terça-feira, 30 de maio de 2023

A Imagem Mais Triste

 

A Imagem Mais Triste

 

Paulo Leminski estava sendo irônico? Salvações são ruins? Salvações são coisas boas? Não sei, não sei. Sei da memória, de um dia visitar uma tia paterna.

Há muitos anos, não lembro a data. Ali na casa de minha tia havia um aquário pequeno. Não sei descrever com lirismo ou cientificismo. Metade do tamanho de uma caixa de tênis? Um quadrado do tamanho de uma caixinha de brinquedo? Não sei descrever quão pequeno era aquele aquário. Um quadrado de vidro com água e sem enfeites, como pedrinhas e aquelas plantinhas aquáticas comuns em todos os aquários. Um quadradinho de vidro com água transparente e no meio daquilo um peixe solitário. Aquele peixe comum, não sei o nome; dono de um laranja que brilha. O vidro, a água, o peixe e só mais a solidão. Com o perdão das crianças da África Central, com o perdão das crianças do Vale do Jequitinhonha, com o perdão de algumas crianças aqui de Rio Acima e com o perdão daquele homem catando comida no lixo naquele dia no restaurante popular da área hospitalar de Belo Horizonte; a imagem mais triste. A imagem mais triste. A dor no peito tão grande se não sei se naquele aquário havia um espelho só para mim… Havia?

Paulo Leminski estava sendo irônico no poema-lição. Aqueles pássaros presos na gaiola precisam de todas as salvações que existem.

 

Aprendendo com os poemas do Paulo Leminski.

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