domingo, 21 de fevereiro de 2021

Meu Will, Oh Meu Will!


 

Lembro bem de como fiquei decepcionado quando vi uma formação rara de flores e galhos se repetir muitas vezes aqui no terreno de casa. O mesmo acontece com as nuvens. É raro ou é você que não costuma olhar para o céu? É difícil o meio termo: ou tudo é divino e maravilhoso ou nada o é. Rio Acima, 2009.




NOTAS SOBRE UMA PRIMEIRA LEITURA DE "HERÓIS DA HISTÓRIA", DE WILL DURANT. (Tradução de LAURA ALVES e AURÉLIO BARROSO REBELLO, L&PM Editores, 2012)


Nunca vou falar demais sobre o meu Amor pela prosa linda de Will Durant. Algum dia terei coragem e dinheiro para fazer uma viagem sacra aos Estados Unidos da América para conhecer a Fundação Will Durant?


Eu achava que esse "Heróis da História" era "apenas" uma forma condensada do monumental "História da Civilização", que Will escreveu em colaboração com a sua Ariel amada. E, coisa de amante exigente, isso tornava o livro para mim desprezível. O fato do formato do livro ser pequeno, possuir uma capa sem graça e o fato de que "História da Civilização" estar fora de catálogo há décadas; contribuíram para esta minha impressão. Era o que eu pensava quando via este livro nas livrarias. Mas... Mas quando eu finalmente depois de anos, - de anos! -, peguei este livro em minhas mãos e li os textos introdutórios... Percebi que era, na verdade, um trabalho inédito, um manuscrito que estava perdido. Uma espécie de “testamento”, pois foi o último trabalho importante deste historiador estadunidense.


Esqueci de desmaiar de emoção porque fiquei cheirando o livro, e escolhendo o exemplar mais novo disponível na estante giratória da editora (pois eu compro livro igual como a gente sai para comprar maçãs ou peixes em uma feira no começo do mês). A seguir algumas notas minhas feitas após uma primeira leitura do livro.


Depois da galinha, ovelha, porco, cachorro ao redor da caverna ou cabana, o homem é outro animal útil que ainda vai ser domesticado pela mulher. Essa lição já tinha sido ensinada por Will Durant em seu "História da Filosofia", de 1926. Ou seja, quase cinquenta anos antes do “Heróis da História”! Will também repete outras coisas de seus livros anteriores e reconhecê-las foi um prazer especial para mim. Longe de achar que um dos autores que eu mais amo diminuiu-se por repetir-se, eu passei a gostar mais dele. Hã? Não estou pedindo para vocês entenderem mesmo. É Amor e Amor não pede ou implora migalhas ou ouro, ele existe e o resto do universo que se vire quanto a isso.


Podemos começar a conhecer o mundo infinito da poesia chinesa procurando poemas do Li Po.


Teatro da Grécia Antiga é todo glorioso, mas ao procurar as obras mais valiosas não esqueça você da trilogia de Ésquilo "Oresteia".

(Em Os Grandes Pensadores [1939], o Will citava como o maior nome do teatro grego Eurípedes; que por sinal, ao lado do nosso Garrincha (“a alegria do povo”) e do líder huno Átila (“a praga de Deus”); tinha o apelido mais legal de todos: “Eurípedes, o humano”.)

Então o resumo é esse: em caso de dúvida, compre Ésquilo e também o Eurípedes. Como é bom ser diplomata, se sobrar um pouco do “vil metal”, lembrar do Sófocles e do Aristófanes. Vai que esses dois últimos resolvam transformar-se em fantasmas nervosos?


Praxíteles: procurar fotos das esculturas dele na internet.


Nunca tinha lido sobre a Roma antiga, apenas sabia o básico mais pobre. Ou para ser sincero, nem nem isso! Bom... Uaaau! E mais "uaaaaaau!"!


- Mas como Will Durant escreve? Talvez você esteja curioso. Acho que eu não preciso dizer que eu espero essa curiosidade. Um parágrafo será uma boa amostra e além de também aqui suprir alguma necessidade de polêmica; normal quando se estuda história geral.

"Em 65 d. C., os judeus se revoltaram contra Roma; os judeus cristãos, indiferentes à política, retiraram-se para Pela, na margem oriental do Jordão. Os judeus acusaram os cristãos de covardia e traição, e os cristãos saudaram a destruição do Templo, em 70 d. C., como o cumprimento de uma das profecias de Jesus. O ódio mútuo inflamou as duas fés e propiciou a escrita de parte da literatura mais piedosa desses dois grupos."


A literatura medieval é muito rica. Entre as canções que resistiram aos séculos e séculos, podemos lembrar da alemã "Unter den Linden"; composta pelo Walther von Der Vogelweide.


Há muitas maneiras de tentar decifrar este mistério infinito que é ser um humano. Um dos caminhos mais inteligentes é estudar a história da Igreja Católica. Lembrar, portanto, de procurar nas livrarias uma “História Geral da Igreja Católica” que seja mais imparcial possível e ler e estudar atenciosamente.


E se estivessem escutado o “selvagem eremita” Bartolommeo Carosi, o Brandano naquela Quinta-Feira Santa?


O anabatista Baltasar Hubmaier escrevendo o primeiro documento defendendo a tolerância religiosa de que temos o registro. Uau!


O livro “Heróis da História” termina na Inglaterra de Elisabeth I e de Francis Bacon. A morte não teve piedade nem mesmo do meu amável e gentil Will Durant! O projeto de escrever um texto para programas de televisão (a origem do manuscrito que virou o livro) não pode prosseguir. Uma pena. Sentindo isso eu li o final do livro de maneira melancólica. Não obstante, aprendi que Elisabeth I foi a melhor governante que os ingleses já tiveram e que Bacon amou a ciência como poucos amaram antes e depois dele.

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