabeça dos escolhidos.
Marte ajuda o exército a vencer uma guerra.
Apolo diz tudo o que precisa saber a quem vai ao seu oráculo.
O filho de Saturno lança setas. Não sei o que isso significa, o Erasmo e o Paulo M. Oliveira não explica.
Febo as vezes fica nervoso e manda uma peste aqui para o nosso planeta.
Netuno salva todos que navegam pelo mar.

E os ricos? São infantis com seus brinquedos caros e quando morrem querem caixões de luxo e um funeral pomposo porque nem ali deixam de serem vaidosos. E os advogados e juízes? Enrolam os envolvidos porque quanto mais tempo dura o processo mais ganham. Sobre os negociantes nem vou comentar aqui porque a Loucura usa uns adjetivos bem pesados. 

Não sei quem foi Menipo, mas sei que ele foi um dia à Lua e olhou para a gente de lá. Deve ter sido muito bacana.

Quem é sábio, mas sábio mesmo, mesmo mesmo; tem o ramo de ouro do poeta Virgílio.

Os negociantes são sinistros, mas são os gramáticos que merecem da Loucura um dos melhores e mais extensos momentos do livro. Uma descrição inesquecível. Bela crítica a uma educação artificial e morta, longe da realidade do mundo. 

Poetas e pintores livres? Pausa. É outra coisa óbvia e que não é tão óbvia. Hoje, em 2020, temos arte de vanguarda que você vê em um museu e as vezes não entende e acha feio e tem vontade de rir de raiva. Ora, e em 1510 não haveria artistas vanguardistas que deixavam o povo também perplexos e confusos? A Loucura, ao comentar a arte moderna do início do século XVI, menciona este dito popular: poetas e pintores são livres. Com certezas livres demais a ponto de espantar. Renascimento foi um período de grandes mudanças.

Preciso ler o que Quintiliano escreveu sobre o riso. E outras coisas sobre o Quintiliano. Tem em português?