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quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Zen-Budismo 4 de 10

 

Zen-Budismo 4 de 10

 

Não existe coincidência, o que existe são momentos em que há falta de interpretação poética do que acontece na vida. O que marquei para destacar nesta nossa apresentação do zen-busdismo nesses dias que o mundo pega fogo justamente com o Oriente-Médio?

 

“Os prazeres divinos não extinguirão as paixões. O encanto repousa apenas na destruição do desejo.”

The Dhammapada. Tradução de P. Lal. Editora Farrar, Straus & Giroux, 1967, Nova Iorque.

 

Nota Editorial

Eu sou mais marmota do que normalmente eu sei que sou. Não são 10 partes, eu dividi tudo em 28 partes. Felizmente a Matemática ajudou-me: se cada uma das últimas 7 partes tiver 7 partes escolhidas do texto, o trem fica certo. Então lá vai mais seis partes da nossa apresentação do zen-budismo.

 

Que a luz venha de fora e que depois nós sejamos a luz do mundo. Passivamente aqui na Terra até que todos também estejam emitindo luz da ausência de sofrimento.

 

 

Um discípulo pergunta ao seu mestre zen.

- Um cachorro tem natureza Buda ou não?

- Au! Au!

Não é “sim” ou “não”. Não é olhar o dedo apontando a Lua, é olhar a Lua. Não é se perder em perguntas e respostas, o labirinto da lógica. É olhar olho no olho a sua própria ignorância para encontrar a sabedoria interna em você mesmo.

 

 

Mas é assim mesmo. Mas escapar do labirinto é difícil. Existem perguntas, existem respostas, existem conceitos, provas, demonstrações, axiomas, teoremas, contradições, paradoxos, dilemas e etc. Assim como preguiça, ódio, tentações, desejo e etc. Mas se transcendermos a mente e o corpo, Buda desabrocha em nós imediatamente.

 

 

Livremente inspirado em “Segunda Parte Introdução às Teorias Orientais da Personalidade” e capítulo 10 “Zen-Budismo”. Do livro Teorias da Personalidade, de James Fadiman e Robert Frager (Traduções de Camila Pedral Sampaio e Sybil Safdié; com a coordenação de Odette de Godoy Pinheiro, 1979, São Paulo, Editora: Harbra Editora Harper & Row do Brasil Ltda).

sábado, 7 de outubro de 2023

Antologia do Folclore Brasileiro 3 de 25

 

Antologia do Folclore Brasileiro 3 de 25

 

 

 

Mas olha a biografia do Anthony Knivet (?-?)! Caracas bicho meu irmão!

Pirata e saqueador da turma do Tomaz Cavendish vindo aqui para as colônias espanholas por volta de 1591. Chegou até Santos. Nessas idas e vindas ficou doente. Foi abandonado na baía de Guanabara. Caiu nas garras do governador Salvador Correa de Sá, que não era um patrão muito melhor que Cavendish. Virou pouco mais que um escravo. Caçando, pescando, aproveitando as expedições para escravizar indígenas para fugir na primeira oportunidade. Tentava sempre. Tentou mil vezes e foi recapturado mil e uma. E toda vez que era recapturado, apanhava e era humilhado. Uma vez conseguiu fugir até Angola, mas até na África foi recapturado. Em 1602 foi a Lisboa na comitiva de Salvador Correa de Sá como intérprete. Ficou doente e se recusou a voltar ao Brasil. Foi punido e foi morar na Inglaterra. Não se sabe como chegou à ilha britânica, se porque foi libertado ou se conseguiu sua derradeira fuga. Contou sua história brasileira em um livro de sucesso. Não se sabe quando e onde morreu.

 

 

Nos buracos da face, pedras verdes. Era o rei canibal Morubixaba. Gritava, batia no peito e nas coxas e ia de um lado para o outro. A descrição de Anthony Knívet é deliciosa: o rei canibal gritava “como se houvera perdido o siso”. Lembrando que aqui “siso” pode ser o dente ou a razão mesmo. Mas o final dessa história guaianás é feliz.

 

 

Na antiga Grécia ou na antiga Roma, ou entre os índios do Ivo D´Evreux (1577-1629); a vestimenta certa é um estímulo poderoso para o soldado ir à guerra.

 

 

Como convencer as formigas tanajuras saírem das tocas para serem capturadas e assadas e comidas? Ora, é fácil. Você canta.

Vinde, minha amiga,

Vinde ver a mulher formosa,

Elas vos dará avelãs.

 

 

Esta anuncia a chuva, aquela também anuncia a chuva e esta outra também anuncia... a chuva. As três constelações que os tupinambás do Frei Claude d´Abbeville (?-1616) conhecem com nomes próprios. A maioria das estrelas eles chamam genericamente de jaceí-tatá.

O quê? Querem saber o nome indígena das três constelações que anunciam as chuvas? Não digo. Apenas destaco que é evidência da importância das chuvas para aqueles índios.

