quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Pouca pimenta, muito muro

POUCA PIMENTA, MUITO MURO
Adagiário Brasileiro”, de Leonardo Mota, 1979; com a ajuda dos filhos Moacir Mota e Orlando Mota.

(Editora Itatiaia, Editora da Universidade de São Paulo, 1987, Segunda série da coleção “Reconquista do Brasil”. Volume 115. Capa do artista plástico Poty, ilustrações internas do artista plástico Aldemir Martins e prefácio de Paulo Rónai.)


"O ciúme com a pimenta
Pode bem se comparar:
Pouquinho, o sabor aumenta,
Muito, queima e faz chorar.
Afonso Celso (trad.)"
Versos do poeta Afonso Celso traduzindo em versos um adágio popular. Uma coisa curiosa, conta Leonardo Mota, é que houve tempo em que os adágios eram registrados em muros para que todo o povo os conhecesse. Ainda citando o Leota, parece que em algum diálogo o Platão diz que por este motivo quem estivesse a caminho de Ática e lesse os ensinamentos nos muros pelo caminho teria para si um curso profundo de moral. Muito chique isso por parte dos gregos antigos! Convidemos amigos, peguemos mochilas e a Lua e o Sol e as estrelas como protetores e vamos todos para Ática.

18 de agosto de 2021. A imprensa brasileira já esqueceu do Haiti, a tragédia do Afeganistão é mais “interessante”. Se a imprensa brasileira não conhece o Brasil, quanto mais a América central, espanhola, etc. Aliás, mais do que o Afeganistão, a tragédia do Haiti é mais vergonhosa para a comunidade internacional. No Afeganistão há muitos interesses envolvidos: grupos armados, Estados Unidos, Europa, Índia, Irã, China, Rússia, Arábia Saudita e talvez até o povo afegão em determinado momento seja lembrado por alguém a opinar a respeito do seu próprio destino. Mas no Haiti a situação não é complexa: é um povo precisando de comida. Duas décadas neste novo século e milênio e o mundo continua o mesmo. Dito isso, realmente a situação do Afeganistão é um dos momentos mais constrangedores para os Estados Unidos em toda a sua história. 

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