domingo, 5 de fevereiro de 2023

Teresa é a Teresa e Também o Mundo


Teresa é a Teresa e Também o Mundo


A artista primordial essencial navegante Fauh Meyer Leiro ( https://www.instagram.com/fauhmeyerleiro/ e https://web.facebook.com/fauhmeyerleiro/?_rdc=1&_rdr . Tem e-mail no perfil no FaceBook, mas fiquei com vergonha de divulgá-lo aqui.) interpretando / recitando / desabrochando o poema Teresa de Manuel Bandeira.

A primeira vez que vi Teresa

Achei que ela tinha pernas estúpidas

Achei também que a cara parecia uma perna


Quando vi Teresa de novo

Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo

(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)


Da terceira vez não vi mais nada

Os céus se misturaram com a terra

E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.

TERESA – Manuel Bandeira.


O meu poema favorito de todos os tempos até as 14 horas do dia 4 de fevereiro de 2023. Eu tinha pedido isso a Fauh e ela me deu este presente. Minha vaidade de filho único e nativo do signo de câncer ficou eufórica. (risos)


Agora isso. Desde que eu conheci este poema, a minha interpretação foi a mesma: é a descrição de um narrador apaixonando-se pela Teresa. Ele começa achando-a feia, depois se vê preso pela curiosidade e encantamento e, no final, o êxtase divino. Ele descobre-se apaixonado, amando a Teresa.

Bom, bom. Esse romantismo, o fato do poema ser curto e assim facilmente decorável, ao mesmo tempo concreto e surreal; eram elementos que me atraem neste poema de Manuel Bandeira. Ocorre que por causa do vídeo eu fiquei pensando pensando pensando pensando muito sobre o poema e outra interpretação nasceu em mim: a Teresa é o mundo e o narrador somos todos nós crescendo conhecendo este mundo. Começamos birrentos, estranhando, de maneira arisca porque o mundo mesmo parece arisco a nós tão frágeis que somos. Aí crescemos um pouco e amadurecemos e criamos então uma interpretação do mundo. O mundo / vida é infinitamente maior, daí que todas as nossas ideias e ideologias e religiões e ciências e óculos poéticos parecem meio patéticos de certa forma; entendem?

Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo

(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)

Então, - finalmente - , chegamos no auge da idade, do amadurecimento, do corpo, a beira da morte, ou da grande crise, ou noite de sexo, ou tiroteio durante uma guerra, diante do mais belo sorriso do mundo, no fim do mais difícil trabalho, depois de 20 anos no laboratório de física, diante da mais bela obra de arte; ou sei lá como nomear aquilo que é a explosão desabrochar que é realmente verdadeira e humana. Daí a linguagem mística dos últimos versos.


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