- Mas isso é óbvio, não?

Não, branquelo da cidade grande que nem sabe o que é seca de verdade; não é.

(Correção-2023: “branquelo da cidade grande que nem sabe o que é seca de verdade ainda”.)

 

 

Ainda a água, ainda a chuva. Muitas vezes acontece, depois de uma grande tempestade, a lua nascer vermelha nos céus. É por causa das feridas causadas pela estrela vermelha-cachorro januare que sempre persegue a Lua. Mas principalmente significa a proximidade da morte. Os homens ficam felizes porque vão reencontrar os avós guerreiros. Mas as mulheres tem medo da morte, então choram alto protestando.

 

 

Os tupinambás conheciam bem o céu estrelado. Planetas e fases da lua. Marés e o sol e as estações. Claro que com outros nomes e com os seus mitos, como explicação. Claro, claro.

Ao mesmo tempo que quero destacar a estrela que se chama “menino que bebe manipol” (conomimanipoere-uare), quero observar  que devemos reforçar o respeito pelo conhecimento pré-científico de astronomia por parte dos tupinambás.

 

 

Um trecho preconceituoso senhores Frei Claude d´Abbeville e Des Vaux? Hum... Mais respeito à autoridade dos pajés.

 

 

Era jovem e mesmo assim Jorge Marcgrave (1610-1644) foi o espírito mais completo que a ciência teve no século XVII (1601-1700). Etnógrafo, astrônomo, antropólogo, meteorologista e etc., como era comum numa época que a ciência era mais aventureira e ainda não estava dividida entre tantas disciplinas.

 

 

Jorge Marcgrave era brilhante, sem dúvida, mas a religiosidade indígena o confundiu quando ele esteve no Brasil. Tem rituais, mas não religião? Não conhecem Deus, mas falam em Tupã? Fala que os índios acreditam em céu e inferno, mas depois que não acreditam em alguma ideia de céu ou inverno. Não há veneração e cerimônias, mas fala do tronco de madeira enfeitado para os espíritos e as cerimônias dos sacerdotes.

A incoerência eu debito no fato que, de fato, era outro mundo, outra língua, praticamente outro universo que Marcgrave estava diante de si. Ele usava os “óculos” europeus de que dispunha. Via e não via o que via. Era mesmo difícil para ele.

 

 

 

Livremente inspirado em Antologia do Folclore Brasileiro, 1944, organizado pelo

Professor dos professores,

o mestre dos mestres,

a mistura de Aristóteles e poesia,

a mistura do luar que perfuma o rio Potengi com o sol que vivifica o Rio Grande do Norte:

Luís da Câmara Cascudo.

(2003, Global Editora e Distribuidora Ltda, São Paulo, edição em dois volumes.)

[3 de 25].

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Zen-budismo 3 de 10

 

Zen-budismo 3 de 10

 

Me perdi fácil fácil na filosofia do trem, mas também porque é fácil e sedutor mesmo. Ocorre que me esqueci de escrever algo sociológico e histórico.

A árvore budista tem dois galhos que se destacaram ao longo da história. Um galho apareceu na Tailândia, Mianmar, Malásia; no sudoeste asiático. Esta tradição se chama Hunayana ou Theravada. Ela é legal, mas não nos interessa por enquanto. A que nos interessa nasceu nos grandes países asiáticos, como a China, Coréia e Japão. É o galho Mahayana. Esta tradição sim, nos interessa agora. Temos até o nome do seu criador, o monge budista hindu Bodhidarma.

Pausa.

Um monge budista... hindu.

Decerto que a verdade não conhece esta frescura humana chamada de fronteira, mas... (risos). Bom, eu pessoalmente adorei. Adoro as histórias budistas e sou apaixonado também pela Rede de Indra, ensinamento do hinduísmo. Sou brasileiro, afinal. Antropologia e ecumenismo sempre, bebê!

Agora vamos sair da sala da sociologia e história e vamos voltar para as paisagens filosóficas.

 

Depois da temporalidade, chegamos a outro ensinamento budista barra pesada. Violenta mesmo. Derrubar a barraca e mandar o balde viajar.

Você é este seu corte antiquado de cabelo? Não. Você é esta sobrancelha? Não. Você é o seu bumbum? Não. Você é o seu belo umbigo? Não. Você é este sapato maaaaaaravilhoso? Não. Você é a história traumática da sua infância? Não. Você é esta tatuagem de I Ching nas costas? Não. Você é seu cérebro? Não. Você é seu olho? Não. Você é dente siso? Não. Você é os seus sonhos? Não. Você é sua unha? Não? Você é a sua cueca? Não. Você é o seu curso de computador do SENAC? Não. Você é o seu coração cativo? Não.

