quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Lula e Alckmin em 2006

 

Lula e Alckmin em 2006


São dois artigos do tempo em que eles eram adversários políticos disputando a presidência do Brasil. Lula querendo ser reeleito e Geraldo Alckmin querendo ser presidente pela primeira vez. Bom, de certa forma Alckmin será presidente porque o Governo Lula só terá sucesso se não for Governo Lula e sim Governo da Frente Ampla. Com Alckmin, Tebet, Lira e outros (Superior Tribunal Federal também?) trabalhando e aparecendo muito mais do que aconteceria em um governo “normal”. Ou alguém acha que a rejeição Lula-PT diminuiu e diminuirá? Teremos um parlamentarismo como em países “normais”? Ou continuaremos com o atual parlamentarismo à brasileira, com suas crises consoladas com o vil metal e oxigênio para inflar egos?


Os dois artigos assinados por Lula e Alckmin foram publicados lado a lado e o desenho do artista plástico Marco Gianotti também ajuda neste clima de respeito mútuo. A propósito, eu apostaria que Marco inspirou-se ou mesmo desenhou em cima de alguma fotografia em que Alckmin e Lula cumprimenta-se. A propósito: Folha de S. Paulo, 29 de outubro de 2006.


Selecionei um trecho de cada artigo. Assim assim, como documento histórico o trem todo não tem graaaande valor. Mas podemos espremer essa pequena laranja aqui na forma de alguns comentários que tentarão ser inteligentes. Vamos lá.



O Brasil chega ao final de 2006 como o país menos desigual dos últimos 25 anos. 7 milhões de cidadãos venceram a linha da pobreza. O poder de compra do salário-mínimo aumentou 26% em termos reais, desde 2003.

(“A esperança renovada”, artigo de Luiz Inácio Lula da Silva.)

Então tudo bem, mas são números e é a economia. Então hoje, 2022, isso significa tanto quanto no dia que os leitores leram o artigo. Menos do que deveria. Ah, tudo bem; exagerei um pouco. Mas a roda da economia é impiedosa.

Crescimento econômico exige planejamento, ação, trabalho sério. Não vou cair nas discussões estéreis. Crescimento ou estabilidade é um falso dilema. O Brasil precisa dos dois. Crescimento sem estabilidade é fraude. Não existe. Estabilidade sem crescimento é perversão. Não deveria existir.

Os maiores entraves ao nosso desenvolvimento são conhecidos: carga tributária demais, investimento de menos e um Estado ineficiente no cumprimento de suas funções básicas.

(“Muitos Brasis e um só desejo”, artigo de Geraldo Alckmin.)

Este trecho é mais gostoso de comentar, por ser mais amplo e filosófico. Divagar e divagar sempre. Vago, mas também por causa da nossa covardia que não valoriza as palavras quando estas saem do coração e vão para a boca pelo caminho do Amor. Mas onde eu estava? Esse trem de crescimento e estabilidade ficou muito bom, mas precisa de um tempero picante. E vermelho. Precisamos de você, Maria da Conceição Tavares.

Uma economia que diz que precisa primeiro estabilizar, depois crescer e depois distribuir; é uma falácia. E tem sido uma falácia. Nem estabiliza, cresce aos solavancos e não distribui. E esta é a história da economia brasileira desde o pós-guerra (1945). Ou não é?

(Trecho da entrevista da professora, economista, escritora e política Maria da Conceição Tavares ao programa Roda Viva; da TV Cultura. Inteligente, raciocínio rápido, oratória, idealista; trechos desta sua entrevista tornaram-se um fenômeno cultural no site YouTube.)

E? E nem sei o que comentar. Crescer com estabilidade, sem esquecer de distribuir durante o processo. Quando criança eu assistia aos telejornais ao lado de meus pais e achava uma coisa muito curiosa: o governo tendo… problemas. “Uai”, eu infantilmente pensava, “não basta o presidente e a equipe dele querer que uma coisa aconteça para ela acontecer?”. Mas é mesmo curioso isso na economia: os economistas, todos inteligentes e de boa-fé, se reúnem durante horas semanas meses e… o plano dá errado do mesmo jeito.

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