domingo, 15 de agosto de 2021

Henri contra os trolls

HENRI CONTRA OS TROLLS
Adagiário Brasileiro”, de Leonardo Mota, 1979; com a ajuda dos filhos Moacir Mota e Orlando Mota.

(Editora Itatiaia, Editora da Universidade de São Paulo, 1987, Segunda série da coleção “Reconquista do Brasil”. Volume 115. Capa do artista plástico Poty, ilustrações internas do artista plástico Aldemir Martins e prefácio de Paulo Rónai.)


"Antes calar que com doidos altercar."
Isso parece ser razoável, mas temos alguns diabinhos morando nos detalhes. Naturalmente que é verdade que em algumas discussões é mesmo melhor retirar-se por causa do veneno, por causa da toxidade; mas também é verdade que deixar as almas sebosas falando sem contestação pode gerar epidemia de almas sebosas. Politicamente falando isso não termina bem, principalmente em um país com o civismo tão precário como o Brasil e que possui ainda uma educação formal tão problemática. Ideias medonhas deixadas sozinhas podem crescer. 
Não alimente os trolls”, era um lema comum na internet brasileira de meados de 2002, 2004, eu lembro. O cara gastava tempo e energia para responder o sem noção que não queria resposta inteligente e sim exclusivamente alguma atenção. O tempo é escasso e saber dividir contestação e mensagem propositiva muitas vezes é complicado. 
Citei o meu amado Will Durant há alguns dias e vou citá-lo novamente. O livro é o mesmo, História da Filosofia; o meu Will esta comentando aquele que tanto ele quanto Bryan Magee (outro amado meu) considera o mais importante filósofo francês do século XX: Henri Bergson (outro amado meu que gostava do Henri era o escritor Henry Miller). Mas vamos logo para a citação. Ela é grande mas não dirijo-me à leitoras e leitores displicentes:
“Creio”, diz Bergson, “que o tempo dedicado à refutação, na filosofia, em geral é um tempo perdido. Dos muitos ataques dirigidos por muitos pensadores, uns contra os outros, o que resta agora? Nada, ou com certeza muito pouco. O que conta e permanece é o pouco de verdade positiva com que cada qual contribui. A afirmação verdadeira é, por si só, capaz de afastar a ideia errônea e se torna, sem que tenhamos tido o trabalho de refutar qualquer pessoa, a melhor das refutações.” Esta é a voz da Sabedoria em pessoa.”
O tempo é escasso e saber dividir busca pela verdade, pelas soluções, pela luz, pelas propostas e a resposta às contestações justas e outras tolas; pode ser bem complicado.
Preciso lembrar-me de ler o Henri Bergson.

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