Então o que é você? Um monte de pedaços que estão apodrecendo cada vez mais a cada instante? Estes pedaços mais alguma coisa misteriosa? É o som de seu nome? A gente sabe o que o senso comum define como indivíduo. Quando a gente se apaixona, quando o nosso dedo do pé encontra o pé da poltrona, quando desejamos aprender a dirigir, quando recebemos a notícia que o Maxwell vai ter mesmo que fazer uma cirurgia perigosa, quando ficamos com vergonha por ter feito algo feio... Mas o senso comum está errado quando acredita na existência do indivíduo.

 

Uau! Trem poderoso. Soco no estômago para tirar todo o nosso fôlego. A consequência mais imediata é o desprendimento. Na pobreza e na riqueza, na saúde e na doença, a gente sabe que não passa de uma gota no oceano. Imagem popular que agora você sabe ser verdadeira.

 

Ensinamento budista poderoso. Tem primos no Ocidente. O epicurismo e sua opinião a respeito de sermos átomos, afinal. Os pedaços de madeira velha do Navio de Teseu. E mais modernamente, o filósofo escocês David Hume e seu conceito de “eu”. Ou melhor, a sua falta de conceito de “eu”. Mas família é trem complicado, a gente sabe. Tem parte da família que vai discordar e essa parte não é fraca. Immanuel Kant e o livre-arbítrio e o dever moral. E o próprio cristianismo e o seu livre-arbítrio. Egocêntrico, mimado, preguiçoso, infantil e medroso; essa questão se existe um eu me é particularmente sensível.

 

 

 

Livremente inspirado em “Segunda Parte Introdução às Teorias Orientais da Personalidade” e capítulo 10 “Zen-Budismo”. Do livro Teorias da Personalidade, de James Fadiman e Robert Frager (Traduções de Camila Pedral Sampaio e Sybil Safdié; com a coordenação de Odette de Godoy Pinheiro, 1979, São Paulo, Editora: Harbra Editora Harper & Row do Brasil Ltda).

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Antologia do Folclore Brasileiro 2 de 25

 

Antologia do Folclore Brasileiro 2 de 25

 

 

 

Obrigado por registrar pela primeira vez em letra impressa a língua tupi, mas você é que é meio marmota senhor Andre Thevet (1502-1590/1592?)!

 

 

Costume tupinambá para receber amigos. O escolhido de outra aldeia fica na taba sentado na rede, calado. É de bom tom chorar de saudade, ou fingir. Muitos fingem, imitando as mulheres.

Senhoras e senhores, isso é simplesmente maravilhoso! Mas não seria ainda hoje, em pleno 2023, considerado por nós estranho um convidado vindo lá longe não demonstrar saudade dramaticamente durante uma longa estadia em nossa casa?

 

 

Não foi o primeiro e obviamente não será o último, e Jean de Léry (1534-1611) é mais um estrangeiro conquistado pela música brasileira. No caso, especificamente, a música tupinambá.

 

 

E durante a Dança de Guerra dos Tupinambás as canções mencionam o paraíso além das montanhas e morte, onde os guerreiros de hoje reencontrarão os guerreiros do passado numa festa que não terminará. E também mencionam dilúvio, um momento do passado remoto quando as águas cobriram toda a terra do mundo.

Uma evidência de que a ideia de paraíso, ou pelo menos de mundo bom após a morte e de que também a ideia de dilúvio nas origens do mundo é bem comum. Interessante.

 

 

Ah, e o livro de Jean de Léry sobre o Brasil é um dos mais populares, com diversas edições em várias línguas.

 

 

Aqui jaz o pecador Gabriel Soares de Souza (1540?-1592?), quem realizou o mais completo painel da vida brasileira do século XVI (1501-1600). O nome do livro é Notícias do Brasil, se puder procure a edição da Editora Martins com anotações eruditas do professor Pirajá da Silva.

 

 

Os maravilhosos tupinambás! Mais descrições de seu cotidiano!

 

 

Coisas da época, coisas dos sociólogos e antropólogos antes da sociologia e antropologia existirem, e Gabriel Soares de Souza usa os termos “macho” e “fêmea” para referir-se a... Bom, deixa pra lá. Não julgar. Na hora de descobrir o mundo a gente tem que ver o copo meio cheio. Então a gente lamenta, mas respeita e segue em frente.

 

 

Quando um índio morre, os parentes mais próximos choram dias e dias com lágrimas abundantes, mas os outros índios não demonstram muito pesar.

 

 

Os índios tupinambás gostavam muitos dos europeus que sabiam cantar e/ou tocar algum instrumento musical. Então é fácil imaginar um grupo de europeus portugueses atravessando território hostil sendo que apenas o músico do grupo sobrevivendo para contar a história... (risos)

 

 

E o padre da Companhia de Jesus Fernão Cardim (1548-1625) reparou bem como os índios tratam as suas mulheres. Normalmente as tratam super bem, cavalheiros mesmo, a não ser quando bebem. Aí brigam e depois colocam a culpa na bebida. Mas onde eu já vi isso? Hum... Mas depois ambos fazem as pazes rapidamente. Mas onde eu também já vi isso? Hum...

