quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Obrigado, Pelé e Edson

 

Obrigado, Pelé


Chamou a atenção o pequeno número de ex-jogadores de futebol e de dirigentes de clubes de futebol no funeral do principal nome do mais popular esporte do mundo. Mas o povo compareceu tornando a fila enorme e o cortejo do caixão pelas ruas de Santos realmente foi emocionante. E os órgão de imprensa também fizeram o seu papel direitinho.

Mas chamou a atenção que os vencedores de 1994 e 2002 tenham sido assim tão distantes, assim como os dirigentes dos clubes. Pelé não era tão querido assim? Era assim tão difícil viajar a Santos? Ah… Não julgar para não ser julgado, mas… Ah… Gratidão é virtude, gratidão é virtude. Mas a mágoa venceu.



Pelé é o Rei do Futebol. Um dos nomes mais populares do século XX, um homem que mudou o mundo sem precisar fazer guerras. Aliás, ele parava guerras quando ia jogar futebol. Os jornais lembraram um ou dois episódios a respeito. Os títulos, os recordes, o homem que ajudou a construir a imagem do Brasil no exterior. Quantos turistas e jornalistas em situação de risco foram salvas pelo “Ah, Brasil? Pelé? Ah, então tudo bem!”? Quando os meus pais quiseram me colocar numa escolinha de futebol na esperança de tornar-me normal, lembro da minha mãe me falando sobre Pelé para me inspirar. Não deu certo, mas lembro do argumento de minha mãe: ele venceu o preconceito e nem precisava tocar na bola pois o time adversário se deslocava todos para marcar mais ele. Diga-se de passagem que são argumentos sofisticados.



Fomos muito injustos com Pelé. Preconceito e inveja. Falou que devemos pensar nas criancinhas e reclamaram que ele estava fazendo política. Falou que era bobo votar em Cacareco, Pelé ou Zico como forma de protesto; e reclamaram que ele estava dizendo que nós brasileiros não sabemos votar. Isso foi, respectivamente, décadas de 1970 e 1980. Agora estamos na primeira metade da década de 1990 e exigimos que seu coração humano seja controlável. Ora…



Eu não diferencio o Pelé do Edson, pois sei a envergadura que todos nós humanos igualmente possuímos. A questão é saber aqui que temos mais a agradecer do que ficar magoado. Obrigado, Edson.

Correção. O gol mil, ocasião em que Pelé menciona a necessidade de que o Brasil cuidasse da infância, foi ainda na década de 1960. A data, histórica, é 19 de novembro de 1969.

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