sábado, 24 de julho de 2021

Vai ter mais

VAI TER MAIS
Adagiário Brasileiro”, de Leonardo Mota, 1979; com a ajuda dos filhos Moacir Mota e Orlando Mota.

(Editora Itatiaia, Editora da Universidade de São Paulo, 1987, Segunda série da coleção “Reconquista do Brasil”. Volume 115. Capa do artista plástico Poty, ilustrações internas do artista plástico Aldemir Martins e prefácio de Paulo Rónai.)


"Tem coisa que no "Lunário" não tem - tem muita coisa, tem tudo. Para os sertanejos, o "Lunário Perpétuo" é livro que trata de todos os assuntos."
Pelo sorriso da Kalki Koechlin!, que coisa mais fabulosa! Mas vamos com calma.
Antes de mais nada o comentário geral vendo o coração do adágio: este mundo é muito grande, tem sempre coisa para aprender. Humildade e prudência. Na faculdade de jornalismo, quando eu estava deprimido, pensava que o mundo era maior que a dor que eu sentia. Esta fórmula não curava a causa, mas sim os sintomas e os dias passavam. Ainda estou aqui. O mundo é grande grande.

O nome completo é “O Non Plus Ultra do Lunário e Prognóstico Perpétuo, Geral e Particular para Todos os Reinos e Províncias, Composto por Jerônimo Cortez”. O primeiro registro é de Portugal no ano de 1707. É uma mistura de livro e almanaque, com informações de origem científica e misticismo de origem popular. Horóscopo e meteorologia, biografias de Papas e mitologia grega, doutrina cristã e gramática e etc. Durante mais de duzentos anos foi popularíssimo no nordeste brasileiro sendo lido e decorado por muita e muita gente. É grande parte a origem daquela sabedoria peculiar do sertanejo que, entre uma crendice ingênua e um conhecimento profundo da alma humana, declamava alguma frase erudita que o ouvinte não conseguia imaginar como podia aparecer no meio daquela conversa e ocasião. Cangaceiros, fazendeiros, cantadores, ricos e pobres… todo mundo lia.
Parecia ter tudo que precisava, mas… Havia coisas que nem no “Lunário” havia. O mundo é grande. Há muita coisa a aprender ainda. Falta muitas lágrimas e muitas glórias a nascerem ainda. E “auroras”, diria meu amado bigodudo Nietzsche.
(Com ajuda do “Dicionário do Folclore Brasileiro”, de Luís da Câmara Cascudo. 12o. Edição, conforme a última edição revista pelo autor. Global Editora, São Paulo, SP, 2012. Verbete “Lunário Perpétuo”. 
Como é obrigatório registrar qualquer um que ame o professor dos professores, mestre dos mestres, a mistura de Aristóteles e poesia, mistura do Sol sobre o Rio Grande do Norte e o luar refletido sob o Rio Potengi, Luís da Câmara Cascudo; o seu “Dicionário do Folclore Brasileiro” não é a sua obra-prima e não é um resumo de sua obra.)

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