As caminhadas são um capítulo à parte: quando o caminho é novo e/ou quando é a saída o homem vai na frente por segurança. No caminho de volta é a mulher que vai na frente, pois se houver um encontro infeliz a mulher sai correndo mais fácil para a casa e o homem fica para lutar. Se o caminho é conhecido e/ou o clima é tranquilo eles saem com a mulher andando na frente “porque são ciosos e querem sempre ver a mulher.”

 

 

 

Livremente inspirado em Antologia do Folclore Brasileiro, 1944, organizado pelo

Professor dos professores,

o mestre dos mestres,

a mistura de Aristóteles e poesia,

a mistura do luar que perfuma o rio Potengi com o sol que vivifica o Rio Grande do Norte:

Luís da Câmara Cascudo.

(2003, Global Editora e Distribuidora Ltda, São Paulo, edição em dois volumes.)

[2 de 25].

terça-feira, 3 de outubro de 2023

Zen-Budismo 2 de 10

 

Zen-Budismo 2 de 10

 

Mal começamos a conhecer o ponto de vista do Zen-Budismo e imediatamente aprendemos aquele tipo de lição que coloca a nossa vida de cabeça para baixo, ao mesmo tempo que nos faz renascer intelectualmente e emocionalmente: o conceito budista da temporariedade.

Tudo está mudando o tempo todo. Isso é óbvio, o que não é óbvio é isso na prática: a sua dor, a sua felicidade, o próprio Buda, a autoridade dos outros, a sua idade, o que você pensava da vida, as verdades científicas... Não é óbvio que o tempo passa e que tudo está mudando.

Não é óbvio que tudo está mudando e que o tempo passa porque frequentemente você se olha no espelho e leva um susto sobre o que fez e está fazendo de sua vida. E você ri e chora quando olha para você mais novo ou você mais velho. Como é possível você levar um susto sobre o que você fez da própria vida? Você por acaso estava dormindo?

É o rio. Nós estamos no rio. É o mesmo rio do Sidarta de Herman Hesse e o mesmo rio do ensaio sobre a velhice escrito pelo meu amado Bertrand Russell. Rio ou caminho estelar do filme “Contato” (“Contact”, 1997, Jodie Foster, Robert Zemeckis, Carl Sagan, James V. Hart, Matthew McConaughey e etc.). Em última análise não deve haver nem morte ou nascimento, só este rio mesmo. Acho que as aparências e a dor e o prazer é que nos distrai. É fácil se distrair. Eu que o diga, com nome de astronauta eu vivo mesmo no mundo da Lua. Ou no quarto anel de Saturno.

E se tudo muda e se estamos no rio, não podemos nos afogar. Se a gente fica distraído ou desesperado nós não boiamos e acabamos nos afogando. Então se tudo muda nós devemos ser mais serenos diante da vida. Difícil porque em 2023 aqui no Ocidente é tanto estímulo na internet, televisão, é tanto medo nas ruas, tanto sexo insatisfatório, e tanto vazio interior e tanto desgosto por trabalho chato e salário insuficiente!

 

 

 

Livremente inspirado em “Segunda Parte Introdução às Teorias Orientais da Personalidade” e capítulo 10 “Zen-Budismo”. Do livro Teorias da Personalidade, de James Fadiman e Robert Frager (Traduções de Camila Pedral Sampaio e Sybil Safdié; com a coordenação de Odette de Godoy Pinheiro, 1979, São Paulo, Editora: Harbra Editora Harper & Row do Brasil Ltda).

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Antologia do Folclore Brasileiro 1 de 25

 

Antologia do Folclore Brasileiro 1 de 25

 

 

 Aos cantadores e violeiros analfabetos e geniais,

às velhas amas contadeiras de estórias maravilhosas

fontes perpétuas da literatura oral do Brasil, ofereço,

dedico e consagro este livro que jamais hão de ler...

Que jamais hão de ler; é verdade, mas elas e eles sempre estarão à espera de nós.

 

 

Luís da Câmara Cascudo adoooora fazer uma citação em língua estrangeira sem traduzir. Danado!, mas ele pode; amo ele então perdoo fácil fácil. Mas isso seria coisa para Global Editora fazer aqueeeelas notinhas de rodapé né? Pois é… Deixa pra lá.

 

 

O cancioneiro popular vai mais longe e eu preciso conhecer o Franz Boaz mais de perto. Quando meu amado Will Durant apresentou o Francisco Boaz para mim em A Filosofia da Vida, fiquei totalmente encantado e conquistado. Tem livro do Chiquinho Boaz em português? Preciso procurar.

 

 

Um apito pequenininho feito de um ossinho de animal ficou 12 mil anos em silêncio até ressuscitar pelas mãos de Hernandez-Pacheco, naquele encontro feliz em uma caverna em Paloma; Astúrias. Pois pois, aqui nesta antologia teremos a mesma coisa: flautinhas de muita gente que registrou pedaços da cultura popular brasileira ao longo de séculos irão cantar novamente. Para você que me lê.

 

 

Ah!, mas é maravilhoso! Simplesmente maravilhoso! Eu mal começo a Antologia do Folclore Brasileiro, de Luís da Câmara Cascudo, e já tropeço no primeiro registro presencial do encontro das lendárias guerreiras amazonas! E por um religioso! Como todo respeito frade Gaspar de Carvajal; mas é impossível ignorar os meses e meses de fome e sede em uma viagem mortal em alto mar em um navio cheio de homens fedorentos e os paralelos freudianos tudo tudo misturado para explicar a sua visão das amazonas.

"Quero que saibam qual o motivo de se defenderem os índios de tal maneira. Hão de saber que eles são súditos tributários das Amazonas, e conhecida a nossa vinda, foram pedir-lhes socorro e vieram dez ou doze. A estas nós a vimos, que andavam combatendo diante de todos os índios como capitães e lutavam tão corajosamente que os índios não ousavam mostrar as espáduas, ao que fugia diante de nós, matavam a pauladas. Eis a razão por que os índios tanto se defendiam.

Estas mulheres são muito alvas e altas, com o cabelo muito comprido, entraçado e enrolado, na cabeça. São muito menbrudas e andam nuas em pêlo, tapadas as suas vergonhas, com os seus arcos e flechas nas mãos, fazendo tanta guerra como dez índios. E em verdade houve uma dessas mulheres que meteu um palmo de flecha por um dos bergantins, e as outras um pouco menos, de modo que os nossos bergantins pareciam porcos-espinhos."

(Frei Gaspar de Carvajal)

[Páginas 58 a 61 de Descobrimento do Rio Amazonas, de frei Gaspar de Carvajal, Alonso de Rojas e Cristobal de Acuña; com tradução e notas de C. de Melo-Leitão. Volume de número 203 da Colação Brasiliana {São Paulo, 1943}.].

Brancas, altas e com cabelos lisos. E todo o resto do relato do frei sugere que ele gostava de narrar uma luta: “... uma coisa maravilhosa de ver-se”.

 

 

- Aí vem a nossa comida pulando.

Mais uma história fabulosa, mas mais real. Quer dizer, também acredito nas amazonas; claro, claro. Cof! Cof! Mas onde eu estava? Como todo o respeito, mas não posso resistir e uso minha brasilidade como imunidade:

- Pula, Hans Staten, pula!

 

Pelo menos uma vez por mês a bebedeira indígena a noite toda, dançando sem parar, fazendo um barulho “formidável”. Repartem a comida e raramente ficam zangados uns com os outros. Isso é que é programa de índio!

 

Tentaram nos obrigar a sair do barco que encalhou no rio subitamente por causa da maré baixa. A ideia era fazer muita fumaça de pimenta e para isso os índios tentaram fazer uma fogueira, mas o fogo não pegou. Escapamos.

 

 

Bom, é de época e é preciso compreender; mas as palavras do padre Manuel da Nóbrega podiam ter aquela tolerância gentil dos antropólogos. Triste, triste.

 

 

A mesma coisa com o José de Anchieta, infelizmente. Os índios não conhecem o deus verdadeiro, mas em compensação os demônios selvagens eles conhecem praticamente todos, José de Anchieta? Triste, triste, mas é o contexto, o contexto.

 

 

 

Livremente inspirado em Antologia do Folclore Brasileiro, 1944, organizado pelo

Professor dos professores, o mestre dos mestres, a mistura de Aristóteles e poesia, a mistura do luar que perfuma o rio Potengi com o sol que vivifica o Rio Grande do Norte: Luís da Câmara Cascudo.

(2003, Global Editora e Distribuidora Ltda, São Paulo, edição em dois volumes.)

[1 de 25].

domingo, 1 de outubro de 2023

Zen-Budismo 1 de 10

 

Zen-Budismo 1 de 10

 

 

Acho que podemos chamar este fenômeno cultural de “onda de orientalismo”. De repente há uma curiosidade, um desejo, aqui no Ocidente, de conhecer o Oriente. Na esperança de ali encontrar novos valores, ideias e caminhos. Não é raro no Ocidente o sentimento de desorientação e frustração profunda. A cidade nos isola, os meios de comunicação nos deixam tristes, a política agride, a ciência é estrangeira e os sacerdotes não são humanos...  

Não sou especialista, mas acho que tivemos uma “onda de orientalismo” forte na virada do século XIX para o XX, em meados da década de 1940 (por exemplo, meu avô paterno tinha muitos livros do chinês Lin Yutang) e na década de 1960. Desde os anos 2000, para trazer o assunto para mais próximo de nós, os livros de Dalai-Lama são muito populares. Pois bem, Fadiman e Frager mencionam que em meados da década de 1970 (Personality and Personal Growth é de 1976) também havia uma “onda de orientalismo” bem forte. E ela se fez sentir entre estudiosos da Psicologia e Psicanálise e outros estudiosos da mente humana.

 

É importante lembrar que apesar da antiguidade realmente milenar e do caráter profundamente pessoal (quanto aos fundadores) dessas escolas de pensamento religioso-filosófico, a importância delas hoje e sempre se dá pelo seu poder de readaptação aos novos tempos e ao fato que milhões de pessoas em dezenas de países as veem como realidade viva e não abstração acadêmica. Não obstante, muitos cientistas ocidentais demoraram a aproximar-se do fenômeno religioso-transcendental. Por motivos preconceituosos, ao assumirem por princípio que isso não era área científica e sim questão de fé pessoal. Ou mesmo por uma questão mais técnica, dado que a linguagem científica convencional não conseguia dialogar com a linguagem religiosa. Os termos de ambos os lados se chocavam em vez de dançar.

 

Eu já vi isso em Rubem Alves, já vi em Herman Hesse, em Joseph Campbell e, com algumas variações, também vi em Nietzsche. E até podemos ouvir Belchior em Como nosso pais. E, também, claro, claro, também a Raposa amiga do Pequeno Príncipe contou a ele e a nós. Agora estou aprendendo a mesma lição em uma história budista pela voz do próprio Buda: é preciso prestar atenção e não deixar escapar. Mas prestar atenção em quê e não deixar escapar o que? A gente sabe e não sabe. Ou melhor, a gente sabe; mas acaba esquecendo facilmente. Preste atenção na realidade, na verdade oculta, no tesouro essencial... Cuidado para argumentos lógicos e crachás de autoridade não prenderem os seus pés como algas perigosas durante a travessia de um rio mortal. Preste atenção no que importa.

 

 

Livremente inspirado em “Segunda Parte Introdução às Teorias Orientais da Personalidade” e capítulo 10 “Zen-Budismo”. Do livro Teorias da Personalidade, de James Fadiman e Robert Frager (Traduções de Camila Pedral Sampaio e Sybil Safdié; com a coordenação de Odette de Godoy Pinheiro, 1979, São Paulo, Editora: Harbra Editora Harper & Row do Brasil Ltda).

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Solidão Original

 

Solidão Original

 

Acabei de descobrir que, como membro do clube dos humanos, eu estou também condenado à solidão e à originalidade. Isso porque tinha que ser assim ou não. Ou porque as Moiras estão confusas. Ou não. Mas também estamos condenados à originalidade e à solidão porque a Alice tem um espelho secreto escondido em um pequeno bolso de seu vestido. É, essa Alice. Viveu as suas aventuras dentro dos livros e na volta nos conta esta importante informação sob a nossa condição humana. Mas que coisa! E tantas palavras entraram por um ouvido e saíram por outro ouvido, tantas palavras. Mas só Alice se parece com Alice. Assim como a gente só parece com a gente. Então entenderam não é? Só você se parece com você dentro de você. Estamos condenados à solidão e à originalidade. Bom, eu acho que expliquei direitinho.

 

Aprendendo com os poemas do Paulo Leminski.

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Eu trago a pessoa amada

 

Eu trago a pessoa amada

 

O Amor, a gente sabe, é o mais importante. Na prática não é assim, mas isso é aquela velha história que nos conta Câmara Cascudo quando este nos lembra que o humano “venera o medo”. Então vamos para uma fórmula para ser amado. Mas isso aqui não é um anúncio pregado em um poste no meio da rua suja de um bairro sujo de uma cidade que se encolheu porque não ama mais a toda si mesma. Héin? É pior. Pior que aqueles anúncios populares “Trago a pessoa amada”. Saudade dessas propagandas. Preciso voltar a andar distraído pelo centro de BelZonte (Belo Horizonte).

Mas onde eu estava?

Aves pousando em ramos. O que são ramos? Aves pousando em galhos e galhos. Aves pousando em subdivisões de uma área de conhecimento ou de uma atividade, por exemplo. Pedacinhos de caminho. Aves pousando e pousando em pedacinhos de caminhos e caminhos. E eu rimando, rimando, mas rima é ritmo. Então eu estou é dançando e dançando embora nem sempre seja a música normal a música que esteja tocando. Maria Bethânia ou Engenheiros do Hawaii. Eu danço, danço. Até que eu pise no pé da minha parceira de dança ou eu simplesmente escorrego e bato de bunda no chão!

Aí eu sei que estou sendo amado.

Anotaram a receita? Agora vão lá ser amados.

 

Aprendendo com os poemas do Paulo Leminski.

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Apreritivo de Romain Rolland

 

Aperitivo de Romain Rolland

 

Platão ensina que quem não ama caminha no escuro; então como eu amo o Will Durant eu frequentemente sou guiado pela sua luz. Às vezes isso é fácil e às vezes isso é difícil. No seu ensaio maravilhoso sobre os melhores livros para a educação, descubro que o romance Jean Christophe é o “melhor romance” do século XX. Trem charmoso dado que a opinião hegemônica dá o troféu para ou Kafka ou Proust ou James Joyce. Infelizmente é um livro difícil de comprar. Mas vou economizar nas lágrimas aqui e refletir sobre as modas intelectuais.

Assim como houve uma época que Anatole France rivalizava com Goethe e Shakespeare e hoje Anatole é um nome esquecido; quem ousaria colocar Romain Rolland acima de Proust, Kafka e James Joyce? (risos) Ah, as modas intelectuais! A fama é cruel. A Roda da Fortuna não para.

Não obstante, o Amor é exigente: por causa do meu Will Durant eu preciso de um pouco de Romain Rolland. Felizmente achei um pequeno tesouro, um pequeno aperitivo. Pode ser pouco ou pode ser infinito e isso depende de quem está me lendo agora. Você. Pode ser o começo de alguma coisa.

 

- Ajudar o seu amigo indiano a construir e manter a sua universidade.

- Maldita tuberculose!

- Preciso ler Au-dessus de la mêlée (1915)!

- Talvez seja por causa do talento do José Paz Rodrigues, mas em menos de 15 segundos já me apaixonei pelo Romain Rolland; um romântico, o hippie (“filhos das flores”) antes do tempo, um orientalista, um pacifista... Um Amor...

- Ora ora, quem me aparece aqui: Stefan Zweig! Na biblioteca comunitária temos alguns livros do Stefan. Será que temos a biografia que ele escreveu sobre o autor que era a “consciência moral da Europa”?

- Pelo sorriso da Kalki Koechlin!; mas este texto-postagem Romain Rolland, o Grande Pacifista Amigo de Tagore; de José Paz Rodrigues (https://pgl.gal/romain-rolland-o-grande-pacifista-amigo-de-tagore/ ) é simplesmente perfeito! Perfeito! O texto, as pesquisas, os vídeos relacionados...

- Romain gostava de um manifesto e era realmente engajado em causas políticas pacifistas.

ANTOLOGIA DA ANTOLOGIA DE ALGUMAS DAS AFIRMAÇÕES DE ROMAIN ROLLAND

-“Criar é matar a morte”.

-“Todas as deceções são secundárias. O único mal irreparável é o desaparecimento físico de alguém a quem amamos”.

 -“A vida não é triste. Tem horas tristes”.

 -“Se um sacrifício é uma tristeza para ti, e não uma alegria, então não o faças, não és digno dele”.

-“Ao querermos enganámo-nos muitas vezes. Mas quando nunca queremos enganámo-nos sempre”.

-“Aqueles a quem amamos têm todos os direitos sobre nós, até o de deixarem de nos amar”.

-“A verdade é procurar sempre a verdade”.

-“É o papel do artista criar a luz do sol quando o sol falha”.

Agora um “raio-x interpretativo” para identificar os ossos essenciais da obra de Romain Rolland: Saltar por cima dos muros, depois de rasurar o sagrado e digerir tudo depois. Ser o membro das ligas democráticas mais erudito e sério, além de cultivar um humanismo que seja vacina contra a tecnologia moderna que possa destruir a humanidade. Não ter medo de enfrentar a propriedade privada, pois o importante é o Amor combatendo as injustiças.

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

De nada Nada

 

De nada Nada

 

Eu não sei explicar o que eu aprendi com este poema do Paulo Leminski, não sei. Consigo apenas transformar o trem em desejo: queria assistir o Paulo Leminski conversando com o filósofo alemão G.F. Leibniz sobre o fato das coisas existirem em vez do nada.

As coisas existem!

Mas pobre nada, que só existe quando a gente fala dele! Deve se consolar como o coitado do nada? Nada pode nos parar e nada é impossível. Mas nada pode ser. Acho que outras e outros já falaram assim... assim do nada, como eu entendem? Eu beijo nada, confesso.

 

 

Pensando que nas universidades durante a semana inteira saem balões de nada o tempo todo durante as discussões metafísicas? Pensando que nas nossas conversas informais colocamos tanta coisa no nada, como quando a gente diz que nada vai dar errado ou nada é.

 

Aprendendo com os poemas do Paulo Leminski.

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Tudo

 

Tudo

 

A chuva parou então as pessoas tiveram que começar, - elas mesmas, - a molhar as suas pernas, as calças, seus tênis e sapatos. Para que os passos continuassem molhados como antes e as ruas pesadas também como antes. Como quando tinha chuva, mas a chuva parou. Tudo continua como antes, mas me pergunto sempre quando a chuva vai voltar. Tudo continua como antes, mas ainda faço perguntas. Que perguntas a fazer se tudo continua como antes? A chuva parou e estamos aqui, igual ontem.

 

Aprendendo com os poemas de Paulo Leminski.

domingo, 13 de agosto de 2023

Você e Você

 Você e Você

Preso em nós mesmos, prisão cujas paredes são espelhos. Diálogos mudos e egocêntricos, com palavras saindo e voltando para a mesma boca a qual elas saíram. É sufocante.

Mas a rua tem ar. Mas a rua tem gente, muita gente. Mas você ainda não sabe disso porque você é só você.

 

Aprendendo com os poemas do Paulo Leminski.

segunda-feira, 19 de junho de 2023

O Ladrão de Vento e o meu Senhor do Tempo

 

O Ladrão de Vento e o meu Senhor do Tempo

 

A minha edição de Quarenta Clics em Curitiba (1976) não possui as fotografias realizadas por Jack Pires. Obrigado, Companhia das Letras (Toda Poesia)! Será que o poema do Paulo Leminski acompanhava a fotografia de um mendigo que carregava o vento que roubou de Curitiba? Eu não sei. Eu não sei?

O que eu sei é que aqui em Rio Acima nós temos o Senhor do Tempo. Um jovem portador de sofrimento mental de uns 26 anos que fica andando pra lá e pra cá o dia inteiro e que entra nas lojas e pega os calendários e vai embora. Eu tinha acabado de comprar um relógio para me orientar na loja da família e no primeiro dia ele entra e leva o relógio! Eu tive a oportunidade de pegar o relógio de volta, mas desisti. Ele é o Senhor do Tempo. Eu não compreenderia mesmo o motivo dele precisar dos calendários das outras lojas e do meu relógio. O Senhor do Tempo escreve certo por linhas misteriosas.

 

 

Tempestades no Sul e Tiros na Escola

Agora um pouco de notícia, pois as vezes esqueço que sou formado em jornalismo. Por que as escolas brasileiras viraram alvos de tanto ódio? Já as tempestades com ventos tão fortes (mais de dez mortes e dezenas de desabrigados) no sul do Brasil parecem sugerir que as mudanças climáticas que atingem o Brasil estão atingindo alguma regularidade.

 

“Por ocasião de meus 40 anos (30/06/2023).”

É o que escrevi nos livros que comprei hoje. Ao lado da assinatura com a data de hoje e um poeminha criado na hora sobre o livro e o motivo de tê-lo comprado. Começar pelo começo: fazia muito tempo, então fiquei com medo de sentir aquele pânico novamente no ônibus-lotação. Mas foi tranquilo, maravilhosamente tranquilo. Leve, leve, love, leve. A primeira e única vez que tive a crise de ansiedade foi traumático. Assim, externamente foi um cara (eu) saindo do ônibus apenas. Internamente foi o começo da transformação do ano de 2017 naquele ano que partiria minha vida ao meio tanto quanto 2000 ou 1983. Foi muito violento e a mente da gente e nosso emocional, sei lá... Mas foi tudo bem. Posso ficar feliz e me achando corajoso?

Era para eu comprar roupa e um celular novo. O celular novo eu não consegui comprar por causa de um detalhe técnico, mas um tênis eu consegui comprar. O vendedor simpático foi esperto e me empurrou umas seis meias. Mas eu precisava mesmo de meias novas. O tênis é de fabricação brasileira e meio leve o que me deixou, depois depois de comprar, desconfiado e angustiado. Mas acho que fiz uma boa compra. A verdade é que eu não tenho experiência em comprar tênis. Será que vou escorregar no molhado e vou ficar com os pés iguais do Curupira?

Experiência eu tenho mais é em comprar livros. Ah!, nunca tive tanto dinheiro para comprar livro e eu não resisti!: Henriqueta Lisboa, Câmara Cascudo, Gregório de Matos, Chaïm Perelman e John Raws. É; não pode ser aquela coisa sexual freudiana de livro ficar apenas na estante para ser lido por causa de algum plano sonhado por mim e que nunca realizo... Vou ter que ler tudo tudo agora agora. Milagres acontecem.

domingo, 18 de junho de 2023

Antes que o ainda nos deixe

 

Antes que o Ainda nos deixe

 

Ainda gememos ou gritamos de dor. Ainda reclamamos. Ainda mudamos pouco ou mesmo tudo em nossas vidas. Quando acontece da vida nos morder. E ela morde com gosto quando nossa carne esta quente e nova. Ainda não estamos na vasilha com água salgada ou embalada dentro do freezer. Quando o ainda nos abandona e, conservados, seguimos agora sem reclamar das mordidas da vida.

E você, leitora ou leitor, já está salgado ou no freezer; ou ainda consegue falar?

 

Aprendendo com os poemas do Paulo Leminski.